Pessoal! Chegamos ao final da fic. Já comento aqui que chorei horrores (vocês saberão o motivo quando lerem).
Não esquecendo que esse é o último cap, mas ainda temos um epílogo que pretendo traduzir o mais rápido possível.
Deixo meus comentários pessoais no final. Boa leitura.
~~Fic original escrita por Vampyreunnie
~~Link: http://www.asianfanfics.com/story/view/211951/be-loved-iwtmyfb-kpop-exo-luhan-sehun-hunhan-selukai
Capítulo 30
O inverno estava aqui.
Bem, tecnicamente ele começou um mês atrás quando a temperatura começou a cair drasticamente, mas a neve finalmente começou a cair.
Sorrindo para si mesmo, Luhan fechou as cortinas das janelas sobre a pia e andou até o balcão.
Ele amava a neve. Odiava o frio que permanecia por três a quatro meses, mas amava a neve por si só. Ela deixava tudo mais bonito e pitoresco, tornava o cenário em uma visão de tirar o fôlego como em uma pintura ou filme. Era a decoração da própria natureza.
“Luhan, eu absolutamente amo essa casa!”
Luhan sorriu de novo, dessa vez um pouco mais educado e forçado.
Kristie e Hyuk finalmente apareceram para o jantar a muito tempo adiado, agora que Jongin tinha tempo de bancar o gracioso anfitrião já que havia tirado uma semana de folga do trabalho.
Fazia três dias desde que Sehun apareceu na casa, três dias desde a proposta espontânea de Jongin.
As coisas tinham ficado um pouco desconfortáveis entre eles depois que Sehun foi embora: não tenso, mas estranho. Luhan continuava sentindo os olhares furtivos de Jongin, continuava observando o desejo, a incerteza e uma ponta de esperança em seus olhos e isso fez seu coração doer ao ver a usual confiança de Jongin ser balançada, ao vê-lo tão perturbado, mas ele ainda não podia lhe dar uma resposta. Não até ele ter certeza de que Jongin estava certo disso, o que quer que isso fosse.
Nem Jongin ou Sehun lhe deram muito tempo para pensar sobre isso. Sehun ia embora em quatro dias. Se ele não aparecesse no aeroporto, Sehun iria embora sem ele, o que significaria, provavelmente, que ele havia escolhido Jongin. Ou não significaria? Não escolher significava que Jongin era o ‘vencedor’?
Imediatamente, ele soube que sua linha de pensamento era ridícula. Isso não era um jogo, não era uma competição. Sehun havia dito isso para ele mais vezes do que o suficiente. Não se tratava de um acima do outro, era sobre os sentimentos dos dois por ele e do sentimento dele pelos dois. Não havia faltas na vida e no amor. Se ele não fosse embora com Sehun, automaticamente não significaria que ele queria ficar com Jongin. Assim como não significaria que ele não se importava com Sehun se escolhesse ficar com Jongin, ou vice e versa.
A questão que precisava ser respondida aqui, o que eles queriam e mereciam saber, era quem ele amava e com quem ele realmente queria ficar.
Uma semana não era muito tempo para fazer uma escolha que alteraria sua vida, mas ele teve meses, anos no caso de Jongin, para pensar sobre seus sentimentos, então ele não podia culpá-los por darem a ele um prazo determinado de resposta. Ele não podia deixar isso se arrastar por muito tempo. Era hora de confrontar seus sentimentos e se decidir, de um jeito ou de outro.
“Vocês já escolheram a data do casamento?” Kristie perguntou a Jongin e Hyuk apareceu na cozinha.
Embora ele estivesse ocupado tirando algumas coisas da geladeira, Luhan não deixou de ver o olhar inseguro que Jongin lhe lançou. A pergunta de Kristie o deixou nervoso do mesmo jeito.
“Foi uma coisa do momento então nada está decidido ainda,” Jongin respondeu, dando a ela seu sorriso pacífico, o qual ele normalmente usava com seus clientes. “Nós não podemos nos casar aqui de qualquer maneira, não legalmente, então antes de começarmos a pensar nos detalhes, nós precisamos nos mudar para outro país primeiro.”
“Por que não nos Estados Unidos? Vocês podem voltar conosco para Nova York,” Hyuk sugeriu. “Nós temos uma família lá e eu tenho certeza de que você tem amigos ou associados que poderia convidar, ao invés de ir para algum lugar onde só seriam vocês dois.”
Luhan estremeceu de leve, agradecido por ninguém ver sua cara. Ele realmente não precisava ser lembrado dessa cidade em particular.
“É certamente uma opção,” Jongin disse. “Não tão romântico, mas nós levaremos em consideração. Eu estava pensando em algum lugar no nordeste europeu talvez. Eu acho que o Luhan gostaria de algum lugar lá. Muitas histórias e belos cenários. Ele gosta desse tipo de coisa.”
“Essa também é uma opção,” Hyuk concordou. “Bem, vocês tem muito tempo. Mas certamente não podem se casar antes de nós,” ele provocou, sorrindo quando Kristie riu. “Só não se esqueçam dos nossos convites.”
“Eu nunca esqueceria,” Jongin prometeu.
Luhan ouviu a conversa enquanto começava a preparar o jantar. Embora eles estivessem falando sobre ele e sobre um evento que deveria ser importante para ele, ele se sentia removido da situação. Era algo ainda surreal.
Ele olhou para o anel em seu dedo, observando o jeito que a luz brilhava nas pedras.
O anel realmente era primoroso. E ele ficou surpreso em ver como o anel era discreto. Jongin normalmente era grandioso ao fazer propostas, então se ele tivesse sido avisado sobre isso, ele esperaria algo grandioso, ostentoso e algo bem caro só de olhar. O anel, entretanto, era algo que, caso ele pudesse ter escolhido, Luhan poderia tê-lo pego para si mesmo. Ele não tinha dúvidas de que era um anel tão caro quanto outro ostentoso, mas era sofisticado e de bom gosto, elegante ao invés de extravagante. Era a primeira vez na história de presentes dados por Jongin que o mesmo havia presenteado Luhan com algo que combinava com ele, ao invés de algo que ele decidira que Luhan deveria ter ou querer.
Era outro sinal das mudanças que Jongin estava fazendo, e ainda mais uma coisa para Luhan considerar, mais uma coisa para lhe confundir.
“Luhan, você está bem?” Kristie perguntou.
Assustado, ele olhou para cima e notou que três pares de olhos estavam sobre ele.
“Uh… sim, eu estou bem,” ele respondeu rapidamente. “Apesar de que eu estou sentindo algo. Jongin, você pode continuar fazendo as coisas aqui enquanto eu corro lá para cima para tomar algo?”
“Claro.” Jongin lhe lançou um olhar preocupado ao andar até o balcão, mas não disse nada.
“Eu voltarei em um minuto,” ele disse, sorrindo para Kristie e Hyuk antes de correr de lá.
Ele subiu as escadas até o seu quarto, seu santuário, trancando a porta atrás dele antes de se jogar na beirada da cama.
Seu coração estava acelerado e ele não tinha certeza se era apenas pela sua rápida corrida pelas escadas.
Por favor, por favor, agora não, ele pensou urgentemente. Agora era a pior hora para um ataque de pânico.
E por que ele estava em pânico, em todo o caso? Ele só tinha a decisão mais importante de sua vida logo mais a frente; as horas, os minutos, os segundos escorregando para longe enquanto ele deixava tudo para depois.
Suspirando, ele envolveu seus joelhos com os braços, abaixando a cabeça conforme respirava fundo.
Tudo ficaria bem. Não era o fim do mundo. Qualquer que fosse a sua decisão, eles a respeitariam.
A questão era: ele seria capaz de viver com essa decisão?
“Deus, por que isso era tão difícil,” ele gemeu miseravelmente.
Se ele fosse honesto consigo mesmo, ele já sabia o que tinha que fazer: a decisão que ele tinha que tomar. Ele já sabia fazia um tempo, mas estava hesitante em tomá-la porque… Bem, ele estava com medo. Ele já havia feito muitas escolhas em sua vida, escolhas que o haviam colocado na exata situação em que atualmente estava. Ele não confiava em si mesmo em não fazer outra má escolha. Ele não conseguia prever o futuro e essa era a parte assustadora. Qualquer escolha que ele fizesse teria resultados potencialmente bons ou maus à frente.
Mas, como Sehun havia dito muitas vezes, não havia garantias na vida. Se você tentasse o seu melhor, colocasse tudo de si e fizesse o que pudesse com as suas melhores intenções, então mesmo se as coisas não funcionassem da maneira que você esperava, não poderia, não deveria haver arrependimentos.
Apesar de que ele não era Sehun. Sehun era confiante em tudo o que fazia e Luhan… Luhan não conhecia nem a si mesmo. Ele não tinha certeza se podia confiar no que pensava conhecer ou sentir pelos dois. Ele achou que conhecia Jongin no começo, e descobriu do pior jeito que estava terrivelmente errado. Ele não sabia se poderia sobreviver a outro erro.
Suspirando novamente para si mesmo, ele saiu da cama e andou até a cômoda, pegando um potinho de aspirinas.
Ele não estava mentindo ao dizer que não estava se sentindo bem. Ele estava com uma horrível dor de cabeça de estresse. Outra razão, ele pensou, para fazer sua escolha o mais rápido possível. Ele estava literalmente ficando doente.
Ele abriu a mini geladeira e pegou uma garrafa de água, engolindo os dois comprimidos de uma única vez.
Ele ficou no quarto por mais um tempo, seus olhos vagando sem rumo enquanto sua mente ficava a deriva.
Quando sentiu a dor de cabeça diminuir, ele colocou a garrafa de volta na geladeira e caminhou até a porta. Respirando fundo, ele a destrancou e a abriu e então caminhou pelo corredor.
Ele mal alcançou as escadas quando uma voz o chamou, fazendo-o pular. Virando-se, ele se engasgou quando viu Hyuk andando em sua direção, vindo da suíte.
“Aí está você,” Hyuk disse. “Você não parecia bem quando correu da cozinha. Eu pensei que deveria dar uma olhadinha em você.”
