Be Loved – Capítulo 31 – epílogo (agora sim acabou)

Bem pessoal, agora sim é o fim xD Eu agradeço a todos que leram essa tradução e tiveram paciência com a demora xD Obrigada mesmo. Trago o epílogo traduzido e também as notas da autora a respeito do fim. Muito obrigada. Boa leitura.

~~Fic original escrita por Vampyreunnie
~~Link: http://www.asianfanfics.com/story/view/211951/be-loved-iwtmyfb-kpop-exo-luhan-sehun-hunhan-selukai

 

Epílogo

 

                Dezoito meses depois…

A arte era parecida com as pessoas.

Podia ser complicada ou simples, bonita ou muito feia, única ou totalmente mundana.

Luhan entendia aquilo, aceitava, mas o que ele não entendia era porque alguém queria, se inspiraria a pintar um mosaico de orelhas.

Orelhas.

Franzindo a testa para a pintura na parede, ele torceu o nariz, as adoráveis rugas, para as quais Sehun escrevia odes – literalmente – aparecendo entre suas sobrancelhas.

Ele amava Sehun, o amava imensamente, mas havia coisas em ser um artista que ele obviamente nunca entenderia. Essa era uma dessas coisas.

“Isso é tão estranho,” ele murmurou.

Curiosamente, essa caricatura foi a primeira peça a ser vendida aquela noite.

Aparentemente Sehun estava certo: a arte era parecida com as pessoas e vice e versa. Estranha pra caramba.

“Você ainda não a encontrou?” uma voz rouca perguntou de trás dele, uma respiração suave tocando a pele sensível de suas orelhas, mandando arrepios pelo seu corpo enquanto um braço rodeou sua cintura de forma possessiva.

“Não, e eu nem estou procurando,” ele resmungou, mesmo ao se recostar no abraço de seu amado. “Isso é muito estranho, ok. Eu nem sei no que você estava pensando quando fez isso.”

Sehun riu baixo, depositando um beijo no lóbulo de sua orelha antes de se mover para o lado e contemplar a pintura.

Aquilo era uma extravagante pintura cheia de orelhas de diferentes formas e tamanhos. Algumas eram de amigos e familiares, outras de estranhos que ele encontrou ao longo do caminho.

“Cada parte do corpo humano me fascina,” ele simplesmente disse. “E você tem orelhas lindas, caso não saiba. Por que eu não iria querer pintá-las?” As orelhas de Luhan eram uma de suas zonas erógenas mais sensíveis, mas Sehun não se incomodou em afirmar aquilo no momento. Ele achou que Luhan não apreciaria o lembrete.

“Mas… orelhas? Sério, Sehun-ah?” Luhan perguntou, ainda em descrença.

Diferente do tempo anterior – que era como ele secretamente se referia à relação dos dois antes da confissão no aeroporto – Sehun não mostrava a ele, nem o consultava sobre cada peça que estava criando. Na verdade, Luhan não tinha visto a maioria das peças de sua nova coleção. Sehun queria que aquilo fosse uma surpresa e Luhan estava ocupado o suficiente com sua própria vida não deixando que a curiosidade o incomodasse.

“Você já encontrou o seu nariz?” Sehun perguntou, apertando o tal nariz de modo apaixonado.

Luhan simplesmente o encarou.

Quando eles chegaram na galeria antes da exibição, Sehun revelou sua surpresa: ele arranjou uma caça aos tesouros para Luhan. Entretanto, ao invés de achar itens ou bugigangas pela galeria, Luhan tinha que encontrar suas partes pintadas em cada peça de Sehun.

De novo, Luhan amava muito Sehun, mas às vezes ele tinha que se perguntar como o cérebro do outro funcionava. Como ele tinha pensado nessa ideia maluca, mas mesmo assim genial?

Ainda assim, tão estranho quanto ele dizia que aquilo era, ele secretamente estava emocionado a respeito daquilo. O fato de que Sehun pensava nele todo o tempo, mesmo quando ele não estava perto; que ele queria que Luhan fosse parte de tudo que criava… o tocava profundamente. Ele nunca se sentiu tão amado, tão adorado.

Sehun era realmente único; e fazia com que Luhan se sentisse do mesmo jeito.

“Senhor Oh?”

Ambos se viraram na direção da nova voz, encontrando o dono/gerente da galeria lhes olhando com ansiedade.

Mudando para o seu inglês levemente com sotaque já que ele e Luhan sempre falavam em coreano durante conversas particulares, Sehun suspirou exageradamente ao dizer, “Michael, quantas vezes eu tenho que lhe dizer pra me chamar de Sehun?”

Michael assentiu, arrumando seus óculos em cima do nariz. “Sim, senhor… Sehun.”

“Bem melhor,” Sehun acenou com um gracioso sorriso.

“Uh, me desculpe perturbá-lo, mas há um senhor Carlyle que está interessado em uma de suas peças.”

“Qual?”

“Aquela com um olho grande e vermelho em cima de um vulcão que parece uma montanha sangrando?” Michael gaguejou.

Sehun assentiu pacientemente. “Eu sei sobre qual você está falando. Você disse a ele que é apenas uma exibição e que nada ainda está a venda?”

Michael engoliu a seco, assentindo. “Eu falei, mas ele insistiu.”

“Oh, bem, se ele insiste”, Sehun repetiu de modo sarcástico.

Michael ficou vermelho, seus olhos azuis claro arregalando-se por detrás dos óculos.

Suspirando, Sehun se virou para Luhan, o qual assistia a conversa em um silêncio divertido.

Michael fazia com que Luhan se lembrasse de si mesmo no tempo anterior, querendo agradar e esperando ansiosamente para receber um xingo. Ele sabia que Sehun só o estava provocando, por isso não entrou no meio.

“O trabalho me chama, meu querido,” Sehun declarou dramaticamente, uma exagerada expressão de arrependimento em sua face, embora seus olhos brilhassem com malícia. Ele pegou a mão esquerda de Luhan, levando-a até seus lábios, beijando o anel em seu dedo. “Eu te amo até os confins da terra. Não se esqueça de sua missão. Se você encontrar todas as partes, eu até lhe darei um presente.” Ele ergueu as sobrancelhas de modo sugestivo.

Luhan ficou indignado, puxando sua mão conforme o calor florescia em suas bochechas.

Sorrindo como o gato que comeu o rato, Sehun se inclinou e roubou um beijo antes de segurar Michael pelo braço e levá-lo até a pintura em questão.

Luhan balançou a cabeça, rindo consigo mesmo.

Sehun era incorrigível. Ele sempre foi carinhoso, não se importando se alguém os visse de mãos dadas, mas desde que chegaram a Nova York, Luhan se deu conta de que na verdade Sehun estava se segurando na Coréia do Sul. Agora, Sehun o agarraria e o beijaria no meio da calçada se sentisse vontade. Claro que algumas pessoas ainda os encaravam, sempre haveria aqueles que não aprovariam o estilo de vida deles, mas na maior parte do tempo, seu relacionamento era algo bem comum e ninguém prestava muita atenção. Na verdade, ele ficou chocado ao ver pessoas sorrindo pra eles ao verem suas demonstrações de afeto.

E o que era ainda melhor era que o casamento era legal ali. Se eles quisessem, podiam oficializar seu relacionamento.

Ele olhou para baixo para o anel em seu dedo, o qual Sehun tinha acabado de beijar, um sorriso amoroso curvando os seus lábios. Era o mesmo anel barato que Sehun comprou pra ele em Jeju. Sehun mencionou comprar um par melhor, de qualidade, mas Luhan recusou. Talvez um dia, se eles decidissem que queriam ser marido e marido. Até lá, contudo, ele manteria sua promessa de nunca retirar esse anel. O anel significava mais pra ele do que qualquer outra coisa que possuía.

Livrando-se de seus pensamentos, ele continuou a andar pela galeria, observando as pinturas e ouvindo as demais pessoas conversarem baixinho. O deixava orgulhoso saber que a maioria falava bem do trabalho de Sehun.

Ele não sabia como, mas atualmente tinha conseguido reconhecer o seu nariz, sua perna, até mesmo seus lábios nas várias peças. Talvez Sehun não tivesse as escondido direito.

Ele tinha acabado de virar para um canto quando seus olhos encararam um perfil familiar. Ele paralisou por um minuto, a descrença cortando o ar de seus pulmões.

Quando um par de olhos escuros e sorridentes o viu e encarou, ele sabia que não estava vendo coisas.

Jongin.

Ele não o via desde… bem, desde antes deles irem embora da Coréia.

Após uma semana depois da reunião no aeroporto, ele finalmente tinha juntado coragem para ir e ver Jongin. Ele o chamou e pediu se podia entrar, coisa que Jongin rapidamente concordou.

Foi estranho no começo. O que alguém diz para a pessoa cujo coração acabou de quebrar?

Jongin não fez nada para que a situação ficasse desconfortável para ele. Era sua própria culpa que o estava corroendo. Ele sentia que pelo menos devia uma explicação a Jongin. Então, ele disse tudo o que sentia.

Foi como um renascimento para ele, falar sobre quase três anos de raiva, dor e tristeza. Tudo o que ele sempre quis dizer a Jongin e não disse. Sua intenção não era fazer Jongin se sentir pior do que já estava – e se as olheiras e a pele pálida fossem indicativos de algo, isso significava que Jongin não estava tão bem depois de sua partida – mas uma vez que ele começou a falar, ele não conseguia mais parar.

No final, ele sentiu que tinha uma coisa importante que Jongin precisava entender.

“Eu te amei. Eu te amo. Eu espero que você saiba disso. E eu realmente acredito que se eu tivesse ficado, nós poderíamos ser felizes dessa vez. Eu quero que você saiba que eu acreditei em você, simplesmente em você. É só que…” Ele não sabia como explicar aquilo, como explicar o que Sehun significava para ele, o quanto era importante para ele, sem soar como se estivesse o louvando.

Eu entendo,” Jongin disse.

E isso foi o fim da conversa.

Depois disso, ele relaxou um pouco e eles conversaram sobre os detalhes das coisas.

Ele retornaria em alguns dias para encaixotar suas coisas. Jongin insistiu que ele levasse tudo o que havia lhe dado de presente, porque eram coisas dele, mesmo que Jongin tivesse pago por tudo. Luhan sabia, realisticamente, que havia muita coisa e muito disso ele não precisava, não queria, levar consigo para Nova York. Eram coisas que tinham sido demais para ele em sua vida antiga e extravagante; elas certamente não combinariam com sua nova e simples vida. Mas Jongin insistiu, então ele decidiu ficar com o que poderia usar e venderia o resto. Havia muitas roupas caras e joias que ele raramente havia usado, a maioria ele leiloaria na internet. Ele decidiu ficar com uma parte do dinheiro arrecadado, para não ser um fardo para Sehun, e doou o resto para caridade. Era a única maneira dele aceitar algo daquilo.

Jongin também insistiu que ele ficasse com o dinheiro que estava na conta bancária que ele havia feito para Luhan quando ele chegou a Seul, mas Luhan recusou de imediato. Ele não podia ter Jongin o bancando mais. Eles precisavam romper quaisquer laços que tivessem. Ao invés disso, ele aceitou a oferta de Jongin de levar o que quisesse da casa já que segundo Jongin ele havia cuidado do lugar por todo esse tempo.

Havia apenas uma coisa que chamava sua atenção: um globo de neve de um príncipe do Inverno no topo de uma colina vasculhando-a em busca de sua princesa. Jongin trouxe isso de presente para ele de uma de suas viagens para o exterior. Aquilo sempre chamara a atenção de Luhan toda vez que ele o olhava. Às vezes, ele ficava olhando para o globo por horas, chacoalhando-o toda vez que a neve ficava no fundo da colina.

Ele encontrou o seu príncipe agora, mas nunca se esqueceria dos dias em que esperava por ele. Era algo como um lembrete, ele supôs.

Ele não tinha visto Jongin depois disso. Magda o recebeu no dia em que ele foi pegar suas coisas. Sehun se ofereceu pra ir junto, mas ele sentiu que era inapropriado então foi sozinho.

Magda ainda estava chateada com ele, só um pouquinho, mas ele pediu desculpas, admitiu que ela estava certa e ela o perdoou imediatamente, abraçando-o firmemente enquanto sussurrava o quanto estava feliz por ele. Ela até chorou um pouco e ele se perguntou, lembrando-se do que Sehun havia dito no aeroporto, se ela não estava pensando em sua própria história trágica, desejando que pudesse ter tido um final feliz.

Diferente de Magda, sua mãe não ficou nada feliz em ouvir que ele e Jongin tinham terminado. Sua primeira pergunta foi se ele estava voltando pra casa, nem se incomodando em esconder o desapontamento em sua voz. Quando ele disse a ela que não só não estava voltando para casa, mas que se mudaria para Nova York com outra pessoa, ela ficou chocada. E isso foi só o começo.

Sehun manteve sua promessa.

Assim que ele arrumou suas coisas na casa de Sehun, eles viajaram pra China. Ele ficou tão feliz que chorou no minuto em que desceu do avião.

Seus pais os vieram encontrar no aeroporto, sua mãe parecendo irritada e descontente. Sehun estava todo encantador como sempre, e Luhan podia dizer que seu pai gostou dele, mesmo não dizendo muito e mantendo suas expressões sobre controle.

Sehun levou presentes para eles de Seul, nada tão extravagante quanto Jongin poderia ter dado. Luhan podia ver o desapontamento de sua mãe e pela primeira vez em sua vida, ele estava desapontado com ela. O dinheiro não era tudo. Quando ela se daria conta disso?

Mas ele não deixou isso afetá-lo. Ao invés disso, ele e seu pai mostraram os arredores de sua cidade natal pra Sehun, seu pai até levou Sehun pra ir trabalhar com ele um dia. O coração de Luhan ficou duas vezes maior, ele tinha certeza, vendo suas duas pessoas favoritas juntas. A aceitação de seu pai com relação à Sehun significava mais para ele do que ele poderia imaginar.

Eles até mesmo visitaram sua irmã, seu cunhado e seu sobrinho que ele nunca havia visto enquanto estava com Jongin e ele imediatamente se apaixonou pelo garotinho.

Sua vida finalmente estava entrando nos eixos. Ele não poderia estar mais feliz.

A única nuvem em seu céu durante toda a viagem apareceu na noite anterior dele voltar para casa.

Ele se sentou com seus pais, sem Sehun, e disse a eles que agora que não estava mais com Jongin, o dinheiro e os presentes que ele mandaria para eles diminuiria significativamente. Seu pai lhe disse que aquilo não era necessário, que eles tinham tudo de que precisavam, mas ele insistiu em cumprir seu dever de filho. Sua mãe, contudo, não podia aceitar que o seu trem de dinheiro finalmente chegaria a uma parada. Ela disse que somente seu filho poderia ser louco o suficiente para trocar uma vida de luxo como a que tinha; que só Luhan trocaria um homem de negócios bem sucedido por um artista pobre.

Luhan nem se preocupou em informá-la que Sehun não era um artista ingênuo e pobre no mundo da arte, que ele vinha de uma respeitável família que tinha seus próprios negócios, etc., e que era bem sucedido e financeiramente estável de seu próprio jeito. Se ela tivesse curiosidade suficiente para querer saber mais dele, ela poderia perguntar pessoalmente para ele ou aprender a usar a internet e pesquisar sobre Sehun no Google. Ele realmente não se importava em agradá-la mais. O amor de Sehun e a aceitação de seu pai eram mais do que suficientes.

Vir para a América foi um choque cultural. Ele nunca foi exposto a tanta diversidade. Foi excitante, mas também assustador.

Pelo menos ele teve ajuda pra se adaptar.

Quando Sehun disse a ele, após se reconciliarem, que eles ficariam no apartamento de seu ex, Luhan ficou em dúvida no começo. Que tipo de relação eles tinham pra Sehun levar seu novo namorado para a casa de seu antigo?

Ao conhecê-lo, quando eles finalmente foram embora da Coréia e chegaram em Nova York dois meses depois do fato, Luhan imediatamente soube que não precisava se preocupar com nada. Zero – nome real Matthew Augustine Lubbock – era tão jovial quanto avoado. Sehun disse que isso era em grande parte devido a grande quantidade de maconha que Zero fumava.

A maconha está permanentemente circulando em seu sistema agora.

Aparentemente Zero tinha entrado em contato com Sehun sobre fazer a capa do novo álbum de seu grupo antes da sugestão de Emily dele retornar a Nova York. Quando ele decidiu aceitar o conselho de sua irmã, ele também concordou em aceitar o trabalho de Zero. Zero ofereceu deixar Sehun, e Luhan por extensão, ficar em sua própria casa em troca daquilo.

Zero era inegavelmente a pessoa mais interessante que Luhan já havia conhecido. O próprio cara conhecia muitas pessoas igualmente interessantes, se únicas. Após eles se mudarem para sua própria casa e Sehun finalmente completar um design que Zero aprovou, foi o próprio rapaz que sugeriu a Luhan para ensinar coreano e chinês.

Você ficaria surpreso em ver quantas pessoas estão interessadas nessa droga hoje em dia.

Zero tinha um bom argumento e a ideia o intrigou, mas antes que Luhan pudesse ensinar qualquer coisa, ele precisava melhorar seu próprio inglês. No começo, conversar com Zero, ou tentar de qualquer maneira, lhe dava dor de cabeça. Metade do tempo, ele não tinha ideia do que o outro estava falando e ele odiava ter que pedir pra Sehun traduzir pra ele.

Assim que seu inglês ficou num nível intermediário, Sehun o lembrou de sua promessa de procurar um psicólogo quando eles estavam no aeroporto.

Fazer terapia não foi fácil. Foi até pior, já que ele não estava acostumado a falar sobre si mesmo. No começo, ele sentiu que aquilo era inútil, uma grande perda de dinheiro – do dinheiro de Sehun já que ele insistiu em pagar já que a ideia foi sua – mas após algumas sessões falando sobre coisas aleatórias, ele se deu conta de que começou a falar de sua infância, de como ele se sentia, as esperanças e os sonhos que nunca se permitiu ter. Isso o fez perceber, novamente, o quanto de dor ele estava mantendo dentro de si por todos esses anos.

A terapia o ajudou, a longo prazo, e ele ainda via o psicólogo pelo menos uma vez por semana até hoje.

Sua vida atual não era nada do que ele havia esperado, mas tudo o que sempre havia querido.

Ele tinha um trabalho: dois, tecnicamente, já que ensinava coreano e chinês durante o dia e coreografias de kpop num estúdio de dança três vezes por semana a noite.

Ele tinha sua própria casa, a qual ele poderia ajudar a pagar, finalmente.

E, acima de tudo, ele tinha o amor de um bom homem, cuja estrela estava começando a brilhar mais uma vez.

Sehun disse a ele que o mundo da arte era uma vadia inconstante, mas ele não tinha exatamente ideia do que Sehun estava querendo dizer até eles começarem a rondar novamente por esse mundo. As pessoas se lembravam de Sehun, mas ele não era mais o garoto top, tendo se afastado por muito tempo do ramo. Isso basicamente significava que ele tinha que começar tudo de novo. A única coisa boa era que ele havia mantido alguns de seus contatos, então quando começou a trabalhar na nova coleção, ele teve ajuda em procurar galerias para sua abertura. No final, ele decidiu por uma nova e pequena galeria – a de Michael – ao invés de uma grande que poderia, se tudo fosse bem, dar a ele um artigo no jornal no dia seguinte.

Era um novo começo, ele disse, de muitos modos.

E foi a decisão certa, pelo que parecia. O lugar estava lotado e apesar do programa afirmar que nenhuma peça seria vendida na noite de abertura, Sehun já tinha compradores.

Pessoas ricas não gostam de ouvir não,” Sehun disse uma vez. Ele também estava certo sobre isso, pelo que parecia.

Voltando ao presente, Luhan observou Jongin.

Ele parecia bem, realmente bem. Ele estava vestido casualmente, pelos padrões de Jongin, com uma camisa branca e uma jaqueta cinza, mas o dinheiro e a elegância ainda emanavam dele.

A coisa mais impressionante que ele usava, entretanto, era um sorriso.

De fato, pela primeira vez desde que Luhan o conheceu, não havia linhas de estresse ao redor de sua boca, nem sinais de tensão entre suas sobrancelhas. Ele parecia novo, livre e feliz.

Observando-o, sabendo que ele estava bem depois de se preocupar com ele por muito tempo, Luhan não poderia deixar de sorrir. Eles se mantiveram em contato, trocando e-mails de vez em quando, mas essa era a primeira vez que ele o via em um ano.

Logo em seguida, um rapaz baixo e de olhos arregalados apareceu ao lado de Jongin, puxando-o pela manga da jaqueta.

A cara de Jongin, o jeito que sua expressão suavizou e seus lábios se curvaram em um sorriso carinhoso enquanto ele olhava pra seu acompanhante, disse a Luhan tudo o que ele precisava saber.

Ele sentiu uma risada sair por sua garganta e tapou a boca para impedi-la de escapar.

Jongin olhou pra ele e suas bochechas ficaram vermelhas, seus olhos se desviando para outro lugar devido a vergonha.

Uou, Luhan pensou. Jongin estava tímido. Ele realmente deve ter se apaixonado.

Mas aquilo era fofo, na verdade. Luhan se sentia como um estudante vendo o seu professor dar um passo fora de sua zona de conforto pela primeira vez. De alguma maneira, Jongin tinha sido seu professor. Ele foi o primeiro de muitas coisas pra Luhan e o ensinou lições de vida que ele não esqueceria.

“Para onde você está sorrindo?” Sehun perguntou, se movendo para o lado de Luhan, deslizando um braço ao redor de sua cintura.

Luhan riu ainda mais indicando pra que Sehun seguisse o seu olhar, o mesmo sorrindo quando encarou seu velho amigo.

“Ele me ligou outro dia, dizendo que estava na cidade para uma convenção ou algo do tipo, então eu disse pra ele vir aqui. Eu acho que ele não veio sozinho,” Sehun acrescentou provocando, cutucando Luhan.

Luhan caiu na gargalhada.

Deus, ele amava Sehun. Ele era um idiota, pervertido, ninfomaníaco e um bebê às vezes, mas era dele, cada centímetro imbecil dele.

Tirando seu braço da cintura de Luhan, Sehun deu um passo à frente e ofereceu sua mão a ele.

“Que tal irmos até lá dar um oi?”

Acalmando-se até somente um sorriso suave permanecer em seus lábios, Luhan enroscou sua mão na de Sehun, seu presente e futuro, e caminhou com ele para cumprimentar um velho amigo.

Fim.

 

Notas da autora:

Primeiramente, eu gostaria de agradecer àqueles que estiveram comigo desde o início. Vocês se deram conta de que passou mais de dois anos e meio não? É muita dedicação, então eu os agradeço.

Mesmo àqueles que começaram a ler no meio do caminho, eu estou muito feliz por estarem aqui.

Obrigada por todos os comentários de encorajamento ao longo dos anos, por ter paciência comigo durante os tempos difíceis. Imagine, uma pequena ideia vinda do meu amor por uma música ter se transformado nessa loucura.

Eu sei que algumas pessoas não concordarão com o final, mas se você prestou atenção em tudo o que eu disse ao longo do caminho, era meio óbvio que o final seria assim. Eu sempre tive a intenção de Hunhan ter seu final feliz. Eles mereceram.

Mas, se esse fosse o mundo real e o Luhan fosse meu amigo, eu diria a ele para pensar um pouco antes de ficar com alguém. Pediria pra ele ver o psicólogo, tentar resolver seus problemas e então ir até o Sehun mostrando ao mesmo um lado novo e melhorado caso Sehun ainda estivesse disposto a ficar com ele. Não tem nada a ver com Sehun merecer algo melhor e tudo a ver com Luhan dando a pessoa que ama a melhor versão de si mesmo.

Eu sei que algumas pessoas gostariam de uma versão com o ponto de vista do Jongin, mas esse realmente é o fim, fim. Eu estou pronta pra seguir adiante. Essas personagens sugaram a minha energia e eu quero a minha vida de volta!

Até mais. Adieu!

Be Loved – Capítulo 30 (final)

Pessoal! Chegamos ao final da fic. Já comento aqui que chorei horrores (vocês saberão o motivo quando lerem).

Não esquecendo que esse é o último cap, mas ainda temos um epílogo que pretendo traduzir o mais rápido possível.

Deixo meus comentários pessoais no final. Boa leitura.

~~Fic original escrita por Vampyreunnie
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Capítulo 30

 

O inverno estava aqui.

Bem, tecnicamente ele começou um mês atrás quando a temperatura começou a cair drasticamente, mas a neve finalmente começou a cair.

Sorrindo para si mesmo, Luhan fechou as cortinas das janelas sobre a pia e andou até o balcão.

Ele amava a neve. Odiava o frio que permanecia por três a quatro meses, mas amava a neve por si só. Ela deixava tudo mais bonito e pitoresco, tornava o cenário em uma visão de tirar o fôlego como em uma pintura ou filme. Era a decoração da própria natureza.

“Luhan, eu absolutamente amo essa casa!”

Luhan sorriu de novo, dessa vez um pouco mais educado e forçado.

Kristie e Hyuk finalmente apareceram para o jantar a muito tempo adiado, agora que Jongin tinha tempo de bancar o gracioso anfitrião já que havia tirado uma semana de folga do trabalho.

Fazia três dias desde que Sehun apareceu na casa, três dias desde a proposta espontânea de Jongin.

As coisas tinham ficado um pouco desconfortáveis entre eles depois que Sehun foi embora: não tenso, mas estranho. Luhan continuava sentindo os olhares furtivos de Jongin, continuava observando o desejo, a incerteza e uma ponta de esperança em seus olhos e isso fez seu coração doer ao ver a usual confiança de Jongin ser balançada, ao vê-lo tão perturbado, mas ele ainda não podia lhe dar uma resposta. Não até ele ter certeza de que Jongin estava certo disso, o que quer que isso fosse.

Nem Jongin ou Sehun lhe deram muito tempo para pensar sobre isso. Sehun ia embora em quatro dias. Se ele não aparecesse no aeroporto, Sehun iria embora sem ele, o que significaria, provavelmente, que ele havia escolhido Jongin. Ou não significaria? Não escolher significava que Jongin era o ‘vencedor’?

Imediatamente, ele soube que sua linha de pensamento era ridícula. Isso não era um jogo, não era uma competição. Sehun havia dito isso para ele mais vezes do que o suficiente. Não se tratava de um acima do outro, era sobre os sentimentos dos dois por ele e do sentimento dele pelos dois. Não havia faltas na vida e no amor. Se ele não fosse embora com Sehun, automaticamente não significaria que ele queria ficar com Jongin. Assim como não significaria que ele não se importava com Sehun se escolhesse ficar com Jongin, ou vice e versa.

A questão que precisava ser respondida aqui, o que eles queriam e mereciam saber, era quem ele amava e com quem ele realmente queria ficar.

Uma semana não era muito tempo para fazer uma escolha que alteraria sua vida, mas ele teve meses, anos no caso de Jongin, para pensar sobre seus sentimentos, então ele não podia culpá-los por darem a ele um prazo determinado de resposta. Ele não podia deixar isso se arrastar por muito tempo. Era hora de confrontar seus sentimentos e se decidir, de um jeito ou de outro.

“Vocês já escolheram a data do casamento?” Kristie perguntou a Jongin e Hyuk apareceu na cozinha.

Embora ele estivesse ocupado tirando algumas coisas da geladeira, Luhan não deixou de ver o olhar inseguro que Jongin lhe lançou. A pergunta de Kristie o deixou nervoso do mesmo jeito.

“Foi uma coisa do momento então nada está decidido ainda,” Jongin respondeu, dando a ela seu sorriso pacífico, o qual ele normalmente usava com seus clientes. “Nós não podemos nos casar aqui de qualquer maneira, não legalmente, então antes de começarmos a pensar nos detalhes, nós precisamos nos mudar para outro país primeiro.”

“Por que não nos Estados Unidos? Vocês podem voltar conosco para Nova York,” Hyuk sugeriu. “Nós temos uma família lá e eu tenho certeza de que você tem amigos ou associados que poderia convidar, ao invés de ir para algum lugar onde só seriam vocês dois.”

Luhan estremeceu de leve, agradecido por ninguém ver sua cara. Ele realmente não precisava ser lembrado dessa cidade em particular.

“É certamente uma opção,” Jongin disse. “Não tão romântico, mas nós levaremos em consideração. Eu estava pensando em algum lugar no nordeste europeu talvez. Eu acho que o Luhan gostaria de algum lugar lá. Muitas histórias e belos cenários. Ele gosta desse tipo de coisa.”

“Essa também é uma opção,” Hyuk concordou. “Bem, vocês tem muito tempo. Mas certamente não podem se casar antes de nós,” ele provocou, sorrindo quando Kristie riu. “Só não se esqueçam dos nossos convites.”

“Eu nunca esqueceria,” Jongin prometeu.

Luhan ouviu a conversa enquanto começava a preparar o jantar. Embora eles estivessem falando sobre ele e sobre um evento que deveria ser importante para ele, ele se sentia removido da situação. Era algo ainda surreal.

Ele olhou para o anel em seu dedo, observando o jeito que a luz brilhava nas pedras.

O anel realmente era primoroso. E ele ficou surpreso em ver como o anel era discreto. Jongin normalmente era grandioso ao fazer propostas, então se ele tivesse sido avisado sobre isso, ele esperaria algo grandioso, ostentoso e algo bem caro só de olhar. O anel, entretanto, era algo que, caso ele pudesse ter escolhido, Luhan poderia tê-lo pego para si mesmo. Ele não tinha dúvidas de que era um anel tão caro quanto outro ostentoso, mas era sofisticado e de bom gosto, elegante ao invés de extravagante. Era a primeira vez na história de presentes dados por Jongin que o mesmo havia presenteado Luhan com algo que combinava com ele, ao invés de algo que ele decidira que Luhan deveria ter ou querer.

Era outro sinal das mudanças que Jongin estava fazendo, e ainda mais uma coisa para Luhan considerar, mais uma coisa para lhe confundir.

“Luhan, você está bem?” Kristie perguntou.

Assustado, ele olhou para cima e notou que três pares de olhos estavam sobre ele.

“Uh… sim, eu estou bem,” ele respondeu rapidamente. “Apesar de que eu estou sentindo algo. Jongin, você pode continuar fazendo as coisas aqui enquanto eu corro lá para cima para tomar algo?”

“Claro.” Jongin lhe lançou um olhar preocupado ao andar até o balcão, mas não disse nada.

“Eu voltarei em um minuto,” ele disse, sorrindo para Kristie e Hyuk antes de correr de lá.

Ele subiu as escadas até o seu quarto, seu santuário, trancando a porta atrás dele antes de se jogar na beirada da cama.

Seu coração estava acelerado e ele não tinha certeza se era apenas pela sua rápida corrida pelas escadas.

Por favor, por favor, agora não, ele pensou urgentemente. Agora era a pior hora para um ataque de pânico.

E por que ele estava em pânico, em todo o caso? Ele só tinha a decisão mais importante de sua vida logo mais a frente; as horas, os minutos, os segundos escorregando para longe enquanto ele deixava tudo para depois.

Suspirando, ele envolveu seus joelhos com os braços, abaixando a cabeça conforme respirava fundo.

Tudo ficaria bem. Não era o fim do mundo. Qualquer que fosse a sua decisão, eles a respeitariam.

A questão era: ele seria capaz de viver com essa decisão?

“Deus, por que isso era tão difícil,” ele gemeu miseravelmente.

Se ele fosse honesto consigo mesmo, ele já sabia o que tinha que fazer: a decisão que ele tinha que tomar. Ele já sabia fazia um tempo, mas estava hesitante em tomá-la porque… Bem, ele estava com medo. Ele já havia feito muitas escolhas em sua vida, escolhas que o haviam colocado na exata situação em que atualmente estava. Ele não confiava em si mesmo em não fazer outra má escolha. Ele não conseguia prever o futuro e essa era a parte assustadora. Qualquer escolha que ele fizesse teria resultados potencialmente bons ou maus à frente.

Mas, como Sehun havia dito muitas vezes, não havia garantias na vida. Se você tentasse o seu melhor, colocasse tudo de si e fizesse o que pudesse com as suas melhores intenções, então mesmo se as coisas não funcionassem da maneira que você esperava, não poderia, não deveria haver arrependimentos.

Apesar de que ele não era Sehun. Sehun era confiante em tudo o que fazia e Luhan… Luhan não conhecia nem a si mesmo. Ele não tinha certeza se podia confiar no que pensava conhecer ou sentir pelos dois. Ele achou que conhecia Jongin no começo, e descobriu do pior jeito que estava terrivelmente errado. Ele não sabia se poderia sobreviver a outro erro.

Suspirando novamente para si mesmo, ele saiu da cama e andou até a cômoda, pegando um potinho de aspirinas.

Ele não estava mentindo ao dizer que não estava se sentindo bem. Ele estava com uma horrível dor de cabeça de estresse. Outra razão, ele pensou, para fazer sua escolha o mais rápido possível. Ele estava literalmente ficando doente.

Ele abriu a mini geladeira e pegou uma garrafa de água, engolindo os dois comprimidos de uma única vez.

Ele ficou no quarto por mais um tempo, seus olhos vagando sem rumo enquanto sua mente ficava a deriva.

Quando sentiu a dor de cabeça diminuir, ele colocou a garrafa de volta na geladeira e caminhou até a porta. Respirando fundo, ele a destrancou e a abriu e então caminhou pelo corredor.

Ele mal alcançou as escadas quando uma voz o chamou, fazendo-o pular. Virando-se, ele se engasgou quando viu Hyuk andando em sua direção, vindo da suíte.

“Aí está você,” Hyuk disse. “Você não parecia bem quando correu da cozinha. Eu pensei que deveria dar uma olhadinha em você.”

Luhan piscou. “Oh. Me desculpe, eu não quis te preocupar. Foi só uma dor de cabeça. Eu tomei aspirinas e estou me sentindo melhor agora.” Ele sorriu timidamente, envergonhado.

Hyuk correspondeu o sorriso, sua expressão acolhedora. “Estou feliz em ouvir isso. Nós podemos conversar por um momento?”

A apreensão se fixou em Luhan, mas ele concordou, guiando Hyuk até uma pequena área perto de algumas janelas. “O que aconteceu?”

“Bem, primeiramente eu acho que devo te parabenizar,” Hyuk começou. “Bem vindo a família.”

Luhan estremeceu, rindo secamente. “Obrigado.”

Hyuk sorriu espontaneamente. “Meus pais… bem, eles são meus pais. Mas saiba que Kristie e eu sempre apoiaremos você e o Jongin. Isso faz quatro contra dois. Os números parecem bons.”

Luhan riu. “Eu acho que há um ponto positivo em tudo.”

Hyuk concordou. “Atualmente… eu quero falar sobre você e o Jongin. Há coisas que eu queria falar já faz tempo, mas nunca tive a chance de tal coisa.”

Luhan ficou tenso, incerto e com medo do que estava por vir.

“Meu irmão sempre foi um tipo especial de cara. Ele sempre teve jeito com as palavras, sabe como conquistar as pessoas, como manipulá-las sem elas se darem conta. É algo que eu sempre admirei e odiei nele. Ele pode ser um cara bom quando quer ser, mas também pode ser um cara mau quando é apropriado. Um meio para o fim, eu suponho. Como seu irmão mais velho, eu sempre fui incrivelmente orgulhoso e terrivelmente desapontado com ele. Mas eu sempre entendi, considerando de onde ele veio. Não foi fácil pra mim também, ficando bem na corda bamba, especialmente com pais como os nossos. Mas eu fui embora. A distância enfraqueceu o poder de meus pais sobre mim. Jongin não teve tanta sorte. Falando isso, eu nunca pensei que veria o dia em que ele os enfrentaria como enfrentou. Ele se rebelou aos poucos sua vida toda e ele pode ser rude às vezes, mas no fim do dia, ele sempre faz o que eles pedem. A primeira e única vez que ele não os ouviu foi quando você apareceu.”

Os olhos de Luhan se arregalaram em surpresa. “Eu?”

“Eu tenho certeza de que você sabe que ser gay, ou bissexual como parece ser o caso, não é exatamente o normal em nossa sociedade, ainda menos para alguém com o status social de Jongin e em seu campo de trabalho. Ainda assim… ele não se importa. Ele exibe o relacionamento que tem com você na cara da sociedade, porque ele sabe que é bom no que faz e seu talento vale mais do que com quem ele atualmente dorme. Pelo menos, eu acho que é assim que o chefe dele se justifica em tê-lo por perto. Para os nossos pais… isso não conta muito. Como você viu naquele… infeliz e desastroso jantar, eles sempre tem a intenção de fazer o Jongin seguir o plano deles, os pensamentos do próprio Jongin não importam. Se fosse outra pessoa e não você, ele provavelmente teria ouvido os nossos pais. Eu sei disso e eu sei que ele também sabe, mas algo mudou quando ele te conheceu.”

A expressão de Hyuk ficou gentil; os olhos de Luhan se arregalando cada vez mais em descrença com o que estava ouvindo.

“Você o mudou. Eu não imagino que a relação de vocês tenha sido um mar de rosas, conhecendo o meu irmão deve ter sido bem o contrário. Ele é um cara complicado, geralmente faz o contrário do que o seu coração pede. Ele tem boas intenções, mas ele não as segue. Eu não sei o que aconteceu entre vocês no ano passado, mas o meu irmão lá embaixo, o que enfrentou nossos pais, não é o mesmo cara que te apresentou a nós, três anos atrás. Pela primeira vez, eu finalmente vejo alguém que sabe como ele é, o que ele quer, e pelo que ele é capaz de lutar, não importa o que aconteça. Eu sempre soube que você era diferente. Você sabe como?”

Luhan balançou a cabeça, sua voz um suspiro quando murmurou, “Não.”

“Porque ele te trouxe para casa. Ele teve namorados antes de você, mas nenhum deles significou tanto para ele trazer para morar em sua própria casa e também apresentar à família, sabendo no que isso daria. É basicamente uma declaração de guerra, você sabia? Eu tenho certeza de que é assim que nosso pais veem de qualquer forma. E Jongin sabia que nossa mãe faria o que pudesse para se livrar de você. Mesmo assim… ele não se importou. Olhando para trás, eu nem sei se ele estava realmente preparado para se relacionar com alguém dessa forma. Ele nem tinha ideia do que significa compartilhar a vida com alguém e como resultado, eu tenho certeza que foi difícil para você, ainda pior porque você não tinha ninguém exceto ele pra depender e ele pode ser muito… egoísta.”

Luhan ficou tentado em concordar, mas não o fez. Era incrível, na verdade, como Hyuk parecia saber exatamente como ele se sentiu, pelo que passou, apesar de ter estado a meio mundo de distância de tudo.

“Apesar disso, ele é um homem mudado e tudo isso é graças a você.”

Luhan ruborizou, balançando a cabeça. “Jongin sempre foi um cara bom. Ele só…” Só o que? Ele não sabia como terminar a frase.

“Só precisava de alguém pra trazer isso à tona?” Hyuk completou. “Esse alguém foi você, então, continua sendo por sua causa. Eu não sei se outra pessoa poderia afetá-lo da maneira que você o afetou. Amar você o tornou um homem melhor.”

Luhan tentou o seu melhor para não tremer, mas ele odiava ser o centro das atenções. Ele não era acostumado a receber elogios desse jeito.

“Por falar nisso, um relacionamento precisa que ambos invistam nele, pessoas profundamente comprometidas para que ele funcione. Um casamento, ainda mais. Meu irmão te ama e eu acho que ele chegou numa etapa da vida onde está realmente pronto para seguir adiante ou pelo menos tentar. Contudo, eu sei que ele errou com você, mesmo eu não sabendo no que ele errou, e eu não sei se vocês estão se entendendo. Jongin não é o único que mudou.”

Luhan abaixou o olhar. Era tão óbvio assim?, ele se perguntou.

“Você está diferente do que era da última vez que nos encontramos. Eu não consigo dizer em que sentido, e os céus sabem que você não é de falar muito, mas você não é a mesma pessoa de um ano atrás.”

O calor tomou conta das bochechas de Luhan e ele abaixou a cabeça.

Hyuk riu, segurando o queixo de Luhan até que o mesmo o encarasse de novo. “Eu não estou te criticando. É uma coisa boa. Jongin mandou em você por muito tempo. Se você finalmente está num ponto em que pode enfrentá-lo, então eu digo que isso é bom pra você. Isso significa que vocês estão no mesmo patamar em seu relacionamento. Mas como eu disse, eu não sei se você quer as mesmas coisas que ele e isso também é normal. Jongin errou muito com você e às vezes quando as pessoas nos machucam, nós não podemos superar, não importa o quanto tentamos. Ele pode ter mudado, mas isso não refaz as dores que te provocou no passado. Está tudo bem se você não puder esquecê-las, ou mesmo perdoá-las. Não há nada errado em se sentir do jeito que você está se sentindo, mas se você não quer as mesmas coisas que ele, você deve falar isso a ele e a si mesmo.”

Luhan não sabia como agir sobre aquilo. Parecia surreal que Hyuk estava basicamente lhe dando permissão pra quebrar o coração de seu irmão se ele quisesse.

“Ele é seu irmão,” Luhan disse suavemente, dizendo o óbvio, porque era tudo o que havia vindo a sua cabeça em seu estado atual.

Hyuk concordou. “É porque ele é meu irmão que eu quero o melhor para ele. E é porque ele é meu irmão que eu posso admitir que ele não é sempre uma boa pessoa. Não pra sua família e muito menos para você. Eu só posso imaginar as coisas pelas quais você passou durante todo esse tempo com ele. E sim, ele mudou e quer que as coisas deem certo entre vocês, mas isso não quer dizer que você deve uma chance a ele. Se você o ama, então case-se com ele. Eu estarei lá jogando arroz em vocês, desejando maravilhas em seus anos futuros. Mas se houver uma mínima ponta de dúvida em seu coração, você precisa dizer a ele. Não é justo com ele, mas especialmente não é justo com você. Você merece a vida que quer, sendo com ele, com outra pessoa ou em outro lugar.”

Hyuk levantou. “Eu não estou tentando te dizer o que fazer. É só algo no que você deve pensar. Meu irmão te ama e que quero que ele seja feliz. Mas eu também quero que você seja feliz.” Ele sorriu gentilmente. “Acredite ou não, Luhan, há pessoas que se importam com você.” Ele bagunçou os cabelos de Luhan antes de se virar e andar até as escadas.

Vendo-o ir, Luhan finalmente se permitiu respirar.

Isso foi… estranho.

Bom, de uma maneira, mas estranho e nada útil, porque tudo o que fez foi deixá-lo ainda mais estressado sobre a decisão que tinha que tomar.

~~

O dia D…

“Tem certeza de que você quer fazer isso?”

Sehun parou o que estava fazendo, erguendo uma sobrancelha e lançando um olhar para sua irmã. “Não foi você que me disse para ir?”

“Sim, mas eu te disse para ir sozinho. Eu nunca disse para você convidá-lo. É como acabar com o inteiro propósito da coisa, que é ter algum espaço entre vocês dois para que você pudesse pensar na vida. Ele ir com você? Não era para ser assim.”

“Ele indo comigo iguala eu não precisando de espaço, ou na verdade não precisando superar ele, em primeiro lugar. É o tipo de coisa que eu espero que você se lembre,” Sehun argumentou, sempre o otimista.

Emily deu de ombros. “Eu sei, mas… eu só não quero que você se machuque. Se ele não se decidiu por todos esses meses, o que te faz pensar que ele irá se decidir agora que você lhe deu um ultimato?”

“Não é um ultimato,” Sehun resmungou.

Foi a vez de Emily erguer uma sobrancelha para ele da maneira da família Oh. “É um ultimato, meu irmãozinho, não importa o que você decida dizer a si mesmo. E por experiência própria, nove vezes de dez, os ultimatos tendem a não darem certo.”

Sehun franziu a testa.

Emily soltou a camisa que estava dobrando e caminhou até ele, tocando gentilmente sua bochecha.

“Eu não estou tentando te desanimar, mas você precisa se preparar para qualquer resultado, mesmo se for aquele que você não quer. Não há garantias de que ele vai escolher você. De que ele vai escolher um de vocês.”

“Ele escolherá,” Sehun disse suavemente, sua voz firme com uma absoluta certeza ao olhar para Emily com seu olhar mais sincero. “Eu sei que ele irá.”

Emily beliscou de leve sua bochecha. “Eu espero pelo seu bem que ele escolha. E eu espero pelo seu bem que seja você. Ele estaria cometendo um grande erro se escolhesse o contrário.”

Sehun sorriu. “Você só está dizendo isso, porque é minha irmã e porque me ama.”

“Ainda bem que você sabe disso,” Emily brincou, dando um tapinha em sua bochecha antes de voltar a dobrar as roupas. “Agora, como nós vamos conseguir que tudo isso caiba em uma única mala? Você realmente precisa de tudo isso? Você decidiu se mudar permanentemente e não está me dizendo?”

Sehun riu, balançando a cabeça. “Calma, Ems. Calma.”

~~

Sua cabeça parecia um rodamoinho turbulento e desordenado, assim como o claro líquido marrom em seu copo cheio de gelo.