Luhan piscou. “Oh. Me desculpe, eu não quis te preocupar. Foi só uma dor de cabeça. Eu tomei aspirinas e estou me sentindo melhor agora.” Ele sorriu timidamente, envergonhado.
Hyuk correspondeu o sorriso, sua expressão acolhedora. “Estou feliz em ouvir isso. Nós podemos conversar por um momento?”
A apreensão se fixou em Luhan, mas ele concordou, guiando Hyuk até uma pequena área perto de algumas janelas. “O que aconteceu?”
“Bem, primeiramente eu acho que devo te parabenizar,” Hyuk começou. “Bem vindo a família.”
Luhan estremeceu, rindo secamente. “Obrigado.”
Hyuk sorriu espontaneamente. “Meus pais… bem, eles são meus pais. Mas saiba que Kristie e eu sempre apoiaremos você e o Jongin. Isso faz quatro contra dois. Os números parecem bons.”
Luhan riu. “Eu acho que há um ponto positivo em tudo.”
Hyuk concordou. “Atualmente… eu quero falar sobre você e o Jongin. Há coisas que eu queria falar já faz tempo, mas nunca tive a chance de tal coisa.”
Luhan ficou tenso, incerto e com medo do que estava por vir.
“Meu irmão sempre foi um tipo especial de cara. Ele sempre teve jeito com as palavras, sabe como conquistar as pessoas, como manipulá-las sem elas se darem conta. É algo que eu sempre admirei e odiei nele. Ele pode ser um cara bom quando quer ser, mas também pode ser um cara mau quando é apropriado. Um meio para o fim, eu suponho. Como seu irmão mais velho, eu sempre fui incrivelmente orgulhoso e terrivelmente desapontado com ele. Mas eu sempre entendi, considerando de onde ele veio. Não foi fácil pra mim também, ficando bem na corda bamba, especialmente com pais como os nossos. Mas eu fui embora. A distância enfraqueceu o poder de meus pais sobre mim. Jongin não teve tanta sorte. Falando isso, eu nunca pensei que veria o dia em que ele os enfrentaria como enfrentou. Ele se rebelou aos poucos sua vida toda e ele pode ser rude às vezes, mas no fim do dia, ele sempre faz o que eles pedem. A primeira e única vez que ele não os ouviu foi quando você apareceu.”
Os olhos de Luhan se arregalaram em surpresa. “Eu?”
“Eu tenho certeza de que você sabe que ser gay, ou bissexual como parece ser o caso, não é exatamente o normal em nossa sociedade, ainda menos para alguém com o status social de Jongin e em seu campo de trabalho. Ainda assim… ele não se importa. Ele exibe o relacionamento que tem com você na cara da sociedade, porque ele sabe que é bom no que faz e seu talento vale mais do que com quem ele atualmente dorme. Pelo menos, eu acho que é assim que o chefe dele se justifica em tê-lo por perto. Para os nossos pais… isso não conta muito. Como você viu naquele… infeliz e desastroso jantar, eles sempre tem a intenção de fazer o Jongin seguir o plano deles, os pensamentos do próprio Jongin não importam. Se fosse outra pessoa e não você, ele provavelmente teria ouvido os nossos pais. Eu sei disso e eu sei que ele também sabe, mas algo mudou quando ele te conheceu.”
A expressão de Hyuk ficou gentil; os olhos de Luhan se arregalando cada vez mais em descrença com o que estava ouvindo.
“Você o mudou. Eu não imagino que a relação de vocês tenha sido um mar de rosas, conhecendo o meu irmão deve ter sido bem o contrário. Ele é um cara complicado, geralmente faz o contrário do que o seu coração pede. Ele tem boas intenções, mas ele não as segue. Eu não sei o que aconteceu entre vocês no ano passado, mas o meu irmão lá embaixo, o que enfrentou nossos pais, não é o mesmo cara que te apresentou a nós, três anos atrás. Pela primeira vez, eu finalmente vejo alguém que sabe como ele é, o que ele quer, e pelo que ele é capaz de lutar, não importa o que aconteça. Eu sempre soube que você era diferente. Você sabe como?”
Luhan balançou a cabeça, sua voz um suspiro quando murmurou, “Não.”
“Porque ele te trouxe para casa. Ele teve namorados antes de você, mas nenhum deles significou tanto para ele trazer para morar em sua própria casa e também apresentar à família, sabendo no que isso daria. É basicamente uma declaração de guerra, você sabia? Eu tenho certeza de que é assim que nosso pais veem de qualquer forma. E Jongin sabia que nossa mãe faria o que pudesse para se livrar de você. Mesmo assim… ele não se importou. Olhando para trás, eu nem sei se ele estava realmente preparado para se relacionar com alguém dessa forma. Ele nem tinha ideia do que significa compartilhar a vida com alguém e como resultado, eu tenho certeza que foi difícil para você, ainda pior porque você não tinha ninguém exceto ele pra depender e ele pode ser muito… egoísta.”
Luhan ficou tentado em concordar, mas não o fez. Era incrível, na verdade, como Hyuk parecia saber exatamente como ele se sentiu, pelo que passou, apesar de ter estado a meio mundo de distância de tudo.
“Apesar disso, ele é um homem mudado e tudo isso é graças a você.”
Luhan ruborizou, balançando a cabeça. “Jongin sempre foi um cara bom. Ele só…” Só o que? Ele não sabia como terminar a frase.
“Só precisava de alguém pra trazer isso à tona?” Hyuk completou. “Esse alguém foi você, então, continua sendo por sua causa. Eu não sei se outra pessoa poderia afetá-lo da maneira que você o afetou. Amar você o tornou um homem melhor.”
Luhan tentou o seu melhor para não tremer, mas ele odiava ser o centro das atenções. Ele não era acostumado a receber elogios desse jeito.
“Por falar nisso, um relacionamento precisa que ambos invistam nele, pessoas profundamente comprometidas para que ele funcione. Um casamento, ainda mais. Meu irmão te ama e eu acho que ele chegou numa etapa da vida onde está realmente pronto para seguir adiante ou pelo menos tentar. Contudo, eu sei que ele errou com você, mesmo eu não sabendo no que ele errou, e eu não sei se vocês estão se entendendo. Jongin não é o único que mudou.”
Luhan abaixou o olhar. Era tão óbvio assim?, ele se perguntou.
“Você está diferente do que era da última vez que nos encontramos. Eu não consigo dizer em que sentido, e os céus sabem que você não é de falar muito, mas você não é a mesma pessoa de um ano atrás.”
O calor tomou conta das bochechas de Luhan e ele abaixou a cabeça.
Hyuk riu, segurando o queixo de Luhan até que o mesmo o encarasse de novo. “Eu não estou te criticando. É uma coisa boa. Jongin mandou em você por muito tempo. Se você finalmente está num ponto em que pode enfrentá-lo, então eu digo que isso é bom pra você. Isso significa que vocês estão no mesmo patamar em seu relacionamento. Mas como eu disse, eu não sei se você quer as mesmas coisas que ele e isso também é normal. Jongin errou muito com você e às vezes quando as pessoas nos machucam, nós não podemos superar, não importa o quanto tentamos. Ele pode ter mudado, mas isso não refaz as dores que te provocou no passado. Está tudo bem se você não puder esquecê-las, ou mesmo perdoá-las. Não há nada errado em se sentir do jeito que você está se sentindo, mas se você não quer as mesmas coisas que ele, você deve falar isso a ele e a si mesmo.”
Luhan não sabia como agir sobre aquilo. Parecia surreal que Hyuk estava basicamente lhe dando permissão pra quebrar o coração de seu irmão se ele quisesse.
“Ele é seu irmão,” Luhan disse suavemente, dizendo o óbvio, porque era tudo o que havia vindo a sua cabeça em seu estado atual.
Hyuk concordou. “É porque ele é meu irmão que eu quero o melhor para ele. E é porque ele é meu irmão que eu posso admitir que ele não é sempre uma boa pessoa. Não pra sua família e muito menos para você. Eu só posso imaginar as coisas pelas quais você passou durante todo esse tempo com ele. E sim, ele mudou e quer que as coisas deem certo entre vocês, mas isso não quer dizer que você deve uma chance a ele. Se você o ama, então case-se com ele. Eu estarei lá jogando arroz em vocês, desejando maravilhas em seus anos futuros. Mas se houver uma mínima ponta de dúvida em seu coração, você precisa dizer a ele. Não é justo com ele, mas especialmente não é justo com você. Você merece a vida que quer, sendo com ele, com outra pessoa ou em outro lugar.”
Hyuk levantou. “Eu não estou tentando te dizer o que fazer. É só algo no que você deve pensar. Meu irmão te ama e que quero que ele seja feliz. Mas eu também quero que você seja feliz.” Ele sorriu gentilmente. “Acredite ou não, Luhan, há pessoas que se importam com você.” Ele bagunçou os cabelos de Luhan antes de se virar e andar até as escadas.
Vendo-o ir, Luhan finalmente se permitiu respirar.
Isso foi… estranho.
Bom, de uma maneira, mas estranho e nada útil, porque tudo o que fez foi deixá-lo ainda mais estressado sobre a decisão que tinha que tomar.
~~
O dia D…
“Tem certeza de que você quer fazer isso?”
Sehun parou o que estava fazendo, erguendo uma sobrancelha e lançando um olhar para sua irmã. “Não foi você que me disse para ir?”
“Sim, mas eu te disse para ir sozinho. Eu nunca disse para você convidá-lo. É como acabar com o inteiro propósito da coisa, que é ter algum espaço entre vocês dois para que você pudesse pensar na vida. Ele ir com você? Não era para ser assim.”
“Ele indo comigo iguala eu não precisando de espaço, ou na verdade não precisando superar ele, em primeiro lugar. É o tipo de coisa que eu espero que você se lembre,” Sehun argumentou, sempre o otimista.
Emily deu de ombros. “Eu sei, mas… eu só não quero que você se machuque. Se ele não se decidiu por todos esses meses, o que te faz pensar que ele irá se decidir agora que você lhe deu um ultimato?”
“Não é um ultimato,” Sehun resmungou.
Foi a vez de Emily erguer uma sobrancelha para ele da maneira da família Oh. “É um ultimato, meu irmãozinho, não importa o que você decida dizer a si mesmo. E por experiência própria, nove vezes de dez, os ultimatos tendem a não darem certo.”
Sehun franziu a testa.
Emily soltou a camisa que estava dobrando e caminhou até ele, tocando gentilmente sua bochecha.
“Eu não estou tentando te desanimar, mas você precisa se preparar para qualquer resultado, mesmo se for aquele que você não quer. Não há garantias de que ele vai escolher você. De que ele vai escolher um de vocês.”
“Ele escolherá,” Sehun disse suavemente, sua voz firme com uma absoluta certeza ao olhar para Emily com seu olhar mais sincero. “Eu sei que ele irá.”
Emily beliscou de leve sua bochecha. “Eu espero pelo seu bem que ele escolha. E eu espero pelo seu bem que seja você. Ele estaria cometendo um grande erro se escolhesse o contrário.”
Sehun sorriu. “Você só está dizendo isso, porque é minha irmã e porque me ama.”
“Ainda bem que você sabe disso,” Emily brincou, dando um tapinha em sua bochecha antes de voltar a dobrar as roupas. “Agora, como nós vamos conseguir que tudo isso caiba em uma única mala? Você realmente precisa de tudo isso? Você decidiu se mudar permanentemente e não está me dizendo?”
Sehun riu, balançando a cabeça. “Calma, Ems. Calma.”
~~
Sua cabeça parecia um rodamoinho turbulento e desordenado, assim como o claro líquido marrom em seu copo cheio de gelo.
Ele estava parado na frente do quadro, aquele que encomendou de Sehun. Ele nunca o colocou na galeria depois de tudo o que houve, ao invés disso o colocou na pequena sala de estar como um ponto de visão do local. Foi a sua maneira, ele supôs, mesmo inconsciente, de tentar emendar as coisas com relação ao jeito que o quadro foi feito. A vergonha daquele dia ainda o atormentava, aumentando toda vez que ele olhava para a coisa amaldiçoada, mas ele não conseguiu se desfazer daquilo. Era Luhan, afinal.
Todo dia, os pensamentos estavam correndo feito loucos em sua mente, o que não era incomum já que ele tinha milhões de coisas para resolver no trabalho, e isso nem incluía o redemoinho emocional pelo qual ele passava nos últimos meses. O problema era que esses pensamentos não eram dele mesmo, ou melhor eles eram, mas eram as palavras de Sehun, correndo desenfreadas, causando estragos, as questionando, as julgando, e pior; fazendo-o questionar e julgar a si mesmo. E Luhan, por extensão.
Em algumas horas, Sehun estaria saindo do país, longe de Luhan, essencialmente colocando um fim na história deles. Ou era isso o que ele pensava antes. Mas as palavras de Sehun da última vez que eles ‘conversaram’ realmente o afetaram. Ele não viu Luhan se mover para fazer suas malas, todas as suas coisas ainda estavam exatamente onde sempre estiveram desde a última vez que ele foi ao quarto – local que ele visitou mais vezes do que o normal naquele dia para ver se elas estariam ali – mas não ir embora, ou não planejar ir embora, não significava que ele escolheu, que ele queria, ficar.
“Ele me escolheu no final,” ele se lembrou de dizer, sentindo a incerteza mesmo quando ele tentou projetar confiança.
“Nós dois sabemos que isso não significa que ele não se importa por mim. De fato, ele teria que se importar, não teria, para ter se envolvido comigo em primeiro lugar.”
Sehun estava certo, claro. Luhan teve dois anos para trai-lo antes de Sehun chegar e nunca o traiu. Ele não era como Jongin: ele não poderia ser íntimo de outra pessoa sem ter algum tipo de conexão com ela.
“Tudo o que eu quis foi fazê-lo feliz e eu o fiz. Eu sei que o fiz.”
Ele também estava certo sobre isso. O próprio Jongin não notou a mudança em Luhan? Comentou o fato de Luhan ter parado de cuidar da casa, de cuidar dele, tanto quanto cuidava antes de começar a trabalhar com Sehun? E ele começou a ‘enfrentá-lo’ também, um fogo em seu comportamento dócil que Jongin nunca havia visto antes.
“Ele acha que está fazendo a ‘coisa’ certa, mas o que é a coisa certa e essa coisa é certa para ele? É isso que ele precisava perguntar a si mesmo. É isso o que você precisa se perguntar.”
Pro inferno Sehun e seu jeito com as palavras. Pro inferno por estar certo. Jongin ficou tão obcecado em consertar as coisas com Luhan, tão determinado em mantê-lo consigo, que ele nunca parou para considerar que, talvez, ele não era a escolha certa, a melhor escolha para Luhan afinal. Mas ele estava tentando tanto provar que o merecia, que estava sério dessa vez. Isso não valia nada?
“Ele me ama; eu sei que me ama.”
Jongin também sabia disso. Ele podia mentir para Sehun, mas não poderia mentir para si mesmo. Mesmo se Luhan nunca disse isso para Sehun, o que aparentemente ele não fez, ou nunca mostrou para Jongin seus sentimentos pelo outro homem, ele sabia que era verdade do fundo da sua alma.
“Ele nunca te deixará por si só, nós dois sabemos disso, mas isso não significa que ele está onde quer estar.”
Saber que ele era quem Luhan realmente queria significaria o mundo para ele, mas ele não sabia se era corajoso o suficiente para perguntar isso. E se Luhan mentisse? Ou, pior ainda, e se ele dissesse a verdade e isso não fosse o que Jongin quisesse ouvir?
Fechando seus olhos, ele pressionou o copo esquecido em sua testa, desejando que a superfície gelada esfriasse os seus pensamentos da maneira que fazia com sua pele.
Ele tinha que saber.
Ele não podia passar outra noite vivendo dessa maneira. Era hora de encarar a realidade, qualquer que ela fosse.
Mesmo se ela o matasse.
Tomando um gole fortificante de sua bebida, ele respirou fundo antes de chamar,
“Luhan. Você pode vir aqui, por favor?”
~~
“Esse trânsito está terrível. Você tinha que reservar um voo no fim de semana? Afff.”
Sehun olhou para sua irmã, um sorriso curvando seus lábios, mas não disse nada.
Ainda irritada com o mar de carros a sua frente, Emily continuou resmungando, “Eu espero que esse cara valha a pena. Você está basicamente deixando o país só pra ver se ele te seguirá. Se isso não for amor, e insanidade, então eu não sei o que é.”
Sehun suspirou em irritação. “Primeiro de tudo, por favor pare de se referir a ele como o cara ou ele/seu. Ele tem um nome perfeito e lindo como você bem sabe. Segundo, eu não estou indo embora pra ver se ele me segue. Minha querida e sábia irmã me disse para ir e eu meramente convidei o amor da minha vida para me acompanhar. Se ele fizer isso ou não, realmente não diz nada dos sentimentos dele a meu respeito.”
Ao ouvir aquelas palavras, Emily não resistiu e lhe lançou um olhar preocupado. “Sehun-ah…”
“Eu sei, eu sei. Você acha que eu estou sendo exageradamente otimista. Talvez eu esteja, quem sabe?” ele deu de ombros. “Mas se eu não for, se eu parar de dar a ele o benefício da dúvida, qual seria a razão de tudo isso?”
Emily suspirou. “Você é muito perfeito pro seu próprio bem. Ele não te merece. Ninguém te merece.”
Sehun sorriu, inclinando-se para beijar a bochecha dela. “Aww. Não se preocupe, irmã. Você encontrará o seu verdadeiro amor um dia. Você sempre pode ir me visitar. Nós nunca passamos muito tempo juntos quando moramos lá. Talvez eu possa te ajudar a encontrar alguém. Ao contrário da crença popular, muitos artistas são de fato heteros. Eles só fingem ser gays, porque pensam que isso os deixa mais interessantes. Você quer saber um segredo?” ele diminuiu o tom de sua voz para um sussurro conspiratório. “Realmente não os deixa.”
Emily riu, golpeando devagar o rosto dele. “Você não presta.”
“Eu aprendi com a melhor!”
Emily bufou, mas não contestou aquilo. Ela pulou de leve quando a mão quente dele envolveu a dela, olhando pra ele com as sobrancelhas franzidas em curiosidade.
“Eu vou sentir saudades de você,” Sehun disse suavemente.
Com o coração doendo, Emily apertou sua mão. “Eu vou sentir saudades de você também, querido.”
Então eles ficaram em silêncio.
Luhan poderia ser o amor de sua vida, Sehun pensou, mas Emily era sua alma gêmea.
Com eles, palavras nunca eram necessárias.
~~
Normalmente quando Jongin o convocava – era assim, infelizmente, como ele se sentia – Luhan sentia uma pontada de irritação e andaria sem vontade até ele como uma criança que foi colocada de castigo por um pai.
Mas não foi o que aconteceu dessa vez.
Havia algo na voz de Jongin que o deixou em alerta. Ele não conseguia identificar o que era, mas era algo que se aproximava de resignação. Jongin parecia conformado.
Respirando fundo, Luhan caminhou até a pequena sala de estar, se preparando para o que quer que fosse acontecer.
Ele encontrou Jongin, com um copo na mão, parado na frente de seu quadro, o qual fez com que ele estremecesse ao olhar de relance.
Jongin não olhou para Luhan quando o mesmo apareceu, simplesmente continuou olhando para o quadro como se fosse a coisa mais importante do mundo no momento.
Quando ele finalmente falou, sua voz estava rouca, carregada de uma emoção que Luhan nunca havia sentido antes.
“Você o ama?”
Um engasgo ficou preso na garganta de Luhan, cortando o seu suplemento de ar conforme seus olhos se arregalaram em surpresa.
De todas as coisas que ele poderia esperar que Jongin dissesse ou pedisse, essa provavelmente estava no fim da lista.
“Jongin, eu…” ele gaguejou.
“Você o ama?” Jongin repetiu secamente, o interrompendo.