Ele estava parado na frente do quadro, aquele que encomendou de Sehun. Ele nunca o colocou na galeria depois de tudo o que houve, ao invés disso o colocou na pequena sala de estar como um ponto de visão do local. Foi a sua maneira, ele supôs, mesmo inconsciente, de tentar emendar as coisas com relação ao jeito que o quadro foi feito. A vergonha daquele dia ainda o atormentava, aumentando toda vez que ele olhava para a coisa amaldiçoada, mas ele não conseguiu se desfazer daquilo. Era Luhan, afinal.

Todo dia, os pensamentos estavam correndo feito loucos em sua mente, o que não era incomum já que ele tinha milhões de coisas para resolver no trabalho, e isso nem incluía o redemoinho emocional pelo qual ele passava nos últimos meses. O problema era que esses pensamentos não eram dele mesmo, ou melhor eles eram, mas eram as palavras de Sehun, correndo desenfreadas, causando estragos, as questionando, as julgando, e pior; fazendo-o questionar e julgar a si mesmo. E Luhan, por extensão.

Em algumas horas, Sehun estaria saindo do país, longe de Luhan, essencialmente colocando um fim na história deles. Ou era isso o que ele pensava antes. Mas as palavras de Sehun da última vez que eles ‘conversaram’ realmente o afetaram. Ele não viu Luhan se mover para fazer suas malas, todas as suas coisas ainda estavam exatamente onde sempre estiveram desde a última vez que ele foi ao quarto – local que ele visitou mais vezes do que o normal naquele dia para ver se elas estariam ali – mas não ir embora, ou não planejar ir embora, não significava que ele escolheu, que ele queria, ficar.

Ele me escolheu no final,” ele se lembrou de dizer, sentindo a incerteza mesmo quando ele tentou projetar confiança.

Nós dois sabemos que isso não significa que ele não se importa por mim. De fato, ele teria que se importar, não teria, para ter se envolvido comigo em primeiro lugar.

Sehun estava certo, claro. Luhan teve dois anos para trai-lo antes de Sehun chegar e nunca o traiu. Ele não era como Jongin: ele não poderia ser íntimo de outra pessoa sem ter algum tipo de conexão com ela.

Tudo o que eu quis foi fazê-lo feliz e eu o fiz. Eu sei que o fiz.

Ele também estava certo sobre isso. O próprio Jongin não notou a mudança em Luhan? Comentou o fato de Luhan ter parado de cuidar da casa, de cuidar dele, tanto quanto cuidava antes de começar a trabalhar com Sehun? E ele começou a ‘enfrentá-lo’ também, um fogo em seu comportamento dócil que Jongin nunca havia visto antes.

Ele acha que está fazendo a ‘coisa’ certa, mas o que é a coisa certa e essa coisa é certa para ele? É isso que ele precisava perguntar a si mesmo. É isso o que você precisa se perguntar.

Pro inferno Sehun e seu jeito com as palavras. Pro inferno por estar certo. Jongin ficou tão obcecado em consertar as coisas com Luhan, tão determinado em mantê-lo consigo, que ele nunca parou para considerar que, talvez, ele não era a escolha certa, a melhor escolha para Luhan afinal. Mas ele estava tentando tanto provar que o merecia, que estava sério dessa vez. Isso não valia nada?

Ele me ama; eu sei que me ama.

Jongin também sabia disso. Ele podia mentir para Sehun, mas não poderia mentir para si mesmo. Mesmo se Luhan nunca disse isso para Sehun, o que aparentemente ele não fez, ou nunca mostrou para Jongin seus sentimentos pelo outro homem, ele sabia que era verdade do fundo da sua alma.

Ele nunca te deixará por si só, nós dois sabemos disso, mas isso não significa que ele está onde quer estar.

Saber que ele era quem Luhan realmente queria significaria o mundo para ele, mas ele não sabia se era corajoso o suficiente para perguntar isso. E se Luhan mentisse? Ou, pior ainda, e se ele dissesse a verdade e isso não fosse o que Jongin quisesse ouvir?

Fechando seus olhos, ele pressionou o copo esquecido em sua testa, desejando que a superfície gelada esfriasse os seus pensamentos da maneira que fazia com sua pele.

Ele tinha que saber.

Ele não podia passar outra noite vivendo dessa maneira. Era hora de encarar a realidade, qualquer que ela fosse.

Mesmo se ela o matasse.

Tomando um gole fortificante de sua bebida, ele respirou fundo antes de chamar,

“Luhan. Você pode vir aqui, por favor?”

~~

“Esse trânsito está terrível. Você tinha que reservar um voo no fim de semana? Afff.”

Sehun olhou para sua irmã, um sorriso curvando seus lábios, mas não disse nada.

Ainda irritada com o mar de carros a sua frente, Emily continuou resmungando, “Eu espero que esse cara valha a pena. Você está basicamente deixando o país só pra ver se ele te seguirá. Se isso não for amor, e insanidade, então eu não sei o que é.”

Sehun suspirou em irritação. “Primeiro de tudo, por favor pare de se referir a ele como o cara ou ele/seu. Ele tem um nome perfeito e lindo como você bem sabe. Segundo, eu não estou indo embora pra ver se ele me segue. Minha querida e sábia irmã me disse para ir e eu meramente convidei o amor da minha vida para me acompanhar. Se ele fizer isso ou não, realmente não diz nada dos sentimentos dele a meu respeito.”

Ao ouvir aquelas palavras, Emily não resistiu e lhe lançou um olhar preocupado. “Sehun-ah…”

“Eu sei, eu sei. Você acha que eu estou sendo exageradamente otimista. Talvez eu esteja, quem sabe?” ele deu de ombros. “Mas se eu não for, se eu parar de dar a ele o benefício da dúvida, qual seria a razão de tudo isso?”

Emily suspirou. “Você é muito perfeito pro seu próprio bem. Ele não te merece. Ninguém te merece.”

Sehun sorriu, inclinando-se para beijar a bochecha dela. “Aww. Não se preocupe, irmã. Você encontrará o seu verdadeiro amor um dia. Você sempre pode ir me visitar. Nós nunca passamos muito tempo juntos quando moramos lá. Talvez eu possa te ajudar a encontrar alguém. Ao contrário da crença popular, muitos artistas são de fato heteros. Eles só fingem ser gays, porque pensam que isso os deixa mais interessantes. Você quer saber um segredo?” ele diminuiu o tom de sua voz para um sussurro conspiratório. “Realmente não os deixa.”

Emily riu, golpeando devagar o rosto dele. “Você não presta.”

“Eu aprendi com a melhor!”

Emily bufou, mas não contestou aquilo. Ela pulou de leve quando a mão quente dele envolveu a dela, olhando pra ele com as sobrancelhas franzidas em curiosidade.

“Eu vou sentir saudades de você,” Sehun disse suavemente.

Com o coração doendo, Emily apertou sua mão. “Eu vou sentir saudades de você também, querido.”

Então eles ficaram em silêncio.

Luhan poderia ser o amor de sua vida, Sehun pensou, mas Emily era sua alma gêmea.

Com eles, palavras nunca eram necessárias.

~~

Normalmente quando Jongin o convocavaera assim, infelizmente, como ele se sentia – Luhan sentia uma pontada de irritação e andaria sem vontade até ele como uma criança que foi colocada de castigo por um pai.

Mas não foi o que aconteceu dessa vez.

Havia algo na voz de Jongin que o deixou em alerta. Ele não conseguia identificar o que era, mas era algo que se aproximava de resignação. Jongin parecia conformado.

Respirando fundo, Luhan caminhou até a pequena sala de estar, se preparando para o que quer que fosse acontecer.

Ele encontrou Jongin, com um copo na mão, parado na frente de seu quadro, o qual fez com que ele estremecesse ao olhar de relance.

Jongin não olhou para Luhan quando o mesmo apareceu, simplesmente continuou olhando para o quadro como se fosse a coisa mais importante do mundo no momento.

Quando ele finalmente falou, sua voz estava rouca, carregada de uma emoção que Luhan nunca havia sentido antes.

“Você o ama?”

Um engasgo ficou preso na garganta de Luhan, cortando o seu suplemento de ar conforme seus olhos se arregalaram em surpresa.

De todas as coisas que ele poderia esperar que Jongin dissesse ou pedisse, essa provavelmente estava no fim da lista.

“Jongin, eu…” ele gaguejou.

“Você o ama?” Jongin repetiu secamente, o interrompendo.

Jongin finalmente se virou para Luhan, seus olhos pela primeira vez incertos, dando a Luhan uma clara visão do medo, da esperança, do amor, da incerteza, e sim, da resignação que povoava o próprio Jongin.

Olhando para aqueles olhos, Luhan sabia que a hora havia chegado. Ele não poderia correr mais.

~~

Emily ficou com ele enquanto ele fazia o check in, parada ao seu lado enquanto a bagagem dele era levada embora.

Quando eles chegaram ao local onde deveriam se separar, ela se tornou a mãe que geralmente negava ser, endireitando a gola do casaco dele, tendo certeza de que ele estava bem agasalhado mesmo ele ainda estando dentro do aeroporto e a salvo do clima.

Porque ele sabia que isso a deixava melhor, ele a deixou fazer o que queria.

“Eu realmente espero que esse cara – quero dizer que o Luhan – valha a pena,” ela murmurou. “Se ele não se der conta da preciosidade que você é, ele é um idiota.”

Sehun sorriu. “De novo, você está demonstrando favoritismo com suas opiniões a respeito da minha grandiosidade, apesar disso ser verdade. E segundo, ele definitivamente não é um idiota. Mesmo se ele não vier, eu não pensarei menos dele. Ele está entre a cruz e a espada. Ele não tem uma decisão fácil a tomar.”

“Para mim parece bem fácil,” Emily resmungou entre dentes.

Sehun segurou gentilmente as mãos dela. “Eu vou sentir sua falta, Ems.”

Suspirando, ela apertou as mãos dele. “Eu também sentirei, moleque.”

“Tome conta da minha casa por mim. Eu estou confiando em você em não dar nenhuma festa louca na minha ausência. Você sabe o quão loucos os seus estudantes podem ser.”

“Dificilmente”, ela bufou.

“Eu estou falando sério,” Sehun insistiu, seus olhos grandes e inacreditavelmente inocentes. “Eu apenas estou feliz por não ter um cachorro ou um gato pra você potencialmente matar.” Ele falou calmamente. “Na verdade, eu pensei em adotar um, meses atrás, quando as coisas estavam boas e simples entre nós. Luhan nunca teve um animalzinho e era algo que eu realmente queria fazer por ele.”

Emily apertou as mãos alheias novamente, mostrando seu apoio em seu pequeno gesto. “Talvez você ainda possa ter um quando chegar em Nova York.”

“Você realmente acha que ele virá?”, ele perguntou, sua voz fraca e levemente esperançosa.

Emily amava seu irmão e faria qualquer coisa por ele, mas por amá-lo tanto, ela não poderia mentir pra ele.

“Eu acho que você tem 50% de chances de ter a resposta que deseja. Você nunca pode ter certeza quando o coração humano é o assunto. Ainda mais quando é o amor, o coração é um órgão inconstante e o medo é um inimigo digno.”

Sehun suspirou. “Me fale sobre isso…”

“Independente do que acontecer, você ficará bem,” Emily prometeu. “Você dará a volta por cima. Você é a pessoa mais alegre que eu conheço.”

Sehun sorriu antes de puxá-la para um abraço de urso, levantando-a do chão e a rodopiando.

Depois de envergonhar suficientemente a ambos com isso, ele a colocou no chão, afastando-se.

“Tchau, irmã.”

Ficando nas pontas dos pés, Emily beijou com força sua bochecha, afagando a pele suave antes de dar um passo para trás. “Tchau criança.”

Ele acenou enquanto se afastava, a observando até ser forçado a passar por um par de portas opacas que limitaram sua visão.

Encontrando um lugar confortável numa fila deserta de bancos, ele pegou seu tablete de dentro da mochila e se sentou em aguardo, tentando não pensar sobre as possibilidades de aguardar o que poderia ser um final desastroso.

~~

Você o ama?

“Sim.”

Uma palavra, uma simples palavra, fez com que os muros caíssem ao redor deles.

Ocorreu para Luhan, muito depois, que ele nem havia pensado em mentir, adiar a resposta, inventar algo para não precisar responder.

Pela primeira vez, ele falou com seu coração.

Jongin fechou os olhos por um momento, respirando profundamente pelo nariz.

Se seu coração fosse feito de vidro, estaria quebrado em milhões de pedaços.

“Se você ir embora agora, ainda pode chegar ao aeroporto a tempo.”

Ele não soube como conseguiu falar, como não se engasgou com as palavras. Por algum milagre, seu corpo ainda estava funcionando mesmo com seu coração, sua mente e sua alma cheias de agonia pura e inalterada.

“Jongin…” Luhan começou a dizer suavemente, dando um passo para frente. Ele não conseguia ver Jongin tão arrasado.

“Vá!” Jongin exclamou, seus olhos torturados se abrindo e alfinetando Luhan com a força de sua dor. “Vá embora, agora, antes que eu te tranque nessa casa e mantenha você aqui para sempre. Só… vá.” A última palavra foi quase um apelo, a agonia em seu coração permeando-o.

Luhan cambaleou para trás, sua respiração presa em sua garganta ao sair da sala com as pernas bambas.

Ele queria chegar até Jongin, acalmá-lo. Não importava o que ele tivesse acabado de admitir, ele ainda se importava muito com Jongin e odiava vê-lo daquele jeito.

Mas algo mudou com a sua confissão. Era como se uma corda tivesse sido cortada. O que quer que estivesse prendendo ele ao Jongin, seu medo ou senso de obrigação, não existia mais.

Ao invés disso, ele se sentiu sendo afastado, para fora e na direção daquele que era o verdadeiro dono do seu coração.

Parando na porta da frente, ele cuidadosamente retirou o anel de pedras do seu dedo, gentilmente o colocando em cima da beirada da mesa de mogno ao lado da porta, antes de pegar as chaves do carro, a passagem e seu passaporte, os quais ele sempre matinha perto da entrada/saída em caso de emergência. Ele lançou um último olhar para trás, mesmo não conseguindo ver Jongin dali, antes de sair bem quieto de lá.

~~

No segundo em que ele ouviu o barulho do carro de Luhan, Jongin arremessou o copo no quadro que estava na parede.

Cheio de mágoa, ódio e desgosto, ele pegou a moldura e a retirou da parede, jogando-a no chão de mármore e observando os pequenos pedaços de vidro quebrado, um símbolo de como o seu coração estava.

Sentando de costas para a parede já que suas pernas não mais o suportavam, ele pegou o celular e pressionou 1 para um número salvo em seus contatos de emergência.

Quando a pessoa atendeu, ele não perdeu tempo em ir direto ao assunto.

“Você está feliz agora?” ele perguntou, sua voz uma mescla de tormento e histeria.

Na outra linha, a senhora Kim olhou para o relógio na parede da sala de estar, sua cara ficando séria quando percebeu a hora.

“Jongin, está tarde. Você sabe que não é educado…”

“Você está feliz agora?” ele gritou, lágrimas descendo pelo seu rosto conforme o esgotamento e o cansaço tomavam conta de si, fazendo com que ele deslizasse pelo chão até estar deitado de lado, se curvando em uma bola soluçante. “Ele foi embora,” ele sussurrou quebrado. “Ele foi embora…”

A senhora Kim olhou para o telefone em sua mão por um minuto antes de colocá-lo de volta a orelha, ouvindo o seu filho forte e confiante chorar, longe demais para fazer alguma coisa.

Pela primeira vez ela se perguntou se o forçou demais.

Oh, querido, ela pensou, seu coração apertado ao ouvir o choro miserável de seu filho. O que eu fiz?

~~

Luhan conseguiu dirigir até o fim da rua antes de ser forçado a parar o carro, abrir a porta e vomitar no asfalto.

Toda a ansiedade e o nervosismo que o consumiu durante o dia todo, inferno, durante toda a sua vida, parecia vir em ondas até o seu estômago estar completamente vazio.

Sentindo-se acabado, ele pegou uma garrafa esquecida de água que havia lá no carro, que mesmo sendo imprópria pra beber, seria aproveitada para enxaguar a sua boca.

Quando ele não conseguia mais sentir o gosto acre e ácido em sua boca e garganta, ele voltou ao assento do carro e fechou a porta, imediatamente procurando por chiclete, coisa que ele sempre mantinha no carro.

Ele estava uma bagunça.

Ele estava todo suado e fedendo indo atrás de Sehun. E mesmo assim…

Ele não deixaria ninguém pará-lo. Não dessa vez. Ele havia parado a si mesmo de seguir muitas coisas durante sua vida toda. Nenhuma tinha sido tão importante quanto essa, mas ele não desistiria agora.

Apesar disso ser assustador. Tão assustador que revirou o seu estômago, fazendo-o ficar pesado e com as mãos suadas.

Ele sabia que tinha pouco tempo, mas não seria capaz de dirigir se não se acalmasse.

Fechando seus olhos, ele se recostou no estofado de couro e contou devagar, inspirando pelo nariz e expirando pela boca.

Ao relaxar de pouco em pouco, ele deixou sua mente a deriva, seus pensamentos perambulando pelo passado como há muito não acontecia.

Os ataques de pânico começaram quando ele tinha sete anos.

Ele não sabia o motivo deles acontecerem, só sabia que às vezes quando ele ficava assustado ou preocupado, seu coração começaria a bater rápido e sua respiração ficaria ofegante.

Na primeira vez que aconteceu, sua mãe estava gritando com ele, ele não se lembrava o motivo, mas ele ficou tão aterrorizado com a repentina falta de oxigênio que desabou, apertando com força o peito.

Seu pai o levou até a clínica local e embora eles não tenham encontrado nada de errado com ele fisicamente, o doutor deu a ele um inalador em caso disso acontecer novamente.

Sua mãe não ficou muito feliz. Inaladores eram caros. Por que ela tinha que ter um filho tão fraco e etc etc.

Ela não era sempre exigente, ele tinha que admitir. Havia momentos em que ela era o seu ídolo ao invés de depreciadora. Como na vez em que o pequeno Yuan Li Xu o socou no rosto durante o intervalo e cortou o seu lábio. Sua mãe foi na escola no dia seguinte e fez o inferno, exigindo que o menino fosse expulso.

Ele não foi, mas seus pais se desculparam profusamente, assim como Li Xu, e ele ficou longe de Luhan depois disso. Um monte de crianças, na verdade. Ele tinha certeza de que os pais das crianças as avisaram pra ficarem longe da criança cuja mãe era louca. Foi bom, em certo ponto, já que evitou que ele sofresse muito bulling, mas o afastou da maioria das crianças da escola. Ele realmente não fez amigos até finalmente ir para o colégio de outra cidade e conhecer um novo grupo de crianças.

Os ataques de pânico realmente nunca pararam, mas ele se tornou melhor em escondê-los. Qualquer coisa valia para impedir sua mãe de se estressar. Não que isso a tenha parado. Quer fosse suas notas, o jeito que ele sujava seu uniforme ao jogar futebol, ou algo que ele nem tinha feito: ela sempre achava uma maneira de culpá-lo.

Uma vez uma amiga dela comentou que ele era tão bonito que poderia ser rival das garotas na escola. Que se sua mãe colocasse uma peruca nele, ela poderia ter duas filhas ao invés de apenas uma. A mulher disse isso de boa fé e a beleza é algo prezado na China, então foi um baita de um elogio. Ao invés disso, sua mãe esperou até as amigas irem embora e o xingou, gritando aos céus sobre seu infortúnio de não ter um filho atraente e másculo com o qual as mulheres gostariam de casar suas filhas ou talvez um filho que ela poderia mandar para a cidade para ser treinado como um ídolo ou ator. Ao invés disso, ela estava com um filho que era pequeno e um mau exemplo de qualquer jeito até mesmo com relação ao rosto já que nenhuma mulher quer um homem mais bonito do que ela.

Ele foi para o quarto pensando que até o seu rosto desagradava sua própria mãe. O mesmo rosto que quase todo mundo que os encontrava dizia que vinha dela. Ele sempre foi secretamente orgulhoso de ser tão parecido com sua mãe. Isso o fazia se sentir como se pertencesse a ela, como se ninguém pudesse negar que ele era dela e ela dele. Parecia que era um pensamento apenas dele. Não importava o que ele fizesse. Ela não queria nenhuma parte dele.

Ele teve um dos ataques mais severos aquela noite, chorando enquanto tentava respirar. Chorar sempre fazia os ataques serem piores e ele sabia bem disso, mas não conseguia se segurar. Ele se sentia renegado.

Conforme os anos foram passando, ele foi navegando pela vida, nunca o melhor, mas nunca o pior já que nunca repetiu de ano nem se meteu em encrencas.

Sua mãe geralmente olhava pra ele como se ele fosse algo em que ela pisou e não poderia se livrar: uma grande e permanente inconveniência. Mesmo agora em Seul e vivendo uma vida a qual ela só poderia sonhar e definitivamente aprovava, exceto a parte de ser gay, ela ainda tinha reclamações.

Seu pai olhava para ele como se ele fosse um desapontamento constante. Ou ele pensava dessa maneira.

Ele sempre achou que seu pai nunca pensou nele como filho. Seu pai tomou conta dele porque era o tipo de homem que tinha orgulho em manter uma família, mas ele nunca falou muito, nunca se importou de verdade com Luhan. Seus olhos falavam muito, deixando algo para Luhan interpretar, mas sua boca mal dizia uma palavra.

Ele sempre achou que seu pai concordava com o julgamento que sua mãe tinha dele, que ele era incompetente e não significava muito. Agora, entretanto, após sua visita e seu conselho, a conversa mais longa que Luhan se lembrava de ter com seu pai, Luhan se perguntava se a razão dele estar desapontado não era porque ele nunca foi confiante em si mesmo. Ele sempre deixou sua mãe, ou qualquer outra pessoa, pisar nele. E enquanto um filho nunca deve desrespeitar os seus pais, isso não significa que ele não poderia, educadamente, discordar com o que ela dizia, especialmente quando tudo o que ela sempre fazia era quebrá-lo, pisando em sua auto confiança até ela praticamente não existir mais.

Ele gostava de pensar desse jeito. Era bom se dar conta de que, talvez, apesar de tudo e até mesmo sabendo que seu pai não aprovava o seu estilo de vida, ele estava ao seu lado o tempo todo.

Expirando, um pequeno sorriso curvou seus lábios.

O pânico finalmente se foi.

Provavelmente retornaria depois, quando, se, ele viesse a ficar cara a cara com Sehun, mas por agora, ele tinha ido embora.

Ele pensou que vir para a Coréia do Sul seria um novo começo para ele e foi em muitos aspectos, mas algumas coisas você não pode deixar pra trás. Ele sabia disso agora. Ele não teve os ataques até recentemente, mas sempre teve uma imensa tristeza que escondia de Jongin. Uma coisa não era tão diferente da outra, ele achava. Isso ainda apontava para um problema que ele claramente precisava nomear.

Mas não agora, ele pensou, olhando para o relógio e se dando conta do tempo que havia perdido.

Dando partida no carro, ele colocou o cinto de segurança e pisou no acelerador.

Ele tinha um monte de tempo perdido para compensar.

~~

Sehun olhou para seu relógio, os primeiros reais tentáculos de medo de que Luhan não viria começando a importuná-lo.

Foi dito a ele, uns vinte minutos atrás, que o voo foi remarcado para um horário mais cedo devido à previsão de mau tempo na pista.

Ele perguntou no balcão de check in se alguém com o nome de Luhan tinha aparecido, mas eles não poderiam lhe dar essa informação.

Ele assumiu que se Luhan tivesse feito check in, o mesmo teria se juntado a ele na área de espera, mas tudo era possível. Talvez ele estava fazendo umas compras de último minuto ou foi comer algo ou… alguma outra coisa. Ele ainda não podia desistir; não poderia se permitir a perder toda a esperança, não importava o quão ameaçadoras as coisas pareciam.

E ainda…

Ele andou até o muro alto cheio de janelas e olhou para a pista.

Flocos de neve estavam caindo do céu escuro. Teria sido bonito, algo que ele poderia ter pensado em pintar, se não fosse o fato de que se Luhan estivesse a caminho, a neve poderia impedir seu amor de chegar até lá.

~~

É claro que no único momento em que ele decidiu ser corajoso e seguir seu coração, o trânsito tinha que estar um caos.

Ele entendia que era quase Natal e os pagamentos das pessoas estavam queimando em seus bolsos, mas elas não podiam fazer compras durante o dia? Ou online, pelo amor de Deus. Era o século vinte e um afinal.

Pra deixar tudo pior, começou a nevar. Ele realmente gostava da neve, era tão linda quando cobria tudo com uma camada tolerável, mas não essa noite. Não quando o tempo já era um problema.

Suspirando, ele ligou o rádio na sua estação favorita, esperando se distrair.

Então, como vocês, nossos ouvintes, devem saber, nós temos seguido obedientemente, e fazendo a nossa parte em ajudar a trágica história de amor de S e L.

Luhan engasgou, sua respiração presa na garganta.

Apesar de tudo o que aconteceu e mesmo até depois da proposta, Sehun nunca parou de fazer as dedicações noturnas. Luhan, o sempre guloso por punição, colocava na rádio toda noite, ansiosamente esperando a introdução do DJ, animado, mas ainda temendo qualquer música que viesse.

É com corações pesados que nós falamos que S nos informou que essa noite será sua dedicatória final. Se podemos pensar em algo é que as coisas não devem ter funcionado. Nós estamos realmente tristes por você S. Realmente.

As cordas dissonantes e de cortarem o coração do piano começaram a tocar e o coração de Luhan ficou apertado na primeira linha.

Diga algo, eu estou desistindo de você.

Não. Não não não não. Isso não podia estar acontecendo.

O pânico ameaçou envolvê-lo novamente, quase fazendo com que ele pisasse nos freios, mas ele o enterrou, engolindo-o até poder respirar de novo.

Esse não era o fim. Ele não deixaria tudo acabar sem lutar, droga.

L”, o DJ disse, enquanto a música tocava no fundo. “Ainda não é tarde. Nós acreditamos em você.

Luhan olhou de novo para o relógio. Sim, havia tempo. Não era tão tarde, não ainda de qualquer forma.

O semáforo a sua frente finalmente ficou verde e ele riu, levemente histérico, em alívio e pisou no acelerador.

Ele tinha que chegar até Sehun. Ele tinha.

~~

O aviso de que todos deveriam embarcar soou nos auto falantes cinco minutos atrás.

Sehun ficou parado lá fora, mãos firmes em sua mochila, vendo os outros passageiros caminharem pelo portão.

Agora, havia apenas algumas pessoas na fila e uma das atendentes, aquela a qual ele perguntou sobre Luhan, o estava olhando sério. Se ele não embarcasse logo…

Olhando para seu relógio de novo, ele começou a andar, mesmo que lentamente, até o portão.

Apareça, Luhan, ele pensou urgentemente, medo e pavor ameaçando obstruir sua garganta. Por favor.

~~

Luhan estacionou num local qualquer e pulou pra fora do carro, correndo até o aeroporto.

Ele chegou trinta minutos antes do horário do voo.

Ele pensou brevemente no fato de que seu carro poderia ser guinchado – o mesmo carro que ainda estava registrado no nome de Sehun e que Sehun tinha pagado sem descontar de seu salário, carro que Luhan esqueceu de devolver, porque, de alguma maneira, ele o conectava a Sehun mesmo quando eles estavam afastados – quando a segurança se desse conta de que estava estacionado acima do tempo permitido, mas ele não se importava com isso no momento.

Ele tinha uma missão em sua mente e era direta e simples: encontrar Sehun.

Ele não sabia nem se poderia embarcar daquela forma – os passageiros devem fazer o check in algumas horas antes da partida do avião, mas talvez a sorte estivesse ao seu lado -; ele não tinha pertences com ele e estava essencialmente abandonando seu carro se embarcasse, mas ele sentia que se por algum milagre encontrasse Sehun antes de entrar no avião, então seria um sinal de que ele deveria ir com o mesmo. Que eles deveriam começar de novo.

E se ele não o encontrasse… bem, Sehun estaria a caminho da América e ele iria ficar ali sem nada e ninguém. Exatamente como ele era quando chegou a Coréia do Sul.

Ele foi até o balcão de registro para descobrir se ainda poderia embarcar… e seu mundo caiu.

A atendente apontou para um avião que tinha acabado de decolar e os olhos de Luhan distraidamente seguiram a mão dela, seu cérebro tentando e falhando em computar exatamente o que seus olhos estavam vendo.

Sehun tinha ido embora. Sehun tinha ido… embora.

Virando-se, ele foi andando para fora aos tropeços, notando que estava parado numa calçada deserta.

Ele não podia acreditar nisso.

Se ele pelo menos tivesse chegado meia hora antes, trinta minutos, ele estaria com Sehun agora a caminho de sua nova vida juntos.

Ele queria rir, queria chorar, mas não fez nada.

Ele estava muito entorpecido para fazer algo.

“Luhan?”

De primeira ele pensou que sua mente estava pregando peças em si, que ele estava ouvindo coisas. Mesmo assim, ele ergueu automaticamente a cabeça, olhos procurando pelo rosto cuja aquela voz pertencia, se arregalando em choque quando atualmente o encontrou.

“Sehun,” ele sussurrou, a descrença permeando a palavra.

Ali, na outra calçada, estava o homem de seus sonhos.

“Eu pensei que você tivesse ido embora,” Luhan falou. “Eles disseram… o avião… Eu vi…”

Ele parecia um idiota, tinha certeza disso, incapaz de formar uma frase coerente, mas ainda assim ele não acreditava naquilo. Sehun estava ali.

Com um pequeno franzido na testa, Sehun perguntou cauteloso, “O que você está fazendo aqui, Luhan?”

De fato, o que ele estava fazendo ali…

Agora era a hora, ele sabia. Aparecer era o primeiro passo, um grande passo, mas havia tanto que ele precisava fazer para compensar pelo tempo perdido. O mais importante, ele precisava dizer a Sehun o que estava mantendo preso em seu coração por todos esses meses.

“Wo Ai Ni. Saranghae. I love you. Aishiteru. Te amo. Je t’aime. Ich Liebe Dich.”

Ele tropeçou nas palavras enquanto continuava a recitar as frases estrangeiras que havia memorizado há muito tempo, mas não parou, não vacilou mesmo sentindo as suas bochechas queimarem de vergonha.

“Eu queria dizer isso já faz…” Ele riu para si mesmo. “… só Deus sabe há quanto tempo. Havia vezes em que eu simplesmente olhava pra você e essas palavras estavam na ponta da minha língua, logo ali só esperando para escaparem, mas… mas eu não conseguia. Eu estava com medo, eu estava apavorado.” Ele pausou.

“Por que?” Sehun perguntou calmamente.

No minuto em que Luhan começou a falar, no momento em que disse aquelas palavras, Sehun teve que se segurar para não voar pra cima dele, pra abraçá-lo firmemente e beijá-lo por inteiro.

Mas Sehun precisava daquilo afinal. Precisava, depois de todo esse tempo, finalmente ouvir Luhan dizer aquilo. E ele percebeu que Luhan também precisava dizer aquilo: deixar sair de seu peito.

“Porque eu sempre tenho medo. Eu não sei como não ter medo. E você… você era algo novo, o desconhecido, e eu não sabia se você iria me machucar.” Ele parou, balançou a cabeça e começou de novo. “Não, não é isso. Eu sabia que você nunca me machucaria. Eu acho que soube disso desde o primeiro dia que te conheci. Você sempre foi exatamente quem era e disse que seria e eu confiei em você logo no primeiro dia. Mas eu não confiei em mim mesmo. Eu não confiei que era certo o que eu pensava e sentia. Que isso era real.” Suas mãos não paravam; ele as mexia incessantemente e suas bochechas queimavam. Ele queria parar, estava mentalmente se xingando por soar tão estúpido quanto provavelmente soava, mas ele não faria isso. “Aconteceu a mesma coisa… com Jongin. Eu não o conhecia de primeiro, nós nem falávamos a mesma língua, mas eu confiei nele, porque ele foi bom pra mim quando não precisava ser. Ele cuidou de mim, me levou para sua casa. Eu pensei que ele era um enviado de Deus. Eu ainda acho, de certa forma, mas eu percebi muito cedo que nós pulamos certas etapas ao longo do caminho e isso seriamente dificultou o nosso futuro. Nós nunca realmente nos conhecemos. Nós não namoramos. Nós certamente não conversamos. Nós só estávamos… juntos. E então, quando as coisas começaram a mudar…” Ele deu de ombros, olhando para suas mãos.

“Eu acho que me acostumei a estar em lugares infelizes e instáveis. Eu tentei, no começo, falar com ele quando ele machucava os meus sentimentos, o que era algo que eu nem fazia em casa, mas eu podia ver o quanto ele estava estressado com o trabalho e com a família e eu não queria ser um problema. Ele só estava sendo irritante como a minha mãe era. Ele só precisava de um escape e eu senti que era a única coisa que podia ser pra ele, que era tudo o que eu podia fazer por ele…” Luhan deu de ombros novamente. “… então eu fiz. E não era sempre que ele era daquele jeito. Isso, mais do que tudo, me dava esperanças para continuar tentando. Ele podia ser gentil e bondoso quando queria ser. Eu acho que lá no fundo ele realmente é, mas naquele tempo, ele me dava o suficiente para me manter por perto e eu não sabia que estava sendo manipulado. Quando eu descobri, eu já tinha aceitado que aquela era a minha vida e que ela não ficaria melhor.”

Ele ergueu o rosto, encontrando o olhar intenso de Sehun em si.

“De qualquer maneira, isso foi até você aparecer. Quando eu te conheci, você parecia irreal. Fora desse mundo, como Jongin tinha sido, mas tão tão diferente. E quanto mais eu te conhecia, mais irreal você se tornava. Você era tão… perfeito. Eu não podia acreditar que você realmente existia, que eu era sortudo o suficiente para ter te conhecido. E quando você disse que me amava…” Luhan balançou a cabeça. “palavras não podem expressar o quão… ugh, tudo o que eu penso parece tão inadequado pra dizer.” Ele sorriu. “Eu já estava completamente apaixonado por você quando você se confessou. Ir para o trabalho era o melhor do meu dia. Viver com você foi o melhor presente que eu já recebi. Eu nunca sonhei em ter esperanças de você corresponder o meu amor. Eu queria tanto dizer isso, sempre esteve na ponta da minha língua. Mas eu não conseguia. E se você realmente não me amasse de verdade ou se mudasse de ideia? E se você eventualmente se desse conta de que poderia encontrar alguém muito melhor do que eu? Todo o tipo de pensamento vinha a minha mente e mesmo quando você disse novamente que me amava, toda vez que você dizia era um presente e uma maldição. Eu me emocionava cada vez que ouvia isso, mas sentia que não merecia, porque eu sabia que nunca poderia retribuir tudo que você fez por mim e que você poderia ser alguém melhor sem mim.”

Sehun franziu a testa. “Luhan…”

Luhan levantou a mão impedindo-o de continuar. “Espere. Por favor.” Ele respirou fundo, fechando seus olhos por um segundo antes de reabri-los e dar de cara com o olhar firme de Sehun. “Você me perguntou o que eu estou fazendo aqui. Bem, eu te direi. Jongin me perguntou se eu amava você. Ele foi bem direto ao ponto,” Luhan acrescentou com um aceno quando viu os olhos de Sehun se arregalarem de surpresa. “Eu já estava bem louco antes, na verdade fiquei louco desde que você apareceu uma semana atrás, e ele me chamou até a sala de estar. Ele estava olhando para aquele quadro, só olhando para ele, quando me perguntou. Você sabe o que eu respondi?”

Sehun balançou a cabeça.

“Eu respondi que sim,” Luhan declarou, o riso escapando de sua boca. “Eu disse sim e acho que choquei a ambos, honestamente. Então ele me disse para ir embora, que se eu saísse naquele segundo ainda conseguiria ir embora com você. Então eu fiz isso. Eu corri.”

Sem se dar conta, Luhan começou a andar para frente e para trás enquanto falava.

Sehun o observava, seus olhos fixos em Luhan enquanto o mesmo pensava. Parecia que Luhan estava falando mais consigo mesmo do que com ele, mas Sehun não se importava. Luhan tinha muito o que falar, ele sabia. Um sorriso curvou seus lábios, mas ele fechou o semblante logo em seguida.

“Eu acho… eu acho que sempre estava pronto para ir embora. Eu sabia que te amava e que queria ficar com você, claro, mas eu não conseguia deixá-lo. Eu sentia como se fosse abandoná-lo. Mas o pensamento de te perder? Me matou. Quando eu peguei meu passaporte, a passagem já estava dentro. Eu nem me lembro de tê-la colocado ali, mas estava, como se estivesse me esperando. Eu acho que inconscientemente, eu sempre soube o que faria. Mas ele deixando eu ir embora facilitou. A culpa, pelo menos, não ficou mais insuportável, você me entende?”

Sehun assentiu. Ele só podia imaginar o quanto foi difícil para os dois: um deixando o outro ir e o outro indo.

“E então eu comecei a entrar em pânico achando que não ia conseguir. Havia tanto trânsito. E aquela música. Por que você…?” Ele olhou para Sehun, sua expressão vulnerável enquanto dizia, “Ela quase me fez pensar que eu já tinha te perdido antes mesmo de chegar aqui. Antes de eu ter a chance de te dizer.”

“Você a ouviu?” Sehun perguntou, a surpresa genuína. Ele havia esquecido que tinha mandado a música, tão preocupado estava se Luhan chegaria a tempo.

Luhan assentiu. “Ela me deixou aterrorizado. Era como se você estivesse se despedindo. Se você perdesse a esperança, seria o fim. De nós, de tudo.” Luhan parou, olhando curioso para Sehun como se finalmente se desse conta de algo. “Espere. O que você está fazendo aqui? O avião decolou. Eu o vi.”

“Decolou…” Sehun sorriu brincalhão. “Bem na hora em que eu ia me sentar, eu decidi que não poderia ir embora sem tentar mais uma vez. Ir embora não me impediria de te amar, de ter saudades e de te querer ao meu lado. A distância poderia amenizar a intensidade dos meus sentimentos, mas eles continuariam lá. E fugir é muito. Isso nunca foi meu estilo.”

Luhan sorriu gentilmente. “Eu estou alegre por você ter ficado.”

O silêncio os envolveu por um minuto, nenhum dos dois se movendo para atravessar a rua, mesmo com os carros passando entre eles.

Finalmente, com a expressão e o tom sérios, Sehun perguntou, “Você tem certeza?”

Certeza?” Luhan repetiu, confuso.

“De que isso é o que você quer. De que sou eu que você quer.”

Luhan corou, assentindo. “Positivo. Eu sei que você poderia arranjar alguém melhor do que eu. Que você merece alguém melhor e…”

“Pare,” Sehun falou, balançando a cabeça. “Apenas pare.”

Luhan franziu a testa, intrigado.

“Você não entende?” Sehun perguntou, frustrado; finalmente atravessando a rua e ficando diretamente na frente de Luhan na calçada. “Eu sou a Magda.”

O franzido na testa de Luhan aumentou. Agora ele realmente estava confuso. O que Sehun estava querendo dizer?

“Quando Magda nos contou sua história, você disse, mais tarde, que você não podia acreditar que ela de bom grado se envolveria naquela situação. Que ela seria a outra mulher. Bem, adivinhe? Eu sou a Magda. Eu sou a outra.” Ele gentilmente acariciou as bochechas de Luhan. “Eu te conheci e imediatamente quis você pra mim, mesmo sabendo que você estava com outro. Eu disse ao Jongin que nunca planejei te fazer meu e isso é verdade, mas também mentira. Eu não tentei te roubar dele, mas isso não significa que eu não tive vontade, que eu me segurei para expressar meus sentimentos sempre que tive a chance. Minhas intenções para com você nunca foram completamente filantrópicas. Eu queria o que era o melhor pra você, mas também queria o que era melhor para mim e o melhor para mim era você. Eu queria você para ser direto e franco. Se Jongin não tivesse facilitado para mim, quem sabe o que eu teria feito para ter você. Eu certamente não sei. Do jeito que estava, eu não precisei fazer nada. Ele mesmo te afastou. Eu só estava no lugar certo, na hora certa. E eu agradeço a Deus por isso todo dia.”

Luhan continuou a franzir a testa, olhando bem nos olhos de Sehun para tentar compreender. Ele vagamente se lembrava sobre a conversa a respeito de Magda, mas simplesmente não conseguia comparar as duas coisas.

“O que eu estou tentando dizer é que você precisa parar de falar sobre não merecer e eu ser perfeito ou você não ser o suficiente para mim. Você merece tudo e qualquer coisa que quiser; pro inferno aqueles que te digam o contrário. E você precisa parar de colocar eu ou o Jongin, ou qualquer pessoa, em uma droga de pedestal. Nós não somos melhores do que você. Talvez nós somos piores, porque você é muito inocente e puro e Jongin se aproveitou desse fato. Você precisava de ajuda, precisava de alguém, e eu me aproveitei disso. Eu fiz. Eu fiz você precisar de mim.” Ele parou, afagando a bochecha de Luhan com o polegar. “Às vezes eu tenho medo de que um dia você se dê conta de que não precisa de mim, de que é capaz de andar sozinho com seus próprios pés e assim se afaste de mim.”

“Não,” Luhan jurou, balançando enfaticamente a cabeça. “Nunca. Eu te amo.”

“Eu sei.” O sorriso de Sehun tremeu em seus lábios. “Eu sei. Eu sempre soube, mas é bom finalmente ouvir você dizendo isso.”

Ele segurou com mais força o rosto de Luhan, inclinando a cabeça até tocar seus lábios contra os alheios antes de se afastar. Ele queria tanto beijar Luhan, mas tinha mais uma coisa que ele precisava dizer.

“Esse amor que eu sinto por você é obsessivo, possessivo e incrivelmente doentio. Eu não peço desculpas por isso. Então, desde que esteja dentro do meu alcance e poder, eu nunca te deixarei ir.”

Os olhos de Luhan se arregalaram, sua respiração ofegante devido a intensidade das palavras de Sehun.

“Mas se chegar o dia em que você se dê conta de que não quer ficar comigo, eu quero que você seja capaz de me deixar. Eu não quero ser que nem ele. Eu não quero te manter comigo às custas da sua felicidade. Isso me mataria, saber que você está comigo mesmo não querendo estar.”

“Isso nunca acontecerá,” Luhan prometeu de novo. “Eu sempre te amarei e só quero você.”

Sehun sorriu levemente. “Eu espero que sim. Mas ainda assim… caso seus sentimentos mudem… eu quero que você receba ajuda. Quero que veja um psicólogo.”

Luhan franziu a testa e começou a se afastar, mas Sehun o segurou pelo rosto.

“Você não é louco. Isso não tem nada a ver com loucura. Mas em algum lugar pelo caminho, você perdeu completamente seu senso de auto estima. Sua confiança, seu próprio valor. Eu adoraria pensar que meu amor um dia consertaria isso em você. Que você descobrirá sua beleza e valor através dos meus olhos, mas eu não sei se isso é possível e… eu não quero isso de qualquer maneira. Eu não quero que o nosso relacionamento te defina. Eu quero que você se ame por quem você é, não por quem você é para mim. Você precisa encontrar a si mesmo sozinho. Eu estarei lá a cada etapa do caminho, sempre e para sempre. Mas essa é uma jornada que você precisa ter sozinho. Você entende?”

Luhan queria dizer a Sehun que isso não era necessário; que o amor que ele sentia era igualmente obsessivo e doentio. Mas Sehun estava certo. Os ataques de pânico e a ansiedade constante e o medo mostraram a ele que ele precisava de ajuda. Havia coisas com as quais ele precisava lidar e que ele adiou por muito tempo. Seu amor por Sehun e o amor de Sehun por ele não era a verdadeira preocupação, mas ele mostraria isso a Sehun com o tempo. No momento, contudo…

Ele assentiu, segurando as mãos de Sehun que o seguravam. “Ok.”

Dessa vez Sehun não se segurou.

Ele se inclinou com tudo, capturando os lábios de Luhan em um beijo violento, faminto, deslizando a sua língua na boca alheia a cada respiração que davam.

Luhan entreabriu os lábios com um suspiro, a sensação de certeza, de pertencer ao outro, o envolvendo. Ele sentiu falta disso, desse calor. Estar com Jongin era legal, até mesmo agradável, mas desde que conheceu o toque de Sehun, algo sempre parecia faltar. Ele sabia o porque disso agora: Sehun era sua casa.

Eles se beijaram até seus lábios ficarem dormentes, até seus pulmões pedirem oxigênio, até a neve cair sobre eles.

Espera… Neve?

Sehun se afastou com um dramático suspiro, olhando para o céu antes de encarar ternamente seu amado.

A neve, que tinha brevemente parado de cair, havia voltado.

“Só você pra fazer a declaração de amor mais dramática de todos os tempos.” Ao notar o olhar cheio de desejo e confusão de Luhan, ele apontou ao seu redor, “Aeroporto? Frio, noite de inverno? Neve caindo a nossa volta? É uma cena saída de um desses dramas que você sempre assiste.”

“Telenovelas,” Luhan o corrigiu automaticamente.

Sehun riu. “Tenho certeza de que também vi isso em milhões de dramas coreanos e americanos. O mundo todo é brega quando se trata de romance.”