Jongin finalmente se virou para Luhan, seus olhos pela primeira vez incertos, dando a Luhan uma clara visão do medo, da esperança, do amor, da incerteza, e sim, da resignação que povoava o próprio Jongin.
Olhando para aqueles olhos, Luhan sabia que a hora havia chegado. Ele não poderia correr mais.
~~
Emily ficou com ele enquanto ele fazia o check in, parada ao seu lado enquanto a bagagem dele era levada embora.
Quando eles chegaram ao local onde deveriam se separar, ela se tornou a mãe que geralmente negava ser, endireitando a gola do casaco dele, tendo certeza de que ele estava bem agasalhado mesmo ele ainda estando dentro do aeroporto e a salvo do clima.
Porque ele sabia que isso a deixava melhor, ele a deixou fazer o que queria.
“Eu realmente espero que esse cara – quero dizer que o Luhan – valha a pena,” ela murmurou. “Se ele não se der conta da preciosidade que você é, ele é um idiota.”
Sehun sorriu. “De novo, você está demonstrando favoritismo com suas opiniões a respeito da minha grandiosidade, apesar disso ser verdade. E segundo, ele definitivamente não é um idiota. Mesmo se ele não vier, eu não pensarei menos dele. Ele está entre a cruz e a espada. Ele não tem uma decisão fácil a tomar.”
“Para mim parece bem fácil,” Emily resmungou entre dentes.
Sehun segurou gentilmente as mãos dela. “Eu vou sentir sua falta, Ems.”
Suspirando, ela apertou as mãos dele. “Eu também sentirei, moleque.”
“Tome conta da minha casa por mim. Eu estou confiando em você em não dar nenhuma festa louca na minha ausência. Você sabe o quão loucos os seus estudantes podem ser.”
“Dificilmente”, ela bufou.
“Eu estou falando sério,” Sehun insistiu, seus olhos grandes e inacreditavelmente inocentes. “Eu apenas estou feliz por não ter um cachorro ou um gato pra você potencialmente matar.” Ele falou calmamente. “Na verdade, eu pensei em adotar um, meses atrás, quando as coisas estavam boas e simples entre nós. Luhan nunca teve um animalzinho e era algo que eu realmente queria fazer por ele.”
Emily apertou as mãos alheias novamente, mostrando seu apoio em seu pequeno gesto. “Talvez você ainda possa ter um quando chegar em Nova York.”
“Você realmente acha que ele virá?”, ele perguntou, sua voz fraca e levemente esperançosa.
Emily amava seu irmão e faria qualquer coisa por ele, mas por amá-lo tanto, ela não poderia mentir pra ele.
“Eu acho que você tem 50% de chances de ter a resposta que deseja. Você nunca pode ter certeza quando o coração humano é o assunto. Ainda mais quando é o amor, o coração é um órgão inconstante e o medo é um inimigo digno.”
Sehun suspirou. “Me fale sobre isso…”
“Independente do que acontecer, você ficará bem,” Emily prometeu. “Você dará a volta por cima. Você é a pessoa mais alegre que eu conheço.”
Sehun sorriu antes de puxá-la para um abraço de urso, levantando-a do chão e a rodopiando.
Depois de envergonhar suficientemente a ambos com isso, ele a colocou no chão, afastando-se.
“Tchau, irmã.”
Ficando nas pontas dos pés, Emily beijou com força sua bochecha, afagando a pele suave antes de dar um passo para trás. “Tchau criança.”
Ele acenou enquanto se afastava, a observando até ser forçado a passar por um par de portas opacas que limitaram sua visão.
Encontrando um lugar confortável numa fila deserta de bancos, ele pegou seu tablete de dentro da mochila e se sentou em aguardo, tentando não pensar sobre as possibilidades de aguardar o que poderia ser um final desastroso.
~~
“Você o ama?”
“Sim.”
Uma palavra, uma simples palavra, fez com que os muros caíssem ao redor deles.
Ocorreu para Luhan, muito depois, que ele nem havia pensado em mentir, adiar a resposta, inventar algo para não precisar responder.
Pela primeira vez, ele falou com seu coração.
Jongin fechou os olhos por um momento, respirando profundamente pelo nariz.
Se seu coração fosse feito de vidro, estaria quebrado em milhões de pedaços.
“Se você ir embora agora, ainda pode chegar ao aeroporto a tempo.”
Ele não soube como conseguiu falar, como não se engasgou com as palavras. Por algum milagre, seu corpo ainda estava funcionando mesmo com seu coração, sua mente e sua alma cheias de agonia pura e inalterada.
“Jongin…” Luhan começou a dizer suavemente, dando um passo para frente. Ele não conseguia ver Jongin tão arrasado.
“Vá!” Jongin exclamou, seus olhos torturados se abrindo e alfinetando Luhan com a força de sua dor. “Vá embora, agora, antes que eu te tranque nessa casa e mantenha você aqui para sempre. Só… vá.” A última palavra foi quase um apelo, a agonia em seu coração permeando-o.
Luhan cambaleou para trás, sua respiração presa em sua garganta ao sair da sala com as pernas bambas.
Ele queria chegar até Jongin, acalmá-lo. Não importava o que ele tivesse acabado de admitir, ele ainda se importava muito com Jongin e odiava vê-lo daquele jeito.
Mas algo mudou com a sua confissão. Era como se uma corda tivesse sido cortada. O que quer que estivesse prendendo ele ao Jongin, seu medo ou senso de obrigação, não existia mais.
Ao invés disso, ele se sentiu sendo afastado, para fora e na direção daquele que era o verdadeiro dono do seu coração.
Parando na porta da frente, ele cuidadosamente retirou o anel de pedras do seu dedo, gentilmente o colocando em cima da beirada da mesa de mogno ao lado da porta, antes de pegar as chaves do carro, a passagem e seu passaporte, os quais ele sempre matinha perto da entrada/saída em caso de emergência. Ele lançou um último olhar para trás, mesmo não conseguindo ver Jongin dali, antes de sair bem quieto de lá.
~~
No segundo em que ele ouviu o barulho do carro de Luhan, Jongin arremessou o copo no quadro que estava na parede.
Cheio de mágoa, ódio e desgosto, ele pegou a moldura e a retirou da parede, jogando-a no chão de mármore e observando os pequenos pedaços de vidro quebrado, um símbolo de como o seu coração estava.
Sentando de costas para a parede já que suas pernas não mais o suportavam, ele pegou o celular e pressionou 1 para um número salvo em seus contatos de emergência.
Quando a pessoa atendeu, ele não perdeu tempo em ir direto ao assunto.
“Você está feliz agora?” ele perguntou, sua voz uma mescla de tormento e histeria.
Na outra linha, a senhora Kim olhou para o relógio na parede da sala de estar, sua cara ficando séria quando percebeu a hora.
“Jongin, está tarde. Você sabe que não é educado…”
“Você está feliz agora?” ele gritou, lágrimas descendo pelo seu rosto conforme o esgotamento e o cansaço tomavam conta de si, fazendo com que ele deslizasse pelo chão até estar deitado de lado, se curvando em uma bola soluçante. “Ele foi embora,” ele sussurrou quebrado. “Ele foi embora…”
A senhora Kim olhou para o telefone em sua mão por um minuto antes de colocá-lo de volta a orelha, ouvindo o seu filho forte e confiante chorar, longe demais para fazer alguma coisa.
Pela primeira vez ela se perguntou se o forçou demais.
Oh, querido, ela pensou, seu coração apertado ao ouvir o choro miserável de seu filho. O que eu fiz?
~~
Luhan conseguiu dirigir até o fim da rua antes de ser forçado a parar o carro, abrir a porta e vomitar no asfalto.
Toda a ansiedade e o nervosismo que o consumiu durante o dia todo, inferno, durante toda a sua vida, parecia vir em ondas até o seu estômago estar completamente vazio.
Sentindo-se acabado, ele pegou uma garrafa esquecida de água que havia lá no carro, que mesmo sendo imprópria pra beber, seria aproveitada para enxaguar a sua boca.
Quando ele não conseguia mais sentir o gosto acre e ácido em sua boca e garganta, ele voltou ao assento do carro e fechou a porta, imediatamente procurando por chiclete, coisa que ele sempre mantinha no carro.
Ele estava uma bagunça.
Ele estava todo suado e fedendo indo atrás de Sehun. E mesmo assim…
Ele não deixaria ninguém pará-lo. Não dessa vez. Ele havia parado a si mesmo de seguir muitas coisas durante sua vida toda. Nenhuma tinha sido tão importante quanto essa, mas ele não desistiria agora.
Apesar disso ser assustador. Tão assustador que revirou o seu estômago, fazendo-o ficar pesado e com as mãos suadas.
Ele sabia que tinha pouco tempo, mas não seria capaz de dirigir se não se acalmasse.
Fechando seus olhos, ele se recostou no estofado de couro e contou devagar, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.
Ao relaxar de pouco em pouco, ele deixou sua mente a deriva, seus pensamentos perambulando pelo passado como há muito não acontecia.
Os ataques de pânico começaram quando ele tinha sete anos.
Ele não sabia o motivo deles acontecerem, só sabia que às vezes quando ele ficava assustado ou preocupado, seu coração começaria a bater rápido e sua respiração ficaria ofegante.
Na primeira vez que aconteceu, sua mãe estava gritando com ele, ele não se lembrava o motivo, mas ele ficou tão aterrorizado com a repentina falta de oxigênio que desabou, apertando com força o peito.
Seu pai o levou até a clínica local e embora eles não tenham encontrado nada de errado com ele fisicamente, o doutor deu a ele um inalador em caso disso acontecer novamente.
Sua mãe não ficou muito feliz. Inaladores eram caros. Por que ela tinha que ter um filho tão fraco e etc etc.
Ela não era sempre exigente, ele tinha que admitir. Havia momentos em que ela era o seu ídolo ao invés de depreciadora. Como na vez em que o pequeno Yuan Li Xu o socou no rosto durante o intervalo e cortou o seu lábio. Sua mãe foi na escola no dia seguinte e fez o inferno, exigindo que o menino fosse expulso.
Ele não foi, mas seus pais se desculparam profusamente, assim como Li Xu, e ele ficou longe de Luhan depois disso. Um monte de crianças, na verdade. Ele tinha certeza de que os pais das crianças as avisaram pra ficarem longe da criança cuja mãe era louca. Foi bom, em certo ponto, já que evitou que ele sofresse muito bulling, mas o afastou da maioria das crianças da escola. Ele realmente não fez amigos até finalmente ir para o colégio de outra cidade e conhecer um novo grupo de crianças.
Os ataques de pânico realmente nunca pararam, mas ele se tornou melhor em escondê-los. Qualquer coisa valia para impedir sua mãe de se estressar. Não que isso a tenha parado. Quer fosse suas notas, o jeito que ele sujava seu uniforme ao jogar futebol, ou algo que ele nem tinha feito: ela sempre achava uma maneira de culpá-lo.
Uma vez uma amiga dela comentou que ele era tão bonito que poderia ser rival das garotas na escola. Que se sua mãe colocasse uma peruca nele, ela poderia ter duas filhas ao invés de apenas uma. A mulher disse isso de boa fé e a beleza é algo prezado na China, então foi um baita de um elogio. Ao invés disso, sua mãe esperou até as amigas irem embora e o xingou, gritando aos céus sobre seu infortúnio de não ter um filho atraente e másculo com o qual as mulheres gostariam de casar suas filhas ou talvez um filho que ela poderia mandar para a cidade para ser treinado como um ídolo ou ator. Ao invés disso, ela estava com um filho que era pequeno e um mau exemplo de qualquer jeito até mesmo com relação ao rosto já que nenhuma mulher quer um homem mais bonito do que ela.
Ele foi para o quarto pensando que até o seu rosto desagradava sua própria mãe. O mesmo rosto que quase todo mundo que os encontrava dizia que vinha dela. Ele sempre foi secretamente orgulhoso de ser tão parecido com sua mãe. Isso o fazia se sentir como se pertencesse a ela, como se ninguém pudesse negar que ele era dela e ela dele. Parecia que era um pensamento apenas dele. Não importava o que ele fizesse. Ela não queria nenhuma parte dele.
Ele teve um dos ataques mais severos aquela noite, chorando enquanto tentava respirar. Chorar sempre fazia os ataques serem piores e ele sabia bem disso, mas não conseguia se segurar. Ele se sentia renegado.
Conforme os anos foram passando, ele foi navegando pela vida, nunca o melhor, mas nunca o pior já que nunca repetiu de ano nem se meteu em encrencas.
Sua mãe geralmente olhava pra ele como se ele fosse algo em que ela pisou e não poderia se livrar: uma grande e permanente inconveniência. Mesmo agora em Seul e vivendo uma vida a qual ela só poderia sonhar e definitivamente aprovava, exceto a parte de ser gay, ela ainda tinha reclamações.
Seu pai olhava para ele como se ele fosse um desapontamento constante. Ou ele pensava dessa maneira.
Ele sempre achou que seu pai nunca pensou nele como filho. Seu pai tomou conta dele porque era o tipo de homem que tinha orgulho em manter uma família, mas ele nunca falou muito, nunca se importou de verdade com Luhan. Seus olhos falavam muito, deixando algo para Luhan interpretar, mas sua boca mal dizia uma palavra.
Ele sempre achou que seu pai concordava com o julgamento que sua mãe tinha dele, que ele era incompetente e não significava muito. Agora, entretanto, após sua visita e seu conselho, a conversa mais longa que Luhan se lembrava de ter com seu pai, Luhan se perguntava se a razão dele estar desapontado não era porque ele nunca foi confiante em si mesmo. Ele sempre deixou sua mãe, ou qualquer outra pessoa, pisar nele. E enquanto um filho nunca deve desrespeitar os seus pais, isso não significa que ele não poderia, educadamente, discordar com o que ela dizia, especialmente quando tudo o que ela sempre fazia era quebrá-lo, pisando em sua auto confiança até ela praticamente não existir mais.
Ele gostava de pensar desse jeito. Era bom se dar conta de que, talvez, apesar de tudo e até mesmo sabendo que seu pai não aprovava o seu estilo de vida, ele estava ao seu lado o tempo todo.
Expirando, um pequeno sorriso curvou seus lábios.
O pânico finalmente se foi.
Provavelmente retornaria depois, quando, se, ele viesse a ficar cara a cara com Sehun, mas por agora, ele tinha ido embora.
Ele pensou que vir para a Coréia do Sul seria um novo começo para ele e foi em muitos aspectos, mas algumas coisas você não pode deixar pra trás. Ele sabia disso agora. Ele não teve os ataques até recentemente, mas sempre teve uma imensa tristeza que escondia de Jongin. Uma coisa não era tão diferente da outra, ele achava. Isso ainda apontava para um problema que ele claramente precisava nomear.
Mas não agora, ele pensou, olhando para o relógio e se dando conta do tempo que havia perdido.
Dando partida no carro, ele colocou o cinto de segurança e pisou no acelerador.
Ele tinha um monte de tempo perdido para compensar.
~~
Sehun olhou para seu relógio, os primeiros reais tentáculos de medo de que Luhan não viria começando a importuná-lo.
Foi dito a ele, uns vinte minutos atrás, que o voo foi remarcado para um horário mais cedo devido à previsão de mau tempo na pista.
Ele perguntou no balcão de check in se alguém com o nome de Luhan tinha aparecido, mas eles não poderiam lhe dar essa informação.
Ele assumiu que se Luhan tivesse feito check in, o mesmo teria se juntado a ele na área de espera, mas tudo era possível. Talvez ele estava fazendo umas compras de último minuto ou foi comer algo ou… alguma outra coisa. Ele ainda não podia desistir; não poderia se permitir a perder toda a esperança, não importava o quão ameaçadoras as coisas pareciam.
E ainda…
Ele andou até o muro alto cheio de janelas e olhou para a pista.
Flocos de neve estavam caindo do céu escuro. Teria sido bonito, algo que ele poderia ter pensado em pintar, se não fosse o fato de que se Luhan estivesse a caminho, a neve poderia impedir seu amor de chegar até lá.
~~
É claro que no único momento em que ele decidiu ser corajoso e seguir seu coração, o trânsito tinha que estar um caos.
Ele entendia que era quase Natal e os pagamentos das pessoas estavam queimando em seus bolsos, mas elas não podiam fazer compras durante o dia? Ou online, pelo amor de Deus. Era o século vinte e um afinal.
Pra deixar tudo pior, começou a nevar. Ele realmente gostava da neve, era tão linda quando cobria tudo com uma camada tolerável, mas não essa noite. Não quando o tempo já era um problema.
Suspirando, ele ligou o rádio na sua estação favorita, esperando se distrair.
“Então, como vocês, nossos ouvintes, devem saber, nós temos seguido obedientemente, e fazendo a nossa parte em ajudar a trágica história de amor de S e L.”
Luhan engasgou, sua respiração presa na garganta.
Apesar de tudo o que aconteceu e mesmo até depois da proposta, Sehun nunca parou de fazer as dedicações noturnas. Luhan, o sempre guloso por punição, colocava na rádio toda noite, ansiosamente esperando a introdução do DJ, animado, mas ainda temendo qualquer música que viesse.
“É com corações pesados que nós falamos que S nos informou que essa noite será sua dedicatória final. Se podemos pensar em algo é que as coisas não devem ter funcionado. Nós estamos realmente tristes por você S. Realmente.”
As cordas dissonantes e de cortarem o coração do piano começaram a tocar e o coração de Luhan ficou apertado na primeira linha.
‘Diga algo, eu estou desistindo de você.’
Não. Não não não não. Isso não podia estar acontecendo.
O pânico ameaçou envolvê-lo novamente, quase fazendo com que ele pisasse nos freios, mas ele o enterrou, engolindo-o até poder respirar de novo.
Esse não era o fim. Ele não deixaria tudo acabar sem lutar, droga.
“L”, o DJ disse, enquanto a música tocava no fundo. “Ainda não é tarde. Nós acreditamos em você.”
Luhan olhou de novo para o relógio. Sim, havia tempo. Não era tão tarde, não ainda de qualquer forma.
O semáforo a sua frente finalmente ficou verde e ele riu, levemente histérico, em alívio e pisou no acelerador.
Ele tinha que chegar até Sehun. Ele tinha.
~~
O aviso de que todos deveriam embarcar soou nos auto falantes cinco minutos atrás.
Sehun ficou parado lá fora, mãos firmes em sua mochila, vendo os outros passageiros caminharem pelo portão.
Agora, havia apenas algumas pessoas na fila e uma das atendentes, aquela a qual ele perguntou sobre Luhan, o estava olhando sério. Se ele não embarcasse logo…
Olhando para seu relógio de novo, ele começou a andar, mesmo que lentamente, até o portão.
Apareça, Luhan, ele pensou urgentemente, medo e pavor ameaçando obstruir sua garganta. Por favor.
~~
Luhan estacionou num local qualquer e pulou pra fora do carro, correndo até o aeroporto.
Ele chegou trinta minutos antes do horário do voo.
Ele pensou brevemente no fato de que seu carro poderia ser guinchado – o mesmo carro que ainda estava registrado no nome de Sehun e que Sehun tinha pagado sem descontar de seu salário, carro que Luhan esqueceu de devolver, porque, de alguma maneira, ele o conectava a Sehun mesmo quando eles estavam afastados – quando a segurança se desse conta de que estava estacionado acima do tempo permitido, mas ele não se importava com isso no momento.
Ele tinha uma missão em sua mente e era direta e simples: encontrar Sehun.
Ele não sabia nem se poderia embarcar daquela forma – os passageiros devem fazer o check in algumas horas antes da partida do avião, mas talvez a sorte estivesse ao seu lado -; ele não tinha pertences com ele e estava essencialmente abandonando seu carro se embarcasse, mas ele sentia que se por algum milagre encontrasse Sehun antes de entrar no avião, então seria um sinal de que ele deveria ir com o mesmo. Que eles deveriam começar de novo.
E se ele não o encontrasse… bem, Sehun estaria a caminho da América e ele iria ficar ali sem nada e ninguém. Exatamente como ele era quando chegou a Coréia do Sul.