Luhan olhou para a neve, seguindo os flocos conforme eles caiam sobre ambos. Erguendo a mão para tocar em um que caiu na cabeça de Sehun, ele disse, “Isso é legal. Tudo fica lindo coberto por branco.”

“Você diz isso agora; vamos ver o quanto isso será lindo e legal quando você estiver preso em casa e não poder sair. Falando nisso…” Sehun abaixou a mão e segurou a de Luhan, entrelaçando seus dedos. “Vamos pra casa.”

Luhan sorriu, mas olhou de relance para as portas do aeroporto. “E a sua bagagem?”

Sehun olhou novamente para o céu. “Eu tenho certeza de que ela está num avião indo pra Nova York agora mesmo. Eu tenho certeza de que vai voltar pra cá, mas se não voltar…” Ele deu de ombros. “Eram só roupas.”

Luhan revirou os olhos, apertando a mão de Sehun conforme o guiava até onde o carro estava, graças a Deus, ainda estacionado.

Eles entraram rápido no veículo e rumaram até a casa de Sehun.

Ocorreu a ele, mais uma vez, que tudo o que ele tinha estava na casa de Jongin. Ele literalmente só estava com o celular, o passaporte e as roupas que vestia.

Como se tivesse lido sua mente, Sehun colocou a mão em sua coxa e a apertou gentilmente. “Você pode usar qualquer coisa minha que precisar até… até.”

Luhan sorriu agradecido, colocando a mão em cima da de Sehun e a apertando em retorno. “Obrigado.”

Eles dirigiram em silêncio por um tempo, simplesmente aproveitando a alegria de estarem juntos.

Eventualmente, Luhan ligou o rádio, mais por hábito do que pela necessidade de barulho, querendo ouvir algo sobre a atual condição do tempo. Sehun poderia estar certo sobre ter que ficar preso em casa devido a quantidade de flocos de neve que caiam.

Pessoal, eu não sei como não vimos isso, mas parece que L finalmente, ele finalmente respondeu ao S. S, se você estiver por aí amigo, não desista. Ainda há esperança.

Luhan ruborizou, olhando de relance pra Sehun. Ele se esqueceu completamente da rápida mensagem que enviou a rádio quando estava parado em um congestionamento após a música de Sehun ter tocado. Ele esperava que Sehun ouvisse sua dedicatória – talvez o sistema de música do aeroporto estivesse naquela estação de rádio ou Sehun a estava ouvindo pelo celular ou pelo tablete para ter certeza de que sua própria dedicatória havia sido tocada – e assim saberia que ele estava a caminho. Antes tarde do que nunca, ele supôs, mas se sentia incrivelmente tímido sentado ao lado de Sehun enquanto finalmente ele ouvia a sua resposta as inúmeras músicas que havia dedicado.

Sehun certamente estava ouvindo agora.

Com o passar dos meses, Sehun imaginou que tipo de resposta, se caso houvesse uma, Luhan daria as suas numerosas declarações de amor. Na verdade foi surpreendente, dada as preferências musicais de Luhan, mas a resposta incrivelmente combinava e ele não conseguiu deixar de sorrir. A música também o deixou a par, ele pensou, de como estava a cabeça de Luhan durante a separação deles. Era bom saber, além de sua confissão de amor, que Luhan também teve saudades dele tanto quanto ele teve do mesmo.

Não era uma música feliz, de maneira alguma, mas era uma música cheia de esperança e ele sentiu que combinava perfeitamente com o atual estado de seu relacionamento.

“Eu gostei,” ele disse, mostrando um de seus sorrisos perfeitos, um daqueles que deixava o coração de Luhan bem acelerado.

“Gostou?” Luhan perguntou, nervoso.

Sehun assentiu. “É perfeita.”

Luhan ruborizou, focando na estrada pra esconder sua vergonha. “Eu mal posso esperar pra chegar em casa,” ele disse suavemente.

Sehun apertou novamente sua mão. “Eu também mal posso esperar.”

Repentinamente se lembrando de que sua casa não estava desocupada, Sehun pegou o celular e digitou uma mensagem rápida para sua irmã. Era quase meia noite, mas ele sabia que ela era uma coruja noturna então havia chance dela estar acordada.

Saia! Eu estou a caminho de casa… com meu homem.

Ele sorriu sarcasticamente ao imaginar a cara dela quando lesse sua mensagem intencionalmente abrupta e rude.

Ele não teve que esperar muito pra uma resposta.

Vá se ferrar, seu idiota!

Ele caiu na risada, sorrindo ao ler a segunda mensagem que veio logo em seguida.

Eu estou feliz por você. Parece que ele não é tão idiota afinal. Me ligue amanhã.

“Qual a graça?” Luhan perguntou curioso, olhando pra ele.

Sehun balançou a cabeça. “Só a Emily sendo a Emily.”

Luhan sorriu e então voltou a olhar pra estrada.

Demorou mais do que eles queriam sair da cidade e chegar à casa de Sehun, mas no momento em que a porta foi fechada atrás deles, Sehun prensou Luhan contra ela e o devorou, reivindicando mais uma vez os lábios alheios.

Eles foram devagar, lábios grudados, absorvendo o calor um do outro, simplesmente aproveitando o fato de estarem juntos. Eventualmente, a fome retornou com força total e eles passaram de pequenos selinhos para um tentando devorar a boca do outro.

Mais tarde, nenhum deles se lembraria da viagem pelas escadas, mas no momento em que caíram na cama, ambos estavam nus, pele deslizando sobre pele, pernas e braços num enlaço familiar.

Sehun levou um tempo aqui, se reorientando nas curvas do corpo de Luhan, beijando todo o caminho até o pescoço do mesmo, descendo até seu peito para provocar seus mamilos sensíveis antes de continuar descendo até o abdômen que tremia, e ainda mais pra baixo.

Quando colocou o falo de Luhan em sua boca, sua língua fazendo mágicas, o corpo de Luhan já tremia descontroladamente – ambos tremiam. O desejo de um pelo outro, a necessidade há muito reprimida estava finalmente livre. Sehun queria que Luhan chegasse ao ápice daquele jeito, queria sentir o gosto de Luhan em sua língua, mas ele não teve a chance porque Luhan não deixou.

Impaciente e querendo sentir Sehun dentro de si, pra realmente se sentir completo, Luhan empurrou Sehun e o deitou na cama.

Sehun se deixou levar, seu corpo como água. Qualquer coisa que Luhan quisesse, qualquer coisa que seu coração desejasse, Sehun daria a ele.

Luhan segurou o membro de Sehun, amando a sensação sedosa do falo em sua palma, masturbando-o com carinho enquanto levava a mão livre até a mesa de cabeceira para pegar o que ele precisava.

Ele olhou para o tubo de lubrificante, que suspeitamente estava do mesmo jeito que da última vez que eles usaram meses atrás não tendo diminuído em conteúdo, antes de abri-lo e jogar uma boa quantidade no falo de Sehun, cobrindo-o enquanto continuava masturbando-o.

Ele não fazia aquilo já tinha um mês, não fazia desde que Jongin o levou pra cama, mas ele não queria nenhum tipo de preparação. Ele queria se sentir sendo aberto, queria sentir a queimação; queria sentir cada centímetro de Sehun dentro de si o mais apertadamente possível.

Se arrumando em cima de Sehun, ele inclinou pra frente e o beijou levemente nos lábios enquanto se posicionava, ajustando-se para acomodar o falo quente e pulsante do outro.

Ele respirou ofegante contra os lábios de Sehun, fechando os olhos por um minuto enquanto seu corpo se ajustava a intrusão.

“Você está bem?” Sehun perguntou gentilmente.

Luhan assentiu, sorrindo contra os lábios alheios.

Quando ele se sentiu confortável o suficiente, ele se sentou com tudo, seu corpo engolindo o que faltava do membro de Sehun, o qual ficou completamente em seu interior.

“Deus, você é delicioso,” Sehun gemeu, mãos na cintura de Luhan.

Luhan ruborizou, rebolando de forma experimental, fazendo Sehun gemer de novo.

“Se você continuar fazendo isso, eu vou gozar logo,” Sehun avisou.

“Então goze,” Luhan disse de maneira sugestiva. “Eu simplesmente te manterei desse jeito, dentro de mim, até você se animar de novo.”

Sehun gemeu novamente, inconscientemente impulsionando o quadril pra cima. “Porra, não diga isso. Você não sabe o quão carente eu fiquei sem você? Tenha dó de mim, por favor.”

Rindo baixo, Luhan começou a se mover, subindo e descendo alguns centímetros por vez.

Ele estabeleceu um ritmo lento, querendo saborear o momento o quanto fosse possível antes de suas paixões tomarem conta de tudo.

“Você é lindo, sabia?” Sehun perguntou, voz cheia de admiração.

Na pressa em subirem as escadas e chegarem na cama, nenhum dos dois se preocupou em acender as luzes. Havia um fio de luz da lua, contudo, entrando pelas cortinas finas das portas do terraço. A luz caia sobre Luhan, dando a ele aquele brilho etéreo, de outro mundo. Fazia com que Sehun se lembrasse de quando fizeram amor em Jeju; a primeira vez que Luhan o teve pra si.

“Eu me sinto lindo quando estou com você,” Luhan admitiu timidamente.

Isso ainda era novo pra ele, a conversa, a honestidade, mas era bom finalmente dizer o que estava sentindo enquanto estava sentindo.

Pegando a mão esquerda de Sehun de onde estava em sua cintura, ele a beijou no centro da palma e a pressionou em seu coração.

“Eu te amo.”

Incrivelmente tocado, Sehun se sentou o quanto pode com Luhan em seu colo e Luhan o encontrou no meio do caminho, seus lábios se colidindo em um beijo atrapalhado, mas carinhoso.

Sentado com os músculos de Luhan apertando fortemente o seu membro, Sehun já estava quase na beira do ápice e com seus braços e pernas ao redor de Sehun, Luhan estava recebendo a melhor massagem/fricção em seu membro de toda a sua vida.

Sehun gozou primeiro, estremecendo conforme Luhan apertava-o ainda mais, seu orgasmo parecendo não ter fim.

Não querendo deixar Luhan na mão, ele alcançou o membro alheio e o masturbou firmemente até Luhan gozar, gemidos e ofegos sendo engolidos pela boca faminta de Sehun.

Eles permaneceram daquele jeito por um tempo, compartilhando beijos gentis e suaves além de suspiros e risos até finalmente se separarem antes de se grudarem novamente.

Sehun envolveu Luhan com seus braços, forçando-o a deitar ao seu lado. Ele não queria espaço algum entre eles; não poderia parar de tocá-lo agora, talvez nunca. Ainda parecia muito com um sonho. Provavelmente seria até ele aceitar que aquilo era realidade suficiente para relaxar.

Ele deslizou sua mão, entrelaçando seus dedos aos de Luhan. Quando ele sentiu um anel ao redor de um dedo em particular, ele ergueu a mão de Luhan pra luz da lua, observando o feixe de luz incidir no anel que ele havia colocado ali muito tempo atrás.

“Você ainda está usando ele,” Sehun disse suavemente.

“Eu nunca o tirei,” Luhan respondeu, ruborizando no peitoral de Sehun. “É verdade.”

Sehun sorriu, encostando o nariz nos cabelos de Luhan enquanto o envolvia mais com os braços, mantendo-o perto de si. “Eu acredito em você. Eu o vi quando ele colocou aquele anel em você. Eu sabia, eventualmente, que um deles teria que ser retirado e que o que você escolhesse permaneceria. Eu estou alegre por ter sido o meu.”

“Eu te amo,” Luhan murmurou sonolento.

Sehun sorriu na escuridão. “Eu sei. Eu nunca me cansarei de ouvir isso, mas pelo menos eu sei. Durma agora.” Ele beijou a testa de Luhan, repousando sua bochecha no topo de sua cabeça. “Boa noite, meu amor.”

Ele não dormiria: não por um tempo de qualquer forma. Ele queria, precisava, segurar e olhar para Luhan por mais um tempo. Aquela sensação de medo daquilo ser bom demais ainda permanecia ali.

Talvez quando a madrugada terminasse ele se sentiria confiante o suficiente para fechar os olhos sabendo, acreditando, que Luhan ainda estaria ali de manhã.

Até lá… até lá.

 

 

Notas pessoais da leitora:

Eu surtei, chorei, porque foi lindo e jndshdhhfdffd porra, ele escolheu certo dshbdhfhfhfhjfdjhdfd Na parte do carro que a música toca, sério, eu comecei a chorar aqui e njcdjvfvjjjbgbjvhgffj Mas foi lindo o////

Be Loved – Capítulo 29b

Esse capítulo promete o/ Copo de água com açucar do lado, eu aconselho. Boa leitura.

~~Fic original escrita por Vampyreunnie
~~Link: http://www.asianfanfics.com/story/view/211951/be-loved-iwtmyfb-kpop-exo-luhan-sehun-hunhan-selukai

 

Capítulo 29b

 

No momento em que Sehun chegou em casa, o sol estava se pondo, o céu escurecendo para combinar com seu humor.

Ainda era meio dia quando ele deixou Jongin, mas após a curta ‘conversa’ que tiveram, ele perambulou pela cidade por um tempo, parando para almoçar quando seu estômago demandou comida, embora ele não tenha de fato sentido o sabor das coisas. Depois disso, ele dirigiu até o parque que ele frequentemente ia quando precisava clarear sua cabeça, deixando sua mente vagar sem medo, antes de finalmente voltar para casa.

Ele sempre se considerou uma pessoa confiante, mas ser altamente agressivo não acontecia naturalmente para ele. Claro que se ele queria algo, ele corria atrás com uma determinação incomparável aos outros, mas isso raramente resultava em machucar alguém, especialmente alguém que ele se importava. Contudo, em ordem de se comparar com Jongin em sua batalha de sagacidade e vontades, ele se aproveitou de um lado dele que ele nem sabia que tinha, que ele ainda achava que não tinha ou ele não estaria se sentindo tão drenado e desanimado como atualmente estava.

Ele não sabia como Jongin fazia isso. Ser confiante era uma coisa, e Sehun tinha muita confiança, mas essa super abundância de petulância, de pura arrogância que Jongin aparentemente possuía, essa crença absoluta em sua própria superioridade, era exaustivo. Ele não podia se imaginar vivendo daquele jeito, ter que desfilar como um galo todo dia.

Suspirando, ele destrancou a porta da frente e se deixou entrar, a fechando suavemente atrás de si.

“Aí está você. Eu estava começando a pensar que você tivesse esquecido o caminho pra casa.”

Virando-se, Sehun viu sua irmã sentada nas escadas.

“Onde você…” Emily parou de falar, franzindo a testa quando, apesar da escuridão da casa, ela finalmente notou a expressão de seu irmão. “Sehun-ah? O que houve?”

Sehun começou a abrir a boca, automaticamente formulando o seu usual “Nada, eu estou bem”, mas as palavras não saiam. Não era nada e ele não estava bem.

Ao invés disso ele balançou a cabeça, dando de ombros impotente.

“Oh, Sehun-ah…”

Ela abriu os braços para ele e embora no começo ele tenha andado arrastando os pés, eventualmente ele se apressou e colapsou no colo dela, enterrando o rosto em sua barriga.

Era um pouco estranho encontrar conforto na posição já que ele era muito maior do que ela, ombros largos e tal, mas eles se mexeram até que conseguiram, um juntinho do outro, o braço dela envolta dele, embalando-o; os dedos dela deslizando pelo seu cabelo; os lábios dela salpicando beijos por todos os fios.

Quando ele era pequeno e algo o deixava triste, o que era raro já que Sehun sempre teve uma personalidade amável e nunca escondia o que pensava ou sentia, ele fazia uma tempestade em copo d’água, não atacando ninguém, mas também não dizendo o que estava errado. Não até ela se deitar na cama com ele, ou levá-lo para sua, e sussurrar palavras sinceras de amor e encorajamento até ele finalmente dizer o que o estava aborrecendo.

“O que está acontecendo, querido?” ela perguntou suavemente, acariciando seu cabelo. “Diga para a noona o que está errado.”

Então ele disse.

Ele disse a ela o que aconteceu com Luhan, deixando de fora os pequenos detalhes. Ele disse a ela o quão perdido e solitário estava se sentindo desde então, o quanto o seu trabalho estava sofrendo, porque ele não conseguia se concentrar; porque ele perdeu sua musa e agora tinha um buraco em sua vida e em seu coração. Ele disse a ela sobre sua conversa com Jongin e como isso o deixou abatido.

“Eu senti como se tivesse que me justificar, justificar meus sentimentos e minhas ações, para ele. Eu odiei cada momento disso. Amar alguém não deveria ser errado.”

“Não é errado, docinho, é só… complicado.” Ela gentilmente tirou o cabelo dele de sua testa, olhando para os seus olhos tristes e brilhantes. Ele parecia tão novo… e miserável. Isso partiu o coração dela. “Eu acho que ele sabe, bem lá no fundo, que você não agiu para machucá-lo, mesmo este sendo o resultado final. E, pelo o que você me disse, ele está longe de ser perfeito. Talvez isso é o que deixa as coisas piores: alguém ter feito com ele o que ele faz com os outros. Ele provavelmente está bravo consigo mesmo, mas o orgulho é um inferno. Ele nunca admitiria isso, e certamente não pra você dentre todas as pessoas.”

Sehun a abraçou mais forte. “Eu não sei o que fazer, Em. Eu sinto tanta falta dele. Tem dias que parece que eu não posso nem funcionar. Eu não sei por quanto tempo mais eu vou suportar isso.”

Emily o segurou por um momento, apenas dando tapinhas em suas costas, murmurando palavras de conforto.

Ela realmente não estava surpresa pelas coisas terem chegado a isso. Ela sentiu que algo estava errado durante seus telefonemas dos últimos meses e quando ele parou de ir aos jantares de família na casa de seus pais, um alarme tocou em sua cabeça. A família era tudo para Sehun. Se ele a estava evitando era porque estava escondendo algo. Ela deu a ele algum tempo, torcendo para que ele conseguisse arranjar as coisas por si só, mas quando percebeu que isso claramente não estava acontecendo, ela decidiu visitá-lo, sendo esse o motivo dela estar lá no momento, não o avisando adiantado para ele não inventar alguma desculpa esfarrapada para não vê-la. Tendo a sua própria cópia das chaves da casa dele, ela fez essa surpresa. Foi algo bom, aparentemente. Seu irmãozinho chegou ao fundo do poço.

“Talvez você devesse viajar por um tempo,” ela disse devagar, escolhendo com cuidado suas palavras. “Talvez um pouco de distância te ajudará a clarear a cabeça.”

Sehun se sentou, sua testa se franzindo. “Você está dizendo deixar o país? A mãe me mataria se eu fosse para algum lugar tão perto do Natal.”

“Eu acho que se ela visse como você está, ela arrumaria suas malas e te levaria ela mesma ao aeroporto.” Emily deslizou uma mão pelos cabelos dele, afagando-o. “Ela entenderá. Ela te ama e se você não insistisse em guardar tudo para si mesmo, ela já estaria morando aqui para te abraçar até a morte.”

Sehun fez uma careta antes de voltar ao colo dela com um suspiro. “Eu posso suportar isso. Eu só estou… cansado.”

“Bem, ir embora pode te ajudar a re-energizar. Eu não estou dizendo que você precisa ficar lá pra sempre. Você pode voltar para Nova York por uns meses, reacender velhas amizades, talvez encontrar alguns de seus amigos associados à arte e ver o que há de novo no mercado. Voltar aos negócios, menos a parte emocional.”

“Não é como se eu pudesse deixar isso para trás. Eu não consigo parar de amá-lo.”

“Não, mas você ficará surpreso em como uma mudança de cenário pode ajudar a renovar o seu espírito. E quando você se sentir pronto, você pode voltar para casa e… bem, para o que você decidir. Só pense sobre isso.”

Sehun refletiu por um minuto. Ele não conseguia se imaginar deixando a Coréia, não conseguia se imaginar colocando tamanha distância entre ele e Luhan não importava o quão horrível ele se sentia, mas talvez Emily estivesse certa. Claramente, ficar se consumindo na miséria e na auto piedade não estava funcionando para ele. Talvez umas férias o fizessem bem.

“Ok,” ele disse, deixando seus olhos se fecharem. “Mas já que foi sua ideia, você falará sobre isso com a mãe.”

Emily riu. “Combinado.”

Ela deu um beijo em sua testa e o abraçou mais forte.

Pela primeira vez em muito tempo, a tensão dentro dele diminuiu e uma pequena chama de esperança flamejou em seu peito.

Talvez tudo ficará bem no final.

~~

“A pizza está a caminho.”

Luhan inclinou a cabeça para olhar para Jongin que caminhava até o sofá. “Que sabor você pediu?”

“O seu favorito,” Jongin disse, sorrindo e apertando o nariz de Luhan conforme se sentava ao seu lado. Ele deslizou um braço ao redor dos ombros alheios, o calor crescendo em seu peito quando Luhan se recostou nele.

“Meu favorito, huh? Vamos ver se você vai acertar dessa vez.”

“Oh, tenha um pouco de fé.”

Luhan o cutucou com seu ombro, um sorriso curvando seus lábios ao aumentar o volume de algum drama espanhol bobo que estava assistindo.

“Eu realmente não consigo acreditar que você gosta desse tipo de coisa,” Jongin comentou.

Luhan olhou para ele seriamente. “É altamente divertido, saiba você.”

“Está em espanhol! Você não entende uma palavra do que eles estão dizendo,” Jongin retorquiu.

“Você começa a entender depois de um tempo. Eu posso não saber exatamente o que eles estão dizendo, mas suas expressões faciais e as linguagens corporais realmente ajudam. Eu sei o nome de todas as personagens, como elas estão relacionadas, quem está traindo quem e com quem. E, o que eu não posso entender por mim mesmo, a internet providencia,” Luhan informou. “Foi basicamente assim que eu comecei a aprender coreano, caso você tenha se esquecido.”

“Ok, ok,” Jongin disse, mostrando suas mãos como num sinal de paz.

Luhan poderia não ser a pessoa mais falante, mas quando ele se apaixonava por algo, ele o defenderia até o fim. Jongin achava adoravelmente cativante.

Ele gostava disso, gostava de poder ficar juntinho no sofá, assistindo programas bobos na televisão, comendo pizza – quando ela chegasse – e apenas apreciando a companhia um do outro. Ele gostava de como Luhan se recostava nele, em certas ocasiões como se procurasse o seu calor. Ele gostava de poder pressionar o seu nariz no cabelo de Luhan e inalar o cheiro de seu shampoo. Ele gostava de saber que se apertasse um pouco mais o seu abraço, Luhan não se afastaria, não o afastaria.

Pela primeira vez em muito tempo, ele se permitiu a acreditar, a ter esperanças de que as coisas se resolveriam. Que eles estavam, finalmente, bem juntos.

A campainha tocou, naquele momento, tirando-o de seus pensamentos.

Luhan ergueu a cabeça. “Isso foi rápido. Você os chantageou ou algo do tipo?”

Jongin revirou os olhos, gentilmente cutucando a bochecha de Luhan ao se levantar, tirando a carteira do bolso.

“E é claro que você esqueceu de fechar o portão de novo!” Luhan gritou.

Rindo consigo mesmo, Jongin virou a maçaneta da porta sem checar a câmera de segurança, um gesto que ele se arrependeria imediatamente ao ver quem estava parado do outro lado.

“Sehun.”

~~

Ao ouvir o tom monótono na voz de Jongin, Sehun se preparou.

Pelo menos ele não está bravo, ele pensou, olhando para o lado bom das coisas.

Jongin olhou para o seu amigo – ex amigo – impassível, se segurando para controlar suas expressões antes de se entregar muito.

Sempre que Sehun aparecia, duas emoções específicas sempre tomavam conta de sua cabeça, brigando uma com a outra por dominância: raiva e medo. Ele estava irritado, e ficaria assim provavelmente por um bom tempo, mas ele estava com medo porque sabia, não podia negar nem para si mesmo, que Sehun era uma genuína ameaça para ele. Para ele, para sua felicidade, para a vida que ele queria para si mesmo com Luhan.

Fazia quase uma semana desde seu último encontro e as palavras de Sehun ainda queimavam dentro dele. Elas o haviam derrubado como algo físico e ele não sabia nem se tinha se recuperado. Claro que ele não disse uma palavra para Luhan. Ele não queria que Luhan pensasse em Sehun, não que ele pudesse pará-lo de pensar por si só, mas definitivamente ele não o colocaria em seus pensamentos.

“Ei… hyung,” Sehun disse calmamente. Havia cinquenta por cento de chances de que Jongin abriria a porta – e ele sabia que o mesmo estava em casa, porque o seu carro estava estacionado no lugar de costume na frente, não na garagem – então ele tentou o melhor que pode em se preparar. Embora não tenha funcionado.

“O que você está fazendo aqui?” Jongin perguntou friamente, bloqueando a vista que Sehun poderia ter de dentro da casa ao se mover para a soleira da porta.

Criando coragem, Sehun decidiu ir direto ao ponto. “Luhan está em casa?”

Os olhos de Jongin se estreitaram, suas narinas se abrindo, seu maxilar endurecendo conforme suas mãos se curvavam em punhos. Jongin podia ser agressivo, mas Sehun tinha que aplaudi-lo pelo seu controle. Qualquer outra pessoa teria lhe dado um soco.

Ao invés de respondê-lo, Jongin gritou por cima do ombro, “Luhan!”

Ele considerou dizer a Sehun que não, ou simplesmente mandá-lo sair de sua propriedade, mas ele queria ser o bonzão, o melhor homem, para mostrar ao Luhan que o merecia e para provar ao Sehun que Luhan estava bem onde queria estar. Se ele dissesse para Sehun ir embora, seria mais uma coisa que ele teria que esconder de Luhan e ele estava cansado de segredos. Mentiras, mesmo por omissão, já haviam feito muito estrago em seu relacionamento.

Quando ele ouviu os passos de Luhan atrás dele, ele se moveu para o lado, permitindo que a porta se abrisse bem para que ambos pudessem ficar em sua soleira.

“Sehun,” Luhan engasgou, olhos arregalados. Por um momento, a cor se esvaiu de seu rosto, antes de voltar de uma vez só, deixando-o completamente vermelho.

“Ei, hyung,” Sehun o cumprimentou suavemente, um pequeno sorriso em seus lábios.

Jongin respirou fundo, contando até dez repetidamente enquanto tentava empurrar para longe o pânico que crescia em si.

Luhan, pelo contrário, estava num estado de choque. Sehun era a última pessoa que ele esperava encontrar parado em sua porta.

“O que você…” ele parou de falar, pigarreando. “O que você está fazendo aqui?”

Sehun olhou de relance para Jongin, observando a sua expressão dura e seu comportamento calado, braços cruzados sobre o peito, antes de começar a falar. “Eu vou ser breve. Recentemente, as coisas não tem sido boas para mim. Eu imagino que elas tenham sido um pouco desafiadoras para vocês também.”

Nenhum dos dois confirmou ou negou então ele continuou sem parar.

“Minha mente está uma bagunça e eu simplesmente não estou conseguindo finalizar algumas coisas que preciso, então… Eu decidi voltar para Nova York.”

Isso chamou a atenção de Jongin. Ele se remexeu na sua posição contra a porta, soltando seus braços.

“Você está indo embora?” ele perguntou, a surpresa permeando suas palavras. Ele não esperava que Sehun desistisse, não importava o quanto ele quisesse isso, mas deixar o país? Ele nunca esperava por isso.

Sehun assentiu. “Eu preciso clarear minha cabeça. Minha irmã pensou que alguma distância entre mim e meus… problemas poderiam me ajudar. Eu concordei.”

Luhan passou de chocado para surpreso.

Sehun estava indo embora?

Ele sabia que ter escolhido Jongin significaria ficar longe de Sehun, mas apesar de seu comprometimento em tentar fazer com que as coisas funcionassem com Jongin e suas afirmações para com Sehun de que as coisas entre ambos haviam acabado, ele nunca realmente considerou o que significava nunca mais ver Sehun de novo. Era… inimaginável, para ser franco.

“Então você veio aqui para dizer adeus,” Jongin terminou por ele.

Sehun assentiu novamente. “E…” Ele colocou a mão para trás e pegou algo de seu bolso traseiro. Olhando para Luhan, ele segurou o que quer que fosse em sua direção. “Pra te pedir para vir comigo.”

O olhar de Luhan se fixou na mão estendida de Sehun antes de se voltar para Jongin quando ele se deu conta do que era.

Uma passagem de avião.

Qualquer simpatia que Jongin possa ter deixado momentaneamente se misturar com a raiva e o medo, imediatamente acabou e um ódio crescente o consumiu. “O que diabos você está fazendo?”

Sehun se virou para Jongin com uma surpreendente confiança que Luhan ainda não tinha visto.

“Eu te disse que não ia desistir dele e eu não vou. Mas eu tenho que partir. Isso é algo que eu preciso fazer para mim mesmo. Eu preciso ir embora desse país por um tempo. Eu não posso fazer isso, entretanto, sem tentar uma última vez.” Ele voltou a encarar Luhan, seus olhos tão focados, tão cativantes que Luhan sentiu como se eles fossem um vácuo sugando-o. “É isso, Hannie. Isso sou eu colocando todas as minhas cartas na mesa. Eu te amo, eu quero ficar com você e eu acho que isso seria bom para nós dois. Um começo em um novo lugar. Tudo já foi providenciado. Tudo o que você tem que fazer é aparecer no aeroporto.”

“Sehun…” Jongin disse, um tom de aviso em sua voz conforme ele deu um passo para frente.

Sehun olhou para Jongin. “É isso, hyung. Quando eu sair daqui hoje, você não me verá mais. Eu não vou te ligar, nem aparecer mais. Eu não vou influenciar a decisão dele de maneira alguma. Está inteiramente nas mãos dele.” Sehun voltou a olhar para Luhan. “Eu só quero que você seja feliz, e eu gostaria de ser aquele a te fazer feliz. Procure em seu coração, Hannie, e faça a escolha certa para você. Sendo ele, eu… ou nenhum de nós.”

Os lábios de Luhan tremeram. “Sehun-ah…”

“Bem, se nós estamos sendo sinceros, eu também tenho algo a dizer,” Jongin anunciou.

Luhan paralisou, sua cabeça se virando na direção de Jongin como se estivesse em câmera lenta. O que mais poderia acontecer?

Jongin sorriu ternamente, enfiando a mão no bolso do jeans e tirando de lá uma caixa.

“Não foi dessa forma que eu planejei fazer isso, mas eu estaria ferrado se não aproveitasse essa oportunidade.”

Ele abriu a caixa, retirando dela um anel. Pedras brilhantes e lapidadas estavam dispostas por toda a circunferência de uma base de platina.

Jongin levantou a mão esquerda de Luhan. “Eu não sou bom com palavras bonitas ou grandes gestos, mas… eu te amo Luhan e significaria muito para mim se você me desse a honra de se casar comigo.”

Se houvesse uma hora perfeita para desmaiar, ter um colapso, seria nesse momento, Luhan pensou.

Era uma cena saída diretamente de suas telenovelas. Ele queria beliscar a si mesmo para ver se aquilo era real, porque ele simplesmente não conseguia compreender o quão ridícula era aquela situação.

Jongin podia ver que Luhan estava batalhando consigo mesmo, conseguia ver o choque que ainda permanecia desde que ele havia colocado os olhos em Sehun, então ele não levou como pessoal quando Luhan permaneceu calado.

“Eu não estou pedindo por uma resposta agora,” ele continuou, colocando o anel no dedo de Luhan. “Mas eu quero que você use isso como prova do meu comprometimento com você, com nós dois, até você estar pronto para me responder.”

Sehun olhou a cena toda como se estivesse num cinema. Ele se sentia perdido, removido do tempo e espaço apesar de saber que o que estava vendo estava realmente acontecendo na sua frente.

Ele se recuperou mais rápido do que Luhan, e se descobriu querendo dar tapinhas nas costas de Jongin, querendo dar um cigarro ao mesmo e uma salva de palmas.

Então é assim que um Mestre trabalha, ele pensou. Boa jogada, hyung. Boa jogada.

Ele inclinou levemente sua cabeça na direção de Jongin e viu o que pensou ser um aceno em resposta e um sorriso nos lábios de Jongin como se o mesmo dissesse “Obrigado.

“É melhor eu ir,” Sehun disse.

Ele segurou novamente a passagem na direção de Luhan que a pegou com os dedos dormentes. Sehun deixou que o seu polegar tocasse a mão de Luhan antes de se afastar.

Ele olhou profundamente, quase implorando nos olhos de Luhan. “Eu esperarei o tempo que conseguir. Eu espero te ver lá.”

Olhando para Jongin uma última vez, Sehun andou novamente pelas escadas, olhando mais uma vez para o rosto assustado, mas ainda bonito de Luhan antes de se virar, entrar em seu carro e ir embora.

“Eu vou ligar para a pizzaria e ver porque eles estão demorando,” Jongin disse suavemente, apertando gentilmente o ombro de Luhan antes de deixá-lo com seus pensamentos.

Luhan olhou para a figura de Jongin que se afastava voltando a olhar para o portão vazio.

Ele se sentia como se tivesse estado num acidente de carro e estivesse experimentando algum efeito colateral. Tudo estava vindo até ele de ambos os lados e ele não conseguia juntar seus pensamentos. Ele não conseguia falar, não conseguia se mover e sentia como se as paredes estivessem se fechando ao seu redor. O resultado final era que ele estava mais confuso do que antes, mas mais do que isso, seu peito doía e por um segundo, ele se perguntou se estava tendo um ataque cardíaco. Ele sabia que não estava, mas ele estava provavelmente à beira de um ataque de pânico. Após anos sem eles, eles retornaram como uma vingança.

Conforme a brisa fria da noite o envolveu, seu olhar caiu para suas mãos, olhando do anel em seu dedo para a passagem em sua outra mão.

Três pessoas, duas escolhas, uma decisão que mudaria sua vida e que ele não sabia se conseguiria fazer.

O que ele faria?

 

Nota da autora: Eu te direi Lulu: corra para o mais longe que puder desses dois.

Be Loved – Capítulo 29a

Boa tarde!!!

Antepenúltimo capítulo de Beloved. Sim, reta final da fic.

Eu gostei bastante desse cap. Boa leitura!!!

 

~~Fic original escrita por Vampyreunnie
~~Link: http://www.asianfanfics.com/story/view/211951/be-loved-iwtmyfb-kpop-exo-luhan-sehun-hunhan-selukai

 

Capítulo 29a

 

As marteladas em sua cabeça lhe acordaram.

Ou talvez foi a luz do sol batendo em seu rosto, os raios atravessando a sua cabeça mesmo com as membranas espessas de suas pálpebras.

“Levante e brilhe, dorminhoco.”

Resmungando, ele rolou pela cama, enfiando a cabeça embaixo do travesseiro.

Um tapa dolorido em sua bunda o fez se remexer na cama, fazendo-o se sentar irado. Mas no momento em que ele notou onde estava, sua raiva foi embora e um medo profundo e nauseante se fixou em seu estômago.

Querido Deus, o que foi que eu fiz?

Olhando-o, Jonathan riu suavemente, uma expressão divertida em seu rosto mascarando a dor que invadiu seu peito.

“Eu vejo pelo seu olhar que tomei a decisão certa noite passada.”

“Eu… Nós…” Sehun gaguejou, lambendo seus lábios secos enquanto tentava buscar as palavras certas. “O que aconteceu?”

“Não aconteceu o que você está pensando,” Jonathan respondeu ironicamente, oferecendo a Sehun um copo com água e algumas aspirinas. “Sua virtude está a salvo comigo.”

Sehun corou, engolindo os comprimidos e tentando se manter calmo. Quando terminou, ele devolveu o copo, olhando para baixo para si mesmo. Ele vestia apenas uma boxer, fato que fez sua espinha se arrepiar devido à apreensão, mas ele conhecia Jonathan: ele nunca mentiria para si.

“Eu não lembro muito o que houve,” ele admitiu.

“Isso não é surpresa alguma,” Jonathan disse com um levantar de ombros. “Você estava sóbrio o suficiente quando fomos para cama, mas quem sabe por quanto tempo ou quanto você bebeu antes de eu te encontrar.”

Sehun engasgou, seus olhos se arregalando.

Jonathan riu alto dessa vez. “Oh sim, nós dormimos juntos.” Mesmo machucando-o, e isso o machucava como o inferno se ele fosse honesto consigo mesmo, ele não podia ignorar o ridículo da situação.

Sehun esfregou os olhos. “Eu queria me lembrar.”

“Por que eu não clareio a sua memória?” Jonathan ofereceu, arrastando uma cadeira até a beirada da cama. Ele não queria ficar muito perto de Sehun, precisava de uma certa distância para se preservar. “Nós viemos aqui, você me contou sobre ele, sobre seu Luhan, então você me pediu para fazer amor com você. Eu achei que isso foi uma péssima ideia, mas eu quero tanto você que para mim de qualquer jeito basta, eu acho que nós dois sabemos disso, então eu não resisti. Você me beijou, eu te beijei, roupas começaram a serem tiradas e então… você dormiu.”

“Eu…” um enorme rubor invadiu as bochechas de Sehun. Deus, que embaraçoso…

Jonathan assentiu. “Desmaiou no minuto em que sua cabeça encostou no travesseiro. Se eu fosse um homem menos confiante, meu ego estaria arruinado no momento. Mas eu acho que isso foi o melhor. Eu poderia ter te excitado, e você estava disposto a se excitar, mas então nós dois nos arrependeríamos quando amanhecesse. Nada aconteceu, mas você deveria ter visto sua cara quando acordou pensando que algo tinha acontecido. Eu não seria capaz de lidar com isso.”

Sehun se sentiu como o pior dos homens. Ele se lembrava de achar que Jonathan era a cura que ele precisava. Ele tinha se preparado para se aproveitar dos sentimentos de Jonathan, não pensou em nenhum minuto no que isso custaria ao outro em troca.

“Me desculpe,” ele pediu. “Eu não sei no que estava pensando.”

Jonathan sorriu. “Você estava com dor. Às vezes a dor nos faz fazer coisas que normalmente não fazemos. Confie em mim, eu sei por experiência própria.”

O rubor de Sehun aumentou. Toda vez que Jonathan o lembrava do que ele havia feito consigo, ele se sentia ainda pior, mas merecia isso. Não importa o que Jonathan havia dito sobre deixá-lo ir e apoiá-lo, ele estava certo sobre uma coisa: se Sehun sentisse por Jono o que Jono sentia por ele, de um jeito tão profundo quanto o que ele sentia por Luhan, ele nunca teria partido. Ele sempre se arrependeria disso, de não poder ter amado Jono como o mesmo merecia.

“Então nada aconteceu, não se preocupe. Eu fiquei com você, parcialmente porque estava com medo de você vomitar enquanto dormia e se sufocar e parcialmente porque…” Porque eu te amo e se essa é a última noite que eu passei com você, eu não queria perder a oportunidade. “… porque…”

Havia palavras que eram melhores não serem ditas, Sehun sabia, mas isso não importava. Os olhos de Jonathan diziam muito, sempre disseram, mesmo se sua boca não dissesse.

Jonathan se levantou. “De qualquer maneira, levante-se. Hora de colocar suas calças e enfrentar o dia.”

Resmungando, Sehun voltou a se deitar na cama. “Eu não quero.”

Jonathan puxou o seu pé. “Azar o seu, querido. Se você quer o seu homem de volta, você não vai conseguir isso deitado aqui nessa cama. Ou você está desistindo?”

“Não!” Sehun exclamou imediatamente, sentando-se.

Jonathan sorriu de novo, mas havia uma tristeza curvando os seus lábios. “Bem. Você sabe o que deve fazer.”

Ele esperou até que Sehun tomasse banho e se vestisse, juntando as poucas coisas que Sehun havia trazido para passar a noite e as colocando em uma pilha na cama.

Quando Sehun apareceu, limpo e chamativo, Jonathan o encarou, tentando recuperar o fôlego.

Só fazia alguns anos que não se viam e Sehun não havia mudado muito fisicamente, mas parecia como se fosse muito tempo desde que ficaram juntos que parecia impossível que os anos não deixassem uma marca nele. Sehun estava da mesma maneira de quando eles se viram pela primeira vez, de quando ele deu o seu coração ao mesmo sem saber o que o futuro lhes reservava. Ele não se arrependia disso, não mudaria nada. Era melhor ter tido Sehun, tê-lo deixado ir embora e ter ficado apenas com as memórias do que nunca ter vivido nada disso.

“O que foi?” Sehun perguntou, franzindo a testa, parando a poucos passos dele. “Por que você está me encarando?”

“Você é gostoso, como eu não poderia lhe olhar?”

Sehun revirou os olhos e arremessou a toalha nele, seu cabelo molhado grudando na sua testa enquanto ele se curvava para colocar suas coisas em sua mochila.

“Não é como se você nunca tivesse visto tudo isso.”

“Já faz um tempo, caso você tenha esquecido,” Jonathan respondeu. “Além disso… já que essa é provavelmente a última vez, não há razão de eu não guardar esse momento no meu velho banco de memórias.”

Sehun parou, virando-se para olhar Jonathan. Ele havia se esquecido o quão brutalmente sincero Jonathan era. A situação era irônica. Sinceridade era o que ele mais queria de Luhan, saber o que o mesmo pensava, como se sentia, só… algo. Tudo. Ele sempre teve ondas disso com Jonathan e ainda assim, cada palavra que saía da boca de Jonathan era como um prego em seu coração. Estar apaixonado pela pessoa fazia toda a diferença, ele supôs. Isso e o fato de que ele sempre sentiu culpa por ter deixado Jonathan daquela forma. Teria sido diferente se eles se afastassem conforme os anos passassem; ao invés dele ter cortado a história de ambos e tê-lo largado no auge de seu relacionamento. Ele sempre se perguntava o que teria acontecido se ele não tivesse ido embora. Ele eventualmente teria aprendido a amar Jono do jeito que o mesmo queria? Ele nunca saberia agora, saberia? Depois de Luhan… Bem, não havia um depois de Luhan. Luhan era sua vida.

“Pare com isso,” Jonathan pediu duramente.

Sobressaltado, Sehun piscou rapidamente. “Parar com o que?”

“De pensar. De ficar pensando. Nós estamos onde estamos, não há volta. Nós não podemos refazer os anos.”

O olhar de Sehun ficou triste. “Eu só… me desculpe.”

“Pare de se desculpar!” Jonathan suspirou, irritado. “Olhe, eu não vou minimizar o que houve. Doeu quando você foi embora e doeu quando eu ouvi que você voltou e não entrou em contato por quase dois anos. Dói por eu ainda ter esses sentimentos por você, mas quer saber de uma coisa Sehun?”

Sehun o encarou. “O que?”

“Isso é problema meu. Meu. Você não tem que se desculpar. Você não fugiu de mim, não me traiu. Você foi embora por uma razão legítima, uma que eu apoiei. Agora você voltou e está apaixonado por outra pessoa e eu estou feliz por você. Realmente feliz. E eu quero que você faça o que for preciso pra conquistá-lo de volta. Não viva com arrependimentos como eu vivia. Como eu vivo. Há uma parte de mim que se pergunta se não havia algo que eu poderia ter feito. Talvez te visitado. Eu poderia, mas não fui. Uma parte de mim tinha medo de quando eu chegasse lá você estivesse vivendo uma vida fantástica com seus amigos artistas e não precisasse ou não me quisesse mais.”

Os olhos de Sehun se arregalaram de surpresa. “Jono…”

“Eu sei que esse não seria o caso, você não é assim. Esse é o meu ponto. Eu deixei o medo entrar no meu caminho e perdi minha chance. Eu perdi você. Eu sentei e não fiz nada quando ainda tinha a chance. Não seja como eu Sehun. Não o deixe escapar.”

Sehun suspirou, deslizando a mão pelo cabelo. “Eu nem sei se ele me quer.”

Jonathan caminhou até ele, parando a um passo de distância. Ele olhou para os olhos de Sehun, vendo a frustração e a incerteza neles e sentindo a resposta em seu peito. “Ele é um idiota se caso não te quiser mais.”

Sehun riu melancolicamente. “Eu não sou um grande prêmio. Você dentre todas as pessoas deveria saber disso.”

“Exatamente. Eu sei,” Jonathan disse sério. “Se ele não te quiser, ele é um idiota e francamente, não te merece. Embora eu não ache que você se apaixonaria por um idiota.”

Sehun balançou a cabeça de um lado para o outro. “Ele tem seus momentos,” ele brincou.

“Todos nós não temos?”

Sehun olhou para Jonathan e por um momento sentiu uma verdadeira onda de arrependimento. “Eu queria ter te amado da maneira que você queria. Eu tenho a sensação de que você seria bom para mim.”

“Evidentemente.” Jonathan sorriu quando Sehun revirou os olhos. “Seria bom para você e só você. Mas, o coração quer o que quer. Vá e pegue seu homem de volta, Sehun-ah.” Jonathan segurou seu rosto, seus polegares gentilmente acariciando a pele macia de suas bochechas. “E se por algum milagre, ele realmente for um idiota para correr de você, eu estarei aqui. Pronto para te ajudar a pegar os pedaços. Eu posso esperar. Esperar é uma das coisas que faço de melhor. Ok?”

Sehun concordou silenciosamente.

Por um momento, Sehun pensou que Jonathan fosse beijá-lo e por um momento Jonathan considerou fazer isso, mas no final, ele pressionou os lábios na testa de Sehun antes de se afastar, dando alguns passos para trás.

Isso era simbólico, em um sentido: ambos sabiam.

Aquilo era um adeus.

~~

Havia picadas de agulhas em sua pele.

Pelo menos, era assim como ele se sentia.

Desde que acordou naquela manhã, havia essa tensão nervosa em sua garganta, um mal-estar que, não importava o que ele fazia, ele não conseguia se livrar. Agora o seu corpo todo parecia se coçar com uma tensão que atingia os seus nervos.

Esforçando-se em se acalmar, ou pelo menos se distrair, Luhan navegava pelos canais da televisão até parar numa estação que gostava, aquela com suas telenovelas. Ele não as via desde o mês passado e não tinha ideia do que estava acontecendo com suas personagens favoritas.

“Senhor Luhan, você quer beber algo?”

Luhan olhou para Magda conforme ela entrava na sala, o espanador em suas mãos. Ele havia se esquecido de que ela estava na casa, tão preocupado estava com seu próprio desconforto.

“Um, não, obrigado. Eu estou bem.”

“Você sabe o que quer para o almoço hoje?” ela perguntou enquanto andava pela sala.

“Não…” ele suspirou. “Eu não estou com muita fome hoje.”

Magda franziu o cenho. “Você está bem? Está doente?”

Luhan balançou a sua cabeça. “Não, eu estou bem. Eu só…”

Luhan pausou.

Ele de repente quis ficar sozinho e estava quase pensando em dizer para Magda ir embora, tirar o dia de folga. O que saiu de sua boca no lugar, chocou a ambos.

“Como ele está?”

No minuto em que disse aquelas palavras, seu coração pesou. Por um momento ele rezou para que Magda não o tivesse ouvido, então rezou para que ela apenas ignorasse sua questão, mas pelo olhar em seu rosto, sobrancelhas franzidas, olhos cheios de compreensão, ele sabia que nenhuma das duas coisas iria acontecer.

“Eu acho que você deveria perguntar pessoalmente essa questão para ele se realmente quer saber.”

Uma cor quente preencheu as bochechas de Luhan e ele virou a cabeça para esconder o rosto.

Ele ficou surpreso quando Magda continuou a falar.

“Por fora, ele parece bem. Ele continua falante e engraçado como sempre. Mas…”

Luhan voltou a encará-la quando ela parou de falar.

“Ele está tendo problemas no trabalho. Eu sei, porque às vezes eu o vejo sentado na frente da tela, não se movendo. Apenas… paralisado. E ele parece triste – quando ele não coloca uma máscara no rosto e age como se tudo estivesse bem – como se tivesse perdido a coisa mais importante do mundo.”

O coração de Luhan se apertou com as palavras dela e seu olhar vacilou.

“Por que você não liga para ele? Eu sei que ele vai amar te ouvir.”

Luhan balançou a cabeça sem esperanças. “Eu não posso.”

Magda andou um passo em sua direção, sua voz sincera e suplicante. “Ele sente sua falta e eu sei que você sente falta dele. Por que você não…”

“Quando eu quiser a sua opinião, eu peço. Não é pra isso que eu estou te pagando,” Luhan disse abruptamente, seu corpo ficando tenso com a repentina onda de raiva.

Dando-se conta do que havia feito, e vendo a dor no rosto de Magda, Luhan imediatamente se arrependeu. Magda só estava tentando ajudá-lo, ele sabia, porque ela se importava. Ela não merecia a sua fúria indireta.

“Eu sinto muito,” ele se desculpou profusamente. “Eu não sei porque falei isso. Eu…” Ele balançou a cabeça, não sabendo o que dizer. “Eu só estou sob muita pressão no momento, com o showcase acontecendo amanhã. Mas isso não é desculpa. Eu sinto tanto, Magda. Tanto.”

A expressão de Magda era séria, dura, e Luhan podia ver que havia quebrado algo frágil entre eles.

Derrotado, ele disse, “Tire o resto do dia de folga. Eu acho que gostaria de ficar sozinho.”

“Sim, senhor,” Magda respondeu friamente, se virando e deixando o quarto sem olhar para trás.

Suspirando, ele desligou a televisão e se encolheu no canto do sofá.

Parecia que ele estava destinado a afastar todos de si.

Sua vida poderia ficar ainda pior?

~~

Isso poderia ser considerado perseguição?

Sehun achava que não. Ele estava em um lugar público, em um evento que também era aberto ao público. Não importava se ele tinha se envolvido com um dos participantes. Todos eram bem vindos, o pôster dizia. Ele era “todos”.

Ele ficou lá atrás, fora de vista, num lugar que caso Luhan olhasse para a plateia, ele não poderia ser facilmente visto. A plateia era surpreendentemente grande, especialmente considerando a hora do dia, então isso certamente o ajudou.

Sehun não estava exatamente se escondendo. Ele não tinha problema algum com Luhan saber que ele estava ali, mas pelo bem de Luhan, para não fazê-lo ficar nervoso no palco, ele pensou que seria melhor se manter fora de vista. Pelo menos até o final do show. Ele ainda não havia se decidido se deixaria Luhan saber que ele estivera lá. Ele queria que o mesmo tivesse o seu dia, que isso só lhe trouxesse coisas boas, memórias felizes e ele não tinha certeza da reação de Luhan ao vê-lo. Ele ficava triste ao pensar que Luhan poderia não querê-lo ali, mas a possibilidade de arruinar o dia de Luhan, algo pelo qual ele trabalhou tanto, o machucava mais.

O show tinha acabado de começar: Luhan ainda não estava no palco. Havia um grupo de crianças pequenas e totalmente adoráveis fazendo uma dança acrobática incrivelmente avançada. Sehun estremeceu só de olhar para os braços e pernas jovens dobrados e curvados. Melhor eles do que eu, pensou. Seu corpo certamente não tinha sido construído para esse tipo de flexibilidade.

Quando as crianças terminaram, ele aplaudiu com entusiasmo. Elas fizeram um bom trabalho e seus pequenos rostos brilharam de alegria com os aplausos entusiasmados.

Após os pequenos veio um grupo de pré adolescentes seguido por adolescentes. Ele rapidamente percebeu que a ordem era por idade, então ele aproveitou seu tempo, se divertindo com as danças que cada grupo apresentou. Quando os com mais de vinte, ou os profissionais, foram chamados para o palco, Sehun segurou a respiração. Fazia tempo que ele não via Luhan, mas o mais importante era que fazia tempo que ele não via Luhan em seu elemento, fazendo o que amava, o que lhe dava vida.

Alguém apareceu dando cambalhota no palco, imediatamente ganhando gritos e aplausos da ansiosa plateia.

Um por um os membros apareceram, parando em diferentes pontos no palco em algum tipo de formação abstrata até que finalmente, Luhan apareceu. Diferente dos outros, ele simplesmente andou, parando num ponto no centro, mas apesar da simplicidade de sua entrada, havia uma presença dominante sobre ele, um poder gracioso em sua marcha, um foco de aço em seus olhos. Não mencionando o fato de ele estar etéreo e parecer de outro mundo como sempre.

Sehun estava completamente hipnotizado.

Um barulho alto e explosivo soou pelos auto falantes e Sehun provavelmente teria estremecido ou tampado suas orelhas, se ele não estivesse tão focado em Luhan que mal ouviu um som. A música começou a soar pelo sistema de som, mas parecia vir de um lugar distante. Seus olhos, seus pensamentos, seu coração estava cheio de Luhan, o comendo. Ele seguiu as linhas do corpo alheio, a mudança em suas expressões, bebendo na alegria de seu rosto, na felicidade genuína que brilhava em seus olhos.

Luhan nunca esteve tão lindo.

Distraidamente, Sehun pegou o celular e tirou uma foto. Não havia uma intenção real por trás daquilo, não de primeira, mas antes que se desse conta ele se viu procurando seus contatos e enviando a foto. Ele então fez um vídeo curto, quase dez segundos da apresentação, antes de enviar isso também, incluindo o local do evento.

Se ele queria ficar com Luhan, ele precisava vê-lo, realmente vê-lo como ele era.

O evento estava marcado para durar mais ou menos quatro horas, esse era meramente o começo, a abertura para aumentar o apetite da audiência. Ele tinha tempo suficiente para chegar ali, se realmente quisesse.

~~

Jongin estava sentado em seu escritório, arrumando seus documentos.

Ele amava o seu trabalho, realmente amava, mas havia vezes em que ele se perguntava porque não tinha escolhido um campo mais fácil e menos exigente. Lidar com as finanças das pessoas, especialmente clientes ricos e mimados que esperavam que ele fizesse milagres, havia mais contras do que benefícios.

E ainda assim, ele amava o desafio: vivia por ele. Contudo, havia dias em que ele só queria dizer foda-se e ficar na cama, ou tirar férias em algum lugar. Os céus sabiam que ele estava exausto.

Uma pontada de remorso ressoou em seu peito. Ele não precisava ser lembrado de que mais uma vez quebrou uma promessa com seu parceiro. Com relação ao Luhan, o amor que ele sentia pelo mesmo só era desafiado pela culpa.

“O senhor Choi quer remarcar o encontro das 14h. Algo sobre sua esposa querer que ele a acompanhe para pegar algumas peças chinesas para uma festa que eles estão planejando.”

Jongin olhou para sua secretária, sua expressão incrédula. “Sério?”

Ga Eun deu de ombros. “Foi isso o que a secretária dele disse. Ela soou tão incrédula quanto você. Eu acho que esse tipo de coisa é bem comum.”

“Será que essas pessoas não se dão conta de como é difícil encaixar reuniões no meio das toneladas de bostas que eles me fazem fazer por eles? Para ter certeza de que eles continuem podendo comprar essas coisas chinesas idiotas?” Jongin lamentou.

Ga Eun concordou de maneira simpática. “Com certeza eles não se importam, Chefe.”

Se outra pessoa tivesse dito isso para ele, Jongin provavelmente a teria demitido na hora, mas Ga Eun era tão amiga quanto secretária. Eles começaram na empresa ao mesmo tempo, ele como um estagiário no andar superior e ela nas entregas. Apesar de suas educações e status sociais serem completamente diferentes, eles de alguma forma desenvolveram um relacionamento. O que cimentou sua amizade, contudo, foi o fato dela não ter dormido com ele. Na verdade ela o rejeitou. Oh sim, ele tentou no começo, mas ela o calou mais de uma vez, resumidamente colocando-o em seu lugar quando ela disse, de maneira fria, que ele não poderia pagá-la para ser fodida por ele. Ele admirava o seu jeito direto e o seu completo desprezo pelo fato de que ele provavelmente poderia tê-la demitido.

Eles são amigos desde então.

Ela era sua única amiga na verdade, ou na verdade a única que ele considerava como amiga. Ela era a única pessoa na empresa inteira que na realidade tinha uma ideia de que pessoa ele era, do que estava acontecendo em sua vida. Pelo menos, até certo ponto. Ele nunca teve coragem de falar tudo para ela, mas pelos olhares que ela lhe lançava às vezes, ele suspeitava de que ela sabia. Havia rumores, naturalmente, e eles não eram todos falsos. Ele considerou conversar com ela sobre Luhan quando as coisas estavam ruins, mas simplesmente não conseguiu. Ele não podia admitir o quanto estava ferrado, que ele tinha falhado.

Ele tinha muitos conhecidos no trabalho, pessoas com quem ele jantava em certas ocasiões, ia jogar golfe ou beber, mas havia sempre aquela competição entre eles que mantinha o relacionamento num nível prudente e impessoal. Não importava o quanto eles estavam longe do trabalho, eles ainda continuavam sendo rivais. Mostre um sinal de fraqueza e todos desceriam como abutres para cima dele. Ele, especialmente, tinha que ficar em guarda já que os chefes e alguns clientes da empresa mostravam favoritismo para com ele.

Eles não sabiam, nunca saberiam, o que esse favoritismo lhe custou.

Suspirando, ele pegou seu celular bem na hora em que uma mensagem chegou. Franzindo a testa, intrigado, ele abriu a mensagem, seu semblante ficando sério.

Outra mensagem chegou em seguida, dessa vez em seu LINE. Ele a abriu e viu que era um vídeo. Já tendo uma ideia do conteúdo do vídeo, ele apertou o play, assistindo sem expressão um Luhan que se movia por um palco, rosto brilhando de suor, olhos brilhando com alegria, um enorme sorriso em seu rosto.

Seu coração se apertou assim como uma raiva crescente o dominou.

Com quem você acha que está brincando, Oh Sehun?

Saindo do vídeo, ele se levantou, enfiando o celular no bolso enquanto pegava sua blusa e a colocava.

“Eu estou saindo,” ele anunciou entre dentes.

Ga Eun se levantou, olhos arregalados de surpresa e preocupação ao ver o comportamento de seu chefe.

“O que? Para onde você está indo? Você tem uma reunião às 11h com a senhora Lee.”

“Veja se você consegue remarcar essa reunião para às 14h no horário que o senhor Choi bondosamente deixou vago. Diga que houve alguns problemas com o arquivo dela e eu quero arrumá-lo antes que ela venha.”

“Senhor Kim… Jongin!”

Jongin parou com sua mão na maçaneta, olhando para ela por cima do ombro.

“Eu volto lá pelas 13h.”

Ele abriu a porta e saiu, deixando uma Ga Eun confusa e levemente assustada para trás.

~~

Quando Jongin chegou ao endereço que Sehun lhe enviou, a Dance Expo, como estava intitulada no banner de entrada, o evento estava no intervalo.

Ele ficou na parte de trás, observando as pessoas que circulavam, visitando algumas barracas que estavam distribuídas perto de uma grande sala ou conversando com pessoas vestidas com roupas que combinavam. Os dançarinos, ele presumia.

Eventualmente, ele viu Luhan. Ele estava sentado na beirada do palco, conversando com uma dupla de crianças. Havia um garoto tentando subir em suas costas e ombros e ele segurava as mãos de uma garotinha, balançando-a para frente e para trás enquanto ela ria de forma fofa. O sorriso no rosto de Luhan fazia com que suas bochechas ficassem completamente para cima, seus dentes brancos e brilhantes a mostra para o mundo ver.

Jongin nunca o havia visto sorrir daquele jeito, nunca o tinha visto tão confortável.

Aquela cena agitou sentimentos dentro dele, um anseio que ele nunca percebeu antes. Ele nunca considerou ter uma família com Luhan, mas de repente ele conseguia imaginar isso, acordando todos os dias para isso. Um pequeno sorriso curvou seus lábios mesmo com uma tristeza apertando seu coração.

Ele olhou para os seus arredores, procurando por outro rosto familiar. Ele ainda estava procurando, sem sucesso, quando o evento recomeçou.

O grupo de Luhan foi o primeiro. Eles começaram se apresentando: a apresentação de Luhan sendo a mais curta e envergonhada do grupo. As moças na plateia se animaram, dizendo o quanto ele era fofo, o que fez Jongin rir. O grupo falou sobre o evento, quanto tempo se prepararam para isso e qual era seu objetivo. É claro que Jongin não sabia de nada disso; mostrar esse evento era exatamente a intenção daquele que o convidou, ele assumiu.

Após sua conversa de abertura, eles apresentaram um pop jovial e engraçado, o qual Jongin assistiu com uma seriedade severa, olhos focados em Luhan conforme o mesmo se movia habilidosamente pelo palco. Qualquer pessoa que olhasse para ele acharia que ele não estava se divertindo. Sua expressão não dava pistas de seu tumulto interno, das emoções que o devastavam.

Quando a apresentação acabou, ele foi embora. Já tinha visto o suficiente.

Pegando seu celular, ele digitou um texto rápido, apertando com força o botão de enviar.

Ele tinha um assunto pendente, e o resolveria de uma vez por todas.

~~

Quando a mensagem chegou, Sehun não sabia o que esperar.

De fato, ele não tinha certeza do que poderia acontecer.

Ele tinha visto Jongin no final do salão, o viu do outro lado enquanto o mesmo olhava Luhan dançando. Sua expressão tinha sido indecifrável, o que deixou Sehun confuso, e no minuto em que a apresentação acabou, ele foi embora. Ele devia ter se tocado. Ao mandar a foto e o vídeo, ele metaforicamente desafiou Jongin e Jongin nunca foi pessoa de fugir de um desafio.

Você sabe onde. Eu estou esperando.

Ele certamente não mediu palavras.

Ao caminhar para o bar do restaurante no familiar hotel, esperando que essa fosse a última vez ali para tratar desse assunto, Sehun não deixou de sorrir para si mesmo.

Esse confronto era algo esperado. Jongin ter lhe metido um soco tinha sido somente um aperitivo. O prato principal, o qual os levou até ali, já tinha sido adiado por muito tempo.

Ele o encontrou sentado num banquinho no final do bar, tomando alguma bebida cor de cobre, uma expressão intensamente pensativa no rosto. Ele caminhou até lá, parando ao lado do banquinho oposto.

“Oi, Jongin.”

Jongin o encarou, sua expressão ficando séria no momento em que seus olhos se fixaram no rosto de Sehun.

“Eu não tinha certeza se você viria,” ele disse calmamente, apesar de calma ser a última coisa que ele estava sentindo. Verdade seja dita, ele tinha que controlar a vontade de arrancar a expressão bajuladora do rosto de Sehun com o punho.

“Quando eu recusei algum convite seu?” Sehun perguntou suavemente. “Especialmente quando o convite foi tão… sucinto.”

“Basta,” Jongin disse bruscamente. “Vamos acabar com isso.”

“Como quiser,” Sehun concordou graciosamente, sentando-se no banco vazio a frente de Jongin.

“O que foi isso de mais cedo? Você estava tentando ostentar o fato de que sabia algo que eu não sabia?”

Sehun balançou a cabeça. “Não, longe disso. Eu só imaginei que se você quer ficar com ele, se você está realmente sério sobre isso como alega estar, como ele acha que você está, então você deveria vê-lo. Realmente vê-lo como ele é, o que ele é capaz de fazer, no que ele está interessado. O fato de você não saber disso, bem…” Sehun pausou para um efeito dramático. “Isso diz mais sobre o relacionamento que vocês tem do que eu poderia dizer.”

Jongin riu melancolicamente. “Oh, e eu acho que você pensa que conhece ele melhor do que eu.”

“O suficiente para saber o que está acontecendo na vida dele, ou o fato dele ter uma vida,” Sehun retorquiu. “Ele pode não estar mais trabalhando para mim – e isso é uma vergonha, porque ele era realmente bom nesse trabalho, tanto trabalhando comigo quanto com outra pessoa – mas a vida dele não gira em torno de você. Talvez girasse, mas foi isso o que nos fez estar nessa bagunça para começo de conversa.”

Você nos colocou nessa bagunça,” Jongin se exaltou, inclinando-se sobre a mesa. “Você apenas não conseguiu deixá-lo sozinho, conseguiu? Você não conseguia suportar a ideia de que ele era meu.”

Sehun riu incrédulo, balançando a cabeça. “Você está se ouvindo? Ele não é seu. Ele não é, não pode, pertencer a você. Ele é uma pessoa, não uma droga de pintura na sua galeria.” A expressão de Sehun ficou séria ao se inclinar também, fazendo com que a distância entre os dois ficasse menor. “Deixe-me lhe dizer algumas verdades, Kim Jongin. Sim, no momento em que eu vi o Luhan eu o quis. Ele foi a criatura mais bonita que eu já vi e algo dentro de mim me estimulou a fazê-lo meu. Mas não foi por isso que eu pedi para ele trabalhar comigo. Você sabe por que eu fiz isso?”

Sem surpresa alguma, Jongin não respondeu. A raiva que se apossou de seu interior fazendo-o se manter com a boca fechada.

“Ele parecia triste. Eu nunca tinha visto alguém parecer tão perdido e totalmente sem esperanças em toda a minha vida. Eu pensei comigo mesmo ‘Como o hyung não pode ver o quanto ele está infeliz? É tão óbvio para mim.’ Com o passar do tempo, a razão da sua ignorância se tornou óbvia. Luhan simplesmente não era tão importante quanto o seu trabalho. Você não conseguia ver, porque não se importava.”

“Isso não é verdade!” Jongin jurou.

“Oh verdade?” Sehun perguntou secamente, erguendo uma sobrancelha. “Você veio conversar comigo duas vezes e por duas vezes eu coloquei os meus sentimentos de lado e te disse exatamente o que você tinha que fazer para as coisas darem certo. Era tão simples. Tudo o que ele sempre quis de você era você, seu tempo, seu amor, mas essas eram coisas que você não poderia dar a ele, porque todo o resto era mais importante para você do que ele. Você diz que eu quis ele, porque ele era seu? Pfft!” Sehun zombou. “Não se ache muito. Não importa o quanto ele me atraiu, se ele não tivesse uma alma bonita para acompanhar sua aparência, ele não teria minha atenção. Eu nunca admirei você por suas coisas ou seus contatos. Esse não foi o motivo de termos sido amigos antigamente? Porque eu era uma das poucas crianças na escola que não gostava de você pelo que você poderia me dar, mas simplesmente por quem você era? É o mesmo com ele. Ele é tão legal e doce e bondoso, cheio de ideias. Após estar longe de casa por tanto tempo e encontrar tantas pessoas que só estavam interessadas em se associarem comigo por eu ser uma celebridade, foi refrescante encontrar alguém que não conhece ou se importa com essas coisas, alguém que é verdadeiramente verdadeiro. Você tinha isso. Você tinha isso e jogou fora.”

Jongin voltou a se sentar, engolindo o conteúdo de seu copo de uma vez só. As palavras de Sehun o atingiram em cheio. Ambos sabiam disso, mesmo ele não gostando do fato. Ele não podia negar nada do que Sehun estava dizendo até o momento.

Sehun também voltou a se sentar, respirando fundo enquanto tentava se acalmar. Ele foi até lá para falar tudo o que estava mantendo dentro de seu peito por todos esses meses, mas não com a intenção de fazer disso algo doloroso para Jongin. Apesar do que Jongin pensava dele, ele não era rancoroso, mesmo se a raiva e a dor da rejeição de Luhan estivessem permeando suas palavras.

“Apesar de eu ter tido sentimentos por ele desde o começo, eu nunca fiz nada a respeito disso,” ele continuou. “Eu prometi a mim mesmo desde o início que eu nunca ultrapassaria esse limite; eu nunca tentaria possui-lo sabendo que ele já era de outro. Eu não escondi meus sentimentos e talvez fiquei ao redor dele de maneira sorrateira, mas nunca agi. Ele tinha que vir até mim de livre e espontânea vontade e no final das contas ele veio. Tudo o que aconteceu entre nós, ele começou. Não houve nenhum tipo de sedução. Eu não o enfeiticei; ele não perdeu temporariamente a cabeça. O que aconteceu entre nós foi o resultado de meses entre duas pessoas se conhecendo, se tornando íntimas, desenvolvendo um laço que nenhum de nós dois esperava.” Sehun pausou, olhando para a mesa por um momento antes de voltar a encarar o olhar sério de Jongin. “Eu não estou dizendo essas coisas para te machucar. Eu só quero que você saiba o que aconteceu. Eu só posso imaginar o quão obscuro e indecente você deve achar de tudo isso, mas não foi nada assim. Isso nunca foi sobre sexo. Você não sabe pelo que eu passei, amando-o do jeito que eu o amei, amo, e mesmo assim tendo que dizer adeus a ele todo final de dia, sabendo que ele iria para casa para ficar com você, não sabendo o que poderia acontecer quando você chegasse em casa; se seria um dos seus dias bons ou um dos maus. Quando eu pedi a ele para trabalhar para mim, eu queria ajudá-lo a se tornar independente. Eu acho, que olhando por esse lado, você pode dizer que eu quis tirá-lo de você, mas não para mim mesmo. Ele estava miserável e eu queria lhe dar os meios de se libertar de você caso ele escolhesse isso. Eu nunca disse a ele para te largar, certamente nunca me ofereci como substituto. Eu não queria isso. Se ele se apaixonou por mim, foi porque ele me quis, não porque eu era uma opção melhor. Isso nunca foi uma competição. Nunca haverá um vencedor.”

“Ele me escolheu no final,” Jongin disse, voz ligeiramente rouca.

Sehun concordou. “Ele escolheu. Meus parabéns. Isso te fez se sentir melhor?”

Jongin não soube como responder aquilo e ele suspeitava que Sehun não esperava exatamente uma resposta.

“E você e eu, ambos sabemos que isso não significa que ele não se importa comigo. Na verdade, ele tem que se importar, não tem, já que se envolveu comigo em primeiro lugar.”

De novo, Jongin não podia negar nada do que Sehun havia dito e ele realmente se aborreceu ao ter que admitir, pelo menos para si mesmo, que Sehun estava certo.

“Tudo o que eu queria era fazê-lo feliz,” Sehun disse suavemente. “E eu fiz. Eu sei que fiz. Eu não sei porque ele te escolheu, ele tem suas razões, mas quando nós estávamos junto, ele era feliz. Ele acha que está fazendo a coisa ‘certa’, mas o que é a coisa certa e isso é o certo para ele? É isso o que ele precisa perguntar a si mesmo.” Sehun inclinou a cabeça para o lado. “É isso o que você precisa perguntar a si mesmo.”

Os lábios de Jongin se estreitaram. “O que você está querendo dizer?”

“Por todo esse tempo, Luhan colocou você em primeiro lugar. Ele passou por cima das suas besteiras e esperou que um dia você o amasse de volta.”

“Eu o amo,” Jongin insistiu.

“Eu sei disso. Essa é a única razão para eu ter ajudado você naquelas duas vezes, a única razão por eu ter me segurado. Se por um momento eu sentisse que você não estava sendo sincero, eu teria jogado imediatamente a nossa amizade fora. Ao invés disso, eu te dei o benefício da dúvida. Eu desejei que você abrisse os seus olhos e se desse conta do quão abençoado você era. Mas… você não se importou. Você o traiu, o machucou, você o afastou, de novo e de novo. Então quando ele veio até mim…” Sehun deu de ombros. “Eu te dei todas as chances para você mostrar que o merecia. Eu não estou tentando ser baixo aqui, mas eu não tinha muito como te ajudar se você mesmo não se ajudava.”

“Você poderia ter sido direto e me dito, de homem para homem, que você estava interessado no meu namorado,” Jongin esbravejou, sua raiva mal contida permeando cada palavra sua.

“Pra você se afastar de mim e bater nele novamente? Fazê-lo se sentir mal por querer algo a mais, algo melhor para si mesmo?”

“Eu nunca…”

“O que? Nunca bateu nele?” Sehun desafiou. “Não vamos nos iludir, amigo.”

Os olhos de Jongin se estreitaram. “Você sempre foi sarcástico assim?”

Sehun deu de ombros. “Você usa seus punhos, eu uso minhas palavras. Irônico, não é, considerando que eu sou a pessoa que usa as mãos para trabalhar.”

Jongin cerrou os dentes. “Terminamos aqui?”

Sehun deu de ombros novamente. “Eu não sei. Diga você.”

“Eu acho que já tive o suficiente de suas afirmações sábias. Sua cara está começando a me deixar enjoado.”

Sehun concordou. “Ok então.” Ele pausou. “Se você não se importar, há mais uma coisa que eu quero dizer.”

Jongin contou até dez, rezando por paciência, antes de dar um curto aceno de sim à Sehun para que o mesmo continuasse.

“Há um provérbio que diz que se você quer saber se algo é realmente seu, deixe-o ir. Se ele voltar, então sempre foi seu e sempre continuará sendo. Se não voltar, nunca foi seu pra começo de conversa.”

“Então você está dizendo que eu devo deixá-lo ir até você?” Jongin perguntou sarcasticamente.

“Como você saberá se você nunca deixá-lo ir?” A expressão de Sehun ficou gentil. “Ele me ama: eu sei que me ama, mesmo ele nunca tendo dito isso. Ele nunca diz nada. Todo dia eu queria que ele só abrisse a boca e me deixasse saber o que se passava na cabeça dele, sendo algo bom ou ruim. Eu não sei como isso não te enlouquece.”

Enlouquecia, mais do que Sehun jamais saberia. Jongin também desejava que Luhan apenas lhe desse uma dica de que eles realmente estavam bem, que eles estavam juntos, trabalhando para um futuro juntos. Mas Sehun seria a última pessoa para o qual ele admitiria isso. Isso só confirmaria quaisquer suspeitas que Sehun já tivesse sobre a situação de seu relacionamento e ele morreria antes de lhe dar essa satisfação.

“Ele nunca te deixará por conta própria, nós dois sabemos disso, mas isso não significa que ele está onde quer estar. Se você deixá-lo ir e ele escolher vir até mim por livre e espontânea vontade, então…” Sehun não continuou, deixando o resto não dito.

Jongin o observou por um minuto e Sehun podia ver o tumulto em seu semblante, sabendo que tinha tido sorte de Jongin não tê-lo jogado contra o chão no segundo que o encarou.

Finalmente, alcançando um ponto em que poderia usar sua voz novamente, Jongin disse, “Você pode ir agora.”

Assentindo para si mesmo, Sehun se levantou.

Ele começou a se virar, mas ao se lembrar de algo, voltou num ímpeto.

“Eu não me arrependo de amá-lo e eu nunca voltaria atrás em nada do que aconteceu entre nós, mas… eu me arrependo de machucar você. Isso nunca foi minha intenção. Acredite você ou não, essa é a verdade. Agora eu sei que nunca teve uma maneira disso não acontecer, traição ainda é traição e eu perdi um amigo no processo… Me desculpe, hyung.”

Jongin o viu ir embora, engolindo a raiva e o ódio que ameaçava engasgá-lo.

Ele não sabia o que era pior: o fato de que Sehun teve a audácia de se desculpar ou o fato de que ele acreditava em Sehun.

Be Loved – Capítulo 28b

Bom dia pessoal! Trazendo o capítulo 28b de Be Loved.

Nesse cap, uma personagem nova aparece. Quem será?? jdsjhfhfgd Boa leitura xD

 

~~Fic original escrita por Vampyreunnie
~~Link: http://www.asianfanfics.com/story/view/211951/be-loved-iwtmyfb-kpop-exo-luhan-sehun-hunhan-selukai

 

Capítulo 28b

 

Sehun estava sentado na frente de seu cavalete, olhando sem expressão para a tela.

Ou talvez sua tela o estivesse olhando agora, se perguntando o porquê de ainda estar em branco.

Estava sendo assim todo dia por semanas. Ele acordaria, dizendo a si mesmo que hoje seria o dia em que finalmente terminaria uma das pinturas faltantes que havia sido encomendada pelo resort, mas todo dia ele sentaria ali, olhando para a tela, o pincel meio frouxo em seus dedos, a mente a quilômetros de distância.

O único momento em que ele era capaz de fazer qualquer trabalho era quando se permitia pensar em Luhan. Seu estúdio no segundo andar estava lotado de novos retratos e esboços, cenas as quais ele sonhou ou memórias que ele resgatou e não resistiu em colocar no papel ou na tela. Com isso ele não tinha problemas.

Suspirando, ele abaixou o pincel e se levantou, movendo seus ombros e estralando seu pescoço. Um olhar rápido no relógio em cima da mesa revelou que já era 18h.

“Droga”, ele xingou.

Ele se atrasaria se não se vestisse e fosse para a estrada logo.

Enquanto tomava banho, ele ponderou se o que estava prestes a fazer poderia ser considerado perseguição.

Tecnicamente, ele foi convidado para a festa. Claro que ele só aceitou o convite quando descobriu que a empresa de Jongin havia sido confirmada como convidada e já que Jongin era a cara da empresa, ele sentiu que as chances de Luhan estar lá seriam bastante altas.

Ele só queria vê-lo, disse para si mesmo. Uma vez que visse que Luhan estava bem com seus próprios olhos, ele se sentiria melhor.

Não tinha sido tão ruim um mês atrás, a dor, a perda, a solidão, mas um mês atrás eles ainda estavam em contato. Seus e-mails tinham sido um mero fragmento do que eles uma vez compartilharam, mas era melhor do que nada dadas as circunstâncias. Mas então, duas semanas atrás, seus e-mails começaram a voltar. De primeira ele pensou que fosse um erro, algum problema no servidor, mas quando aconteceu de novo e de novo e de novo, ele se forçou a aceitar a única possibilidade restante: Luhan o tinha bloqueado.

Ele ficou um pouco louco então, entrou em pânico, se contorcendo de medo de que Luhan realmente tivesse decidido honrar sua escolha cortando-o de sua vida para sempre. Não ver Luhan todo dia era uma coisa, mas não saber nada dele… era inconcebível. Ele não podia viver sem Luhan, simplesmente não podia.

Eventualmente ele se acalmou e pensou que Luhan não teria feito isso a menos que se sentisse na obrigação de fazer. Ele não sabia o que estava acontecendo naquela casa, não tinha maneira de saber se Jongin estava cumprindo com sua palavra, mas isso não importava. Sehun tinha prometido que sempre respeitaria as escolhas de Luhan e essa, infelizmente, era uma delas. Ele ainda não havia desistido de Luhan, nem pensava em tal coisa, mas estava dando tempo e espaço ao mesmo… já que Luhan parecia sentir que precisava disso. Esse com certeza não era o fim deles. Sehun verdadeiramente acreditava nisso.

Contudo, ele não era estúpido ao ponto de acreditar que quando Luhan o visse essa noite, correria aos seus braços. Luhan estava numa posição difícil e ele entendia isso, aceitava que o mesmo tinha tomado a decisão que pensou ser a correta. Entretanto, ele ainda tinha esperanças de que Luhan eventualmente viesse a se dar conta de que o que era certo não era necessariamente certo para ele e se ver Sehun agilizasse esse processo, bem… ele não era mais nada do que um esperançoso.

A viagem até a cidade foi melancólica. Ele na verdade estava orgulhoso de si mesmo por permanecer calmo e contido. Quando ele conversasse com Luhan – e ele tinha certeza de que seria um quando, não um se – ele tinha que projetar a mesma calma. Se ele mostrasse como realmente se sentia, como se fosse um homem prestes a morrer e Luhan a última gota de água na Terra, ele o assustaria e isso era a última coisa que queria. Ele sempre mantinha em sua mente que queria que Luhan viesse até ele por si só e fez o seu melhor não tentando influenciá-lo com a profundidade de seus sentimentos. Ele não queria ser uma obrigação como Jongin era para Luhan, não queria que Luhan sentisse como se devesse a ele devido a sua gentileza. Tinha que ser por livre e espontânea vontade ou ele não queria nada.

Ou foi isso que disse a si mesmo.

Havia dias, contudo, quando ele se sentia tão desesperado que entendia o porquê de Jongin querer Luhan de qualquer maneira que pudesse ter, porque era melhor tê-lo, de qualquer jeito, do que viver sem ele.

O evento, quando ele chegou, era como qualquer outro. Tinha muita vaidade, ostentação, puxa-saquismo e egocentrismo. Sehun estava tão grato por não ser obrigado a ser legal com essas pessoas, embora ele nunca tenha sido propositadamente rude e se ele foi seco às vezes, bem… era uma desculpa fácil do seu temperamento artístico.

Em sua vontade de ver Luhan, ele acidentalmente chegou cedo, o que significava que ele tinha que aguentar a monotonia dos ricos e pretensiosos por mais tempo do que gostaria. Conforme o tempo passava, meia hora se tornando uma hora, ele começou a temer que tivesse se enganado e Jongin e Luhan não fossem à festa. Finalmente, por volta das 21h15, eles apareceram. Seus olhos se focaram em Luhan, imediatamente procurando por sinais de cansaço ou doença, uma pista de que algo estaria errado. Graças a Deus, e de certa maneira meio decepcionante, ele parecia estar bem, sorrindo para Jongin e rindo para qualquer assunto que seus conhecidos estavam falando. Ele parecia, para todos os intentos e propósitos, feliz.

Sehun não sabia o que pensar sobre isso. Por um lado, ele estava alegre por Luhan estar ok, pelo menos por fora, mas por outro lado doía. Ele estava miserável sem ele e ainda assim Luhan parecia perfeitamente bem. Ele sabia que as aparências enganavam e que Luhan nunca foi uma pessoa de mostrar suas emoções, mas ainda doía vê-lo daquele jeito tão lindo e atraente com outra pessoa.

Durante toda a noite, Sehun manteve sua distância. Ele não duvidava de que Jongin soubesse que ele estava lá e embora ele estivesse tentado em cumprimentá-lo e fazer uso de jogo baixo, ele não queria causar uma cena, e mais importante, não queria envergonhar Luhan ou colocá-lo numa situação constrangedora. Ao invés disso, ele esperou sua vez, torcendo para o melhor momento em que poderia se aproximar de Luhan, o qual finalmente aconteceu uma hora depois.

Ele olhou, com olhos de águia, quando Luhan saiu da sala e foi em direção ao corredor que levava até o banheiro; esperou mais um minuto ou dois antes de seguir naquela direção.

Ao se aproximar do banheiro, seu coração começou a pular em seu peito, seu estômago se revirando em um aviso para ele voltar. Apesar disso, ele não podia. Ele esperou tanto por esse momento.

Ele pausou, respirou fundo, então girou a maçaneta.

 

Era um dèjá vu e ainda sim… não era.

Ele não estava de todo surpreso quando ouviu a porta se abrir atrás dele. Não estava surpreso em olhar para o espelho e ver Sehun parado atrás dele. No minuto em que ele percebeu que Sehun estava lá, ele sabia que era somente questão de tempo. Talvez tenha sido por isso que ele saiu de perto de Jongin, mais uma vez enquanto o mesmo estava preocupado com os negócios, para ir ao banheiro. Só pra terminar com isso de uma vez ao invés de ficar atormentado pelo resto da noite.

“Sehun-ah,” ele disse suavemente, virando-se para encará-lo.

“Oi, Hannie,” Sehun respondeu naquela sua voz rica e bonita.

Eles ficaram parados ali por um momento apenas olhando um para o outro, abastecendo-se antes de se resolverem.

“Você parece bem,” Sehun observou. Luhan não perdeu o quase tom acusatório em sua voz.

“Você já pareceu bem melhor,” ele respondeu com um pequeno sorriso. Sehun estava atraente e charmoso como sempre, Luhan não achava que ele estaria de outra maneira, mas a tensão estava lá, envolta de seus olhos, nos cantos de sua boca. “Você parece cansado.”

“O sono e eu estamos em fase de divórcio,” Sehun brincou.

Luhan sorriu como esperado, mas as palavras o abateram, sabendo que ele era o único a ser culpado pelo atual estado de Sehun.

Um silêncio desconfortável recaiu sobre eles, nenhum dos dois querendo quebrá-lo, mas ambos sabendo que isso não duraria para sempre.

“O que você está fazendo aqui, Sehun?” Luhan finalmente perguntou de modo cauteloso.

“Por que você sempre pergunta o óbvio?” Sehun retorquiu, um triste sorriso em seus lábios.

“Não faça isso consigo mesmo.”

“Como não? Você não responde meus telefonemas, você bloqueou meus e-mails…”

“Foi a coisa certa a se fazer,” Luhan argumentou.

“Que se foda a coisa certa!” Sehun exclamou. “Por que não fazer apenas uma vez o que te faz feliz?”

“Por que você acha que eu não estou feliz?”

“Você está Luhan? Você está feliz?” Sehun riu sem alegria. “Você não saberia o que é a felicidade se ela desse um tapa na sua cara e dissesse, ‘Aqui estou eu, deixe-me abraçá-lo.’”

“Isso não é verdade,” Luhan negou, balançando a cabeça. Sehun sempre teve jeito com as palavras, mas droga, dessa vez elas magoaram.

“É sim e nós dois sabemos. Você está tão preso em fazer o que é certo para os outros que nunca faz o que é certo pra você.”

“E o que é o certo para você?” Luhan perguntou asperamente. “Eu devo deixar o Jongin e ir até você porque você quer? Porque isso te faria feliz?”

Sehun se remexeu, colocando as mãos nos bolsos. “Não,” ele simplesmente disse, e apesar de sua raiva crescente, Luhan sabia que ele falava a verdade. “Eu quero o que eu sempre quis: que você seja feliz. Sendo comigo, com você mesmo ou outra pessoa, eu não me importo. Mas eu sei que você não será feliz com ele. Você sabe disso, eu sei disso, até ele sabe disso.”

Luhan não tinha nada a dizer contra isso. O que honestamente ele poderia dizer?

Abaixando suas mãos, Sehun deu alguns passos para frente. “Se eu acho que te faço feliz? Sim, eu acredito que sim,” ele respondeu sinceramente. “Minha ideia de felicidade não é dar a você o que de melhor o dinheiro pode comprar. É dar o melhor de mim; te ajudando a alcançar quaisquer que sejam os seus sonhos. Você já disse a ele sobre a dança?”

Luhan balançou a cabeça, incapaz de negar uma resposta.

“Ele nem sabe o que você quer fazer da sua vida, ainda assim estar com ele é a coisa certa? Hannie…” Sehun segurou em seu rosto, seus polegares como plumas acariciando suas bochechas. “Por que você está fazendo isso consigo mesmo?”

Luhan abriu a boca, mas só um suspiro pesado saiu. Ele não tinha palavras, nada pra justificar uma resposta.

Ele colocou suas mãos sobre as de Sehun, permitindo brevemente que seus dedos se entrelaçassem aos alheios antes de segurá-los e gentilmente afastá-los de si.

“Eu tenho que voltar.”

“Luhan…”

“Não!” ele gritou, sentindo que se ele não saísse rápido de lá se afogaria em seus próprios sentimentos. “Basta, Sehun. Isso foi o suficiente.”

“Nunca será suficiente,” Sehun sussurrou. “Não para mim. Não para nós.”

Toda a raiva e fúria se esvaíram de Luhan ao ouvir o sofrimento na voz de Sehun. Ele fez isso. Parabéns, Luhan.

“Um minuto,” Sehun suplicou.

Luhan imediatamente começou a balançar a cabeça, se lembrando do que aconteceu da última vez. “Sehun…”

“Por favor. Eu prometo não fazer nada que você não queira.”

Luhan fez um tsc com a boca, suas bochechas ficando vermelhas conforme ele balançava a cabeça incrédulo. Sehun sabia, ambos sabiam, que essa era uma afirmação cheia de significado e que Luhan não seria hipócrita em negá-la.

“Ok, eu prometo não fazer nada. Ponto final,” Sehun acrescentou rapidamente. “Só… por favor. Um minuto.”

“Sehun-ah…”

Por favor, Luhan.” A agonia na voz de Sehun era quase insuportável, o coração de Luhan sentindo que poderia explodir a qualquer minuto. “Eu preciso disso. Eu preciso de você.”

Luhan fechou os olhos por um momento, tentando respirar profundamente para tentar acalmar seu coração.

Isso não vai acabar bem, para nenhum dos dois. Talvez nunca seja possível. Mas eles sabiam disso, não sabiam? Alguém sempre irá se machucar. Ele só odiava, com toda sua força, que quem se machucaria era justamente Sehun.

“Ok,” ele sussurrou, abrindo seus olhos para encontrar o olhar torturado de Sehun. “Um minuto.”

O tempo parou, ou assim pareceu. Seus movimentos, enquanto eles se aproximavam, se moviam um para o outro, pareciam meros vagarosos movimentos, como se nenhum deles realmente quisesse que aquele minuto começasse, porque quanto mais cedo começasse, mais cedo terminaria.

Quando finalmente eles ficaram próximos, os braços de Sehun envolta de sua cintura, os seus envolta da cintura de Sehun, Luhan repousou sua cabeça no ombro de Sehun e fechou os olhos, o respirando, gravando cada segundo na memória.

Foi agridoce, mais amargo que doce, obviamente, já que definitivamente seria a última vez deles, mas Luhan tinha que admitir que ele precisava disso tanto quanto Sehun. Mais, talvez, porque fazer a coisa certa era difícil e ele se sentia mais vazio e sozinho a cada dia que passava. Jongin realmente estava tentando e ele apreciava o esforço, ele verdadeiramente apreciava, mas Sehun era como um fantasma assombrando seus sonhos, seus pensamentos, cada minuto que passava. Às vezes ele sentia como se fosse enlouquecer, os sentimentos de conflito e confusão ameaçando parti-lo em pedaços.

Mas o que tinha sido feito, estava feito, então com isso em mente ele permitiu que seus braços apertassem com mais firmeza o corpo de Sehun por um breve momento, saboreando a sensação de estar ali, antes de afrouxar o aperto. Ele não se afastou, não faria isso com Sehun, mas o fato dele ter parado de abraçar o outro deve ter dado seu recado. O minuto acabou.

Sehun se afastou, mas não o soltou, seus olhos buscando freneticamente por algo no rosto de Luhan, por alguma coisa, algum sinal, uma abertura ou dica, Luhan assumiu, que Luhan não queria aquilo. Que aquele não era o fim para os dois.

Ele soube o minuto que Sehun encontrou o que procurava. Seus olhos mudaram, a paixão e a esperança flamejando nas suas profundezas. Luhan não sabia o que Sehun havia visto, tentou tanto ter certeza de que não mostraria nada em seu olhar, mas o que quer que tenha sido, deu o empurrão que Sehun precisava para o mesmo inclinar a cabeça na sua direção, olhos fixos em seus lábios.