Ele foi até o balcão de registro para descobrir se ainda poderia embarcar… e seu mundo caiu.
A atendente apontou para um avião que tinha acabado de decolar e os olhos de Luhan distraidamente seguiram a mão dela, seu cérebro tentando e falhando em computar exatamente o que seus olhos estavam vendo.
Sehun tinha ido embora. Sehun tinha ido… embora.
Virando-se, ele foi andando para fora aos tropeços, notando que estava parado numa calçada deserta.
Ele não podia acreditar nisso.
Se ele pelo menos tivesse chegado meia hora antes, trinta minutos, ele estaria com Sehun agora a caminho de sua nova vida juntos.
Ele queria rir, queria chorar, mas não fez nada.
Ele estava muito entorpecido para fazer algo.
“Luhan?”
De primeira ele pensou que sua mente estava pregando peças em si, que ele estava ouvindo coisas. Mesmo assim, ele ergueu automaticamente a cabeça, olhos procurando pelo rosto cuja aquela voz pertencia, se arregalando em choque quando atualmente o encontrou.
“Sehun,” ele sussurrou, a descrença permeando a palavra.
Ali, na outra calçada, estava o homem de seus sonhos.
“Eu pensei que você tivesse ido embora,” Luhan falou. “Eles disseram… o avião… Eu vi…”
Ele parecia um idiota, tinha certeza disso, incapaz de formar uma frase coerente, mas ainda assim ele não acreditava naquilo. Sehun estava ali.
Com um pequeno franzido na testa, Sehun perguntou cauteloso, “O que você está fazendo aqui, Luhan?”
De fato, o que ele estava fazendo ali…
Agora era a hora, ele sabia. Aparecer era o primeiro passo, um grande passo, mas havia tanto que ele precisava fazer para compensar pelo tempo perdido. O mais importante, ele precisava dizer a Sehun o que estava mantendo preso em seu coração por todos esses meses.
“Wo Ai Ni. Saranghae. I love you. Aishiteru. Te amo. Je t’aime. Ich Liebe Dich.”
Ele tropeçou nas palavras enquanto continuava a recitar as frases estrangeiras que havia memorizado há muito tempo, mas não parou, não vacilou mesmo sentindo as suas bochechas queimarem de vergonha.
“Eu queria dizer isso já faz…” Ele riu para si mesmo. “… só Deus sabe há quanto tempo. Havia vezes em que eu simplesmente olhava pra você e essas palavras estavam na ponta da minha língua, logo ali só esperando para escaparem, mas… mas eu não conseguia. Eu estava com medo, eu estava apavorado.” Ele pausou.
“Por que?” Sehun perguntou calmamente.
No minuto em que Luhan começou a falar, no momento em que disse aquelas palavras, Sehun teve que se segurar para não voar pra cima dele, pra abraçá-lo firmemente e beijá-lo por inteiro.
Mas Sehun precisava daquilo afinal. Precisava, depois de todo esse tempo, finalmente ouvir Luhan dizer aquilo. E ele percebeu que Luhan também precisava dizer aquilo: deixar sair de seu peito.
“Porque eu sempre tenho medo. Eu não sei como não ter medo. E você… você era algo novo, o desconhecido, e eu não sabia se você iria me machucar.” Ele parou, balançou a cabeça e começou de novo. “Não, não é isso. Eu sabia que você nunca me machucaria. Eu acho que soube disso desde o primeiro dia que te conheci. Você sempre foi exatamente quem era e disse que seria e eu confiei em você logo no primeiro dia. Mas eu não confiei em mim mesmo. Eu não confiei que era certo o que eu pensava e sentia. Que isso era real.” Suas mãos não paravam; ele as mexia incessantemente e suas bochechas queimavam. Ele queria parar, estava mentalmente se xingando por soar tão estúpido quanto provavelmente soava, mas ele não faria isso. “Aconteceu a mesma coisa… com Jongin. Eu não o conhecia de primeiro, nós nem falávamos a mesma língua, mas eu confiei nele, porque ele foi bom pra mim quando não precisava ser. Ele cuidou de mim, me levou para sua casa. Eu pensei que ele era um enviado de Deus. Eu ainda acho, de certa forma, mas eu percebi muito cedo que nós pulamos certas etapas ao longo do caminho e isso seriamente dificultou o nosso futuro. Nós nunca realmente nos conhecemos. Nós não namoramos. Nós certamente não conversamos. Nós só estávamos… juntos. E então, quando as coisas começaram a mudar…” Ele deu de ombros, olhando para suas mãos.
“Eu acho que me acostumei a estar em lugares infelizes e instáveis. Eu tentei, no começo, falar com ele quando ele machucava os meus sentimentos, o que era algo que eu nem fazia em casa, mas eu podia ver o quanto ele estava estressado com o trabalho e com a família e eu não queria ser um problema. Ele só estava sendo irritante como a minha mãe era. Ele só precisava de um escape e eu senti que era a única coisa que podia ser pra ele, que era tudo o que eu podia fazer por ele…” Luhan deu de ombros novamente. “… então eu fiz. E não era sempre que ele era daquele jeito. Isso, mais do que tudo, me dava esperanças para continuar tentando. Ele podia ser gentil e bondoso quando queria ser. Eu acho que lá no fundo ele realmente é, mas naquele tempo, ele me dava o suficiente para me manter por perto e eu não sabia que estava sendo manipulado. Quando eu descobri, eu já tinha aceitado que aquela era a minha vida e que ela não ficaria melhor.”
Ele ergueu o rosto, encontrando o olhar intenso de Sehun em si.
“De qualquer maneira, isso foi até você aparecer. Quando eu te conheci, você parecia irreal. Fora desse mundo, como Jongin tinha sido, mas tão tão diferente. E quanto mais eu te conhecia, mais irreal você se tornava. Você era tão… perfeito. Eu não podia acreditar que você realmente existia, que eu era sortudo o suficiente para ter te conhecido. E quando você disse que me amava…” Luhan balançou a cabeça. “palavras não podem expressar o quão… ugh, tudo o que eu penso parece tão inadequado pra dizer.” Ele sorriu. “Eu já estava completamente apaixonado por você quando você se confessou. Ir para o trabalho era o melhor do meu dia. Viver com você foi o melhor presente que eu já recebi. Eu nunca sonhei em ter esperanças de você corresponder o meu amor. Eu queria tanto dizer isso, sempre esteve na ponta da minha língua. Mas eu não conseguia. E se você realmente não me amasse de verdade ou se mudasse de ideia? E se você eventualmente se desse conta de que poderia encontrar alguém muito melhor do que eu? Todo o tipo de pensamento vinha a minha mente e mesmo quando você disse novamente que me amava, toda vez que você dizia era um presente e uma maldição. Eu me emocionava cada vez que ouvia isso, mas sentia que não merecia, porque eu sabia que nunca poderia retribuir tudo que você fez por mim e que você poderia ser alguém melhor sem mim.”
Sehun franziu a testa. “Luhan…”
Luhan levantou a mão impedindo-o de continuar. “Espere. Por favor.” Ele respirou fundo, fechando seus olhos por um segundo antes de reabri-los e dar de cara com o olhar firme de Sehun. “Você me perguntou o que eu estou fazendo aqui. Bem, eu te direi. Jongin me perguntou se eu amava você. Ele foi bem direto ao ponto,” Luhan acrescentou com um aceno quando viu os olhos de Sehun se arregalarem de surpresa. “Eu já estava bem louco antes, na verdade fiquei louco desde que você apareceu uma semana atrás, e ele me chamou até a sala de estar. Ele estava olhando para aquele quadro, só olhando para ele, quando me perguntou. Você sabe o que eu respondi?”
Sehun balançou a cabeça.
“Eu respondi que sim,” Luhan declarou, o riso escapando de sua boca. “Eu disse sim e acho que choquei a ambos, honestamente. Então ele me disse para ir embora, que se eu saísse naquele segundo ainda conseguiria ir embora com você. Então eu fiz isso. Eu corri.”
Sem se dar conta, Luhan começou a andar para frente e para trás enquanto falava.
Sehun o observava, seus olhos fixos em Luhan enquanto o mesmo pensava. Parecia que Luhan estava falando mais consigo mesmo do que com ele, mas Sehun não se importava. Luhan tinha muito o que falar, ele sabia. Um sorriso curvou seus lábios, mas ele fechou o semblante logo em seguida.
“Eu acho… eu acho que sempre estava pronto para ir embora. Eu sabia que te amava e que queria ficar com você, claro, mas eu não conseguia deixá-lo. Eu sentia como se fosse abandoná-lo. Mas o pensamento de te perder? Me matou. Quando eu peguei meu passaporte, a passagem já estava dentro. Eu nem me lembro de tê-la colocado ali, mas estava, como se estivesse me esperando. Eu acho que inconscientemente, eu sempre soube o que faria. Mas ele deixando eu ir embora facilitou. A culpa, pelo menos, não ficou mais insuportável, você me entende?”
Sehun assentiu. Ele só podia imaginar o quanto foi difícil para os dois: um deixando o outro ir e o outro indo.
“E então eu comecei a entrar em pânico achando que não ia conseguir. Havia tanto trânsito. E aquela música. Por que você…?” Ele olhou para Sehun, sua expressão vulnerável enquanto dizia, “Ela quase me fez pensar que eu já tinha te perdido antes mesmo de chegar aqui. Antes de eu ter a chance de te dizer.”
“Você a ouviu?” Sehun perguntou, a surpresa genuína. Ele havia esquecido que tinha mandado a música, tão preocupado estava se Luhan chegaria a tempo.
Luhan assentiu. “Ela me deixou aterrorizado. Era como se você estivesse se despedindo. Se você perdesse a esperança, seria o fim. De nós, de tudo.” Luhan parou, olhando curioso para Sehun como se finalmente se desse conta de algo. “Espere. O que você está fazendo aqui? O avião decolou. Eu o vi.”