Antes que ele pudesse beijá-lo, contudo, Luhan segurou o rosto de Sehun parando seu movimento. Ele permitiu que seu polegar tocasse gentilmente a curva do lábio inferior de Sehun, a pele macia e delicada fazia com que arrepios se espalhassem pelo seu braço.

Ele sabia o que Sehun estava pensando, não precisava ser um gênio. Ele sentia muito por ter que desapontá-lo.

Inclinando-se, ele beijou suavemente a bochecha de Sehun, próximo do canto de sua boca, antes de se afastar, para fora dos braços do mesmo.

“Adeus, Sehun-ah,” ele disse de mansinho, olhando uma última vez para o rosto ferido de Sehun antes de andar rapidamente até a porta, indo embora.

“Luhan, não faça isso,” Sehun o chamou. “Luhan!”

Como ele encontrou a vontade de continuar andando, ele nunca saberia, porque a dor na voz de Sehun quase o fez cair de joelhos no chão, mas ele continuou, forçou seus pés a se moverem, até estar longe e de volta ao saguão da festa.

Ele ficou parado quieto num canto por um momento, olhos fechados tentando se acalmar. Ele não podia voltar ao lado de Jongin naquele estado, suas emoções estavam puras e óbvias em seu rosto, ele sabia.

Quando ele sentiu que já estava melhor, ele encontrou um garçom, pegou uma taça de champanhe e voltou para seu parceiro.

“Ei, para onde você foi?” Jongin falou com um sorriso.

“Banheiro,” Luhan respondeu, não vendo razão em mentir.

A expressão de Jongin ficou levemente triste, seu sorriso diminuindo, e de novo Luhan se perguntou se Jongin sabia exatamente o que tinha acontecido no banheiro da última vez, e se o mesmo se perguntava se aquilo havia se repetido novamente.

“Você está bem?” Jongin perguntou de forma preocupada.

A culpa o atingiu, embora ele soubesse que não tinha razão para se sentir culpado dessa vez. O fato era que Jongin, indiretamente, estava perguntando se ele havia visto Sehun, se algo havia acontecido entre os dois, o fato dele ter que perguntar isso, fazia com que Luhan se sentisse o pior dos piores.

Inclinando-se, Luhan beijou a bochecha de Jongin, sorrindo. “Estou bem.”

 

Três semanas depois…

 

Sehun jogou um pouco de água na cara, passando as mãos pelo pescoço e ombros para amenizar sua pele quente.

O clube estava quente, muitos corpos num espaço muito pequeno.

E isso era exatamente o que ele precisava. O barulho, a falta de espaço pessoal. Era a distração perfeita após semanas de auto piedade em que ele se permitiu ficar. Essa saída noturna era sua primeira tentativa de sair para fora de sua dor.

Se endireitando, ele deslizou seus dedos molhados pelo cabelo antes de pegar um papel toalha e secar seu rosto e mãos.

“Quer um?”

Sehun olhou na direção da voz, sorrindo e balançando a cabeça em um ‘não’ ao comprimido pequeno e branco na palma da mão do cara atraente parado ao seu lado.

O cara sorriu de volta e deu de ombros antes de se virar e olhar para o próprio reflexo no espelho.

Sehun não julgava aqueles que curtiam drogas em festas, mesmo não sendo sua praia. Ele não se importava com uma maconha ocasional, experimentou um pouco lá em Nova York quando morava com o seu ex namorado músico – ele tinha um excelente fornecedor; só do melhor para acordar sua criatividade. O melhor sexo que eles tiveram foi enquanto estavam drogados. Seu ex não parou de usar, entretanto, e Sehun nunca julgou isso, só pedia para ele não manter essas coisas no apartamento que compartilhavam.

Afastando-se da pia, ele jogou o papel amassado na lixeira antes de sair. O primeiro lugar para o qual ele se dirigiu foi o bar – ele estava muito sóbrio considerando que já estava lá por uma hora – e depois voltaria para a pista de dança.

Na hora em que voltou para o meio do povo, ele ficou um pouco tonto. Ele não tentou se mover pela multidão, apenas se deixou levar. Ele acabou parando no meio da pista de dança, balançando – ou sendo forçado a balançar com o empurra-empurra dos dançarinos ao seu redor – com o ritmo da música. A trilha sonora do DJ era muito boa. Era por isso que ele estava ali afinal. Essas raves não aconteciam muito, mas quando aconteciam, elas não deviam ser perdidas.

Então, sua música tocou e ele vibrou com a multidão, fechando seus olhos e se perdendo na batida enquanto gritava a letra.

“Você foi embora e eu tenho que ficar bêbado (drogado) o tempo todo para te manter longe dos meus pensamentos…”

A primeira vez em que ele ouviu essa canção, ele literalmente congelou. A batida era doentia, mas a letra era uma tradução de seus sentimentos. Naquele momento, o seu trabalho era a sua ‘droga’, a única coisa que ele tinha para fazer com a falta de Luhan em sua vida. Mas já que sentir falta de Luhan começou a afetar o seu trabalho, ele ficou a deriva. Ele não tinha nada para fazer, nenhum lugar para ir, que permitiria a si um minuto de paz, de não pensar nele, de se perguntar onde ele estaria, o que estaria fazendo, se estaria pensando nele também.

Ele começou a enlouquecer, ou se sentiu como um louco pelo menos.

Então quando ele ouviu sobre a rave, ele se segurou na oportunidade, sabendo que era justamente disso que ele precisava. Ele ainda não conseguia se forçar a parar de pensar em Luhan, mas estar ali era o mais perto de em paz que ele esteve em meses.

“Passando os meus dias preso em uma neblina, tentando te esquecer amor, eu caio…”

Mãos quentes deslizaram ao redor de sua cintura, apertando o seu corpo ao mesmo tempo em que um par de lábios beijou a lateral de seu pescoço.

Sehun nem se importou, tão absorto no momento para fazer mais do que sorrir para si mesmo e se esfregar no corpo atrás de si.

Estava bom, o abraço, mesmo vindo de um completo desconhecido.

O cara, quem quer que fosse, estava bem interessado se a ereção que Sehun sentiu pressionando o seu corpo fosse alguma indicação.

Eles ficaram daquele jeito por um tempo, dançando com a música. Bem… Sehun estava dançando. Em algum momento, o cara começou a se impulsionar contra a sua bunda, sua ereção aumentando ainda mais. Mas ele não pediu nada a Sehun, não fez mais do que beijar ocasionalmente a lateral de seu pescoço e acariciar a pele bem abaixo do cós de sua boxer com os polegares, então Sehun não sentiu necessidade de protestar. Se ou quando o cara cruzasse a linha, ele lidaria com isso. Até que…

“Quer sair daqui?” uma voz rouca sussurrou em seu ouvido.

Sehun sorriu, abrindo seus olhos ao virar no abraço do cara.

Uou, gostoso.

O sorriso de Sehun aumentou e, achando que aquilo era algum sinal, o cara pegou na sua mão e o levou para longe da pista de dança.

 

Ele se sentia bem.

Ele se sentia realmente bem.

Ele não se lembrava da última vez em que se sentiu tão bem.

Ele se sentia tão bem que não se importava em estar voltando para casa apenas à 1h. As dores e as horas de ensaio valeram a pena já que permitiram que ele fizesse o que amava.

Ele estava cansado, claro. Conseguia sentir a fadiga em seus ossos. Ele ainda tinha mais trinta minutos de viagem antes de chegar em casa e não queria se arriscar em pegar no sono.

Com isso em mente, Luhan ligou o rádio e colocou na sua estação favorita. Havia um programa que ele ouvia quase toda noite antes de ir para cama. Ele gostava de ouvir as pessoas dedicando músicas; gostava de ouvir suas histórias. Isso o fazia se sentir conectado ao mundo de certa forma.

Entretanto, no mês passado, isso se tornou um pouco viciante e era tudo culpa dele.

Começou uma semana depois que os e-mails pararam. Na semana depois dele tê-lo bloqueado.

Fazer aquilo tinha sido como uma dor física, como esfaquear a si mesmo no coração, mas manter contato com Sehun tinha sido uma má ideia. Ele vivia por aqueles e-mails, por aquelas pequenas palavras de amor e encorajamento, e não era justo com Sehun, dá-lo esses pequenos pedaços de si mesmo quando ele merecia muito mais. E também era continuar traindo a confiança de Jongin e ele não podia fazer aquilo ao outro, não quando ele estava tentando tanto ser tudo aquilo que Luhan queria que ele fosse.

Na semana seguinte, a culpa do que ele fez veio com a dor profunda em sua alma. Ele ficou depressivo, mais do que o normal, e começou a passar mais tempo no seu quarto/escritório, no seu pequeno santuário. Jongin estava ocupado com um novo cliente, maior do que o anterior, então não passar tanto tempo com ele era uma espécie de alívio.

Uma noite, ele estava deitado na cama olhando para o teto enquanto a música o confortava quando de repente o DJ disse algo que chamou sua atenção.

Então nos últimos dias nós temos tido essas dedicatórias para L do misterioso S. Quanto mais eu as ouço e absorvo as letras, mais intrigado eu fico. Qual o problema aqui? Eu acho que S e eu precisamos conversar. Se ele é tão sincero quanto parece, talvez nós podemos ajudá-lo a reconquistar L. O que vocês acham?

No momento em que ele ouviu de S para L, Luhan paralisou. Não poderia ser… poderia?

Seu coração acelerou quando a batia de uma música começou. Era uma que ele ouviu Sehun escutar antes, escutou ele tocar o comecinho em seu violão. Era uma de suas favoritas, ele dizia.

Luhan permaneceu parado, incapaz de se mover, mal respirando até que a música terminou.

L, se você estiver aí, S está morrendo de saudades de você. Por que você não o ajuda e liga para ele? Droga, ligue para nós e nós ajudaremos vocês. Eu sempre pensei que se eu não trabalhasse numa rádio, eu seria conselheiro.

Ele ficou tentado, seus dedos loucos para pegar o telefone, para mandar uma mensagem ou ligar para Sehun e perguntar se era ele, só para saber, mas ele abafou a vontade, rolando na cama e enfiando a cara no travesseiro, tentando se livrar das lembranças de Sehun que a música provocou.

Ele também começou a ouvir a rádio toda a noite desde então. Após o terceiro e quarto dias, ele não precisava se iludir de que não era Sehun.

As músicas frequentemente variavam de leves e animadas para as de partirem o coração. As últimas sendo dolorosas para Luhan, sabendo que literalmente as letras traduziam o próprio sofrimento de Sehun.

Só ficou pior quando Sehun descobriu Sam Smith.

Sam Smith foi a desgraça da existência de Luhan. Ele o odiava tanto quanto o amava e ele o amava perdidamente, porque não só sua música era boa, suas canções profundas e com significado e sua voz pura e sentimental, mas dado ao número imenso de canções do S.S que Sehun dedicou, o mesmo era um grande fã dele. Luhan gostava do que Sehun gostava.

Havia uma música em particular que o deixou louco. A mensagem veio com a dedicatória o aconselhando a ver o mv também. Ele não deveria ter ouvido. Ele ainda estava se recuperando. Facilmente seriam eles na história.

Às vezes as músicas não eram românticas; ocasionalmente havia músicas de encorajamento ou as que Sehun gostava. Elas geralmente vinham com mensagens do tipo “Eu realmente estou gostando dessa no momento” ou “Consigo te imaginar dançando essa. A batida é doentia.

Não ajudava em nada que os djs estavam empolgados com esse romance de Romeu e Julieta, como eles chamavam. Luhan se perguntava o que eles diriam se soubessem que a Julieta era um cara.

Eles faziam questão em tocar os pedidos de Sehun com suas dedicatórias toda noite, acrescentando seus próprios comentários com relação ao que Luhan deveria fazer.

Você não acha que está na hora de conversar direito, L? Eu me pergunto o que ele fez para ser tão imperdoável.

Nada, Luhan diria para si mesmo. Sehun foi perfeito, era perfeito. Luhan que não era merecedor de tanta perfeição.

Hoje,” o DJ começou dizendo, “S fez um pedido de uma dedicatória… bem peculiar. S, isso é bem diferente de suas dedicatórias anteriores, cara. Eu acho que é a mensagem que importa, mas cara, é melhor essa ser a única vez.

Assim que o som da música começou, um soluço histérico se formou na garganta de Luhan.

Ele não fez isso. Ele não fez isso.

“Sehun-ah…”

~~

Sehun esvaziou seu copo e então ergueu a mão, indicando ao bartender que enchesse novamente o copo.

Ele se sentou no bar do restaurante do hotel o qual havia reservado um quarto para uma noite. Ele esperava deixar a rave tarde da noite, ou de manhã bem cedo na verdade, e não queria dirigir de volta para casa em tal hora, não esperava ser capaz de tal coisa se tudo tivesse saído como planejado, então ele imaginou que poderia ser espalhafatoso e se dar de presente uma noite fora de casa, um desvio prolongado de sua vida monótona.

Contudo, as coisas não saíram como ele havia imaginado.

Ele foi embora com o cara gostoso não tendo intenções de que algo acontecesse ou na verdade pensando no que poderia acontecer, então quando ele se encontrou prensado contra um muro com uma língua em sua boca, ele se deixou levar. Por que não? O objetivo da noite era fazer o oposto do que ele estava fazendo recentemente.

Não foi o melhor beijo que ele já teve – ambos tinham bebido bastante para aquilo ser chamado de prazeroso – mas definitivamente não foi o pior. Foi legal e legal era realmente o que ele precisava naquela noite.

O cara gostoso não se contentou com apenas um beijo, o que realmente não foi uma surpresa. O cara já estava excitado quando se aproximou dele afinal. Então quando o mesmo começou a apalpar o membro de Sehun, esfregando sua própria ereção contra o falo flácido dele, sua intenção estava clara.

Sehun pensou sobre isso, considerando se ele queria ir além de um beijo para distrair a si mesmo, mas ele realmente nem precisava ter pensado sobre. Apenas uma noite nunca foi sua praia e já que a última pessoa com a qual ele foi íntimo ainda era a mesma pessoa pela qual ele estava perdidamente apaixonado, ele não poderia ficar com mais ninguém. Não sentindo o que ele sentia por Luhan.

Ele se sentiu ruim, terminando o beijo e dando um fora no cara, não que o mesmo tenha se importado. Ele simplesmente sorriu, deu de ombros e voltou pra rave.

Sehun pensou em voltar também, mas ao contrário se encontrou andando até a rodovia principal para pegar um táxi. Não havia motivos para voltar. Aconteceria o mesmo: corpos aleatórios se esfregando ao seu, ofertas de sexo sem sentido as quais ele simplesmente não era capaz de aceitar e nem estava interessado.

Então era por isso que ele estava no bar à 1h, se chafurdando mais uma vez em sua auto piedade, coisa que ele não queria fazer naquela noite.

“Então, essa é sua vida, Oh Sehun?” ele resmungou.

“Sehun?”

Por um momento ele pensou que estava ouvindo coisas, então ele reconheceu a familiaridade da voz e se acalmou, virando a cabeça na direção da voz que o chamou.

“Jono?”

Um sorriso, um que ele uma vez amou, iluminou o rosto atraente do dono da voz.

“Uou, eu sabia que você tinha voltado, mas esse era o último lugar que eu esperava te encontrar.”

Sehun o encarou sem piscar, seus olhos ainda não acreditando no que viam.

Jonathan, Jono, riu, se sentando no banquinho ao seu lado. “Pelo olhar surpreso no seu rosto, eu aposto que o sentimento é mútuo.”

“Eu… só me dê um momento para processar,” Sehun pediu, fechando seus olhos por alguns segundos antes de abri-los de novo. Não, ele ainda estava lá.

Jonathan riu de novo, chamando o bartender enquanto Sehun pensava.

Jonathan Lee, o cara que ele deixou para trás quando foi para Nova York seguir seus sonhos e não via desde então, estava sentado ao seu lado. Jonathan, o cara cujo coração ele partiu. O cara que ele não tentou entrar em contato nem uma vez desde que voltou por causa da culpa de saber o quanto o havia machucado que ainda pesava em seus ombros.

“O que você está fazendo aqui?” Sehun finalmente perguntou.

“Tive um jantar com alguns amigos. Eu te vi enquanto estava indo embora e não acreditei no que meus olhos viam.”

“O sentimento é mútuo,” Sehun murmurou, tomando todo o conteúdo de seu copo em um único gole.

“E você?” Jono perguntou. “O que um dos caras mais famosos do mundo das artes está fazendo aqui sozinho numa noite de sábado?”

Sehun riu sem alegria. “Bem… Eu fui a uma rave, achando que conseguiria me distrair de certas… coisas pelas quais estou passando.”

“Deixe-me adivinhar: não funcionou?”

Sehun deu de ombros. “Por um tempo, sim. As primeiras horas foram ótimas. Então eu percebi que uma distração é simplesmente isso e eu não estava disposto a chegar a extremos para me manter distraído, por isso… eu estou aqui.”

“Entendo…” Jonathan tomou um gole de sua própria bebida antes de perguntar cuidadosamente, “Você se importa se eu perguntar sobre o que está te incomodando?”

Sehun deu de ombros de novo. “A vida. O trabalho. Eu tenho uma grande entrega e o prazo final está rapidamente se aproximando. Minha concentração está zerada e por isso eu não tenho tido nenhum progresso ultimamente.”

“Isso acontece com o melhor de nós, especialmente com pessoas da sua área. Vai passar.”

Sehun riu alto. “De alguma maneira eu acho que não vai passar.”

Jonathan pausou por um momento, considerando as palavras de Sehun antes de responder, “Não é realmente isso, é? Trabalho, eu quero dizer. Eu conheço você, Sehun. Você nunca foi do tipo que se estressa com trabalho, se preocupando com prazos ou até mesmo em alegrar seus clientes. Você prefere perder uma encomenda do que se estressar por causa de uma. Essa é uma das coisas que sempre admirei em você.”

Sehun olhou para ele, surpreso por Jonathan ainda conhecê-lo tão bem mesmo com o passar dos anos.

“Você está certo. Não é sobre o trabalho, pelo menos… O trabalho não é o problema, mas está sendo afetado.”

“Diga-me. Às vezes falar sobre o problema pode ajudar.”

Por um momento, Sehun olhou para o copo vazio em sua mão, perguntando-se se ele realmente queria falar sobre isso. Ele nunca conversou com alguém sobre Luhan, tirando aquela vez com Emily na cozinha de seus pais. Talvez ao invés de uma distração o que ele realmente precisava era colocar em palavras o que ele estava pensando e sentindo. Mas para o Jonathan? Parecia de alguma forma inapropriado, dada a história que tiveram.

“Foi assim que você se sentiu?” ele se ouviu perguntando antes mesmo de se decidir sobre falar ou não. “Quando eu… quando eu te deixei.”

Jonathan paralisou, parecendo em choque com a questão antes de perguntar, “O que você quer dizer com isso?”

“Como… como se você não pudesse respirar. Como se tudo fosse muito e ao mesmo tempo insuficiente. Como se você estivesse cheio com esses sentimentos, mas não há escape para eles, porque a pessoa responsável não está ao seu redor para você se expressar. Como… como…”

“Como se o sol se posse um dia e nunca mais voltasse a nascer? Como se você desse tudo para ver, ouvir ou tocar a pessoa de novo, mas você também tem medo disso, porque a pessoa pode ir embora de novo e você não vai conseguir lidar com isso uma segunda vez? Como se sua vida, a sua razão de ser, acabaram no minuto em que essa pessoa saiu da sua vida?”

A respiração de Sehun ficou presa em sua garganta, seus olhos inconscientemente lacrimejando enquanto ele concordava. “Sim.”

Foi a vez de Jonathan beber seu drink em um só gole, sua voz rouca ao dizer, “É bem isso.”

Um silêncio tenso os rodeou. A culpa que Sehun sempre sentiu por deixar Jonathan se triplicando. Havia um tom magoado na voz de Jonathan quando ele falou, um que ele reconheceu em sua própria voz. Ele fez isso ao Jonathan. A mesma coisa pela qual ele está passando no momento.

“Então é assim que Oh Sehun se parece quando está apaixonado,” Jonathan afirmou.

Suas palavras assustaram Sehun. “O que?”

“Eu sempre esperei para ver esse dia, ainda que sob circunstâncias diferentes, é claro.”

Sehun franziu o cenho. “Do que você está falando? Eu te amei. Nós moramos juntos.”

Jonathan concordou. “Nós moramos, e eu sei que você me amou. Mas note que eu disse apaixonado.” A expressão de Jonathan era gentil. “Nós nunca estivemos na mesma página. Eu acho que sempre soube disso, eu só esperava que… Eu não sei. Que conforme o tempo passasse, você também se apaixonasse. Eu me apaixonei por você no momento em que nos conhecemos, mas você… Eu acho que tive altas expectativas sobre você.”

Sehun balançou a cabeça, uma chama de raiva em seus olhos castanhos escuros. “Isso não é verdade. Nós nos gostamos desde o começo. Os sentimentos eram mútuos. Você diz que me conhece. Eu sou do tipo de estar com alguém, de ter compromisso com alguém, se meus sentimentos não são verdadeiros?”

Jonathan balançou a cabeça concordando. “Isso é verdade. Você não mente, nunca enganou ou cometeu adultério. Essa é outra coisa que sempre admirei em você. Mas…” O sorriso que ele mostrou era triste. “Você nunca sentiu por mim o mesmo que sentiu, sente, por ele não é?”

Sehun abaixou o olhar para o balcão do bar. Ele não queria magoar Jonathan, mas como Jono dizia, mentir não era do feitio de Sehun.

“Há diferentes tipos de amor,” ele disse diplomaticamente. “É diferente para cada pessoa.”

Jonathan riu sarcasticamente. “Você deveria ser político.”

“É verdade,” Sehun insistiu, seus olhos implorando ao encontrar novamente os de Jonathan. “O que eu senti pelo meu ex em Nova York não foi nada comparado ao que nós tivemos. Era mais luxúria do que amor, para ser honesto. Nós combinávamos um com o outro devido a vida que tínhamos, nos importávamos um com outro até certo ponto, mas foi uma mera fração do que nós compartilhamos quando estávamos juntos.”

“E o que você sente por ele, pelo cara que te deixou nesse estado, é muito mais profundo do que qualquer coisa que você sentiu por mim,” Jonathan disse gentilmente.

Sehun não podia dizer nada, sua expressão miserável enquanto suspirava.

“Tinha vezes em que eu desejei que você mentisse para mim.” Embora Jonathan sorrisse, havia um traço de amargura em suas palavras.

“Me desculpe…”

“Não. O coração quer o que o coração quer.”

“Talvez isso seja punição,” Sehun murmurou. “Meu carma pelo o que eu fiz a você.”

“Não diga isso. Nunca pense desse jeito.” Jonathan repousou sua mão gentilmente sobre a de Sehun, a qual estava em cima do balcão. “Sim, eu te amei, mas eu não me arrependo de tê-lo deixado partir. Eu te encorajei a seguir o seu sonho, se lembra? Se você tivesse ficado por minha causa, você teria ressentimentos de mim no futuro. E ninguém merece o tipo de dor que você está sentindo. Esse cara… se ele não consegue ver o quão perfeito você é, então ele não te merece.”

Sehun balançou a cabeça. “Ele é perfeito.”

A mão de Jonathan enrijeceu sobre a de Sehun, então ele a afastou conforme se levantava do banquinho.

“Você precisa de carona para algum lugar?” ele perguntou, retirando algumas notas de sua carteira e as colocando em cima do balcão.

Sehun levou as mãos até os cabelos. “Não. Eu pensei que ia chegar mais tarde e por isso reservei um quarto.”

“Ok. Bem…”

Conforme Sehun se levantou e tentou ficar em pé, uma tontura o atingiu fazendo-o quase cair.

“Acho que bebi muito,” ele murmurou.

Jonathan o ajudou a se manter equilibrado colocando uma mão em seu braço, um franzido de preocupação em sua testa. “Você ficará bem?”

Sehun olhou para ele, estudando seu rosto.

Ele continuava atraente como sempre foi. Ele usava os cabelos até as orelhas, uma cascata grossa e brilhante que deixou Sehun com vontade de tocar. Ele sempre deixou os cabelos repartidos ao meio, mesmo se fosse um pouco fora de moda. Sehun havia se esquecido como era ter que olhar para alguém mais alto do que ele já que nos últimos meses precisava abaixar o olhar para encarar Luhan. Antes de Luhan, todos seus namorados foram mais altos do que ele.

“Você quer subir comigo?”

Os olhos de Jonathan se arregalaram de leve antes de encarar Sehun. Sehun notou que o olhar alheio recaiu em seus lábios brevemente antes de voltar aos seus olhos.

“Sim.”

~~

Luhan estava sufocando.

Sufocando em suas emoções, sufocando no ar que se recusava a se mover pelos seus pulmões. Ele não conseguia respirar e a dor em seu peito, o pânico crescente, o forçou a parar o carro no encostamento.

Ele já tinha saído dos limites da cidade, estava a apenas quinze minutos de distância de casa, mas não conseguia terminar o percurso. Não nesse estado.

Era como se ele estivesse morrendo, literalmente. Seu peito doía e ele se agarrava a sua blusa, tentando fazer com que seus pulmões se expandissem, respirassem o ar necessário para que aliviassem a queimação em seus olhos e peito.

Ele quase havia se esquecido como era sentir isso, esses ataques de pânico. Ele não tinha um fazia anos, desde que havia saído da China.

Soltando seu cinto de segurança, ele apoiou os braços no volante e repousou a testa contra eles enquanto fechava os olhos e contava suas respirações.

Aquela música

Sehun odiava One Direction, odiava com uma paixão, e mesmo assim havia dedicado a ele uma música do 1D só porque sabia que ele gostava. O que tornava tudo pior era que com aquelas simples cordas de violão e vocais, Luhan conseguia imaginar Sehun cantando para ele, sua expressão facial fervorosa e o amor e a sinceridade em seus olhos; podia ouvir a voz doce de Sehun ao invés dos vocais da banda. Era muito. Ele não conseguia aguentar mais.

Toda noite, cada música era como um prego sendo martelado em seu coração, uma lembrança do que ele fez, a bagunça que deixou na vida de Sehun. Ele queria fazer o certo, mas não sabia como. Ele não podia dar a Sehun o que o mesmo queria e estar com Jongin ao mesmo tempo. Eles tentaram isso e acabou num desastre. Ele desesperadamente queria fazer ambos felizes, mas ele estava fazendo a si mesmo infeliz.

Ele não sabia o que Sehun esperava dedicando todas essas músicas – bem, ele sabia, mas tinha certeza de que Sehun sabia que não seria fácil – mas a constante lembrança do amor de Sehun por ele era inteiramente desnecessária. Ele sabia. Ele sempre soube, sempre saberia. Estava lá nas memórias do tempo que passaram juntos. E estaria ali nos olhos de Sehun toda vez que eles se encontrassem. Não havia jeito dele se livrar desse amor.

Havia dias em que ele desejava, tinha esperanças e rezava para que essas dedicatórias parassem. Que uma noite ele colocaria na rádio e não haveria nada. Talvez ele finalmente conseguisse alguma paz. Então havia dias em que ele desejava, tinha esperanças e rezava que essas dedicatórias nunca parassem, porque se elas parassem, quando elas parassem, significaria que Sehun não o amava mais e um mundo sem o amor de Sehun não era um mundo em que ele queria viver. Era egoísta da parte dele, até mesmo ganancioso, mas saber que Sehun o amava o ajudava a levantar todo dia, apesar de machucá-lo saber que Sehun estava sofrendo por ele.

“Você está mais do que fodido, Lu.”

Ele estava tão cansado. Ele não sabia o quanto mais aguentaria até que o peso de tudo o esmagasse.

~~

Assim que a porta se abriu, Sehun caminhou até o banheiro.

Ele encheu a pia e enfiou a cabeça na água, repetindo o gesto algumas vezes. Gradualmente, sua mente clareou e ele se sentiu mais como a si mesmo.

Endireitando-se, ele esvaziou a pia e se secou rapidamente, bagunçando seu cabelo quando terminou. Ele parecia uma coisa selvagem, seu cabelo molhado e bagunçado. Apesar disso, ele não se importava, e certamente nem Jono se importaria.

Voltando para o quarto, ele tirou sua regata – tendo já tirado sua camisa no elevador – e a jogou no chão. Ele se sentou na beirada da cama e começou a tirar os sapatos.

“Como está a sua mãe?” ele perguntou distraidamente.

Jonathan se aproximou dele, olhando para seus cabelos molhados enquanto ele tirava os sapatos.

Sehun estava mais sóbrio agora, Jono podia dizer. Embora ele não o quisesse sóbrio. Ele só não queria que Sehun perdesse a cabeça, ainda.

“Ela está ótima. Teimosa como sempre.”

Sehun riu, olhando para ele. “Ela nunca gostou de mim, você sabe.”

Jonathan sorriu, revirando os olhos. “Ela nunca gostou de nenhum dos meus namorados. Homossexualidade é contra a religião dela no fim das contas.”

Sehun concordou. “Verdade.” A mãe de Jonathan era uma católica devota. Era por isso que ele tinha um nome bíblico ao invés de um nome tradicional coreano.

“Pelo menos ela escolheu odiar o pecado e não o pecador,” Jonathan acrescentou. “Eu não posso pedir por mais do que isso.”

“Eu tenho certeza de que isso é fácil quando o pecador faz jus de seu nome”, Sehun provocou com uma piscada.

Eles trocaram mais algumas provocações antes de se aquietarem, Sehun perdido em pensamentos.

Cutucando o pé alheio com o seu próprio, Jonathan disse, “Me conte sobre ele.”

Deitando com os cotovelos apoiados na cama, Sehun voltou a ficar sério. “O que você quer saber?”

“Tudo?” Jonathan deu de ombros. “Eu não consigo deixar de ficar curioso sobre o cara que virou o seu mundo de cabeça para baixo.”

“Eu não sei por onde começar. Ele é…” Sehun balançou a cabeça. “Perfeito. Frustrantemente perfeito.”

Jonathan revirou os olhos. “Você disse isso antes. O senhor Perfeito tem um nome?”

“Luhan,” Sehun respondeu com um sorriso.

“Luhan,” Jonathan repetiu. “Como vocês se conheceram?”

“Na casa de um amigo.” Era a verdade sem entrar em detalhes.

“E foi amor a primeira vista?”

“Para mim, foi.”

“E para ele…?”

Sehun suspirou. “É complicado.”

“O quanto?”

“Ele é…” Sehun abaixou seu olhar por um segundo antes de encarar os olhos curiosos de Jonathan. “… comprometido.”

“Entendo.” Jono nunca achou que Sehun fosse do tipo de cara que se envolvia com um traidor (infiel), muito menos que se apaixonasse por um, mas ele não o julgaria. Sehun não era como a maioria das pessoas. Se ele se apaixonou por esse cara, independente de quem ele era, havia uma razão.

“Sim… Eu nunca pensei… no começo. Eu só queria ajudá-lo, entende? Ele parecia tão triste. Isso me matou. Mas depois de um tempo, eu não consegui mais me conter e queria mais e mais. Eu sei que fui ganancioso, mas não consegui me segurar.”

“E você o assustou?” Jonathan imaginou.

Sehun balançou a cabeça. “Não. Pelo menos eu acho que não. Mas ele teve uma decisão a tomar e ele decidiu o que achou que era o certo. Ele é muito encucado em fazer a coisa certa,” Sehun adicionou sarcasticamente. Um sorriso triste apareceu em seus lábios. “O triste é que ele nem consegue ver o quão infeliz está sendo por ter feito a coisa certa. Esse é um de seus maiores defeitos. Ele se importa tanto em agradar os outros que se esquece que também merece um pouco de felicidade.”

“Eu acho que ser um idiota egoísta não é fácil para ele como é para você,” Jonathan provocou, tentando dissipar a tensão no ar.

“Yah!” Sehun tentou chutar Jonathan, mas o mesmo segurou sua perna com as mãos.

Olhando para Jonathan, vendo seu próprio reflexo nos olhos alheios, uma tristeza se fixou no peito de Sehun.

“Eu realmente sinto muito,” ele sussurrou.

Jonathan ficou quieto. “Pelo que?”

“Por tudo. Você é o cara mais legal que eu já conheci. Sim, mais legal que o Luhan,” ele afirmou antes de Jonathan perguntar. “Não foi fácil, ok. Te deixar para trás. Eu senti sua falta todo dia. Sim, eu amava Nova York e o trabalho que eu estava fazendo lá, mas você foi uma grande parte da minha jornada ao sucesso. Eu não teria alcançado tudo isso sem você. Quando eu voltei, eu realmente quis te ligar, mas… Eu não achei que tivesse o direito de fazer tal coisa. Parte de mim tinha esperanças de que você tivesse seguido em frente. Que você tivesse encontrado alguém e estivesse delirantemente feliz com essa pessoa. Que você tivesse me esquecido e esquecido o que eu fiz. Há?”

Jonathan soltou sua perna. “Há o que?”

“Alguém.”

Jonathan balançou a cabeça. “Não. Havia, mas… não deu certo.” O que Jonathan não disse foi que quando ouviu sobre a volta de Sehun, ele simplesmente não podia mais ficar com seu namorado. Ele sabia muito bem que Yunho era um substituto, alguém com quem ele estava simplesmente passando o tempo. Ele era um cara bem legal, mas não era Sehun e Jonathan ainda não tinha esquecido Sehun. Pode ser que ele nunca esqueceria. Ele teve esperanças de que Sehun viesse procurá-lo, considerou agir ao invés de esperar quando os meses começaram a passar sem ele ver um único fio de cabelo de Sehun, mas o medo da rejeição foi mais forte do que a necessidade de ver Sehun. Ele não aguentaria ver Sehun ir embora mais uma vez.

“Me desculpe,” Sehun repetiu, sentando-se, cotovelos nos joelhos. “Eu realmente quero que você seja feliz. Você merece isso.”

“Você também. Você merece tudo o que o seu coração desejar.”

Sehun balançou a cabeça, escondendo o rosto nas mãos. “Dói tanto.”

Jonathan começou a levar sua mão até a cabeça de Sehun, mas a afastou no último minuto. Ele precisava ir embora de lá.

“Eu preciso ir,” ele começou a falar, dando um passo para trás.

“Não!” Sehun ergueu uma mão às cegas, segurando o braço de Jonathan. Levantando-se de uma só vez, ele olhou profundamente nos olhos de Jonathan. “Por favor. Não me deixe.”

Jonathan engoliu a seco. “Sehun-ah…”

Sehun deu um passo para a frente, deixando apenas meros centímetros os separando. “Por favor,” ele implorou. “Fique.” Ele ergueu suas mãos e desabotoou os dois primeiros botões da camisa de Jonathan, não se permitindo pensar no que estava fazendo ou o porquê de estar fazendo aquilo.

Jonathan segurou os seus pulsos, seus dedos apertando a pele de Sehun. “Você não quer fazer isso.”

“Eu quero,” Sehun afirmou. Ele percebeu que havia certa verdade em suas palavras. Diferente do gostoso da rave, Jonathan não era um estranho. Ele era uma entidade conhecida, alguém com quem ele compartilhou sua vida em certo momento, alguém com quem foi íntimo incontáveis vezes, alguém que verdadeiramente se importava com ele e vice versa. Ele sempre foi capaz de fazer Sehun se sentir salvo e protegido. Ele precisava daquilo no momento, depois de ficar a deriva e perdido por tanto tempo. “Eu quero.”

“Você tem certeza?” Jonathan perguntou, sua voz fraquejando enquanto suas mãos deslizaram dos pulsos de Sehun para a pele quente e firme da cintura do mesmo. Ele não se atrevia a ter esperanças, não ficaria empolgado achando que uma noite juntos de repente faria com que Sehun fosse seu novamente, mas ele não era forte para ir embora. Não quando tinha uma chance daquilo ser um novo começo para eles.

Sehun o encarou, mais uma vez notando a diferença entre o homem a sua frente e aquele em seu coração. Ambos lindos de suas próprias maneiras, ambos perfeitos, nenhum deles seu.

Jonathan poderia ser seu, ele sabia. Ele não podia negar o que via nos olhos alheios, o que ele viu refletido a noite toda. Jonathan ainda o amava. Ambos sabiam disso.

Ele não deveria fazer isso com Jonathan. Deveria deixá-lo ir embora. Mas precisava dele. Precisava desesperadamente dele.

Você é uma pessoa horrível, Oh Sehun.

Ele não se importava.

“Sim,” ele suspirou, se erguendo nas pontas dos pés, seus lábios quase tocando os de Jonathan.

“Me faça esquecer.”

 

 

Notas de uma leitora

E Jono apareceu… O que acontecerá agora??

Dica de site de coletânea de fanfics HUNHAN

Oi gente.

Bem, ainda estamos na fase de sentir muita falta de HUNHAN com a saída do Luhan. Porém, não podemos desanimar. As boas lembranças que os dois nos deram quando estavam juntos devem ser relembradas sempre. Também não podemos desanimar com relação às fics HUNHAN.

Reparei que muitos autores de fics estão desanimando com o couple! POR FAVOR NÃO! Continuem escrevendo HUNHAN e alegrando a vida de milhares de pessoas que curtem o couple! Eu vou continuar escrevendo mesmo se eu demorar para postar novas oneshots e fics, mas nunca deixarei de apoiar HUNHAN.

É por isso que eu venho nesse post indicar um site do tumblr que fez uma coletânea de fics HUNHAN em inglês de todos os tipos. Há tags específicas na página e você que entende um pouco de inglês pode aproveitar e se aventurar no universo HUNHAN.

Vamos animar povo!

Aqui o link do site: http://hunhanfics.tumblr.com/

 

HUNHAN ❤ 

HUNHAN 1248

Crédito da foto na foto.

Be Loved – Capítulo 28a

Oi pessoal.

Olha quem voltou com Be Loved? Sim.

Peço mil desculpas pela demora em postar a tradução. Fiquei ocupadas nos últimos meses, um caos pessoal total, mas vou até o fim com essa fic.

Também estou com tendinite, aí tenho que escrever beeeeeeeem devagar. Peço desculpas novamente.

Alguém se lembra aonde a fic parou? kjfdsjhjfdhf Senão, aqui está o link pro último cap postado: https://hunhanislove.wordpress.com/tag/selukai/

Tenham uma boa leitura com esse novo capítulo que me deixou super irritada (sou sincera kkkkkkkk).

Bjos

 

~~Fic original escrita por Vampyreunnie
~~Link: http://www.asianfanfics.com/story/view/211951/be-loved-iwtmyfb-kpop-exo-luhan-sehun-hunhan-selukai

 

Capítulo 28a

 

“Luhan, você pode abrir a porta, por favor?”

Luhan olhou na direção das escadas, imediatamente caminhando até a porta da frente enquanto ponderava pela milionésima vez se algum dia Jongin não se esqueceria de fechar o portão. Sério, o portão era eletrônico: o quão difícil era apertar um maldito botão?

Balançando a cabeça em irritação, ele mudou o seu semblante para uma ‘máscara’ educada antes de abrir a porta.

E rapidamente ficou paralisado de choque.

“Luhan!” a mulher baixa e empolgada gritou da porta.

“M… Mãe?” O olhar arregalado de Luhan se voltou para o homem quieto e franzino ao lado dela. “Pai?”

“Surpresa!” uma voz cheia de alegria anunciou atrás dele.

Luhan se virou para olhar para um sorridente Jongin, sua mente atordoada ainda tentando acreditar no que estava vendo.

“Eu sei o quanto você sentia falta deles,” Jongin explicou, sua expressão triste. “E eu sei que disse que nós poderíamos sair de férias e eu realmente planejei te surpreender com uma viagem para a China, mas…”

Luhan balançou a cabeça em compreensão. Jongin não havia saído de casa nem por uma hora antes dos telefonemas começarem. De primeira, ele os ignorou, mas quando a secretária eletrônica chegou ao seu limite de mensagens, ele finalmente ligou para seu chefe. Aparentemente, Crystal realmente tentou mostrar o quanto era influente, mas seu chefe não acreditou em nada, muito menos o pai dela que rapidamente a mandou para a Inglaterra ou algum outro lugar longe de seus negócios. Luhan havia revirado os olhos por causa do sorriso arrogante no rosto de Jongin assim que o mesmo contou a conversa. Apesar disso, ele não podia culpá-lo. Após tudo o que ele fez para o bem da empresa, o quanto de si mesmo ele sacrificou, ele mereceu um pouco de compreensão e pelo menos agora sabia, sem sombra de dúvida, que não tinha sido em vão. Ele conseguiu se fazer indispensável para a empresa. O objetivo de ser sócio era quase uma certeza a esse ponto.

Ainda assim, ele aguentou até o fim da semana, insistindo que precisava “reconsiderar suas opções”, mas Luhan podia ver que ele realmente sentia falta do trabalho. Havia uma inquietação nele, como se seu corpo estivesse repleto de uma energia, a qual ele não conseguiria conter. Após o fim de semana, ele voltou ao trabalho, com a benção de Luhan. Durante sua curta estadia em casa, Jongin, no entanto, passou um tempo ajeitando as coisas para os dois, algo que Luhan apreciou. Eles foram ao cinema, jantaram em restaurantes novos e casuais, nos quais Jongin normalmente nunca jantaria, evitando os restaurantes chiques nos quais estavam acostumados a ir. Eles conversaram também; conversaram bastante na verdade. Essa foi sem dúvida a parte favorita de Luhan. Ele sentia saudades do Jongin, do divertido, gentil e legal cara por quem ele tinha se apaixonado. E milagrosamente, Jongin parecia genuinamente estar se divertindo, relaxando de uma maneira que Luhan não via há tempos. Foi divertido, quase igual aos velhos tempos. Quase… Mas não o bastante.

“Já que eu não pude te levar até eles, eu pensei que a melhor coisa que poderia fazer era trazê-los até você. Então… Surpresa!” Jongin riu timidamente, envergonhado por sua brincadeira.

“Bem, você vai simplesmente ficar parado aí ou vai nos convidar a entrar?” sua mãe exigiu em um afiado chinês.

Voltando a prestar atenção ao seu redor, Luhan rapidamente deu um passo para trás, permitindo que seus pais, e suas malas surpreendentemente enormes, entrassem.

“Senhor e senhora Lu,” Jongin os cumprimentou em inglês, idioma o qual nenhum de seus pais falava fluentemente. Um acordo, Luhan supôs, já que Jongin falar em chinês e seus pais em coreano era algo inexistente. “Sejam bem vindos.”

Luhan ficou surpreso ao ver o rubor quase juvenil nas bochechas de sua mãe quando ela olhou para Jongin. A experiência de encontrar um Jongin real devia ser tão impressionante quanto as fotos que ela tinha visto, ele pensou secamente.

“Obrigada por…” sua mãe começou, pausando ao tentar encontrar as palavras certas em inglês.

“…por nos deixar ficar na sua… casa,” seu pai terminou, falando pela primeira vez desde que chegou.

Jongin sorriu amplamente. “O prazer é meu. Na verdade, eu reservei uma suíte num dos melhores resorts/spas de Seul.”

Luhan ergueu uma das sobrancelhas, seu olhar indagador encontrando o de Jongin. Seus pais não ficariam com eles?

“Luhan!” sua mãe falou alto. “O que ele disse?”

Enquanto Jongin continuava falando, agora em coreano, Luhan começou a traduzir.

“Embora certamente essa casa tenha outros quartos, nós moramos uma hora de distância da cidade. Eu pensei que seria melhor se vocês ficassem no centro já que isso permitiria a vocês visitarem a cidade do jeito que preferirem. O hotel fica no meio do distrito de compras de Seul, então vocês terão o mundo praticamente na ponta de seus dedos.”

Assim que terminou sua tradução, Luhan se perguntou se essa era a única razão de Jongin não permitir que seus pais ficassem com eles. Claro, seus pais davam trabalho e o emprego de Jongin era exigente, então o mesmo não teria nenhum tempo livre de qualquer maneira, mas Luhan não tinha nada a não ser tempo disponível já que mais uma vez ele estava desempregado e apesar de sua relação com os pais ser tumultuosa, eles ainda eram seus pais e ninguém melhor do que ele sabia o quão era desconcertante estar num país onde você não conhece nada, nem ninguém e nem mesmo fala o idioma. Ele teve sorte de encontrar Jongin quase imediatamente, coisa pela qual ele é grato apesar de como o relacionamento entre eles mudou com o passar do tempo. Ainda assim, ele não conseguia não deixar de se preocupar com seus pais sozinhos por si só. O centro da cidade era, apesar de tudo, somente uma hora de distância assim como Jongin disse, mas não era a mesma coisa que tê-los por perto onde ele podia ficar de olho neles, ou até mesmo estar perto caso eles precisassem de ajuda. A última coisa que ele queria era que seus pais se sentissem abandonados.

“Nós não ficaremos com você?” sua mãe perguntou, sobrancelhas franzidas de forma profunda, uma expressão, um sinal de aviso, o qual ele conhecia muito bem.

Forçando um sorriso, Luhan disse, “Melhor ainda. Ele reservou para você e para o papai um quarto num spa.”

Quando a expressão de sua mãe não mudou de imediato, ele continuou, “Você se lembra que sempre quis ir a um spa?”

“Ele acha que não somos bons o suficiente para casa dele?” ela perguntou friamente.

“É um lugar de primeira classe,” Luhan continuou, como se ela não tivesse dito nada. Ele precisava vender a ideia antes que sua mãe fizesse uma cena e o envergonhasse. “Muito caro. Você pode ter massagens e pedicure todo dia se quiser. Há restaurantes e lojas sem fim. As celebridades ficam lá o tempo todo.”

“Caro?” sua mãe repetiu, repentinamente ficando interessada.

Claro, ele pensou amargamente. Era sempre o dinheiro com essa mulher.

Muito,” ele frisou com os dentes cerrados. “5 estrelas.” Ele não sabia se era verdade, mas conhecendo Jongin, ele duvidava de que qualquer despesa tivesse sido poupada.

“Jang Dong Gun estará lá?” A excitação em sua voz era evidente agora.

Luhan reprimiu um suspiro. “Eu não sei, mamãe. Ele tem uma casa própria onde vive com a família. Mas eu tenho certeza de que haverá outras celebridades que você possa encontrar lá. Além disso, você sempre quis ficar num hotel chique e onde poderia ser o melhor lugar do que em Seul?”

Quando ela se virou para o seu pai, apertou seu braço e disse, “Isso não é excitante?” Luhan sabia que a tinha convencido.

Jongin, que permaneceu em silêncio durante toda a conversa, ergueu uma sobrancelha curioso, recebendo um aceno de cabeça de Luhan.

O pai de Luhan continuou parado em silêncio enquanto sua esposa murmurava sem parar sobre as pessoas glamorosas que ela veria e o tratamento que teria.

“Nós podemos ir agora?” ela perguntou, finalmente se virando para Luhan.

“Ela quer saber se eles podem ir agora para o hotel,” ele traduziu.

Jongin sorriu. “Claro. Deixem eu só terminar umas coisas no meu escritório e trazer o carro. Me deem dez minutos.”

Luhan mostrou rapidamente a casa para seus pais, refrescos nas mãos, antes de eventualmente tirar sua mãe de perto do ‘museu’ para encontrar Jongin na porta da frente.

A viagem até a cidade consistiu da conversa incessante de sua mãe sobre a elegância da casa de Jongin e as respostas ocasionais de Jongin toda vez que sua mãe conseguia formular alguma pergunta num inglês sofrido. Luhan, assim como seu pai, permaneceu em silêncio a menos que suas habilidades em tradução fossem necessárias.

No hotel, Jongin foi fazer o check-in de seus pais, o qual Luhan ficou mais que feliz de deixá-lo fazer. Ao olhar a sua volta para o saguão elegantemente mobiliado – pomposamente seria a palavra mais apropriada, na verdade – ele rezou silenciosamente para que Jongin não tivesse exagerado e reservado a cobertura do hotel.

Como se ouvisse os seus pensamentos, Jongin comentou, “Eu pensei em reservar a cobertura para eles, mas como eles só ficarão aqui por uma semana, decidi que uma suíte teria espaço mais do que suficiente. Além disso, eles podem pedir todas as refeições que quiserem, então eles não precisarão cozinhar e nós os chamaremos também para nossa casa. Certo?”

“Certo,” Luhan respondeu com um aceno, mostrando um pequeno sorriso. Às vezes era assustador o quão bem ele conhecia Jongin. Embora ele se perguntasse se Jongin poderia dizer o mesmo dele.

A grande opulência continuou conforme eles caminharam até o elevador em direção ao andar onde seus pais ficariam, e logo em seguida até a suíte propriamente dita. Esse era claramente um hotel, um resort, para aqueles que não só querem todos os confortos que a vida poderia oferecer, mas também querem que os outros saibam que eles poderiam pagar por tudo isso.

Isso era praticamente o que sua mãe pensava.

Uma vez que seus pais se acomodaram, Jongin pediu um grande banquete – tudo no lugar era tão grandioso – e eles comeram lagosta, filé e caviar, o qual, por incrível que pareça, ninguém, nem mesmo Jongin era fã. Mas sua mãe comeu tudinho porque ela sabia o quão caro aquilo era e que Deus não permita que ela perca a chance de comer algo que só a elite poderia comprar.

Era ainda início de tarde quando eles foram embora. Luhan prometeu voltar bem cedo no dia seguinte e Jongin assegurou aos Lu que ele os veria logo.

Quando eles chegaram em casa, Luhan mal conseguiu colocar um pé para dentro da sala antes de Jongin segurar sua mão, virando-o para encará-lo.

“Então… você gostou da sua surpresa? Você ficou surpreso?” ele perguntou.

Se Luhan não o conhecesse bem, ele pensaria que Jongin estava nervoso. Talvez ele estivesse.

“Sim,” Luhan respondeu, seu sorriso sincero. “Eu gostei muito. E eu realmente fiquei surpreso. De maneira alguma eu teria imaginado isso… Foi muito bom. De verdade.”

Jongin sorriu. “Eu estou alegre. Eu sei o quanto você sentia falta deles e eu realmente queria te levar até a China, mas…”

“Eu sei,” Luhan o assegurou, na esperança de que Jongin entendesse que ele sabia.

“De qualquer maneira, funcionou do mesmo jeito. Todos estão felizes. Especialmente a sua mãe pelo que parece,” ele acrescentou de modo provocativo.

Luhan suspirou, revirando os olhos. “Por favor, não me lembre disso. Ela não poderia ter ficado mais feliz nem se você construísse para ela um palácio de ouro. Eu só espero que ela não seja um incômodo enquanto nós não estivermos por perto. Você viu o jeito que ela falou com o garçom? Ela só estava lá fazia algumas horas e já se comportou como se fosse a dona dele.”

Jongin riu, o som alto, forte e amável. “Eu tenho certeza de que tudo ficará bem. Eu só terei que ‘molhar’ algumas mãos mais tarde se nós quisermos nos hospedar lá algum dia… mas valerá a pena. Ela está feliz e você está feliz… Certo? Você está feliz, não está?”

Luhan assentiu, suas bochechas ficando rosadas. “Muito.”

Jongin lhe mostrou outro grande sorriso… e então tudo mudou. Luhan viu aquilo em seus olhos antes dele começar a se inclinar para frente. Viu o querer… a luxúria. Ele sabia o que aconteceria e se preparou para aquilo. Ele nem sabia porque sentiu a necessidade de se preparar. Ele estava com Jongin, ele queria ficar com Jongin. Intimidade era uma parte natural daquilo. Então por que ele sempre ficava tão apreensivo?

O primeiro toque dos lábios de Jongin nos seus foi quase imperceptível, um mero roçar de carne contra carne. O segundo toque foi mais firme, uma espécie de pressão por trás dele.

Jongin sempre beijou muito bem e dessa vez não foi diferente. Ele tinha um jeito de fazer Luhan correspondê-lo, de inclinar a cabeça de um certo jeito ou abrir sua boca, sem se dar conta. E ele também gostava disso. Por que ele não gostaria quando Jongin era um mestre em beijar?

Mas quando o beijo começou a ficar mais profundo e as mãos de Jongin se firmaram em sua cintura, o impulso de se afastar, de ficar longe nasceu em seu peito, embrulhando o seu estômago. Aquilo parecia tão… errado. Não deveria ser, mas por alguma razão, era.

Confuso e cheio de arrependimento, Luhan terminou o beijo. Ele não conseguia olhar para Jongin, não sabendo o que veria: a luxúria, o querer, a mágoa e o desapontamento.

“Eu um… Eu…”

“Eu vou checar meus recados,” Jongin disse. “Ver se alguém tentou falar comigo enquanto eu estava ausente.”

Luhan acenou rapidamente. “Ok.”

Assim que Jongin começou a caminhar para longe, ele o chamou.

“Jongin-ah?”

Jongin parou e se virou, sua expressão fechada, olhos tristes.

Doeu vê-lo daquele jeito, realmente doeu.

“Obrigado.”

Com um pequeno aceno, Jongin voltou a se virar e continuou caminhando em direção ao seu escritório, deixando Luhan na sala, mãos em punho, sua mente se auto castigando.

“Droga…”

~~

Conforme a semana se estendia, Luhan passava todo dia com seus pais, levando-os para os pontos turísticos normais de Seul e todos os lugares ‘deslumbrantes’ que sua mãe queria visitar, como Apgujeong e outros lugares de alta classe em Gangnam.

“Você tem certeza de que não quer morar por aqui?” sua mãe perguntou pela milionésima vez. “É a moda agora, você sabia? Qualquer pessoa que é alguém na vida tem uma casa em Gangnam.”

Ele suspirou e disse, também pela milionésima vez. “Jongin e eu estamos perfeitamente contentes com o lugar onde moramos, mãe.”

“Sim, bem…”

Ela então falaria de outra coisa antes de voltar para o mesmo assunto, pela enésima vez.

Por mais que ela o deixasse louco, o irritasse até ele se perguntar o motivo de sentir saudades dela, o fato que permanecia era que ele prezava esses momentos, sabendo que o relógio estava contando os minutos até o momento em que ele diria adeus aos dois, não sabendo quando os veria de novo.

No quarto dia, Jongin surpreendeu Luhan ao tirar um dia de folga, declarando que ele tinha reservado um dia inteiro de tratamentos para os quatro no spa. Quando ele ligou para sua mãe para informá-la disso, ela ficou alucinada, planejando qual de suas roupas novas vestiria.

“Eu tenho que me vestir muito bem se vou ficar no meio de gente rica e famosa da cidade, não?”

Ele nem se incomodou em dizer que ela e as pessoas ricas e famosas da cidade usariam os robes fornecidos pelo spa. Por que perder seu tempo?

Eles começaram com massagens no corpo inteiro, as quais ele poderia admitir que gostou. Ele estava com tanto estresse acumulado dos últimos meses que não se deu conta de que seus músculos estavam extremamente travados até que a massagista disse isso a ele, pedindo que ele relaxasse e não sofresse tanto estresse ou colocaria a si mesmo numa sepultura mais cedo.

Depois disso, entretanto, Jongin reservou tratamentos faciais, manicures e pedicures. Foi aí que seu pai rateou.

O senhor Lu era um homem simples, originalmente de uma pequena cidade rural na China. Embora ele tenha se mudado para a cidade depois do casamento, o amor pelas coisas simples era uma parte inata de quem ele era. Além disso, homens de verdade não faziam essas coisas frescurentas.

Luhan mesmo não era um fã desse tipo de tratamento, tendo desenvolvido o hábito de fazer essas coisas depois que Jongin ‘organizou’ a sua vida. Nos últimos meses, ele tinha parado de fazer isso e podia dizer honestamente que não sentia falta alguma.

“Jongin, por que você não vai com a minha mãe e eu levo o pai para o restaurante? Nós podemos tomar alguns drinques no bar enquanto esperamos e vocês podem nos encontrar lá depois,” ele sugeriu.

Jongin olhou para sua mãe, depois para ele, e não precisava ser um gênio para saber o que ele estava pensando, mas sendo o bom anfitrião que era, ele pegou a senhora Lu pelo braço, sorrindo brilhantemente para ela.

“É um bom plano,” ele disse com uma jovialidade simulada. “Vejo vocês em breve.”

Enquanto os via se afastando, Luhan soltou um suspiro de alívio.

“Isso não foi nada legal,” seu pai o repreendeu com sua voz firme. “Você simplesmente abandonou a sua mãe e a deixou aos cuidados daquele pobre garoto.”

“Sim, bem… Ele deve saber exatamente pelo que pagou,” Luhan brincou. Ele ergueu uma sobrancelha para o pai. “Além disso… Eu estou te salvando de um certo inferno, não?”

Os lábios de seu pai se contraíram. “Certamente.”

Rindo para si mesmo, Luhan levou seu pai até os vestiários onde se trocaram antes de caminharem até o restaurante.

Uma vez já sentados no bar, bebidas pedidas, Luhan perguntou ao seu pai sobre a vida na China. Como estava indo seu trabalho, como estava sua irmã e seu noivo, sobre as pessoas e lugares que ele deixou para trás. Ele não tinha se dado conta de quão desesperado estava para saber de cada coisinha da vida que ele pensou que alegremente queria deixar para trás.

“Então…” seu pai começou, bebendo um gole de whisky. “Como estão as coisas por aqui? Você parece contente.”

Luhan assentiu. “Eu estou… contente.”

“Como anda o trabalho?”

O coração de Luhan disparou, suas orelhas queimando conforme ele olhava para sua bebida, com medo de que seu pai visse algo em seus olhos. “Bem… uh… não deu certo.”

“Oh? Você parecia realmente feliz da última vez que nos falamos.”

“Sim, bem… As coisas não deram certo logo em seguida.”

“Estou triste por ouvir isso.” Seu pai pausou, dando um gole na bebida. “Você tem procurado por algo novo?”

“Procurado?” Luhan repetiu, momentaneamente confuso. “Ah, sim. Estou pesando minhas opções,” ele mentiu.

O senhor Lu assentiu. “Bom. Você tem estado aqui por tanto tempo e ainda não se fixou por si mesmo. Um homem deve ser capaz de ficar em pé com seus próprios pés.”

As bochechas de Luhan queimaram. “Sim, pai.” Seu pai sempre teve a capacidade de fazê-lo se sentir menos do que ele já sentia que era, como se ele sempre fosse uma decepção.

“Você está feliz?” o senhor Lu perguntou de repente.

Luhan levantou a cabeça, olhos arregalados ao olhar para seu pai. “O que?”

“Você está feliz?” o senhor Lu repetiu. “Você está contente, você disse isso e eu posso ver isso com meus próprios olhos, mas você está feliz?”

“Eu…” Estar contente e feliz não era o mesmo?, ele queria perguntar.

Como se antecipasse a sua pergunta, seu pai balançou a cabeça. “Felicidade e contentamento não são a mesma coisa, filho. Contentamento é quando você convence a si mesmo de que o que você tem e onde você está em sua vida é o que você quer e onde você quer estar. Felicidade… Quando você está feliz, você sabe. Você não precisa convencer a si mesmo de nada, você sente isso do fundo do coração e da alma. Uma pessoa feliz nunca usaria a palavra ‘contente’. Você naturalmente sabe a diferença.”

Luhan abaixou a cabeça, sentindo como se suas falhas estivessem novamente expostas.

“Eu não entendo o seu estilo de vida e eu posso nunca aprová-lo, mas você é meu filho, Luhan. Eu te amo, apesar do que você possa pensar. Tudo o que eu sempre quis, pelo que eu trabalhei, foi para meus filhos serem felizes. Eu espero que você se dê conta de que merece pelo menos tudo isso.”

Luhan ergueu a cabeça e seus olhos se encontraram com os de seu pai, a insegurança e a confusão que ele tentava esconder com dificuldade brilhando nas profundezas do seu olhar.

“Eu não posso nem imaginar o quão complicado o seu relacionamento deve ser e o Jongin parece um jovem legal, mas… Se você não tiver certeza dele, se você não estiver feliz, você deve para si mesmo a oportunidade de encontrar o que, ou quem, fará você feliz.” Seus lábios se curvaram num sorriso. “Não importa o que sua mãe pense. Apesar de ser tão materialista e gananciosa quanto parece ser, ela se casou com um pobre carpinteiro de uma vila simples, não? Não porque ela não tinha outra opção – acredite em mim, sua mãe tinha muitos pretendentes naquele tempo -, mas porque ela queria mais para si mesmo do que uma grande casa e um marido amoroso pelo qual ela não se importaria. Ela queria felicidade e ela só poderia ter isso com o homem que amava. Sorte minha, huh?”

Luhan riu baixinho. Apesar de seu pai nunca ter falado desse jeito antes, ele sabia que o mesmo adorava sua mãe tanto quanto quando se casaram.

“Eu não sei de onde veio esse materialismo dela,” o senhor Lu continuou. “Talvez ela tenha se arrependido de não ter escolhido o contentamento. Talvez por isso ela fique muito em cima de você. Qualquer que seja a sua decisão, Hannie, não deixe sua mãe e eu sermos a razão por trás dela. Nós estamos bem, com ou sem dinheiro. Porque em vinte ou trinta anos, o contentamento pode não ser mais o suficiente. Já a felicidade… Ela pode durar a vida toda. Entendeu?”

Luhan assentiu, se sentindo como um menininho pela primeira vez, absorvendo o peso do conselho de seu pai. “Sim, pai.”

~~

A semana passou num piscar de olhos e antes que ele se desse conta, Luhan estava no aeroporto se despedindo de seus pais.

Ele estava triste, sua garganta obstruída pela emoção, a maior parte felicidade por poder tê-los visto e medo de que se passariam mais alguns anos antes de poder reencontrá-los.

Ele ficou em choque, contudo, quando sua mãe desabou em cima de si, o abraçando como se sua vida dependesse disso, gritando sobre seu bebê, seu bebê. Ele olhou para Jongin e depois para seu pai, não sabendo o que fazer. Sua mãe nunca foi uma pessoa emotiva então isso foi algo totalmente anormal.

No fim, ele deu tapinhas nas costas dela, a abraçou gentilmente e disse o quanto ele a amava e o quanto sentiria sua falta, antes de seu pai a puxar para longe e dizer para ela se controlar ou eles perderiam o voo. As lágrimas pararam em segundos.

Ele e Jongin ficaram no aeroporto até o voo partir, até eles não conseguirem mais ver o avião no céu, antes de voltarem para casa.

O humor no carro era melancólico, Luhan perdido em pensamentos e Jongin dando espaço para ele pensar.

Quando eles chegaram em casa, Jongin pediu licença para ir até seu escritório, deixando Luhan com seus próprios afazeres. Era quase 18h, o sol tendo se pondo há um tempo, as temperaturas caindo já que eles estavam quase no inverno, então ele decidiu preparar o jantar cedo. Foi um longo dia – ele levou seus pais para um passeio na cidade uma última vez antes de Jongin os pegar no resort – então encerrar o dia cedo parecia uma boa ideia para seu corpo cansado.

Uma hora depois, quando eles se sentaram para jantar, uma vela solitária flamejando na mesa entre eles, ele ouviu Jongin falar sobre uma fusão qualquer que sua empresa estava atualmente envolvida. Ele ficava impressionado com relação a paixão que Jongin tinha pelos números. Honestamente, sua cabeça doía só de pensar sobre esse assunto, mas ele apreciava quando Jongin falava sobre isso. Ele sempre foi tão apaixonante e… vivo. Antes… antes, ele não sabia como era sentir isso, essa paixão e devoção por um trabalho, não sabia como era se destacar em uma coisa e ser útil em algo, mas agora ele sabia e ele estaria mentindo se dissesse que não sentia falta.

“Você sente saudades deles, não sente?” Jongin perguntou, mudando de assunto repentinamente.

Luhan sorriu suavemente. “Sim. Eu não me dei conta de quanto até dizer adeus a eles mais uma vez.”

“Me desculpe… Talvez eles devessem ter ficado mais tempo. Eu só não sabia como seriam as coisas com relação a sua mãe sendo… bem, a sua mãe.”

Luhan riu. “Tudo bem. Ela se comportou surpreendentemente bem pelos seus padrões. Foi perfeito. Obrigado,” ele disse sinceramente.

Jongin sorriu. “Talvez da próxima vez nós possamos convidar a sua irmã e o noivo dela também. Talvez no Natal? Todos podem ficar aqui e eu posso tirar uma semana de folga para que você tenha algum apoio para quando sua mãe começar a te enlouquecer. A empresa não vai se desfazer sem mim… eu acho.”

“Isso parece… bom. Realmente bom.”

Jongin concordou. “Então está combinado.”

Eles terminaram de jantar e Luhan tinha acabado de começar a juntar os pratos e talheres quando sentiu Jongin se aproximar pelas suas costas.

“Luhan…”

Virando-se, Luhan ergueu uma sobrancelha em curiosidade.

“Você pode se sentar por um minuto? Eu quero falar com você.”

Uma tensão nervosa imediatamente se iniciou no estômago de Luhan, seu jantar ameaçando sair pela sua boca.

Ele cautelosamente se sentou na beirada de uma cadeira, suas costas retas, e observou com olhos arregalados e cautelosos quando Jongin se ajoelhou em frente a si.

Jongin pegou a mão de Luhan de cima de seu colo, brincando com os dedos alheios enquanto falava.

“As coisas tem sido boas entre nós ultimamente, certo?”

Luhan concordou, limpando a garganta antes de falar. “Sim.”

Jongin também concordou, como se assegurasse a si mesmo de que não estava interpretando errado a situação. “Bom, eu estou alegre.” Ele pausou para respirar fundo, soltando o ar bem devagar enquanto encarava Luhan, olhando o nos olhos com seu olhar sério e sincero. “Eu tenho tentado tanto, mas tanto te mostrar que dessa vez eu estou sendo sério. Para te provar que eu quero isso, nós, e que eu te amo. Às vezes eu sinto que estou progredindo, que nós estamos na mesma página, mas outras vezes… Eu preciso que você me encontre no meio do caminho, Lu. Eu preciso saber se você também quer isso, que você me quer. Que eu não estou fazendo tudo isso em vão.”

“Me desculpe…” Luhan começou.

Jongin balançou a cabeça. “Não. Não se desculpe. Isso é tudo culpa minha. Se eu não tivesse… feito as coisas que eu fiz, se eu tivesse te mostrado antes o quanto você significa para mim, nada disso teria acontecido. É só que… Eu te amo e quero ficar com você. Eu não espero que você sinta o mesmo, não até achar que eu mereça, mas eu preciso que você me mostre que há uma chance real para nós. Toda vez que eu te toco eu sinto como… como se você não visse a hora de ficar longe de mim ou como se você sentisse nojo. Eu não te culpo por isso, não depois dos segredos que eu escondi de você, mas se é esse o caso me diga. Vamos conversar sobre isso. Nós podemos fazer terapia, o que for necessário. Mas eu preciso… Eu preciso saber se você está nessa comigo. Que nós queremos a mesma coisa. Que nós estamos… comprometidos.”

Por um momento, Luhan não acreditava que isso estava acontecendo. De novo.

Aqui estava Jongin, literalmente de joelhos, implorando por uma chance para lhe dar tudo o que ele poderia querer. O inteligente, atraente e sofisticado Kim Jongin estava implorando. Era quase como estar vivendo em um sonho. E mesmo assim… dessa vez, Jongin estava mostrando que era um homem de palavra. Com tudo o que eles fizeram um para o outro, e com todos os problemas que eles finalmente tinham resolvido, as coisas realmente pareciam estar dando certo. Tudo o que Jongin pedia era uma chance real. Não era isso o que Luhan sempre quis? Que Jongin só tentasse, que fizesse um esforço verdadeiro? Ele manteve cada promessa que fez desde sua grande revelação, o surpreendeu com o presente da vinda de seus pais e até estava planejando seu futuro juntos, algo que Jongin nunca havia feito antes. Ele finalmente tinha tudo o que sempre quis e tudo o que Jongin queria em retorno era que ele o deixasse fazer parte de sua vida.

Ele finalmente tinha tudo o que queria. Então porque tudo estava sendo difícil quando não deveria ser?

“Luhan?”

Assim que Luhan olhou para Jongin, notando a honestidade bruta em seus olhos, ele sentiu o aperto em seu coração se desfazer, o medo ir embora. Esse era o Jongin pelo qual ele se apaixonou dois anos atrás. Esse era o Jongin que não se escondia atrás de dinheiro ou status, que não tratava as pessoas como se elas fossem apenas posses a serem compradas ou vendidas. O Jongin que ele pensou que nunca o trairia. Ele era apenas Jongin… o homem.

Respirando fundo, Luhan ergueu a mão até a bochecha de Jongin, segurando-a gentilmente. “Ok.”

Jongin piscou, como se tivesse medo da esperança de ouvir o que de fato estava ouvindo. “Ok?”

Luhan assentiu. “Ok.”

Luhan mal conseguiu notar o enorme sorriso de Jongin antes dos lábios alheios estarem sobre os seus, as mãos de Jongin deslizando pelos seus cabelos para puxá-lo para mais perto.

Luhan não conseguiu segurar o riso quando Jongin enfiou a língua em sua boca.

Afastando-se, Jongin franziu a testa. “O que?”

“Esse foi provavelmente o beijo com mais gosto de queijo que eu já tive,” ele comentou, deslizando a língua pelos dentes.

“Oh, meu Deus.” Jongin baforou na própria mão e depois cheirou. “Você quer que eu escove os meus dentes?”

Luhan afastou uma mecha de cabelo que havia caído na testa alheia. “Não, bobo. Com certeza meu hálito está do mesmo jeito. Nós acabamos de jantar afinal.”

“Oh. Sim…” Jongin sorriu timidamente, seus lábios se curvando quando Luhan riu. “Luhan?”

“Sim?” ele perguntou, calmamente.

“Você me deixa fazer amor com você?”

Luhan engasgou, seus olhos se arregalando. Jongin… estava pedindo? Ele nunca pediu antes, ele sempre apenas… fazia.

Sem palavras, Luhan assentiu.

Jongin segurou a sua mão enquanto se levantava, mas no minuto em que Luhan ficou em pé, ele o trouxe para perto de si e o pegou no colo.

“Yah! Eu posso andar!” Luhan protestou.

“Só aguente um pouco. Isso faz com que eu me sinta másculo,” Jongin provocou.

“Bem, nós não queremos prejudicar isso, queremos?” Luhan retrucou, deslizando seus braços ao redor do pescoço de Jongin.

A subida pelas escadas foi levemente precária, com Jongin apenas – de brincadeira? – o deixando escorregar uma vez, fazendo com que Luhan se segurasse nele ainda mais forte.

Quando eles chegaram ao quarto, Jongin o colocou na cama com um cuidado extremo, o despindo vagarosamente enquanto a ansiedade se fixava no estômago de Luhan. Ele se sentia novamente como um virgem. Ele não ficava tão nervoso assim desde…

Balançando a cabeça para clarear seus pensamentos, ele fechou os olhos e deixou que as sensações dos toques de Jongin levassem embora sua razão.

Jongin o tocou da cabeça aos pés, literalmente beijando-o de cima a baixo, não deixando escapar nenhum lado de seu corpo até Luhan se sentir como uma chama viva, sua pele num tom forte de rosa e queimando em todo lugar que Jongin tocara. Quando Jongin finalmente separou suas pernas e se arrumou entre elas, levando seu membro até a boca, Luhan gemeu, suas costas arqueando contra a cama. Ele estremeceu de leve quando dedos frios e macios pressionaram a sua entrada.

Jongin sempre foi um especialista nisso, em excitá-lo. Ele não sabia se era porque ele nunca esteve com alguém antes de Jongin ou se Jongin era simplesmente bom nisso.

Provavelmente a segunda opção dado o seu histórico, uma vozinha lhe sussurrou mentalmente.

Ele foi tirado de seus pensamentos assim que um gemido arrastado escapou de seus lábios quando Jongin tocou em sua próstata, suas coxas temporariamente se fechando ao redor da cabeça de Jongin ao mesmo tempo em que um imenso tremor percorreu o seu corpo.

Jongin riu ao redor de seu membro, a sensação atravessando as terminações nervosas de Luhan, antes dele se afastar e retirar os dedos do menor.

“Você sempre foi uma coisinha tão sensível”, ele provocou.

Luhan ruborizou, mas não respondeu nada.

Ele viu sob pálpebras pesadas quando Jongin se despiu, seus olhos se fechando quando Jongin segurou os seus joelhos e gentilmente puxou seus quadris para a beirada da cama, joelhos dobrados e pés plantados firmemente no colchão.

Jongin se inclinou entre suas pernas e capturou mais uma vez os seus lábios, sua língua se enfiando de um jeito na boca de Luhan como se simulasse o que viria a seguir.

Ao sentir a ponta da ereção de Jongin deslizar para dentro de sua entrada sensível, algo em Luhan acordou. Ele se afastou, terminando o beijo, e antes de se dar conta, se viu dizendo, “Camisinha?”

Jongin olhou para ele completamente surpreso, já que em todo o tempo em que estiveram juntos, eles raramente usaram uma, Jongin sendo do tipo que “ia direto ao ponto” e não perdia tempo com “pequenas coisas”.

Luhan não sabia o que o fez dizer aquilo e quebrar o momento, mas ele precisava disso. Ele precisava dessa barreira entre eles.

Ruborizando, Luhan murmurou, “Mais fácil de limpar.”

Jongin pareceu sair do seu estado de choque, um olhar de compreensão, quase envergonhado em seu rosto. “Me desculpe, eu nunca pensei nisso… Me desculpe.”

Ele se levantou e caminhou até o criado mudo, rapidamente pegando o que precisava enquanto Luhan murmurava se auto castigando, antes de voltar a sua posição prévia e continuar de onde tinha parado.

No momento em que Luhan relaxou de novo, um braço ao redor das costas de Jongin enquanto a sua outra mão se enroscava nos cabelos alheios, Jongin guiou a si mesmo para dentro do corpo de Luhan, centímetro por centímetro.

Ele não fazia isso já tinha um tempo, então Luhan demorou alguns minutos para se ajustar à Jongin, mas uma vez que ele deu o sinal, um leve impulso para cima de seu quadril, Jongin aproveitou a deixa e começou a se mover.

Isso foi surpreendentemente familiar, Luhan pensou. Assim como beijar, Jongin sempre foi bom nisso. Pelo menos quando ele ia com calma. Houve vezes em que…

Livrando-se desse pensamento – algo que ele se deu conta que tinha feito muitas vezes naquela noite – ele voltou a sentir com seu corpo, voltou ao prazer que Jongin estava lhe dando: o profundo vai e vem em seu canal e os lábios de Jongin se deleitando em seu pescoço, sua zona erógena favorita.

Dado o quão sensível ele estava antes de Jongin o penetrá-lo, não foi surpresa alguma ele não ter durado muito, reprimindo um gemido, ele arqueou as costas e gozou entre seus corpos.

Jongin levou mais alguns minutos para chegar ao ápice, o qual Luhan esperou pacientemente apesar de estar bem sensível após o próprio orgasmo, mas não demorou muito para Jongin se desfazer com um gemido ao mesmo tempo em que segurava o corpo de Luhan contra a cama e deleitava-se com seu ápice.

O silêncio reinou por longos minutos depois daquilo e Luhan ficou preocupado achando que as coisas ficariam estranhas entre eles. Afinal de contas, eles não faziam aquilo, nem algo remotamente semelhante a isso, há meses e a última vez… Bem, ele não queria realmente pensar naquilo.

Ele observou ansiosamente quando Jongin se afastou dele, estremecendo um pouco quando o mesmo saiu de dentro de si e retirou o preservativo, levantando-se para jogá-lo dentro de um cesto de lixo.

Luhan ficou um pouco surpreso quando Jongin voltou, deslizando uma de suas mãos de forma descontraída pelo interior de sua coxa.

“Um banho?” Jongin propôs, sua voz ligeiramente rouca.

Luhan sorriu suavemente, a tensão em seu peito se desfazendo. “Parece bom.”

Ele gritou em surpresa quando, sem aviso, Jongin deslizou um dos braços pelas suas costas e o levantou mais uma vez.

“Eu devo me incomodar em te lembrar que eu tenho pernas perfeitas para andar?”, ele resmungou, apoiando a cabeça no ombro de Jongin.

“Me lembre,” Jongin disse de mansinho, pressionando um beijo cálido na testa de Luhan. “Eu ainda estou me sentindo másculo.”

 

Apartamento 707 – Capítulo 28 – Final

Boa noite pessoal!

Última repostagem de AP ( fic HUNHAN da Kah). Primeira fic que eu li da Kah e acho que ela foi um dos motivos da minha amizade com a Kah ter criado uma raiz xD Por isso, essa fic é especial para mim <3333 

Tenham uma boa leitura! <33333

Relembrando que por motivos explicados neste link http://www.twitlonger.com/show/n_1s0s1g5 a Kah decidiu deletar a fic no site em que postava xD

 

Capítulo 28: Room 707

 

 

Estão preparados para o capítulo final de AP 707? A primeira parte do capítulo é em primeira pessoa, com o Luhan narrando algumas coisas. Depois volta pra terceira pessoa, ok?

 

 

 

 

Para mim, a melhor comparação da vida é com uma roda gigante, que tem seus giros e momentos no alto e momentos embaixo.

 

Nossa fase de problemas foi o momento que nossa roda empacou na parte baixa, nos impedindo de sentir o ar gélido lá de cima e ver bela visão da cidade iluminada. Mas depois da ajuda de Jongin, nossa roda voltou a andar nos proporcionando momentos incríveis.

 

É claro que nesses anos a roda emperrou algumas vezes e tivemos alguns obstáculos. Algumas discussões aqui e ali, coisas normais. Afinal a vida não fica sempre parada no melhor lugar, quando você está no topo, não é?

 

Porém o importante é que nunca paramos de vez, nossa roda gigante sempre voltava a girar e trazer emoções inéditas.

 

Como por exemplo, o noivado do Min.

 

Eunjung e Minseok terminaram alguns meses depois da venda do primeiro CD da The Secret Of The Phoenix. Parece que ela não aguentou toda a pressão com o final da banda, por causa da confusão com Dahee, e o fato de ter que começar tudo de novo enquanto que Minseok estava cada vez mais subindo as escadas da fama.

 

Mas a solidão durou apenas alguns meses para o nosso querido guitarrista. Na gravação de um MV para a The Secret Of The Phoenix, Minseok conheceu Jo Bo Ah. Ah, aquele dormitório não foi o mesmo por um mês.

 

Cada vez que Minseok assistia a um filme romântico, ou ficava dedilhado músicas românticas no violão a gente implicava com ele. Até senti pena algumas vezes porque Baekhyun e Sehun podem ser cruéis nas brincadeiras.

 

E depois que os dois começaram a namorar, os meninos ficaram mais chatos ainda,mas era divertido ver o Min envergonhado perto dela.

 

Mas depois de um tempo, nossas brincadeiras pararam porque os dois ficavam mais e mais íntimos. Tanto que nem demorou muito para noivarem.

 

Com isso mudamos nossos alvos e as brincadeiras agora eram direcionas a Yifan e Yixing, que nunca apareciam com alguém. Uma vez Baekhyun perguntou se Yixing estava com voto de castidade e Sehun disse que o tecladista era assexuado. Mas os dois apenas ignoravam e ficavam sorrindo.

 

Assim era a rotina no dormitório. Sempre com risadas, planos e brincadeiras.

 

Nem o Sr. Lee escapava de sofrer alguma piadinha da gente. Como quando ele apareceu com marca de batom na camisa depois de uma visita à sua esposa, e Sehun brincou falando que a visita foi boa e rendeu bons frutos.

 

A cada dia eu me perguntava se podia ser mais feliz do que eu estava.

 

E a vida me mostrou que eu podia.

 

Meus livros foram ficando cada vez mais famosos e queridos pela crítica; a banda estava cada vez mais famosa e atraindo fãs até mesmo fora da Coréia. Minhas músicas sempre eram elogiadas e alguns músicos me contratavam para escrever algumas canções.

 

Para melhorar, meu terceiro livro, uma história de amor de um adolescente apaixonado por uma menina com esquizofrenia, virou dorama. Aumentando ainda mais o sucesso das minhas histórias e a também a pressão da editora.

 

Nesse momento eu quase surtei com a carga de pedidos, e até tive algumas discussões com Sehun que também estava exausto dos shows – e com ciúmes achando que o ator principal do dorama estava apaixonado por mim.

 

Foi uma das vezes que a roda gigante emperrou, mas não durou muito. Como sempre, acabamos por nos entender em nossa cama entre suspiros e juras de amor.

 

Uma briguinha aconteceu também quando Jongin quis me encontrar. Depois que ele nos ajudou não mantive contato com ele. Porém, um dia ele me ligou e foi Sehun quem atendeu o telefonema e disse para que Jongin não me procurasse mais; nós tivemos um bate-boca leve, e depois retornei a ligação.

 

Jongin queria que eu e Sehun fôssemos tomar um café com ele e Kyungsoo, pois queria compartilhar a felicidade de finalmente ter reatado o namoro com o mais velho. Porque depois de Jongin ter contato a verdade em rede nacional, Kyungsoo ainda achou que o mais velho precisava de um tempo para aprender as coisas e ter certeza de que estar com Kyungsoo era mais importante que o ego machucado.

 

Eu realmente fiquei feliz por Jongin, que passou por momentos difíceis para mostrar para Kyungsoo que nunca mais daria algum deslize, e mostrar o quanto o amava. A felicidade dos dois era tão grande que parecia palpável.

 

Ah! Isso aconteceu um ano depois de toda a confusão por causa da armação de Eun Micha e Dahee.

 

Por falar nelas, depois que perdeu o contrato com a Amazing Music, Eun Micha não arrumou nenhuma outra gravadora. Até onde eu sei, ela vive cantando em barzinhos noturnos da cidade. Dahee teve que sair da banda – que logo depois se desfez – e voltou para sua cidade natal, uma cidadezinha do interior. Ninguém mais teve notícias dela.

 

Acho que elas foram as únicas a não terem um momento feliz.

 

Porque todo mundo estava realizado e feliz com o rumo que a vida estava tomando. Kyungsoo e Jongin estavam juntos; Baekhyun e Chanyeol; Minseok e Jo Bo Ah, Yifan e Yixing diziam que estavam bem como estavam – o que me fazia suspeitar de algo, mas nunca comentei – e Joonmyeon também estava feliz!

 

Porque depois de toda a correria com aqueles problemas, eu e Sehun conseguimos uma folga para a banda tocar, de graça, no bar The Stones toda sexta-feira. Os meninos não queriam abandonar o local que foi a casa deles e onde foram tão bem recebidos.

 

Joonmyeon ficou muito feliz quando soube, e foi na primeira noite da banda depois dessa volta ao bar, que eu descobri que Joonmyeon estava namorando o primeiro amigo que eu fiz em Seul. Exatamente, Joonmyeon e Jongdae estavam juntos.

 

E o meu coração se enchia de felicidade ao ver tudo dando certo para mim e quem eu amava.

 

Mas a melhor emoção, ainda estava por vir.

 

× × × ×

 

 

Os gritos exaltados eram ouvidos e os meninos sorriram um para outro enquanto viam na televisão os apresentadores conversarem. De alguma forma aquilo era tão nostálgico, mesmo que tanto tempo tivesse passado.

 

“E mais um festival se passou!” – A voz grave de um homem soava animada na câmera que filmava e transmitia na televisão que Luhan e os seis integrantes da banda assistiam.

 

“E esse festival tem uma surpresa!” – O outro apresentador comentou.

 

“Sim! Para comemorar o sucesso do festival em todos esses anos e comemorar o aniversário de dez anos, nós trouxemos a primeira banda que ganhou nesse palco!” – A única mulher apresentadora falava animada.

 

Dez anos.

 

Dez anos de festival. Dez anos de sucesso e de muita história, de muitas voltas ruins e outras maravilhosas na vida de Luhan e Sehun.

 

Depois de quatro anos de sucesso, fazendo show’s por diversos países, a The Secret Of Phoenix atraiu o olhar de uma gravadora americana que tinha ligação com a Amazing Music. Inicialmente eles ficariam apenas um ano promovendo por lá – pois o número de fãs ocidentais estava cada vez maior. Mas devido ao rumo das coisas, a banda aceitou quando o contrato foi estendido e eles migraram para a gravadora americana.

 

A mudança foi difícil. Dizer tchau para pessoas e momentos importantes foi dolorido, principalmente quando a despedida foi com o Sr. Lee, o manager que foi como um pai para todos os meninos. Mas era uma oportunidade que todos queriam… E mesmo que estivesse doendo e a saudade apertasse, eles sabiam que o Sr. Lee sempre estaria torcendo por eles.

 

E o carinho do velho manager não mudou em nada nesses anos, pois ele estava lá nos arredores do festival para assistir o show dos seus meninos.

 

“Eles voltaram para a Coréia exatamente para apresentarem aqui no Festival a música nova, que é tema do filme inspirado no livro escrito pelo compositor deles, Luhan. Ufa! Parece que essa aliança entre a The Secret Of The Phoenix e Luhan fez sucesso, hein?” – A apresentadora SooHee dizia sorrindo.

 

“As duas carreiras só sobem, cada vez mais. Luhan vendeu, durante esses dez anos, dez livros cada um mais querido pela crítica. Seus livros começaram vendendo bem na Coréia e na China, porém em pouco tempo ele já estava vencendo as barreiras continentais e seu nome foi conhecido fora da Ásia. Dois doramas foram inspirados em seus livros, e agora uma conquista maior…”

 

“Seu mais recente livro inspirou um filme de produção norte-americana que está entre a lista de indicados ao Oscar como melhor Atriz coadjuvante e Trilha sonora. E para ser melhor ainda, a trilha sonora ficou na responsabilidade da The Secret Of Phoenix, que lançou seu novo CD esses dias, trazendo as músicas do filme.”

 

“Música escrita pelo Luhan, que é trilha sonora do filme inspirado em seu livro. Existe algo que barre esses meninos?” – Soohee perguntou com a expressão de surpresa e também orgulho. – “Mas vamos parar de falar e chamar os meninos no palco?” – Perguntou se direcionando para a plateia que vibrou. – “Depois de deeeeez anos, voltando ao palco do Festival de Música da KBS… The Secret Of The Phoenix!”

 

Um atrás do outro foi correndo pelo corredor e o primeiro a aparecer no palco foi Chanyeol, seguido de Baekyun, Minseok, Yifan e Yixing. Sehun e Luhan entraram por último… E juntos… Porque dois anos depois de se mudarem para o Ocidente, Luhan, Sehun, Baekhyun e Chanyeol decidiram parar de esconder para o mundo o que tinham.

 

No começo, algumas pessoas não gostaram – principalmente na Coréia. Alguns disseram que Luhan e Sehun mentiram sobre Eun Micha, mas ambos informaram que não mentiram e que a cantora realmente havia armado uma armadilha para ter Sehun, confirmaram ainda que as provas e os testemunhos de Jongin, Dahee e a gravadora eram suficientes para mostrar a inocência dos dois.

 

A mentirinha de leve que disseram foi quando revelaram que o namoro veio depois disso tudo. Para a mídia, a relação de Sehun e Luhan tinha dois anos a menos do que ela tinha de verdade.

 

Depois de todas as manifestações do contra, as coisas pareceram se acalmar. E como a The Secret Of The Phoenix estava com a carreira estabilizada, assim como a carreira de Luhan, não sofreram consequências drásticas com essas revelações.

 

As fãs de verdade aprenderam a olhar o que era mais importante: a música e os livros. Então, nem isso foi capaz de frear o crescimento daqueles sete rapazes.

 

“É um prazer recebê-los nesse palco!” – Um dos apresentadores saudou. – “O que sentem ao pisar aqui depois de dez anos?”

 

“Hm… Nostalgia… Acho que é a melhor palavra.” – Baekhyun respondeu sorrindo. – “E também o sentimento de trabalho bem feito, durante esses dez anos.” – Terminou sua resposta e os outros balançaram a cabeça positivamente.

 

“Vocês evoluíram muito nesses anos, pessoalmente e profissionalmente também. Conquistaram várias coisas… Saibam que nós temos muito orgulho de vocês representarem nosso nome pelo mundo!”

 

“Obrigado. Somos muito gratos à editora KBS que nos deu essa oportunidade!” – Minseok falou sorridente e depois se curvando e quando voltou o corpo encontrou o olhar de sua esposa na plateia, sorrindo de forma orgulhosa.

 

“Bem… Mas o que o público mais quer é ouvir a música não é? Então, para realizar a vontade da plateia, vamos pedir uma sinopse rápida para Luhan sobre a história do filme, para assim eles cantarem pra gente…”

 

“Isso, isso! Luhan, por favor, nos conte o enredo desse filme inspirado em seu livro.”

 

“Bem… O filme conta a história de um casal que se conheceu em um ônibus…” – Luhan comentou com seu olhar se encontrando com o de Sehun e ambos sorrindo de maneira disfarçada. – “Eles ficam próximos nessa viagem, mas se despedem assim que chegam ao destino… Só se encontram um mês depois, pois estão olhando o mesmo apartamento para morar. Como ambos queriam viver ali, e era acessível financeiramente, decidiram dividir o apartamento.” – Sorriu.

 

“Eles se apaixonam no decorrer do momento. Porém cada um tem um sonho… Ele ser músico e ela bailarina. Em um momento ele consegue um contrato com uma gravadora e aí o drama se desenvolve.” – Luhan riu torto. – “Mas para saberem terão de ler meu livro ou assistirem ao filme.”

 

“Tenha certeza que eu sei o que aconteceu! Chorei muito com esse livro, mas amei… Amei de verdade!” – SooHee dizia. – “Bem, vamos à música? Com vocês… The Secret Of The Phoenix cantando… Room 707!”

 

Luhan se afastou com os três apresentadores enquanto via os amigos se direcionarem para seus instrumentos. O som agudo da guitarra de Sehun cortou os gritos da plateia, pedindo silêncio para sua voz rouquinha sussurrar a frase “Do you believe in fate?” de um jeito bem sensual, que arrepiava o corpo do chinês.

 

Ao fundo um telão passava o clip da música, com cenas do filme. A menina caindo no colo do garoto e o acordando, este pegando a case de seu violão e tirando da poltrona que ela sentaria.

 

  1. Foi tudo que Luhan sentiu.

 

Do you remember when we met?

It was fate that made us to know that bus

 

I fell into his lap, and I never was the same after I got up

I’ve gotten lost in your eyes…

 I’ve found myself in your love

 

Promise me, that you’ll never leave me?