“Decolou…” Sehun sorriu brincalhão. “Bem na hora em que eu ia me sentar, eu decidi que não poderia ir embora sem tentar mais uma vez. Ir embora não me impediria de te amar, de ter saudades e de te querer ao meu lado. A distância poderia amenizar a intensidade dos meus sentimentos, mas eles continuariam lá. E fugir é muito. Isso nunca foi meu estilo.”
Luhan sorriu gentilmente. “Eu estou alegre por você ter ficado.”
O silêncio os envolveu por um minuto, nenhum dos dois se movendo para atravessar a rua, mesmo com os carros passando entre eles.
Finalmente, com a expressão e o tom sérios, Sehun perguntou, “Você tem certeza?”
“Certeza?” Luhan repetiu, confuso.
“De que isso é o que você quer. De que sou eu que você quer.”
Luhan corou, assentindo. “Positivo. Eu sei que você poderia arranjar alguém melhor do que eu. Que você merece alguém melhor e…”
“Pare,” Sehun falou, balançando a cabeça. “Apenas pare.”
Luhan franziu a testa, intrigado.
“Você não entende?” Sehun perguntou, frustrado; finalmente atravessando a rua e ficando diretamente na frente de Luhan na calçada. “Eu sou a Magda.”
O franzido na testa de Luhan aumentou. Agora ele realmente estava confuso. O que Sehun estava querendo dizer?
“Quando Magda nos contou sua história, você disse, mais tarde, que você não podia acreditar que ela de bom grado se envolveria naquela situação. Que ela seria a outra mulher. Bem, adivinhe? Eu sou a Magda. Eu sou a outra.” Ele gentilmente acariciou as bochechas de Luhan. “Eu te conheci e imediatamente quis você pra mim, mesmo sabendo que você estava com outro. Eu disse ao Jongin que nunca planejei te fazer meu e isso é verdade, mas também mentira. Eu não tentei te roubar dele, mas isso não significa que eu não tive vontade, que eu me segurei para expressar meus sentimentos sempre que tive a chance. Minhas intenções para com você nunca foram completamente filantrópicas. Eu queria o que era o melhor pra você, mas também queria o que era melhor para mim e o melhor para mim era você. Eu queria você para ser direto e franco. Se Jongin não tivesse facilitado para mim, quem sabe o que eu teria feito para ter você. Eu certamente não sei. Do jeito que estava, eu não precisei fazer nada. Ele mesmo te afastou. Eu só estava no lugar certo, na hora certa. E eu agradeço a Deus por isso todo dia.”
Luhan continuou a franzir a testa, olhando bem nos olhos de Sehun para tentar compreender. Ele vagamente se lembrava sobre a conversa a respeito de Magda, mas simplesmente não conseguia comparar as duas coisas.
“O que eu estou tentando dizer é que você precisa parar de falar sobre não merecer e eu ser perfeito ou você não ser o suficiente para mim. Você merece tudo e qualquer coisa que quiser; pro inferno aqueles que te digam o contrário. E você precisa parar de colocar eu ou o Jongin, ou qualquer pessoa, em uma droga de pedestal. Nós não somos melhores do que você. Talvez nós somos piores, porque você é muito inocente e puro e Jongin se aproveitou desse fato. Você precisava de ajuda, precisava de alguém, e eu me aproveitei disso. Eu fiz. Eu fiz você precisar de mim.” Ele parou, afagando a bochecha de Luhan com o polegar. “Às vezes eu tenho medo de que um dia você se dê conta de que não precisa de mim, de que é capaz de andar sozinho com seus próprios pés e assim se afaste de mim.”
“Não,” Luhan jurou, balançando enfaticamente a cabeça. “Nunca. Eu te amo.”
“Eu sei.” O sorriso de Sehun tremeu em seus lábios. “Eu sei. Eu sempre soube, mas é bom finalmente ouvir você dizendo isso.”
Ele segurou com mais força o rosto de Luhan, inclinando a cabeça até tocar seus lábios contra os alheios antes de se afastar. Ele queria tanto beijar Luhan, mas tinha mais uma coisa que ele precisava dizer.
“Esse amor que eu sinto por você é obsessivo, possessivo e incrivelmente doentio. Eu não peço desculpas por isso. Então, desde que esteja dentro do meu alcance e poder, eu nunca te deixarei ir.”
Os olhos de Luhan se arregalaram, sua respiração ofegante devido a intensidade das palavras de Sehun.
“Mas se chegar o dia em que você se dê conta de que não quer ficar comigo, eu quero que você seja capaz de me deixar. Eu não quero ser que nem ele. Eu não quero te manter comigo às custas da sua felicidade. Isso me mataria, saber que você está comigo mesmo não querendo estar.”
“Isso nunca acontecerá,” Luhan prometeu de novo. “Eu sempre te amarei e só quero você.”
Sehun sorriu levemente. “Eu espero que sim. Mas ainda assim… caso seus sentimentos mudem… eu quero que você receba ajuda. Quero que veja um psicólogo.”
Luhan franziu a testa e começou a se afastar, mas Sehun o segurou pelo rosto.
“Você não é louco. Isso não tem nada a ver com loucura. Mas em algum lugar pelo caminho, você perdeu completamente seu senso de auto estima. Sua confiança, seu próprio valor. Eu adoraria pensar que meu amor um dia consertaria isso em você. Que você descobrirá sua beleza e valor através dos meus olhos, mas eu não sei se isso é possível e… eu não quero isso de qualquer maneira. Eu não quero que o nosso relacionamento te defina. Eu quero que você se ame por quem você é, não por quem você é para mim. Você precisa encontrar a si mesmo sozinho. Eu estarei lá a cada etapa do caminho, sempre e para sempre. Mas essa é uma jornada que você precisa ter sozinho. Você entende?”
Luhan queria dizer a Sehun que isso não era necessário; que o amor que ele sentia era igualmente obsessivo e doentio. Mas Sehun estava certo. Os ataques de pânico e a ansiedade constante e o medo mostraram a ele que ele precisava de ajuda. Havia coisas com as quais ele precisava lidar e que ele adiou por muito tempo. Seu amor por Sehun e o amor de Sehun por ele não era a verdadeira preocupação, mas ele mostraria isso a Sehun com o tempo. No momento, contudo…
Ele assentiu, segurando as mãos de Sehun que o seguravam. “Ok.”
Dessa vez Sehun não se segurou.
Ele se inclinou com tudo, capturando os lábios de Luhan em um beijo violento, faminto, deslizando a sua língua na boca alheia a cada respiração que davam.
Luhan entreabriu os lábios com um suspiro, a sensação de certeza, de pertencer ao outro, o envolvendo. Ele sentiu falta disso, desse calor. Estar com Jongin era legal, até mesmo agradável, mas desde que conheceu o toque de Sehun, algo sempre parecia faltar. Ele sabia o porque disso agora: Sehun era sua casa.
Eles se beijaram até seus lábios ficarem dormentes, até seus pulmões pedirem oxigênio, até a neve cair sobre eles.
Espera… Neve?
Sehun se afastou com um dramático suspiro, olhando para o céu antes de encarar ternamente seu amado.
A neve, que tinha brevemente parado de cair, havia voltado.
“Só você pra fazer a declaração de amor mais dramática de todos os tempos.” Ao notar o olhar cheio de desejo e confusão de Luhan, ele apontou ao seu redor, “Aeroporto? Frio, noite de inverno? Neve caindo a nossa volta? É uma cena saída de um desses dramas que você sempre assiste.”
“Telenovelas,” Luhan o corrigiu automaticamente.
Sehun riu. “Tenho certeza de que também vi isso em milhões de dramas coreanos e americanos. O mundo todo é brega quando se trata de romance.”
Luhan olhou para a neve, seguindo os flocos conforme eles caiam sobre ambos. Erguendo a mão para tocar em um que caiu na cabeça de Sehun, ele disse, “Isso é legal. Tudo fica lindo coberto por branco.”
“Você diz isso agora; vamos ver o quanto isso será lindo e legal quando você estiver preso em casa e não poder sair. Falando nisso…” Sehun abaixou a mão e segurou a de Luhan, entrelaçando seus dedos. “Vamos pra casa.”
Luhan sorriu, mas olhou de relance para as portas do aeroporto. “E a sua bagagem?”
Sehun olhou novamente para o céu. “Eu tenho certeza de que ela está num avião indo pra Nova York agora mesmo. Eu tenho certeza de que vai voltar pra cá, mas se não voltar…” Ele deu de ombros. “Eram só roupas.”
Luhan revirou os olhos, apertando a mão de Sehun conforme o guiava até onde o carro estava, graças a Deus, ainda estacionado.
Eles entraram rápido no veículo e rumaram até a casa de Sehun.
Ocorreu a ele, mais uma vez, que tudo o que ele tinha estava na casa de Jongin. Ele literalmente só estava com o celular, o passaporte e as roupas que vestia.
Como se tivesse lido sua mente, Sehun colocou a mão em sua coxa e a apertou gentilmente. “Você pode usar qualquer coisa minha que precisar até… até.”
Luhan sorriu agradecido, colocando a mão em cima da de Sehun e a apertando em retorno. “Obrigado.”
Eles dirigiram em silêncio por um tempo, simplesmente aproveitando a alegria de estarem juntos.
Eventualmente, Luhan ligou o rádio, mais por hábito do que pela necessidade de barulho, querendo ouvir algo sobre a atual condição do tempo. Sehun poderia estar certo sobre ter que ficar preso em casa devido a quantidade de flocos de neve que caiam.
“Pessoal, eu não sei como não vimos isso, mas parece que L finalmente, ele finalmente respondeu ao S. S, se você estiver por aí amigo, não desista. Ainda há esperança.”
Luhan ruborizou, olhando de relance pra Sehun. Ele se esqueceu completamente da rápida mensagem que enviou a rádio quando estava parado em um congestionamento após a música de Sehun ter tocado. Ele esperava que Sehun ouvisse sua dedicatória – talvez o sistema de música do aeroporto estivesse naquela estação de rádio ou Sehun a estava ouvindo pelo celular ou pelo tablete para ter certeza de que sua própria dedicatória havia sido tocada – e assim saberia que ele estava a caminho. Antes tarde do que nunca, ele supôs, mas se sentia incrivelmente tímido sentado ao lado de Sehun enquanto finalmente ele ouvia a sua resposta as inúmeras músicas que havia dedicado.