 

Junto com as cenas do filme, aparecia também a banda tocando na sala do apartamento usado nas gravações do filme. E Luhan comentava em seus pensamentos o quanto Sehun estava lindo, ou mais lindo ainda, naquele clip. Seus fios castanhos – pois ele não quis mais abrir mão daquela cor – estavam em um topete e seus olhos pequenos marcados com uma fina linha preta de delineador; a calça jeans escura e a blusa… Cinza que tinha um desenho no meio: dois dragões, um branco e um preto, que estavam juntos de um jeito que formavam o símbolo do Ying e Yang.

 

Sehun dizia que era a xodó dele.

 

Além do visual, Sehun estava incrivelmente mais bonito naquele duelo de guitarra com Minseok e ambos soltando sons agudos com seus instrumentos enquanto Baekhyun dava suas notas altas.

 

Era perfeito.

 

As cenas entre a banda naquele apartamento abandonado se misturavam com as cenas do filme, fazendo os olhos de Luhan lacrimejarem. Ele estava emocionado mais uma vez, por ver a banda conquistando mais um momento especial, e podendo dividir de forma íntima esse momento.

 

Because you are my fate.

 

Baekhyun terminou a música sussurrando essa frase e todos que assistiam saudaram a música. Mais uma música linda cantada pela The Secret Of The Phoenix, mais uma música linda escrita por Luhan. Mais um espetáculo que eles protagonizavam mostrando que o destino sabia o que fazia quando uniu Sehun e Luhan naquele ônibus e depois naquele Apartamento 707.

 

× × × ×

 

Os ternos elegantes de Sehun e Luhan estavam jogados pelo caminho que levava até o quarto do casal. As camisas sociais estavam esparramadas no chão perto da porta do quarto e as calças largadas perto da cama. Os lençóis estavam bagunçados, cobrindo apenas parte dos corpos que se movimentavam com uma velocidade mediana.

 

Gemidos e suspiros se mesclavam ao som dos corpos que iam de encontro um com o outro. Os toques às vezes calmos, e em outras mais necessitados, marcavam as peles alvas com apertos e vergões; os lábios milimetricamente desenhados um para o outro, se encontravam em um beijo apaixonado.

 

Não importava quantas vezes aquele momento havia se repetido – e foram muitas, acreditem – mas o amor não diminuía nem mesmo um centímetro. O desejo, a paixão, a necessidade e o amor continuavam firmes e fortes, como se sempre fosse a primeira vez.

 

Com um gemido arrastado que foi liberto logo que os lábios se afastaram, Luhan se desfez dentro de Sehun, que procurou os lábios cheinhos do chinês para abafar os sons que desprendiam de sua garganta. Não demorou muito para que o coreano encontrasse seu clímax também, desfazendo-se nos dedos ágeis de Luhan.

 

Os corpos suados e cansados se uniram em um abraço, enquanto que Sehun descia com seus lábios pela bochecha alva de Luhan. A respiração desregular do mais novo ia se chocando com a pele orvalhada de suor do rosto impecável de Luhan, que ia se repuxando em arrepios com o carinho.

 

“Eu te amo…” – A voz rouca sussurrou, fazendo o coração de Luhan acelerar no peito. Era sempre assim.

 

“Eu também te amo.” – Respondeu com um sorriso, mordendo a bochecha de Sehun e deitando ao seu lado.

 

O mais novo puxou Luhan para perto, fazendo com que ele deitasse em seu peitoral, enquanto acariciava as madeixas escuras; sentindo o formigar em sua pele que entrava em contato com o sopro da respiração de Luhan.

 

“Hannie…”

 

“Sim?”

 

“Uma coisa eu não entendi…”

 

“O que?”

 

“Eu já sabia o final… Mas eu me controlei para perguntar… Mas hoje, na estreia do filme, eu voltei a ficar curioso.”

 

“Com…?” – Luhan levantou a cabeça rindo, já imaginando a pergunta de Sehun.

 

“Por que o final do livro e do filme foi triste? O começo foi baseado na nossa história, mas depois… Eles não ficam juntos! Nós ficamos!”

 

“Quando o Peter vai embora, deixando a Emmy no apartamento… Ambos sentem medo de não conseguir levar em frente o relacionamento. No começo eles conseguiram, porém, a Emmy era insegura… E não conseguia lutar pelo que queria. Pelo que mais queria. Que era o amor do Peter… No final, eles não ficam juntos, porque ele fica cada vez mais famoso com a música e ela entra em uma academia de dança que viaja pelo mundo… Os anos passam, ela vai embora, porém em uma das visitas à Nova York, ela volta ao apartamento, ao descobrir que ele ainda estava vazio. Quando chega lá tem uma carta do Peter… Ele dizendo que a música que escreveu, a que vocês cantam, foi escrita pra ela…”

 

“Sim… Mas eles não ficam juntos!” – Sehun questionou, parecendo que havia parado no tempo e continuava aquele menininho de 19 anos.

 

“Porque a Emmy teve medo. A Emmy era o meu ‘eu’ ali. O meu ‘eu’ que era medroso e que não lutava pelo que queria. A Emmy mostra o que teria acontecido se eu tivesse desistido… E mostra toda a felicidade que eu perderia… Se não tivesse lutado para ficar ao seu lado, toda vez que passamos por algum problema.”

 

“Luhan…”

 

“Tudo que a Emmy teve dele, foi a lembrança a cada vez que ouvia a música. Mas eu tenho a realidade.” – Sorriu acariciando o rosto de Sehun.

 

“Como você consegue ser tão perfeito sempre?” – O mais novo perguntava enquanto distribuía beijinhos pelo rosto de Luhan. – “Eu te amo!”

 

“Eu também te amo e… Sehun, o que…”

 

“Acho que você me excitou.”

 

“Eu estava falando algo fofo e você… Já está assim?”

 

“Certas coisas nunca mudam, Luhan. Sua existência me excita.”

 

“Ninfomaníaco!” – Luhan riu e depois puxou o mais novo para um beijo.

 

“Somente eu, né?” – Comentou depravado, enquanto rolava e ficava por cima de Luhan.

 

“Certas coisas nunca mudam.”

 

× × × ×

 

Luhan e Sehun entraram naquele local de mãos dadas, ambos nervosos e ansiosos. Era um passo completamente inédito para os dois.

 

Mas era algo que eles desejavam fazia muito tempo.

 

O clima de Nova York era frio. Um inverno rigoroso que obrigava seus habitantes a se esconderem dentro dos enormes casacos de lã, mas Luhan e Sehun se sentiam quentes e suas mãos suavam.

 

O que o nervosismo não faz com as pessoas, não é?

 

Passaram a porta de madeira e quando viram quem estava ali, pensaram que o mundo fazia sentido. Se entreolharam e sorriram antes de caminharem mais uma vez.

 

Pararam em frente à senhora que estava com os papéis em mãos; fizeram algumas burocracias aqui e ali e depois caminharam para o casalzinho que estava sorrindo para eles. Foram dez meses em encontros naquele orfanato para visitarem Allan e Victoria.

 

Dois irmãos com, respectivamente, dez e seis anos. A mais nova era cega desde os dois anos de idade, o que fazia com que as responsáveis pelo orfanato lamentassem o fato dela não conseguir pais adotivos. Pensaram que as duas crianças somente sairiam dali depois que completassem a maior idade.

 

Até Luhan e Sehun aparecer.

 

“Podemos chamá-los de papai agora?” – Allan perguntou, se aninhando em abraço em Luhan.

 

“Devem.” – O chinês respondeu sorridente.

 

“Papai, Sehun… Você vai tocar para mim?” – Victoria perguntou, seus dedinhos procurando o rosto de Sehun para reconhecê-lo.

 

“Vou. E olha que lindo… Papai tem um show com a banda esse final de semana! Você, seu irmão e o papai Luhan vão estar lá comigo!”

 

“Eu amo quando você toca, e o Tio Baekhyun canta. Eu não posso vê-los, mas eu sinto a felicidade de vocês… Aqui dentro.” – Tocava na região do coração. – “Eu sinto a música, o que ela passa… Eu sinto a música que o papai Luhan escreve e que você toca…”

 

“Sentir a música é o mais importante.” – Sehun comentou emocionado. – “Você é a filha mais perfeita que eu poderia ter… E você o filho, Allan. Nada de ciúmes.” – Disse rindo e fitando Luhan, que estava com os olhos marejados.

 

“Vamos?” – O chinês perguntou, entrelaçando sua mão à de seu filho, legalmente seu filho agora, mas emocionalmente seu filho desde o primeiro dia.

 

“Vamos.” – Sehun comentou.

 

“Vamos pra casa?”

 

“Vamos…” – Luhan sorriu antes de dizer o endereço da futura casa daquelas crianças. Porque, por mais que tivessem deixado a Coréia e aquele apartamento, a história deles sempre foi com eles. E uma coisa eles repetiram nessa história. – “Vamos para a rua Franklin, New York, Sétimo andar do Edifício Summary…” – Sorriu e olhou para Sehun, que acenou e completou.

 

“Apartamento número 707! Nosso lar!” – Disse enquanto caminhava com sua família para o carro, desejando mais do que tudo estar em casa.

 

 

Apartamento 707 – FIM.

 

 

 

 

 

Apartamento 707 – Capítulos 26 e 27

Boa noite pessoal!

Mil desculpas por essas semanas sem repostar AP ( fic HUNHAN da Kah). Como estamos em reta final de repostagem e eu fiquei ausente por muito tempo, hoje repostei dois capítulos. Só faltará o último t—–t

Boa leitura! <33333

Relembrando que por motivos explicados neste link http://www.twitlonger.com/show/n_1s0s1g5 a Kah decidiu deletar a fic no site em que postava xD

 

Capítulo 26: O segredo da Fênix..

 

 

Não funcionou em nada! Então eu vou tomar medidas extremas! Tenho um último plano para o Sehun ser meu!

 

× × × ×

 

Alguns dias depois…

 

 

Os dias se passaram mais calmos depois daquele conturbado 27 de novembro. Bem, calmos em relação a ciúmes e discussões, porque para Luhan, os nervos estavam alterados com os ensaios desastrosos com a participação de Dahee e a ansiedade para a apresentação final.

 

As semanas de ensaio foram críticas, visto que Dahee se preocupava em perturbar Luhan sempre que captava que o mesmo não estava muito bem com Sehun. Porém, depois da conversa que os dois namorados tiveram no dia 27, Dahee não conseguia – para sua infelicidade – implicar sobre os dois, o que a deixava irritada demais para prestar atenção em qualquer passo de dança.

 

“Dahee, o programa é amanhã, você só fez esse passo uma vez! Precisamos ensaiá-lo mais…”

 

“Eu não confio em você! Tenho que certeza que me deixará cair no chão!”

 

“Eu não deixarei. Não gosto de você, assim como você não gosta de mim, mas minha personalidade não é tão deturpada quanto a sua.” – Disse irritado. – “Você vai ter que fazer isso amanhã… Vamos lá, se esforçou demais para fazer feio na final?”

 

“Vencer isso já não me importa mais.”

 

“Não quer me vencer?”

 

“Quero.” – Disse irritada. De fato ela queria mostrar para Luhan que era melhor do que ele, mas além de competir com o chinês, Dahee se inscreveu para poder ficar mais perto de Sehun e Luhan e atrapalhar o namoro dos dois, porém depois que Sehun foi contratado pela gravadora seu plano foi indo de mal a pior.

 

Mas ganhar de Luhan ainda era um bom motivo para continuar a ensaiar, e por isso ela foi se dedicando cada vez para chegar à final.

 

“Então… Ensaie direito!”

 

“Aish! Ainda bem que isso termina amanhã!”

 

“Pelo menos… Concordamos em alguma coisa.”

 

× × × ×

 

O dia 6 de dezembro era um dos dias mais esperados por Luhan e consequentemente por Sehun. Por falar no guitarrista da The Secret Of The Phoenix, este aproveitou que muitos sites comentavam sobre a amizade dele com Luhan, e avisou na última entrevista antes do show de estreia que apareceria no programa para torcer pelo seu “melhor amigo” Luhan.

 

É claro que ele levou algumas broncas por conta disso, mas não ligou.

 

Tudo que importava para Sehun era ver o namorado vencer aquela competição.

 

× × × ×

 

“Dahee? O que você está fazendo?” – Luhan perguntou intrigado ao ver a coreana perto da sua mochila.

 

“N-Nada!”

 

“Hm… Estava mexendo nas minhas coisas?”

 

“Claro que não!”

 

“Hm… Vem, vamos logo para o palco, estão nos chamando.”

 

× × × ×

 

As luzes no palco estavam em meio tom, deixando o local em um clima agradavelmente romântico. A introdução da música começou, mostrando Luhan e Dahee entrando no palco por lados opostos, um andando em direção ao outro.

 

Now I’ve had the time of my life

No, I’ve never felt like this before

Yes I swear it’s the truth

 

Luhan tocou na cintura de Dahee e acariciou o rosto da mesma para logo depois sentir a coreana tocando-o em seu braço e a outra mão se entrelaçando à sua semelhante. Nesse momento as costas de Dahee se flexionaram um pouco para trás, enquanto Luhan girava o corpo da menina lentamente e em uma meia volta.

 

‘Cause I’ve had the time of my life

And I owe it all to you

I’ve been waiting for so long

Now I’ve finally found someone

To stand by me

We saw the writing on the wall

As we felt this magical fantasy

 

Now with passion in our eyes

There’s no way we could diguise it secretly

So we take each others hand

‘Cause we seem to understand the urgency

 

Passos mais rápidos e ritmizados eram a atração agora. As pernas se moviam em sincronias e às vezes se trançavam; movimentos mais ousados (como piruetas) arrancavam suspiros da plateia.

 

Just remember

You’re the one thing

I can’t get enough of

So I’ll tell you something

This could be love, because

 

Luhan levou sua mão até a cintura fina da coreana e esta até o pescoço do chinês, ambos rodando no mesmo lugar, enquanto se encaravam olho no olho de uma forma quase romântica. Poderia até parecer que os dois se gostavam.

 

I’ve had the time of my life

No I’ve never felt this way before

Yes I swear it’s the truth,

And I owe it all to you

 

Gritinhos histéricos foram ouvidos quando os corpos se juntaram e fizeram movimentos de ondulações um contra o outro.

 

Hey Baby

 

Com essa frase se iniciou o show particular de Luhan, que foi caminhando com movimentos sensuais até um balé que estava no fundo do palco. Os pés do chinês deslizavam contra o chão, como se o solado dos sapatos tivesse óleo.

 

With my body and soul

I want you more than you’ll ever know

So we’ll just let it go,

don’t be afraid to lose control, no

 

O chinês enlouqueceu ainda mais a plateia ao se ajoelhar no chão, somente com o joelho esquerdo, e rodopiar no mesmo lugar. Ao se levantar, as pessoas perceberam que no passo, ele havia trocado de joelho.

 

Yes I know it’s on your mind,

when you say “Stay with me tonight”

(Stay with me)

 

Just remember, you’re the one thing,

I can’t get enough of

So I’ll tell you something,

This could be love because

 

Luhan e o grupo de dançarinos atrás de si dançavam em uma sincronia que beirava a perfeição, e Dahee imitava os passo da outra extremidade do palco. Era naquele momento que o passo ápice da coreografia viria, o passo que Dahee só havia ensaiado uma vez.

 

Alguns dançarinos foram até a coreana e a guiaram pela mão, retratando novamente uma cena do filme. Luhan a encarou e ficou esperando a menina vir para ele pegá-la no colo.

 

Dahee aumentou o passo, dando impulsão, porém quando chegou na frente de Luhan não pulou para que ele a erguesse no chão. Para não estragar, completamente a coreografia, Luhan a segurou em seus braços passando os braços da mesma ao redor de seu pescoço, como se fosse um abraço, e a rodopiou no ar.

 

I’ve had the time of my life,

(I’ve had the time of my life)

No, I’ve never felt this way before,

Yes I swear it’s the truth

(Yes I swear)

And I owe it all to you

Cause I’ve had the time of my life

And I’ve searched through every open door

(through everywhere)

Till I found the truth

And I owe it all to you

 

Os dois iam se misturando aos dançarinos até o final da música, e, quando esta terminou a plateia se levantou animada, batendo palma de forma empolgada.

 

Luhan e Dahee se arrumaram em frente aos jurados, enquanto os apresentadores parabenizavam e agradeciam a todos os que participaram daqueles quatro meses de competição.

 

Depois dos agradecimentos e falas de praxe, chegou a hora dos jurados votarem.

 

“Hm… Minha escolha é para a pessoa que melhor se desenvolveu nesses meses.” – A primeira jurada começou. – “Meu voto vai para o Luhan.”

 

“Luhan, foi o que melhor se desenvolveu em todas as apresentações.”

 

“Luhan.”

 

“Luhan.”

 

“Luhan… Além de ter desenvolvido bem em todas as apresentações, mostrou que cumpriu o que foi pedido com esta última apresentação. Nem sempre os dançarinos possuem um vínculo um com o outro, a gente cria no decorrer da dança e mostra para quem nos assiste como se fôssemos unha e carne. O par precisa se entregar. Mas… A Dahee não se entregou, pelo contrário, já o Luhan sim. Merece ganhar.”

 

 

Dahee perdeu por unanimidade. A coreana sentiu o chão sumir de seus pés enquanto Luhan comemorava de forma contida ao seu lado, recebendo abraços dos apresentadores, antigos competidores e jurados.

 

Uma raiva foi domando a garota que se sentia desbancada por Luhan, mais uma vez. Mas a raiva só piorou ao ouvir o apresentador chamar por Sehun, que estava na plateia, para que Luhan comemorasse com o melhor amigo.

 

“Comemore o quanto puder, Luhan. Porque logo sua alegria vai terminar.” – A coreana disse baixinho enquanto fitava Sehun abraçando o chinês.

 

× × × ×

 

 

Os dias se passaram corridos para Sehun e o restante da banda. Em um piscar de olhos já era o dia 13 de dezembro e eles se preparavam mentalmente para o show de estreia que seria no dia seguinte.

 

Ninguém no dormitório conseguia dormir, por isso alguns jogavam, outros cantavam e outros conversavam – nesse grupo estava Sehun, que conversava pelo telefone com Luhan.

 

“Eu sei que está nervoso, mas tenta descansar amor.” – Luhan dizia do outro lado da linha.

 

“Hm… Vou tentar.” – Suspirou. – “E como está o seu livro?”

 

“De novo, amor?” – Perguntou com o tom risonho.

 

“Aish…” – Disse emburrado.

 

“Eu mandei para a editora logo na semana que eu venci o concurso, ela enviou para a crítica e agora o livro está submetido às revisões necessárias.”

 

“E depois?”

 

“Bem, depois os editores irão conversar com o pessoal da gráfica e decidir a capa.”

 

“Não vejo a hora de ver seu livro nas livrarias.”

 

“E eu não vejo a hora de ver seu CD nas lojas!”

 

“Amanhã!”

 

“Siiim! Então vamos dormir para o momento chegar logo!”

 

“Ok, ok…” – Sehun falou derrotado e depois de dizer que amava Luhan por algumas (muitas) vezes, encerrou a ligação.

 

× × × ×

 

Aquele era o dia. Talvez o primeiro dia que Sehun se sentia completamente feliz e excitado depois de ter assinado o contrato com a Amazing Music. O guitarrista relia pela milionésima vez a mensagem de texto que Luhan havia mandado um tempo atrás (falando que havia conseguido entrar e já estava na frente do palco) com um sorrisinho no rosto, se sentindo ainda mais empolgado ao saber que Luhan estaria ali, no seu show de estreia.

 

“Estão prontos?” – Sehun ouviu o manager perguntar para todos os meninos, que se entreolharam e sorriram em cumplicidade.

 

“Estamos!”

 

× × × ×

 

O grande palco estava escuro enquanto uma fumaça de gelo seco ficava a preenchê-lo; a iluminação proveniente era dos celulares ou qualquer outro meio que as fãs arrumaram para iluminar o local, enchendo-o de pontos de luzes azuis.

 

Uma voz grave, que Luhan logo identificou ser de Chanyeol, começou a sussurrar alguns dizeres.

 

Existem muitos segredos nesse mundo, coisas entre o céu e a Terra que nunca saberemos… Mas… Hoje… Um desses segredos será revelado.

 

O segredo da Eternidade… O segredo da Fênix.

 

No mesmo instante que a voz terminou de sussurrar essas palavras um clarão vermelho-alaranjado apareceu, simulando fogo. No telão ao fundo do palco a imagem de uma ave majestosa batendo suas asas aparecia, e do teto uma chuva de papel cintilante picado e em cores prata e vermelha, caía e ia simulando cinzas.

 

Foi nesse momento que pôde ser ouvido o som cortante da guitarra de Sehun.

 

Save me from the ashes of my heart

And also make me reborn

My eternal Phoenix

 

A voz de Baekhyun foi sussurrando essas frases de maneira calma e com um timbre tão excitante que Luhan sentiu seu braço se arrepiar.

 

“My… Eternal… PHOENIX!” – Baekhyun cantou a última palavra em um agudo impecável nessa pequena introdução, e nesse momento o palco se iluminou, revelando os seis integrantes que sorriam e fitavam o público enquanto apenas o barulho dos instrumentos era ouvido – pois aquela frase da música Phoenix só foi para abrir o show, visto que a música só seria tocada no final da apresentação.

 

Todos estavam impecáveis, com suas roupas em cor preta, prata, cinza e vermelha. Os cabelos de Sehun, Chanyeol e Yifan estavam em topetes seguros por gel enquanto que Baekhyun, Minseok e Yixing estavam com os fios batidos e bagunçados.

 

“Olááááá pessoaaal!” – Baekhyun falou no aos gritos e sorrisos no microfone. – “Estamos imensamente felizes por podermos dividir esse momento especial com vocês! Espero que amem esse show tanto quanto nós!” – E assim que Baekhyun terminou sua fala, a introdução de Dream se iniciou.

 

O show não contaria apenas com as músicas que seriam lançadas no single, mas com várias canções que Luhan conhecia muito bem, pois foram as escritas por ele. Segundo explicações dadas para a banda, essas músicas seriam lançadas em CD’s futuros, mas seriam apresentadas agora para dar um gostinho de quero mais no público (e ter mais do que seis músicas para apresentarem).

 

Na metade do show, a banda parou para fazer um duelo de instrumentos contra a voz do Baekhyun, onde cada um foi se apresentando de maneira divertida e espontânea.

 

Ao final das apresentações, a música que voltou foi com participação especial da cantora Eun Micha, que marcou presença com a banda toda e claro, com Sehun ao cantar a música My Heaven.

 

Luhan ignorou as investidas que a coreana tentava fazer (como segurar o ombro de Sehun ou acariciar seu rosto enquanto ele tocava guitarra) e se concentrou nos olhares que o guitarrista lançava para si, bem como os sorrisos sinceros e felizes como de uma criancinha.

 

Quando Eun Micha saiu do palco, a banda voltou com roupas que se assemelhavam a camisas de forças, e Luhan riu ao adivinhar mentalmente que a próxima música seria Amentia.

 

E ele acertou.

 

I’m going crazy because of you

I’m going crazy because of you

 

Os agudos de Baekhyun nessa música eram tão precisos e se encorpavam de maneira tão certinha ao tema de “loucura” da música que Luhan não conseguia evitar ficar arrepiado – se bem que, arrepio era algo normal quando via seus amigos no palco, ainda mais naquele show.

 

Depois de Amentia mais duas músicas foram tocadas antes da última, que fecharia com chave de ouro o show de estreia.

 

Quando as notas iniciais de Phoenix começaram, mais papel picado que simulava cinzas caiu do teto e no telão novamente se via a imagem de uma fênix bater suas asas de fogo. Um show de lasers criando efeitos especiais no palco em cores laranja e vermelho deixou ainda mais bonito o momento que Baekhyun começou a cantar.

 

Luhan sentiu toda a sua emoção se encorpar em lágrimas que ele lutou para segurar durante todo o show, mas que não conseguiu ao ver a última música, ao ver aquela apresentação magnífica se encerrando; ao ouvir pessoas gritando os nomes de seus amigos e seu namorado. O sonho dos meninos, e também de Luhan, estava se concretizando naquela noite e ele não poderia se sentir mais feliz e orgulhoso.

 

You are my eternal… Love…

 

Baekhyun cantou a última frase da música com um sussurro e de repente o palco todo ficou escuro. A iluminação foi voltando aos poucos, revelando os membros já de mãos dadas e se curvando para a plateia, agradecendo todo o apoio que estavam recebendo.

 

As fãs gritaram palavras de amor, carinho e apoio antes que os meninos deixassem por completo o palco, e Luhan foi se espremendo entre as pessoas para sair logo dali, pois com a tão especial ajuda do Sr. Lee, ele e Sehun iam comemorar aquela vitória, juntos.

 

× × × ×

 

“Eu venho bem cedo para pegá-lo de volta.” – O manager disse dentro de seu carro particular, antes de Luhan e Sehun saírem de dentro do automóvel.

 

“Certo! Muito obrigado, Sr. Lee!”

 

“Muito obrigado, de verdade, Sr. Lee!” – Luhan também agradecia.

 

Ambos saíram correndo do carro e na mesma pressa entraram no tão conhecido apartamento 707. Fecharam a porta e se entregaram aos beijos e carinhos que sentiam tanta falta.

 

“Você foi incrível hoje…” – Luhan dizia logo após recuperar o fôlego do beijo trocado com Sehun.

 

“Fui?” – Perguntou com um sorriso orgulhoso em seus lábios.

 

“Demais… Acho que me apaixonei mais um pouco por você.” – Lançou um sorriso largo para o maior antes de capturar seus lábios em um beijo mais afoito que o primeiro.

 

“Acho que…” – Sehun falou e depois depositou um selinho nos lábios vermelhos e molhados de Luhan. – “Eu mereço…” – Outro selinho. – “Um prêmio, então.” – Mais um selinho. – “Não acha?”

 

“Hmmm…” – Luhan sorriu torto e lambeu os lábios do namorado, aproveitando para puxá-lo entre seus dentes. – “Merece sim…” – Desceu com beijos até o queixo do maior. – “O que quer?”

 

“Se eu falar o que quero… Você não vai acreditar.”

 

“Vou.” – Sorriu.

 

“Eu quero… Seus mimos. Sua comida, seus carinhos em meu cabelo, sua voz cantando para mim… Quero fazer amor também… Mas… Já que eu posso ficar até o dia amanhecer… Quero poder viver novamente a sensação de dividir um teto contigo… Sinto falta disso…”

 

“Meu menino manhoso.” – Luhan comentou acariciando o rosto do maior.

 

“Aish, para de me tratar como um menininho.” – Reclamou de modo infantil, arrancando uma gargalhada de Luhan.

 

“Vem, vamos tomar um banho antes do jantar. Vou fazer uma comida especial, pra gente comemorar o sucesso de hoje. A felicidade de hoje!” – Puxou o maior pelas mãos enquanto caminhava com ele até o banheiro.

 

“Luhan…”

 

“Hm?”

 

Sorriu e abraçou o menor por trás, sussurrando calmamente em seu ouvido. – “Eu te amo.”

 

O chinês sorriu de forma contida e acariciou a bochecha do coreano de forma leve, enquanto respondia: – “Eu também te amo.”

 

E naquela noite aproveitaram os momentos juntos como faziam meses atrás, quando nenhum problema havia aparecido em suas vidas para testá-los… Quando o maior problema de todos, não tinha nem sombra de existência…

 

× × × ×

 

O toque de chamada do celular de Sehun estava persistindo na missão de fazê-lo acordar antes do seu despertador, e aquilo estava sendo irritante. Com preguiça, levou seu braço até o criado-mudo perto da cama e com os olhos fechados disse um alô rouco e sem humor.

 

“S-Sehun… Estou chegando no apartamento do Luhan… Preciso que desça assim que eu chegar.”

 

“Sr. Lee? O que houve?”

 

“O-O presidente quer falar com você…” – Disse com temor na voz.

 

“Por quê?” – Perguntou tenso. Naquela altura o sono (e a irritação por ter sido acordado) já havia ido embora com um piscar de olhos.

 

“A gente conversa depois, estou quase chegando!”

 

Olhou ao seu redor e reparou, pela primeira vez, que Luhan não estava no quarto. Levantou rapidamente da cama e foi correndo até a sala, pois de alguma forma sentia que precisava estar junto do chinês. Aquela ligação assustada do manager o preocupou demasiadamente.

 

“Luhan?” – Chamou o menor ao abrir a porta do quarto e quando viu o mesmo parado em frente à pia, buscando apoio na mesma, com o copo de morango quebrado à sua frente, correu até ele. – “Luhan! O que houve?”

 

“D-Descobriram…”

 

“O que?” – Perguntou, mas o chinês apenas apontou para a televisão montada na sala (que por não ter divisão da sala com a cozinha, a televisão era vista deste último cômodo sem problemas). O coreano virou sua cabeça e prendeu sua atenção em um programa qualquer que falava sobre celebridades… Ou não tão qualquer assim, pois naquele dia em especial falava sobre si.

 

Sobre si e sobre Luhan.

 

“Durante essa madrugada, os sites feitos em homenagem ao dançarino que ficou famoso por toda Seul ao vencer a competição de dança e em homenagem ao guitarrista da nova banda em ascensão foram visitados por várias pessoas, devido à postagem de fotos dos dois juntos, com uma parecendo ser bem pessoal… E com isso vem a pergunta que não quer calar: Eles são apenas melhores amigos, ou algo mais?”

 

“N-Não pode ser…” – Sehun murmurou desolado, sentindo suas forças se partirem que nem o copo de morango no chão.

 

 

Capítulo 27: Seria o fim?

 

Os acontecimentos seguintes ao momento que Sehun viu a reportagem sobre ele e Luhan foram tão rápidos que o guitarrista não prestou muita atenção. Não reparou nem quando saiu do apartamento de Luhan, nem quando entrou no carro do Sr. Lee e muito menos, nem quando se dirigiu à sala onde estava agora.

 

O presidente Koong ChungHo fitava Sehun com raiva e impaciência, e talvez nem seja por causa do escândalo que havia se desencadeado. Mas sim porque o guitarrista não prestava atenção no que Koong ChungHo dizia e por isso não o respondia devidamente.

 

“Oh Sehun… Eu quero saber qual a sua relação com esse rapaz…” – Perguntou novamente e Sehun sentiu a mão do manager em seu ombro. Virou-se para o Sr. Lee que o olhava como se dissesse “responda-o”.

 

“Luhan é meu melhor amigo… E foi meu companheiro de apartamento.”

 

“Você viu as fotos de vocês dois?”

 

“Não tem nada demais naquelas fotos… Estamos juntos sim, mas não significa que somos um… Casal.”

 

“Mas no site que postaram as fotos… Falam que tem uma fonte confiável que diz que vocês dois são namorados.”

 

“Então a fonte não é tão confiável assim… Já falei para a imprensa que sou o melhor amigo do Luhan e vice-versa.”

 

“Mas parece que isso não caiu na graça do povo… Eles estão acreditando no alvoroço das fotos… Existem fãs fazendo postagens ofensivas na internet, algumas vieram aqui na porta da gravadora e jogaram os CD’s na porta…”

 

“O-O que? Tudo isso por causa disso?!” – Perguntou incrédulo, querendo pegar o contrato e rasgá-lo de uma só vez.

 

“Sim… Esse assunto… Não é bem visto aqui no nosso país e eu não quero um vexame desses com um dos meus músicos…”

 

“Vexame…” – Sehun comentou indignado.

 

“É por isso que eu aceitei a ideia que a Eun Micha me deu…”

 

“Ideia?”

 

“Para não restar dúvidas no público… Você e Eun Micha vão anunciar que estão namorando.”

 

“Como é que é?!” – Sehun falou irado. – “Nunca!”

 

“Isso é importante para calar o povo e não estragar nem a sua carreira e nem a desse jovem, Luhan. Assim iremos convencê-los de que essa blasfêmia não é real… Por que não é real, não é Sehun?”

 

“Blasfêmia…” – Sehun disse rindo, mas um riso indignado e raivoso. Levantou-se irado de sua cadeira e estava prestes a deixar o presidente falando sozinho, quando sentiu um puxão em seu braço.

 

“Sehun… Se acalme.” – Sr. Lee disse segurando o ombro do mais novo. – “Lembre-se da sua carreira…”

 

“Não ligo pra isso!” – Sehun falou fitando o manager com raiva.

 

“E para a carreira do Luhan? Ele está alguns passos de publicar seu primeiro livro…”

 

“L-Luhan…”

 

“É somente para isso passar… Aceite.” – O velho Lee disse, olhando Sehun como se dissesse que estava pensando em algo secreto para tirá-lo daquela situação.

 

O guitarrista bufou e suspirou tristonhamente, olhou para o presidente e apenas acenou concordando. Não tinha forças para dizer em palavras que concordava com aquela loucura.

 

Na verdade, Sehun sentia que não tinha forças para continuar por muito mais tempo.

 

× × × ×

 

Câmeras, repórteres, flashes e murmúrios exaltados. Era tudo isso que se encontrava na frente de Sehun.

 

Quando o presidente disse que marcaria uma coletiva para explicar que tudo não passava de um mal entendido e anunciar o pseudo namoro de Sehun com Eun Micha, o guitarrista não achou que tal comitiva já estivesse marcada.

 

“Então… Sem mesmo com a minha resposta… A comitiva já estava marcada…” – Falou com pesar.

 

“Eu não sabia que ele já tinha marcado…” – Eun Micha disse ao seu lado, pegando-o de surpresa, porque não sabia que tinha falado alto o suficiente para ela ouvir.

 

“Ah… Claro que não.” – Disse com ironia.

 

“O que está insinuando, Sehun?”

 

“Não faça ceninha em minha frente, Eun Micha.”

 

“Eu não tenho relação nenhuma com isso! Inclusive… Nem teria como… Uma das fotos foi completamente pessoal, eu nem entrei em contato com ela!”

 

De fato um foto era completamente pessoal, e Luhan e Sehun não sabiam como haviam conseguido ela. No retrato ambos estavam abraçados; Sehun abraçava Luhan por trás e ainda beijava sua bochecha.

 

Mas mesmo assim, nada tirava da mente de Sehun que a cantora tinha o dedo metido nessa história.

 

“Sehun… As coisas estão prontas.” – O manager falou tocando no ombro do guitarrista que suspirou derrotado.

 

Entrelaçou sua mão à de Eun Micha, saiu de dentro do carro e caminhou com ela até o local arrumado para a comitiva improvisada. Sentou-se ao seu lado e novamente suspirando começou a falar.

 

“Eu sei o que muita gente está comentando… Então eu vou ser direito ao assunto.” – Falou e ficou uns dois minutos em silêncio, se xingando mentalmente por estar fazendo aquilo tudo. – “Muitas pessoas estão comentando sobre um relacionamento amoroso entre meu melhor… Amigo… Luhan e eu… Mas esses comentários são boatos maldosos de gente que não tem nada melhor para fazer…” – Suspirou e novamente se calou.

 

“É por isso… Que nós decidimos anunciar algo que inicialmente queríamos deixar em segredo.” – Eun Micha continuou, ao ver que Sehun não conseguia terminar. – “Logo no começo da The Secret Of The Phoenix na Amazing  Music, eu e Sehun criamos um… Vínculo que rapidamente evoluiu para algo mais. Recentemente assumimos um compromisso, como muita gente estava comentando devido às nossas fotos juntos… Mas tínhamos pensado em manter nossa relação em segredo… Porém, visto os comentários caluniosos sobre meu… Namorado… Conversamos e achamos melhor assumir de vez que estamos juntos e que não, o Sehun… Não namora esse rapaz chamado Luhan.” – A cantora disse essa última frase com tanta felicidade que o estômago de Sehun se embrulhou.

 

O murmurinho de vozes só piorou, enquanto algumas pessoas perguntavam para Eun Micha sobre esse namoro repentino entre ela e Sehun, mas o guitarrista sempre se manteve inerte e calado. Exceto quando falaram que a comitiva estava terminando e perguntaram se queriam falar mais alguma coisa.

 

“Eu quero.” – Sehun disse. – “Só queria… Pedir desculpas ao meu… Amigo… Por tudo que aconteceu devido essas fotos. Luhan… Me perdoa, eu realmente, sinto muito por tudo isso. Nunca quis que nada disso acontecesse…” – Sua voz era embargada, mostrando toda a tristeza que estava sentindo. Sehun realmente sentia muito por tudo que estava acontecendo.

 

Os managers dos dois artistas deram por encerrada a comitiva e Sehun se levantou, entrelaçou novamente sua mão à da coreana que sorriu e se aproximou dele, depositando um selinho em seus lábios enquanto o olhava sorrindo.

 

O guitarrista apenas estreitou os olhos e caminhou com a mesma até o carro, local onde soltou sua mão da dela e a fuzilou com o olhar.

 

“Nunca mais repita isso.”

 

“Somos namorados agora, Sehun.” – Respondeu com um risinho.

 

“Não… Não somos. Não de verdade. E nunca seremos namorados de verdade.” – Desabafou e logo depois virou o olhar para a rua, fitando o céu nublado.

 

O céu vai chorar hoje, junto comigo. – Pensou enquanto fechava os olhos e repousava a cabeça no vidro do carro.

 

× × × ×

 

Dois dias se passaram depois daquele fatídico dia de dezembro. Nesses dois dias Luhan foi completamente ignorado por Sehun e não conseguia entender o motivo.

 

O chinês havia ligado para o namorado logo depois de ter visto a comitiva, que por sinal acabou com todas suas estruturas, mas depois de se estressar e sofrer com aquelas palavras, entendeu que esse havia sido o método que a empresa achou para calar as fofocas.

 

Até aí estava quase tudo bem.

 

O problema foi quando Sehun começou a ignorá-lo. Não ligava, não respondia as mensagens e nem atendia suas ligações.

 

Luhan estava desesperado. E ficou mais desesperado ainda ao ligar para Baekhyun e este lhe dizer que Sehun parecia um morto-vivo: não comia, não dormia, não sorria… Apenas ia aos compromissos, se mantendo firme em responder algumas perguntas direcionadas a ele e a tocar corretamente os instrumentos. De resto, Sehun não fazia nada.

 

Foi por isso que a banda e Luhan pediram a ajuda do Sr. Lee para que Sehun e Luhan se encontrassem.

 

× × × ×

 

“Sehun…?” – Minseok perguntou, entrando no quarto do guitarrista que estava em sua cama, dedilhando em seu violão.

 

“Sim?”

 

“O… O Sr. Lee está na sala te chamando.”

 

O maior apenas bufou e se levantou caminhando sem muita vontade para a sala e ficando um pouco pálido ao encontrar Luhan ali, parado ao lado do manager.

 

“L-Luhan… O que faz aqui?”

 

“Vim procurar notícias do meu namorado.” – Luhan falou firme. – “Por que inferno você sumiu por dois dias?!”

 

“Porque… Porque eu estava pensando no que fazer.”

 

“Pensando no que fazer? E o que decidiu?”

 

“Que… É melhor a gente terminar…”

 

“Como é?!” – Luhan comentou incrédulo, e não era o único. Os companheiros de banda, e o manager, ficaram surpresos e inconformados com aquela fala do mais novo de todos.

 

“Não está dando certo… A gente não tem mais liberdade… Só os encontros casuais que conseguimos com a ajuda do Sr. Lee… Por sinal, além de colocarmos nossas carreiras em risco, ainda colocamos o serviço dele!”

 

“Sehun…”

 

“Eu não quero estragar a sua carreira… Você está lançando seu primeiro livro e…” – Sehun não conseguiu terminar, pois algo o interrompeu. E esse algo fez sua bochecha arder e ficar dormente em uma região, esse algo foi a mão de Luhan em seu rosto.

 

O maior se virou e ficou encarando Luhan que o olhava com os olhos marejados e também irritados.

 

“Meu livro? Acha que eu não penso como você? Acha que eu quero ser escravo de um sonho? Não! Não quero Sehun! Eu não vou abrir mão do nosso namoro por causa dessa situação… E não vou te deixar desistir da gente!”

 

“L-Luhan…”

 

“Eu também pensei, logo que vi sua entrevista domingo, que seria melhor desistir de tudo… Mas quer saber… Eu não vou! Eu não vou mais ficar chorando e me achando vítima da vida… Eu vou lutar pelo que eu amo, e você Oh Sehun… É quem eu mais amo no mundo!”

 

“Luhan…” – Sehun falou se desmanchando em lágrimas e em um piscar de olhos abraçou Luhan, apertando o corpo dele com força junto ao seu. – “Me desculpe… Eu… Achei que era o melhor… Eu não sei…”

 

“Você é um menininho assustado, às vezes uh?” – Luhan comentou sorrindo em meio a suas lágrimas.

 

“Shiu!” – Sehun murmurou, afundando-se no cheiro e no calor que Luhan emanava. – “Me perdoe… Eu só… Achei que assim a gente teria paz… Eu não quero ser um empecilho para você…”

 

“Não será… Você é minha paz, Sehun.”

 

“E você a minha…”

 

“Me perdoe pelo tapa…”

 

“Eu acho que mereci.” – Sehun comentou sorrindo e se afastando de Luhan. – “Mas… O que a gente vai fazer? Agora eu tenho que ter mais cuidado ainda ao ir te visitar.”

 

“Eu e o Sr. Lee estávamos falando sobre isso no carro, a caminho daqui…” – Suspirou. – “A gente acha que isso tem o dedo da Eun Micha na história…”

 

“Eu também acho… Mas como? Como ela conseguiu aquela foto nossa?”

 

“Eu também me perguntei isso… Até que o Sr. Lee me fez forçar a memória… E aí eu me lembrei de algo suspeito.”

 

“Algo suspeito?”

 

“Eu pedi para o Luhan se lembrar se alguém havia mexido no celular dele ou pedido emprestado… Ele disse que não.”

 

“Mas me lembrei que no último dia da competição de dança… A Dahee voltou para a sala onde os competidores ficavam e quando a vi perto da minha bolsa ela ficou hesitante. No final da nossa apresentação eu até verifiquei se algo estava faltando, mas como não dei falta de nada… Ignorei.” – Suspirou. – “Até agora… E quando me lembrei disso, eu fui verificar os registros de transferências de arquivos do meu celular, e estava lá uma transferência naquele dia, para o número da Dahee…”

 

“Dahee?? Eu nem sabia que elas se conheciam!”

 

“Bem, acho que elas se conheceram para prejudicar vocês.” – O manager comentou. – “Nunca tinha reparado nessa Dahee, somente no dia que assisti à competição de dança do Luhan com ela… E nesse dia a achei familiar. Quando voltamos para o dormitório, entrei na internet e consegui me lembrar da onde a conhecia. No dia que fizemos aquele comunicado sobre a foto do beijo ter sido do MV da Micha, saíram algumas fotos nos sites dedicados a ela com uma fã invadindo o espaço pessoal dela e a abraçando. Essa fã é claramente essa menina chamada Dahee.”

 

“Meu Deus…”

 

“Ah… Meu Deus…” – Minseok comentou desesperado.

 

“O que foi, Min?” – Luhan perguntou.

 

“A Dahee vivia me ligando ou então perguntando via minha namorada sobre a gente e nossos compromissos, falando que queria saber quando teríamos algo público para tentar ver a gente, pois estava com saudade. No dia anterior à gravação do MV ela me perguntou se teríamos algo, mas eu disse que não, falei que somente o Sehun teria gravação bem cedinho… E no dia da coletiva de imprensa, ela estava lá porque eu avisei onde seria, mas ela nem chegou perto da gente…”

 

“Verdade! Lembro-me de tê-la visto lá!”

 

“Eu sinto muito Luhan… Sehun… Não tinha ideia que ela estava planejando algo!”

 

“Tudo bem, Min… Não é sua culpa. Elas enganaram todo mundo.” – Luhan respondeu sorrindo.

 

“Isso significa…” – Sehun começou a falar. – “Que a dona do site é a Dahee! Todas as fotos que causaram discussões entre nós dois foram postadas em um único site! Inclusive essa nossa foto pessoal!”

 

“Exatamente… E isso… Significa outra coisa.” – Luhan falou com pesar e Sehun ficou o fitando. – “Que o Jongin está metido nisso tudo.”

 

“Você acha que é por isso que ele te rondava?”

 

“Acho.” – Suspirou.

 

“Não acredito… Pra que fazer algo assim?”

 

“Me pergunto o mesmo…” – Suspirou. – “Mas agora temos é que encontrar um jeito para virar o jogo! Se a gente conseguir provar que a Eun Micha está por trás disso, a gente mostra na mídia que tudo não passou de um plano dela.”

 

“Foi por isso que eu pedi para você aceitar a ideia do presidente. Eu já imaginava que tinha dedo dela atrás disso.” – Lee Chul falou e recebeu um abraço apertado de Sehun.

 

“Eu te amo, Sr. Lee!” – Dizia apertando o homem que ria e dava tapinhas nas costas do rapaz. – “Obrigado!”

 

“De nada, Sehun. Ajudo vocês com muito gosto!” – Sorriu. – “Agora o Luhan precisa ir embora e passar na casa desse Jongin.”

 

“Por quê?” – Sehun perguntou, não gostando muito da ideia.

 

“Eu não sei a intenção desse Jongin… Mas vamos ver se ele se comove e tenta se aliar ao Luhan, ou… Vamos ver se ele se entrega.”