Sehun certamente estava ouvindo agora.
Com o passar dos meses, Sehun imaginou que tipo de resposta, se caso houvesse uma, Luhan daria as suas numerosas declarações de amor. Na verdade foi surpreendente, dada as preferências musicais de Luhan, mas a resposta incrivelmente combinava e ele não conseguiu deixar de sorrir. A música também o deixou a par, ele pensou, de como estava a cabeça de Luhan durante a separação deles. Era bom saber, além de sua confissão de amor, que Luhan também teve saudades dele tanto quanto ele teve do mesmo.
Não era uma música feliz, de maneira alguma, mas era uma música cheia de esperança e ele sentiu que combinava perfeitamente com o atual estado de seu relacionamento.
“Eu gostei,” ele disse, mostrando um de seus sorrisos perfeitos, um daqueles que deixava o coração de Luhan bem acelerado.
“Gostou?” Luhan perguntou, nervoso.
Sehun assentiu. “É perfeita.”
Luhan ruborizou, focando na estrada pra esconder sua vergonha. “Eu mal posso esperar pra chegar em casa,” ele disse suavemente.
Sehun apertou novamente sua mão. “Eu também mal posso esperar.”
Repentinamente se lembrando de que sua casa não estava desocupada, Sehun pegou o celular e digitou uma mensagem rápida para sua irmã. Era quase meia noite, mas ele sabia que ela era uma coruja noturna então havia chance dela estar acordada.
“Saia! Eu estou a caminho de casa… com meu homem.”
Ele sorriu sarcasticamente ao imaginar a cara dela quando lesse sua mensagem intencionalmente abrupta e rude.
Ele não teve que esperar muito pra uma resposta.
“Vá se ferrar, seu idiota!”
Ele caiu na risada, sorrindo ao ler a segunda mensagem que veio logo em seguida.
“Eu estou feliz por você. Parece que ele não é tão idiota afinal. Me ligue amanhã.”
“Qual a graça?” Luhan perguntou curioso, olhando pra ele.
Sehun balançou a cabeça. “Só a Emily sendo a Emily.”
Luhan sorriu e então voltou a olhar pra estrada.
Demorou mais do que eles queriam sair da cidade e chegar à casa de Sehun, mas no momento em que a porta foi fechada atrás deles, Sehun prensou Luhan contra ela e o devorou, reivindicando mais uma vez os lábios alheios.
Eles foram devagar, lábios grudados, absorvendo o calor um do outro, simplesmente aproveitando o fato de estarem juntos. Eventualmente, a fome retornou com força total e eles passaram de pequenos selinhos para um tentando devorar a boca do outro.
Mais tarde, nenhum deles se lembraria da viagem pelas escadas, mas no momento em que caíram na cama, ambos estavam nus, pele deslizando sobre pele, pernas e braços num enlaço familiar.
Sehun levou um tempo aqui, se reorientando nas curvas do corpo de Luhan, beijando todo o caminho até o pescoço do mesmo, descendo até seu peito para provocar seus mamilos sensíveis antes de continuar descendo até o abdômen que tremia, e ainda mais pra baixo.
Quando colocou o falo de Luhan em sua boca, sua língua fazendo mágicas, o corpo de Luhan já tremia descontroladamente – ambos tremiam. O desejo de um pelo outro, a necessidade há muito reprimida estava finalmente livre. Sehun queria que Luhan chegasse ao ápice daquele jeito, queria sentir o gosto de Luhan em sua língua, mas ele não teve a chance porque Luhan não deixou.
Impaciente e querendo sentir Sehun dentro de si, pra realmente se sentir completo, Luhan empurrou Sehun e o deitou na cama.
Sehun se deixou levar, seu corpo como água. Qualquer coisa que Luhan quisesse, qualquer coisa que seu coração desejasse, Sehun daria a ele.
Luhan segurou o membro de Sehun, amando a sensação sedosa do falo em sua palma, masturbando-o com carinho enquanto levava a mão livre até a mesa de cabeceira para pegar o que ele precisava.
Ele olhou para o tubo de lubrificante, que suspeitamente estava do mesmo jeito que da última vez que eles usaram meses atrás não tendo diminuído em conteúdo, antes de abri-lo e jogar uma boa quantidade no falo de Sehun, cobrindo-o enquanto continuava masturbando-o.
Ele não fazia aquilo já tinha um mês, não fazia desde que Jongin o levou pra cama, mas ele não queria nenhum tipo de preparação. Ele queria se sentir sendo aberto, queria sentir a queimação; queria sentir cada centímetro de Sehun dentro de si o mais apertadamente possível.
Se arrumando em cima de Sehun, ele inclinou pra frente e o beijou levemente nos lábios enquanto se posicionava, ajustando-se para acomodar o falo quente e pulsante do outro.
Ele respirou ofegante contra os lábios de Sehun, fechando os olhos por um minuto enquanto seu corpo se ajustava a intrusão.
“Você está bem?” Sehun perguntou gentilmente.
Luhan assentiu, sorrindo contra os lábios alheios.
Quando ele se sentiu confortável o suficiente, ele se sentou com tudo, seu corpo engolindo o que faltava do membro de Sehun, o qual ficou completamente em seu interior.
“Deus, você é delicioso,” Sehun gemeu, mãos na cintura de Luhan.
Luhan ruborizou, rebolando de forma experimental, fazendo Sehun gemer de novo.
“Se você continuar fazendo isso, eu vou gozar logo,” Sehun avisou.
“Então goze,” Luhan disse de maneira sugestiva. “Eu simplesmente te manterei desse jeito, dentro de mim, até você se animar de novo.”
Sehun gemeu novamente, inconscientemente impulsionando o quadril pra cima. “Porra, não diga isso. Você não sabe o quão carente eu fiquei sem você? Tenha dó de mim, por favor.”
Rindo baixo, Luhan começou a se mover, subindo e descendo alguns centímetros por vez.
Ele estabeleceu um ritmo lento, querendo saborear o momento o quanto fosse possível antes de suas paixões tomarem conta de tudo.
“Você é lindo, sabia?” Sehun perguntou, voz cheia de admiração.
Na pressa em subirem as escadas e chegarem na cama, nenhum dos dois se preocupou em acender as luzes. Havia um fio de luz da lua, contudo, entrando pelas cortinas finas das portas do terraço. A luz caia sobre Luhan, dando a ele aquele brilho etéreo, de outro mundo. Fazia com que Sehun se lembrasse de quando fizeram amor em Jeju; a primeira vez que Luhan o teve pra si.
“Eu me sinto lindo quando estou com você,” Luhan admitiu timidamente.
Isso ainda era novo pra ele, a conversa, a honestidade, mas era bom finalmente dizer o que estava sentindo enquanto estava sentindo.
Pegando a mão esquerda de Sehun de onde estava em sua cintura, ele a beijou no centro da palma e a pressionou em seu coração.
“Eu te amo.”
Incrivelmente tocado, Sehun se sentou o quanto pode com Luhan em seu colo e Luhan o encontrou no meio do caminho, seus lábios se colidindo em um beijo atrapalhado, mas carinhoso.
Sentado com os músculos de Luhan apertando fortemente o seu membro, Sehun já estava quase na beira do ápice e com seus braços e pernas ao redor de Sehun, Luhan estava recebendo a melhor massagem/fricção em seu membro de toda a sua vida.
Sehun gozou primeiro, estremecendo conforme Luhan apertava-o ainda mais, seu orgasmo parecendo não ter fim.
Não querendo deixar Luhan na mão, ele alcançou o membro alheio e o masturbou firmemente até Luhan gozar, gemidos e ofegos sendo engolidos pela boca faminta de Sehun.
Eles permaneceram daquele jeito por um tempo, compartilhando beijos gentis e suaves além de suspiros e risos até finalmente se separarem antes de se grudarem novamente.
Sehun envolveu Luhan com seus braços, forçando-o a deitar ao seu lado. Ele não queria espaço algum entre eles; não poderia parar de tocá-lo agora, talvez nunca. Ainda parecia muito com um sonho. Provavelmente seria até ele aceitar que aquilo era realidade suficiente para relaxar.
Ele deslizou sua mão, entrelaçando seus dedos aos de Luhan. Quando ele sentiu um anel ao redor de um dedo em particular, ele ergueu a mão de Luhan pra luz da lua, observando o feixe de luz incidir no anel que ele havia colocado ali muito tempo atrás.
“Você ainda está usando ele,” Sehun disse suavemente.
“Eu nunca o tirei,” Luhan respondeu, ruborizando no peitoral de Sehun. “É verdade.”
Sehun sorriu, encostando o nariz nos cabelos de Luhan enquanto o envolvia mais com os braços, mantendo-o perto de si. “Eu acredito em você. Eu o vi quando ele colocou aquele anel em você. Eu sabia, eventualmente, que um deles teria que ser retirado e que o que você escolhesse permaneceria. Eu estou alegre por ter sido o meu.”
“Eu te amo,” Luhan murmurou sonolento.
Sehun sorriu na escuridão. “Eu sei. Eu nunca me cansarei de ouvir isso, mas pelo menos eu sei. Durma agora.” Ele beijou a testa de Luhan, repousando sua bochecha no topo de sua cabeça. “Boa noite, meu amor.”
Ele não dormiria: não por um tempo de qualquer forma. Ele queria, precisava, segurar e olhar para Luhan por mais um tempo. Aquela sensação de medo daquilo ser bom demais ainda permanecia ali.
Talvez quando a madrugada terminasse ele se sentiria confiante o suficiente para fechar os olhos sabendo, acreditando, que Luhan ainda estaria ali de manhã.
Até lá… até lá.
Notas pessoais da leitora:
Eu surtei, chorei, porque foi lindo e jndshdhhfdffd porra, ele escolheu certo dshbdhfhfhfhjfdjhdfd Na parte do carro que a música toca, sério, eu comecei a chorar aqui e njcdjvfvjjjbgbjvhgffj Mas foi lindo o////