 

“Como?” – Baekhyun perguntou, quebrando aquele diálogo entre os três.

 

“O Luhan vai pedir ajuda ao Jongin… Sofrendo porque o Sehun terminou tudo e vai ficar em alerta… Vendo se em algum momento o Jongin vai pegar no celular e essas coisas, para encurralar ele e fazê-lo contar tudo. Ou ainda melhor… Vai tentar trazer ele para o nosso lado.”

 

“Mas… Deixar o Luhan sozinho com ele?”

 

“Eu não sou nenhuma donzela indefesa, Sehun.” – Luhan comentou sorridente. – “Eu vou tentar fazer isso.”

 

“C-Certo. Espero que a gente consiga.”

 

“Vamos conseguir.” – Luhan falou confiante, sem saber que conseguiria algo anda melhor.

 

× × × ×

 

Assim como o Sr. Lee havia falado, Luhan saiu do dormitório e foi até o apartamento de Jongin – pelo menos ele achava que ainda era o apartamento de Jongin, fazia um ano que ele não se comunicava com o moreno direito e não sabia se ele vivia no mesmo local.

 

Por sorte, Jongin não havia se mudado do prédio de poucos andares e sem porteiro – o que permitiu a entrada do chinês.

 

“Luhan?”

 

“Jongin… Eu posso entrar?”

 

“Ahn… Pode.” – Disse sem jeito. – “Kyungsoo, está aqui.”

 

“Tudo bem… Eu não quero tomar muito do seu tempo, mas como você disse que queria recuperar a nossa amizade… Eu pensei que poderia contar com você…”

 

“Claro, claro. O que aconteceu?” – Disse preocupado, indicando o caminho da sala.

 

“O Sehun… Ele terminou… Comigo.”

 

“S-Sério? Por quê?” – Perguntou surpreso, mas Luhan conseguiu ver que ele controlava um sorriso em seus lábios.

 

“Você viu o que aconteceu? Postaram em um site fotos minha e dele… E bem… Deu uma confusão enorme, com pessoas perguntando se éramos apenas amigos ou… Algo mais…”

 

“E-Eu vi.”

 

“Por isso… Ele achou melhor… A gente terminar…”

 

“Eu… Sinto muito.” – Falou, realmente se sentindo mal ao ver a tristeza de Luhan.

 

“Sente mesmo, Jongin?” – Uma voz baixa, porém firme, se fez presente na sala espantando Jongin e Luhan.

 

“Kyungsoo… Desculpe aparecer aqui…”

 

“Tudo bem, Luhan. Não imaginava que nosso reencontro fosse assim, mas…” – Suspirou. – “Só acho que você está confiando em alguém que não devia.”

 

“O que? Soo, por que está falando isso?”

 

“Eu venho desconfiando tem muito tempo, Jongin.” – Suspirou. – “Você ficou estranho depois que viu a chamada do comercial sobre a participação do Luhan no programa, meses atrás. Começou a sair sem mim… E a falar que ia tentar recuperar a amizade do Luhan… Mas toda a desconfiança piorou quando aquela menina que competiu com o Luhan veio aqui te visitar. E depois… As fotos na internet… Você e o Luhan… Eu não queria acreditar, juro que não queria acreditar que você estava envolvido nisso, mas…” – Suspirou e ficou um tempo sem dizer nada. – “Mas eu sabia que você estava tramando alguma coisa… Eu sabia que tinha uma raiva enorme pelo Sehun então… Eu olhei suas mensagens um dia. Conte a verdade para ele Jongin…”

 

“J-Jongin… Você…”

 

“Conte a verdade para ele, Jongin! Faça alguma coisa certa e justa com o Luhan nessa vida… Por favor… Se você não conseguir fazer isso pelo Luhan… Faça por mim… Porque não quero acreditar que a pessoa que eu amo é capaz de ser assim…”

 

“O que está acontecendo aqui?” – Luhan falou agitado.

 

“Luhan…” – Jongin suspirou e abaixou o olhar, sentindo-se a pior pessoa do mundo pela forma que Kyungsoo o julgava com o olhar. – “Tudo isso que aconteceu com você e com Sehun… Foi armação.”

 

“C-Como?”

 

“Um tempo atrás a Dahee veio me procurar… Para… Propor uma aliança… Entre ela, eu e a cantora Eun Micha… Nosso objetivo comum era separar você e o Sehun…”

 

“P-Por quê?”

 

“A Dahee porque disse que se você saísse do caminho, o Sehun seria dela… A Eun Micha, bem, tinha o mesmo motivo… E eu… Só queria atingir o Sehun.”

 

“Atingir… O Sehun?”

 

“Eu não queria separar você dele para voltar com você… Eu queria era fazer o Sehun sofrer… Ou mostrar que ele não era tão perfeito como parecia…”

 

“O que?!”

 

“Eu não gosto do Sehun desde o dia que falou dele pela primeira vez! Depois da gente transar você ficou comentando como ele tinha sido legal… E que queria encontrá-lo de novo! E aí… Você foi morar com ele! Justo com ele! E foi com ele que você acabou mudando… Ficando mais forte e determinado… Por isso nem sentiu a minha falta… Quando a gente terminou.”

 

“J-Jongin… Foi você… Quem me traiu e quis ficar com o Kyungsoo…”

 

“Eu sei! Eu não me arrependo de ter ficado com o Kyungsoo… Eu só… Não suporto lembrar que o Sehun foi melhor do que eu! Que com ele na sua vida você foi conquistando sua independência, além de conquistar vários sonhos!” – Suspirou. – “Ele era o modelo de namorado perfeito e lembrar disso só fazia com que me sentisse um lixo.”

 

“Ele é perfeito! Perfeito pra mim!” – Luhan comentou, sua voz querendo subir alguns tons. – “Foi por isso que deu certo com ele e não com você! O que aconteceu entre a gente… Não teve culpado… Só tinha que acontecer. Por Deus… Jongin! Você estragou a minha vida e a dele por causa do seu orgulho ferido?!”

 

“Eu sei que fui um imbecil ok?!” – Falou desesperado. – “Eu devia ter parado a Dahee! E devia ter parado a Eun Micha quando disse que tinha um novo plano… Eu não queria participar desse outro plano, tanto que não fiz nada… Nada! Infelizmente… Não fiz nada para evitar também…” – Suspirou.

 

“Novo plano?”

 

“A gente só queria causar intriga entre vocês… Por isso colocamos na internet fotos em que eu aparecia com você… E o Sehun com a Eun Micha… Foi por isso também que nós quatro nos encontramos naquela cafeteria… Mas no mesmo dia ela mandou mensagem falando que não havia dado certo o plano, porque vocês tinham se entendido… Então ela pediu para marcamos um encontro…”

 

“E?”

 

“E então ela nos disse que tinha um novo plano. Que era para a Dahee pegar todas as fotos de vocês dois juntos e fazer um post dizendo que uma fonte confiável havia revelado que vocês eram um casal… E para ter mais veracidade, pediu para eu ou Dahee… Para que pegássemos uma foto íntima de vocês… Foi a Dahee quem conseguiu… Pegando uma fofo de vocês no último dia de gravação do programa que competiram. E ai… Ela esperou um pouco, a pedidos de Eun Micha, para postar essas fotos no site. Com isso, Eun Micha teve o passe livre para propor ao diretor da gravadora… A ideia de juntar ela e Sehun como um casal.”

 

“E você… Não fez nada?”

 

“Não. Nada… Juro.” – Suspirou. – “Eu não queria fazer, mesmo que… Inicialmente eu tenha gostado da ideia do Sehun se dar mal… Mas eu não quis participar, porque isso ia estragar a sua carreira também. O livro que queria publicar e tudo mais…”

 

Um silêncio mortal se fez presente depois que Jongin terminou seu relato. O moreno virou seu olhar para Kyungsoo que o fitava com decepção e repulsa, e aquilo foi o estopim para Jongin começar a se desesperar.

 

“Me perdoa… Kyung.”

 

“Jongin…” – O menor suspirou forte, tentando controlar suas lágrimas. – “Por quê? Você… Não estava feliz comigo?”

 

“Eu estava… Eu sou feliz com você… Eu não sei o porquê de me deixar ficar cego pelo… Orgulho… Inveja… Raiva…” – Falou quase se engasgando. Suas lágrimas corriam de forma aflita pelo seu rosto.

 

“Só consigo pensar que sentiu raiva do Sehun porque o Luhan o amava… Só consigo pensar que não superou isso… Mesmo depois de tanto tempo!”

 

“Eu amo você, Kyungsoo… Me perdoa…”

 

“Jongin…”

 

“Eu faço o que quiser para provar que eu só quero ficar com você… Faço o que quiser para ter o seu perdão e ter você de volta.”

 

“O que eu quiser? Você assumiria essa história em rede nacional? Contaria para imprensa que foi armação feita por você e essas duas loucas?”

 

“O que?” – Jongin perguntou surpreso.

 

“Qualquer coisa…” – Kyungsoo riu soprado, sentindo-se ainda mais decepcionado.

 

“Eu faço.” – Jongin falou por fim. – “Eu assumo meu erro… Eu vou concertar isso.”

 

“Como?” – Luhan perguntou por fim.

 

“Ainda tenho as mensagens da Eun Micha no meu celular… E também algumas da Dahee.” – Suspirou. – “Eu as usarei para dizer que foi um plano delas…”

 

“Mas assim vai confirmar que eu e o Sehun somos um casal…”

 

“Não se eu transformar a situação… Deixando a Eun Micha como a vilã que queria criar uma história para forçar um namoro com o Sehun.”

 

“T-Tem como fazer isso?”

 

“Tem.” – Jongin falou firme, olhou para Kyungsoo e viu o mesmo acenar em concordância. Naquele momento sentiu como se conseguisse recuperar seu namoro, e também o namoro de Luhan e Sehun.

 

× × × ×

 

Luhan, Sehun e o Sr. Lee estavam parados em frente à mesa do presidente da Amazing Music, enquanto fitavam o homem que se mostrava meio vermelho… De raiva.

 

“Como é? Vocês estão… Me chantageando?”

 

“Não estamos… Te chantageando. Apenas estamos avisando as medidas que iremos tomar… E estamos lhe alertando que ficar do nosso lado, como vítima e deixando a Eun Micha receber a bronca de tudo… Seria o melhor a fazer.” – Sehun comentou sorridente.

 

“Nós iremos revelar tudo o que descobrimos… Isso é fato. Só queremos saber se vai ficar do nosso lado.” – Luhan completou.

 

“Aposto que não vai querer seu nome envolvido em um escândalo desse, não é?”

 

“Como podem ter certeza que isso vai me afetar?”

 

“Porque nós somos uma banda que está atraindo os olhares de várias gravadoras, e também com essa história eu serei a vítima que vai receber o apoio dos fãs… Bem, se você for nomeado na história como cúmplice da Eun Micha… Será uma coisa bem feia… Não quero nem pensar, tsc.”

 

“Mas você pode nos ajudar… Confirmando a história do Jongin e falando que não sabia desse plano de Eun Micha.”

 

“Mas eu não sabia!”

 

“Mas não custa nada a gente falar que sabia!” – Sehun comentou com um sorrisinho. – “Claro que não faríamos isso… Se você concordar em confirmar a história do Jongin e… Contratar o Luhan como nosso compositor. Afinal, mesmo sem ter o segundo single a gente já pode considerar o Luhan como nosso vencedor… As vendas estão cada vez crescendo mais… Vários críticos estão elogiando as músicas escritas pelo Luhan, dizendo que a Amazing Musica acertou em cheio dessa vez.”

 

“Vocês não estão com essa bola toda… Eun Micha ainda é a cantora que mais vende nessa gravadora!”

 

“Mas com esse escândalo… Duvido que ela vá vender alguma coisa. Em compensação, a The Secret Of The Phoenix… Está crescendo cada vez mais.” – Lee Chul comentou sorrindo.

 

“Ah vai… Nem estamos pedindo muito, só contrate o Luhan para ser nosso compositor… E deixe-o morar no nosso dormitório.” – Sehun sorriu de modo travesso.

 

“Esse Jongin… Vai comunicar a imprensa quando?”

 

“Amanhã… De tarde.” – Luhan falou sorridente.

 

“Eu preparei uma nota para o Sr. Lee ler depois que ele se manifestar. E amanhã, pela manhã, apareça aqui, Luhan… Para assinar seu contrato.” – Falou a contragosto.

 

“Fechado!” – Luhan disse feliz e ouviu o risinho satisfeito de Sehun.

 

× × × ×

 

Jongin estava nervoso. Completamente nervoso. Mas tentava se acalmar ao pensar que era o certo a fazer, e que talvez ele tivesse como recompensa o perdão de Kyungsoo.

 

“Obrigado por isso, Jongin.” – Luhan disse de modo sincero.

 

“Obrigado? Ele estava metido nisso, Luhannie.” – Sehun comentou ainda com raiva.

 

“Mas está, agora, nos ajudando… Mesmo que para isso coloque a cara dele a tapa.”

 

“Não faz mais do que a obrigação.”

 

“Sehun…”

 

“Ele está certo… Luhan. Eu realmente fiz merda… E percebi isso ao ver o olhar de decepção do Kyung para mim…” – Suspirou. – “Só espero que não seja tarde demais.”

 

O moreno caminhou pelo corredor e foi seguido pelo casal e também pelo manager da banda de Sehun. De repente o clarão das câmeras e de todo o equipamento do programa atingiu em cheio a vista de Jongin, fazendo-o fechar os olhos.

 

Suspirou e voltou a andar, foi saudado pela entrevistadora do programa e convidado a se sentar.

 

“Depois de três semanas do escândalo envolvendo o nome de Luhan e Sehun, ambos jovens talentos em ascensão… Essa semana, foram postadas na internet provas de que tudo não passou de um plano arquitetado por uma colega de empresa do jovem guitarrista.” – A apresentadora ia falando, enquanto Jongin fechava os olhos e respirava fundo.

 

Depois da conversa com Luhan, no dia que havia contando tudo para ele, Jongin levou duas semanas para juntar as provas, capturando como figura as mensagens de texto que Dahee e Eun Micha lhe mandavam, cortando as partes mais importantes e que dariam para fazer como prova fiel à história que ele contaria.

 

“Mas elas não possuem mensagens dessas conversas?” – Luhan havia perguntando um dia.

 

“Eun Micha deleta tudo. Eu sei porque um dia eu comentei algo sobre ter contado alguma coisa em uma mensagem, e ela disse que não guarda mensagens, pelo que ela falou, não guarda nem as que recebe e nem as enviadas.”

 

“E a Dahee está tão arrependida depois da bronca que eu dei nela… Que ela disse que concordará com qualquer versão que o Jongin contar.” – Sehun completou.

 

E foi assim que Jongin começou a armar o plano para ajudar Luhan e Sehun, plano que colocou em ação via internet e ia confirmar tudo agora.

 

“Kim Jongin, não é?” – A apresentadora perguntou.

 

“Isso.”

 

“Pelo que você colocou na internet, toda a confusão não passou de um plano para a cantora Eun Micha conseguir a atenção do jovem guitarrista, Oh Sehun… Pelo que foi dito, você e outra jovem, Lee Dahee, que confirmou sua história, também participaram dessa armação, não é?”

 

“Sim.”

 

“E por que fizeram isso?”

 

“Bem… Como eu disse na internet, eu não gostava do Sehun por… Implicância. Eu sempre fui muito próximo do Luhan e acho que fiquei enciumado quando vi a grande amizade que eles tiveram, eu me sentia meio que sobrando quando o Luhan se juntava com o Sehun… E a Dahee percebeu isso… Ela vivia o mesmo que eu, mas do lado do Sehun… Então a gente quis que os dois se afastassem para que… Ninguém mais tirasse a atenção dos nossos… Melhores amigos.”

 

“Será que alguém vai acreditar nisso?” – Sehun perguntou baixinho, vendo por trás do palco.

 

“Já acreditaram… Esqueceu que ele disse isso tudo na internet?”

 

“Mas é que… É um motivo tão banal… Para alguém fazer mal a outra pessoa.”

 

“Tem gente que mata por menos que isso, Sehun.”

 

 

“Então por ciúme você e Dahee decidiram fazer uma intriga entre os dois?”

 

“Sim… Aí um dia ela veio falando que conseguiu uma ajuda especial… Eu até hoje não sei como aconteceu da cantora Eun Micha entrar nesse esquema, e pelo que eu sei, quando a Dahee se manifestou na imprensa não quis dar detalhes…” – Suspirou. – “Eu só sei que a cantora Eun Micha queria conquistar o Sehun e entrou em contato com a Dahee… E nós tentamos fazer com que o Sehun ficasse mais próximo dela, ainda mais eu, que assim ele teria menos tempo para continuar sua amizade com Luhan. Porque o Luhan e o Sehun realmente são próximos, como conseguem ver. Porém é somente uma amizade muito forte… Bem, nós não conseguimos muita coisa e o Sehun só ficou perto dela por motivos profissionais, então ela surtou e pensou em um ultimo plano… Como mostra nessa mensagem.”– Jongin levou a folha onde estava impressa a imagem da tela de seu celular com a mensagem da cantora.

 

“Não funcionou em nada! Então eu vou tomar medidas extremas! Tenho um último plano para o Sehun ser meu!” – A apresentadora lia.

 

“E tem essa outra.” – Jongin disse mostrando outro papel.

 

“A Dahee conseguiu armar o esquema das fotos e da publicação no site sobre o Luhan e o Sehun?”

 

“Essa foto não tem teor romântico. No dia que ela foi tirada estávamos eu, Luhan, o pessoal da The Secret Of The Phoenix e a Dahee no apartamento que Luhan e Sehun dividiam, e nós estávamos implicando com o Minseok e a namorada dele, tirando fotos como casais para brincarmos com eles… Acho que do jeito que o Luhan é esquecido, ele não apagou a foto. Enfim… A Eun Micha deu a ideia de fazermos o pessoal duvidar sobre a amizade de Luhan e Sehun, disse que se as pessoas achassem que os dois fossem um casal e não apenas… Amigos… Eles teriam que ficar separados… Então a Dahee e eu lembramos dessa foto, e como a Dahee competiu com o Luhan, foi fácil ver se ele ainda tinha.”

 

“Quando a Dahee contou que havia conseguido, a Eun Micha disse para montarmos o escândalo, e se com isso prejudicasse a carreira de Sehun, a gravadora ficaria desesperada… O que era a verdadeira intenção de Eun Micha, pois assim ela daria a ideia para o presidente da Amazing Music de fingir um namoro com o Sehun… Para salvar a carreira dele. E foi isso que aconteceu, como o próprio manager que trabalha para a gravadora vai explicar.”

 

A apresentadora chamou o Sr. Lee para aparecer no palco, e rapidamente o homem apareceu com um papel em mãos. Depois das devidas apresentações, o manager começou a ler a nota oficial feita pelo presidente da Amazing Music.

 

Quando eu soube de que toda essa confusão não passava de um plano de adolescente revoltada que queria a atenção do garoto de seu interesse, fiquei decepcionado. Eun Micha foi o primeiro nome de sucesso da Amazing Music e nunca imaginei que ela chegaria a esse nível.

De fato, a ex-cantora patrocinada pela gravadora, veio nos procurar mostrando a confusão que estava tendo na internet sobre a relação entre Sehun e seu amigo, Luhan, mostrando estar preocupada com a carreira deles e o nome da empresa. Ofereceu uma ideia, falando que salvaria a situação: ela e Sehun passariam por namorados, pelo menos por um tempo, para que toda a confusão acabasse.

Depois de tudo conversado e debatido com os membros da banda,  fizemos, no mesmo dia, um anúncio de que os dois estariam namorando, sem saber que estávamos cooperando com esse plano maluco de Eun Micha.

Peço desculpas a todos os fãs da The Secret Of The Phoenix, aos meus queridos integrantes – principalmente o Sehun e também ao jovem Luhan que entrou de gaiato nessa história. As devidas providências da gravadora com a Eun Micha já estão sendo tomadas.

 

Atenciosamente,

Koong ChungHo – Presidente da Amazing Music.

 

“Como alguém é capaz de fazer isso com outra pessoa?” – A apresentadora perguntou.

 

“Eu me arrependo muito de tudo que fizemos… Só vi o tamanho do meu erro quando toda a bomba explodiu…” – Suspirou. – “Fico feliz em saber que o Luhan e Sehun me desculparam e que deu tempo para arrumar isso tudo.”

 

O programa ainda se seguiu com mais algumas perguntas para Jongin que conseguiu respondê-las sem contradizer toda a história que havia contado. No final, a apresentadora ainda tentou entrar em contato com a cantora Eun Micha, mas desde que toda essa história veio à tona na internet, a mesma não se pronunciou nenhuma vez.

 

Parecia que finalmente as coisas estavam se acertando, e tudo com a colaboração de Jongin.

 

× × × ×

 

“Duas semanas e ainda tem reportagem sobre isso?” – Luhan comentou se sentando ao lado de Sehun no sofá da sala, que já estava procurando um filme bom para passar aquela madrugada ao lado do namorado e dos amigos.

 

“Pelo menos estão parando de dar tanto foco nisso.” – Sehun disse sorridente, puxando o menor para seu colo. – “O bom foi que todo mundo caiu nessa e a Eun Micha não tinha provas para desmentir o Jongin.”

 

“Quem diria que conseguiríamos sair dessa com a ajuda do Jongin…”

 

“Ele ajudou a nos ferrar também…”

 

“Acho que a Dahee procuraria a Eun Micha com ou sem a participação do Jongin… Ainda bem que contou com a participação dele, pois assim pudemos nos livrar disso tudo.”

 

“Sempre vendo o lado bom das coisas.” – Sehun comentou rindo e distribuindo beijos pelo pescoço de Luhan, que se arrepiava e soltava murmurinhos baixinhos de deleite.

 

“Hey!” – A voz do Yifan se fez presente. – “Vocês possuem um quarto, façam isso nele!”

 

“É… Sala não é lugar para isso.” – Minseok comentou rindo.

 

“Esqueceram que éramos adeptos do sexo em local público? O único local público excitante que podemos fazer agora, é aqui, na sala.” – Luhan comentou rindo.

 

“O Luhan era tão inocente antes de namorar o Sehun…” – Baekhyun dizia com falso pesar. – “Luto pela inocência do Luhan, que morreu um ano atrás.”

 

“Um ano de namoro, só? Parece mais…” – Yixing comentava se sentando no outro sofá.

 

“Então, um ano de namoro, mesmo, só semana que vem… Mas gente estava pensando em comemorar aqui na sala, já que o Sr. Lee saiu daqui um tempinho atrás para passar os dias com a filhinha dele… Então, é melhor aproveitar, não é, amor?” – Sehun perguntou debochado enquanto mordia a bochecha do chinês.

 

“NÃÃO!” – Os outros amigos da banda falaram juntos, causando uma risada coletiva em Luhan e Sehun que apenas se olharam e se beijaram de forma tênue antes de se ajeitarem para ver um filme.

 

Os amigos riram também e se juntaram ao casal, enquanto comemoravam, pois finalmente os problemas tiveram um fim.

Apartamento 707 – Capítulo 25

Boa noite! Repostagem do capítulo 25 de AP, fic HUNHAN da Kah para todos. 

Boa leitura!

Relembrando que por motivos explicados neste link http://www.twitlonger.com/show/n_1s0s1g5 a Kah decidiu deletar a fic no site em que postava xD

 

Capítulo 25: Crise?

 

Uma multidão de fãs estava ao redor de Eun Micha, o que já era normal.

 

Dahee ficou se perguntando como ia conseguir furar aquele círculo de fãs para se comunicar com a cantora e começou a se desesperar. Agindo pelo impulso se enfiou na rodinha, aproveitando o fato de seu corpo ser fino e pequeno.

 

Não soube explicar como conseguiu, mas ficou feliz ao conseguir ir empurrando algumas pessoas – incluindo o próprio manager da cantora – e parando em frente à Eun Micha.

 

“Como sou sua fã!” – Dahee disse do nada e de mesmo modo repentino abraçou a cantora, chegando até a assustá-la. Certificando que com o abraço estava próxima o suficiente para sussurrar algo que seria ouvido somente por Eun Micha, começou a dizer. – “Eu sei como pode ter o Sehun livre.”

 

O manager se aproximou para tirar a garota de perto, mas a cantora disse que estava tudo bem.

 

Dahee soltou-se do abraço e segurou as duas mãos da cantora, novamente dizendo que era fã da mesma e que a amava, mas só estava fazendo isso para passar um papel pequeno com seu número de telefone, o que não passou despercebido por Eun Micha.

 

“Obrigada… Pelo carinho.” – A cantora sorriu torto e viu a garota se afastar.

 

Dahee recebeu alguns protestos por parte de outras fãs, mas não se importou. Quando viu Eun Micha entrar no carro acompanhada pelo manager, lançou um sorriso vitorioso nos lábios e se afastou daquele lugar enquanto digitava uma mensagem para Jongin.

 

Consegui ter contato com ela. Agora é só esperar.

 

× × × ×

 

Dois dias.

 

Dois dias foram suficientes para Eun Micha entrar em contato com Dahee marcando um encontro em uma lanchonete afastada dos arredores dos lugares que a cantora costumava frequentar.

 

No mesmo instante que Dahee recebeu a mensagem da cantora, encaminhou a mesma para Jongin, e os dois estavam, nesse momento, entrando juntos na lanchonete. Sentaram-se em uma mesa mais afastada, sem perceberem quando uma moça de cabelo chanel em cor preta se levantava e caminhava na direção deles.

 

“Dahee e Jongin?” – A mulher disse quando chegou perto da mesa dos dois e ambos confirmaram com um aceno.

 

“Oh, um disfarce…”

 

“Claro.”

 

Claro que sim, afinal Eun Micha era conhecida e se alguém a fotografasse com Dahee e Jongin certamente o plano todo iria água abaixo – principalmente ao saber que Jongin e Dahee não eram muito queridos por Sehun.

 

“E então?” – Eun Micha perguntou. – “Estou inteiramente à disposição de vocês para ouvir o que querem me falar.”

 

“Você está interessada no Sehun, não está?” – Jongin disse diretamente.

 

“Estou.” – Falou com veemência, e, por mais que Dahee soubesse disso, sentiu um incômodo no fundo de seu ser ao ouvir essa fala.

 

“Nós… Estamos interessados em terminar o romance que o Sehun tem.”

 

“E por quê?”

 

“Nossos motivos não são relevantes. Só não gostamos de ver Sehun junto da pessoa que ele está. Digamos que é algo próximo a vingança.”

 

“E nossos motivos não intervirão no resultado final: Sehun separado e livre para você.” – Dahee respondeu controlando sua raiva. Era claro que no final a guitarrista daria um jeito de ficar com Sehun, e não deixá-lo livre para a cantora. Mas agora ela tinha que fingir desinteresse para conseguir a tão necessária ajuda.

 

“Ok…” – Eun Micha disse. – “E quem é a namorada do Sehun?”

 

“Namorada?” – Jongin perguntou com um sorriso zombeteiro. – “Sehun… Não conta muito da vida particular dele para você, uh?”

 

“Por quê?”

 

“Porque o Sehun não namora uma menina. Ele namora um homem.” – Dahee falou, seu timbre revelando a raiva e a frustração que sentia.

 

“Um… Homem?!” – Eun Micha comentou, visivelmente incomodada – “Desse jeito… É impossível.”

 

“Sehun não é gay… Ele fica… Com homens e mulheres. Eu mesma já o vi… Interessado em uma mulher.” – Disse se lembrando do dia do seu encontro com Sehun, iludindo-se (como sempre) de que Sehun estava completamente interessado nela.

 

“Hm… Menos mal.” – Comentou, ainda com o incômodo se fazendo presente em sua voz. – “E quem é… Esse namorado do Sehun?”

 

“Luhan.”

 

“Luhan?” – Perguntou, sentindo a leve impressão de que aquele nome lhe era familiar, por isso forçou sua mente para se lembrar de onde já tinha ouvido. – “Ah… Aquele competidor do programa de dança?”

 

“Sim. Que vai dançar comigo na final.” – Dahee comentou, se sentindo um pouco ofendida por Eun Micha não ter a reconhecido.

 

“Ah. Ele?”

 

“Ele.”

 

“E como… Nós faremos isso?”

 

“Simples. Você e Jongin terão que cercar Luhan e Sehun, fazerem-se presentes o tempo todo, ou o máximo que conseguirem. E sempre em locais públicos, porque me avisarão quando forem sair com eles, para que eu tire fotos desses “encontros” e as espalhe na internet.”

 

“Por acaso… Foi você quem espalhou aquelas fotos do beijo?”

 

“Foi.”

 

“Interessante.” – Sorriu torto. – “E acham que isso vai funcionar?”

 

“Eles mal possuem tempo para se verem… Sehun está cheio de compromissos e cobranças, tenho certeza que o relacionamento vai ficar desgastado, e surgindo desconfiança com o aparecimento de possíveis rivais, certamente brigarão e desgastarão mais ainda o namoro. Só precisamos ser pacientes para conseguirmos o resultado satisfatório.”

 

“Hm… Então, quando colocaremos o plano em prática?” – Eun Micha disse um com um sorrisinho nos lábios.

 

“Logo…”

 

× × × ×

 

Durante os dias seguintes, Luhan e Sehun não tiveram muita paz. Onde iam se encontravam “por coincidência” com Jongin e Eun Micha, sem saberem que tudo aquilo era fotografado.

 

Algumas discussões eram protagonizadas por eles, por causa das fotos quando elas apareciam na internet. Eles estavam caindo de cabeça naquela situação, sem saberem que tudo aquilo era arquitetado.

 

× × × ×

 

“Jongin?” – Luhan perguntou confuso ao ver, mais uma vez, o moreno perto de seu serviço.

 

“Olá, Luhan!”

 

“O que está fazendo aqui?”

 

“Bem, como eu disse… Eu faço estágio em uma clínica particular aqui perto, então passei aqui para te ver.”

 

“De novo?”

 

“Estou incomodando?”

 

“Não… Não é isso… Mas… Por que está aparecendo tanto aqui? Sabe… Jongin, você tem o Kyungsoo, ele sabe disso?”

 

“Luhan… O que quer dizer?”

 

“Jongin… Você não está fazendo com o Kyungsoo, o mesmo que fez comigo, não é?”

 

“Não! Eu… Só quero sua amizade, sério! É que… Seus amigos e seu namorado estão ocupados… E você não gosta de se sentir sozinho… Então…”

 

“Agradeço a preocupação comigo, mas eu estou bem. Tenho meus amigos do serviço e das aulas de dança… E até mesmo alguns que eu fiz na competição de dança.”

 

“Hm… Está realmente me expulsando.” – Falou tristonho.

 

“Não! Claro que não…”

 

“Sabe… Eu só quis passar aqui… Para te convidar…”

 

“Convidar?”

 

“No último dia que nos encontramos, falamos que dia 27 você faz um ano de Seul… Bem, é amanhã esse dia e eu queria te convidar para comemorarmos. Nada demais, apenas irmos a uma cafeteria comemorar isso…”

 

“Eu… Eu não sei. Sabe é um dia qualquer. E eu não quero demorar muito longe de casa, porque vou tentar conversar com o Sehun via internet…”

 

“Não se preocupe. Não vamos demorar… Só queria… Comemorar. Vai, foi uma dada importante! E não querendo me gabar, mas foi por mim que você conheceu o seu… Precioso… Sehunnie.”

 

“Jongin…”

 

“Eu não aceito não como resposta! Eu passo aqui no seu serviço, a gente come rapidinho e depois está liberado para ir pra casa!”

 

“Hm… Ok.” – Deu de ombros.

 

“Ótimo!” – Bateu palmas e sorriu.

 

“Agora… Eu preciso ir. Com licença, Jongin.”

 

Assim que Luhan saiu, Jongin pegou seu celular e começou a escrever uma mensagem de texto:

 

Para: Eun Micha.

Eu consegui! Luhan aceitou ir comigo à cafeteria. E você, conseguiu convencer o Sehun?

 

× × × ×

 

 

“Por favor, Sehun…”

 

“Por que você quer ir comemorar em uma cafeteria?”

 

“Porque o lançamento do MV foi um sucesso! Em uma hora ele já tem aquele número enorme de visualização.”

 

“Eu tenho… Um compromisso.” – Sehun falou reticente, pois não podia comentar que sairia às escondidas para visitar Luhan.

 

“Um compromisso?”

 

“Pessoal. Na internet.”

 

“Hm… Mas… Será rápido!”

 

“Micha…”

 

“Olha, eu prometo que paro de te perturbar, ok?” – Disse fazendo uma carinha fofa.

 

“Aish… Certo. Mas tem que ser rápido!”

 

“Ótimo! Será mais rápido do que imagina.” – Disse, mentalmente completando: Para você terminar com esse Luhan…

 

Para: Jongin

Consegui! Na cafeteria que eu te mandei o endereço. Estou indo para lá! É hoje que eu consigo ter o Sehun pra mim!

 

× × × ×

 

Sehun entrou na cafeteria seguindo Eun Micha, que escolheu uma mesa próxima à porta.  O coreano já até estava acostumado com as fãs tirando foto, mesmo que isso o incomodasse um pouco. No final teria que explicar, mais uma vez, para Luhan que não tinha nada demais entre ele e Eun Micha.

 

Os dois não chegavam a brigar sério, pois sempre se entendiam rápido e conseguiam convencer um ao outro que não tinham interesses naqueles momentos com Jongin ou Eun Micha. Mesmo que várias fotos aparecessem, eles conversavam e explicavam que o momento da foto era de minutos porque Luhan havia se esbarrado com Jongin na rua ou porque Eun Micha ia gravar alguma coisa junto com Sehun.

 

No final, as brigas sempre terminavam com juras de amor, e quando conseguiam se encontrar, as brigas terminavam com os dois fazendo amor na tão conhecida cama do apartamento 707.

 

Pelo menos foi assim em todos os momentos… Até aquele dia.

 

A torta de limão e o café de Sehun já estavam na mesa, com o coreano os saboreando enquanto Eun Micha conversava sobre o videoclip.

 

Sehun não prestava muita atenção nas palavras da cantora, porque só queria comer logo e ir embora para que o seu querido manager o levasse até Luhan. E este estava esperando do lado de fora da cafeteria, estacionado próximo ao local, pois Sehun não queria voltar ao dormitório acompanhado pela cantora. Afinal, já diziam demais que os dois estavam juntos.

 

“Essa torta daqui é muito boa, não é?” – Eun Micha comentou sorrindo.

 

“Sim… Não tinha provado a de…” – Sehun cortou seu raciocínio ao ver uma cena não muito querida à sua frente.

 

Luhan entrava no mesmo estabelecimento que ele, mas o problema de tudo: Luhan entrava com Jongin atrás, ambos conversando e Jongin lançando-lhe o melhor e mais brilhante sorriso.

 

Sem conseguir controlar a ira que lhe apossou, Sehun levantou em um piscar de olhos, caminhando a passos firmes até os dois.

 

“Luhan!” – Chamou-o de forma irritada.

 

“S-Sehun? O que faz aqui?”

 

“Eu que te pergunto…” – Disse entre dentes, tentando controlar a raiva e não atraindo a atenção dos demais presentes.

 

“Sehun… Você o conhece?” – Eun Micha disse, aparecendo ao lado do coreano e tocando em seu braço.

 

“Sehun… O que faz aqui… Com ela?”

 

“O que você faz aqui… Com ele?”

 

“Sehun, as fãs estão tirando foto do lado de fora… Isso está estranho… É como se estivessem brigando.” – Ela sussurrou e Luhan se segurou muito para não começar a xingá-la. Só se segurou porque estava em local público e aquela cena ficaria mais estranha entre eles. As pessoas certamente começariam a perguntar entre si porque dois homens estariam brigando como se estivessem com ciúme.

 

“Me desculpe.” – Sehun disse retirando a carteira do bolso. – “Aqui está o que eu consumi. Eu vou embora.”

 

“O que? Sehun, isso vai ficar mais estranho ainda.”

 

“Não me importo.” – Disse baixinho, virando-se com raiva para Luhan e Jongin. Mas a coreana o puxou e o fez voltar para a mesa.

 

“Sehun, vocês dois…”

 

“Com licença.” – Luhan disse se sentando. – “Acho que é melhor a gente se sentar aqui, para não causar um clima estranho e as pessoas comentarem alguma coisa.” – Disse sorrindo de forma irônica para Eun Micha. – “Prazer, adoro seu trabalho.”

 

“Ah… Obrigada. Adoro sua dança. Espero que vença o concurso.”

 

“Obrigado.” – Sorriu de forma irônica mais uma vez. – “Esse é meu amigo, Kim Jongin. Eu o encontrei ontem na rua e ele insistiu para que viéssemos tomar um café em comemoração ao meu um ano de Seul.” – Disse olhando firme para Sehun, que bufava em sua cadeira.

 

“Prazer.” – Jongin disse, se sentindo um pouco incomodado. Queria que Sehun fizesse um escândalo e fosse embora xingando e ofendendo Luhan, mas ele foi controlado por Eun Micha.

 

“Igualmente.”

 

Os minutos se arrastaram com dificuldade, fazendo o clima naquela mesa ser impossível. Ninguém dizia ou fazia algo, e tudo que se ouvia às vezes eram pigarros e às vezes as louças se encontrando.

 

“Eu vou embora.” – Sehun falou se levantando e olhando para Luhan. – “E você, vem comigo.”

 

Luhan suspirou e se levantou, dando tchau para Jongin e seguindo o maior, se preocupando um pouco com o que Eun Micha estaria pensando sobre ele e Sehun. Preocupação essa que Sehun não parecia ter, pois apenas andou na frente, com passos pesados e ignorando as fãs que tiravam fotos.

 

O guitarrista entrou no carro, no banco da frente e ficou esperando Luhan fazer o mesmo, sentando-se no banco traseiro.

 

“Sehun…” – Luhan o chamou quando se sentou, viu o olhar do manager meio confuso com toda aquela situação e suspirou. – “Ei Sr. Lee.”

 

“O que aconteceu?” – O manager disse surpreso e ainda confuso.

 

“Vamos para o dormitório.”

 

“Sehun…” – Luhan chamou o namorado, massageando as têmporas. – “É melhor me levar para casa.”

 

“Por que você não me avisou que você e o Jongin iam sair hoje?”

 

“Porque não foi exatamente um “sair com o Jongin”… Ele me convidou para tomar um café! Só isso!”

 

“Eu não gosto quando sai com ele!”

 

“Eu não gosto quando sai com a Eun Micha, mas você não para de sair… Inclusive… Estava com ela na cafeteria!”

 

“Porque ela insistiu!”

 

“O Jongin também insistiu!”

 

“Ele sempre insiste! SEMPRE! E VOCÊ SEMPRE SAI COM ELE!”

 

“E VOCÊ…” – Respirou fundo para recuperar a calma. – “Sempre sai com a Eun Micha quando ela insiste! E só o que eu fiz foi tomar um café com um conhecido para comemorar um ano de mudança para Seul! Nada demais!”

 

“Por que não saiu com qualquer outro amigo? Por que só com ele?!”

 

“ELE QUEM CONVIDOU! E VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUE? Meus melhores amigos e meu namorado estão trancados em um dormitório 24 horas por dia! Eu só vejo meu namorado quando ele consegue sair escondido com a ajuda do manager dele e entra camuflado em casa como se eu fosse um amante!” – Falou desesperado, as palavras saindo de sua boca sem que ele pudesse controlar.

 

“COMO É? ESTÁ ME CULPANDO AGORA?”

 

“NÃO ESTOU CULPANDO NINGUÉM!”

 

“EU NEM QUERIA ASSINAR ESSA MERDA DE CONTRATO!” – Sehun falou se virando bruscamente para trás. – “NUNCA QUIS TE DEIXAR SOZINHO!”

 

“Eu sei…”

 

“SABE? Mas está me cobrando…”

 

“Não estou cobrando nada! Eu nunca cobrei nada! Só estou falando que eu não tenho muita companhia para sair de casa e tudo que eu fiz foi aceitar um convite para um café do Jongin!”

 

“Do seu ex-namorado! Quando se sentir sozinho na hora do sexo vai aceitar um convite dele também?!” – Falou sem pensar.

 

“Como… É que é?” – Luhan perguntou chocado.

 

“N-Nada.”

 

“Oh Sehun! Me respeite! Eu nunca te trairia!”

 

“Eu sei… Eu só…”

 

“Senhor… Lee… Pare o carro. Eu vou para casa.”

 

“Luhan…”

 

“Eu vou pra casa!”

 

“Vocês dois vão para o dormitório resolverem isso.”

 

“Senhor Lee…”

 

“Sério Luhan… E Sehun… Vocês não percebem que estão fazendo justamente o que eles querem?”

 

“Eles?”

 

“Eu não conheço esse Jongin, mas conheço a Eun Micha porque já trabalhei com ela antes… Ela não mede esforços para conseguir o que quer! E está na cara que ela está interessada em você, Sehun…”

 

“Eu disse!” – Luhan falou bufando.

 

“Por isso que ela está cercando o Sehun. Ele tenta escapar várias vezes, mas tem algumas que não consegue… Seja como for, ela está tentando provocar a pessoa que namora o Sehun, certamente já viu essas fotos na internet, e com certeza quer mais e mais fotos somente para provocar. E você está caindo nisso, Luhan… Os dois estão caindo nesse joguinho.” – O manager disse e só ouviu como resposta um bufar de Sehun. O silêncio se instalou no automóvel até que este parasse na garagem do dormitório.

 

Assim que o Sr. Lee estacionou o carro, Sehun saltou do mesmo, andando a passos rápidos até o elevador.

 

Luhan saiu logo atrás, porém não conseguiu pegar o mesmo elevador (o único que estava no andar), uma vez que Sehun entrou na frente e tratou logo de apertar o botão para que a máquina subisse de uma vez.

 

“Mimado!” – Luhan disse irritado ao dar um soco leve na porta.

 

“Luhan… Tenta… Se acalmar. Vocês precisam conversar com calma.”

 

“Ele insinuou que eu o trairia… Você ouviu?” – Falou magoado.

 

“Doeu tanto em você ouvir quanto nele dizer. Você sabe que ele não queria falar isso… Mas o Sehun, por mais maduro que seja, ainda é um rapaz novo e impulsivo em certos momentos e está estressado com tudo isso…” – O homem disse, mas Luhan apenas respirou fundo e entrou no elevador, o segundo, que havia acabado de chegar na garagem.

 

O curto trajeto de elevador foi totalmente em silêncio, e do mesmo modo os dois cruzaram o corredor do dormitório.

 

Mas silencioso não era um adjetivo para o estado que se encontrava o apartamento da banda The Secret Of The Phoenix.

 

“Me solta, Minseok!” – Luhan ouviu a voz de Sehun dizer tal frase.

 

“Luhan!” – Yixing comentou, seu rosto um pouco desesperado. – “Você pode nos ajudar! Tente acalmá-lo!”

 

“O que aconteceu?”

 

“Ele está arrumando as coisas para ir embora.” – Yifan falou sentado do sofá, encarando o teto.

 

“Sehun! Não estraga esse momento nosso!”

 

“Momento nosso? Inferno nosso… Ou só meu. Porque minha vida virou uma droga depois que vim pra cá!”

 

“Esse é nosso sonho, Sehun!”

 

“Meu sonho é viver da música, e não ser escravo dela! Eu raramente posso sair tranquilo, ou já tem uma foto minha na internet. A gente mal dorme gravando coisas aqui e ali, tem um produtor filho da mãe implicando com a gente, um pouco menos agora por causa da Eun Micha, mas nem posso ficar muito feliz com ela por perto, porque… Eu tenho uma LOUCA atrás de mim, fazendo do meu namoro um inferno! E por falar em namoro… Eu tenho que dar sempre um jeito de sair às escondidas, para poder encontrar o Luhan por alguns minutos!”

 

“Você acha que é o ÚNICO que está longe de alguém especial? Eu também estou e tenho que ouvir da minha namorada que não é justo ela estar tanto tempo na estrada e não ter gravado nada! Meu namoro também não está dos melhores, ok?”

 

“Você está longe da sua namorada, mas se um dia você for visto de mãos dadas, não vão te repudiar. Pode ter uma fã aqui ou ali que não goste disso… Mas você… VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR COMO SERIA SE DESCOBRISSEM QUE EU TENHO UM RELACIONAMENTO GAY?”

 

“Sehun, fale baixo!”

 

“Viu?! Eu tenho que viver escondido! Eu só posso ficar com o Luhan em casa e sempre entrando às escondidas para que ninguém perceba que eu sou namorado ele! Fora que já tem gente comentando sobre nós dois, pessoas que nos viram antes do contrato assinado pela banda! E tudo que eu faço é ver a gravadora comunicar para não acreditarem em calúnias, pois as pessoas estão inventando isso. Eu gosto da minha liberdade, Minseok, mas eu estou perdendo ela e perdendo minha paciência!” – Suspirou. Virou-se para trás, encarando Luhan encostado no batente da porta.

 

“Min, me deixe a sós com o Sehun, por favor?” – Luhan disse se aproximando dos dois.

 

Minseok bufou e olhou Luhan como se suplicasse para que ele convencesse Sehun a desistir daquela ideia, depois soltou um longo suspiro e saiu do quarto, fechando a porta.

 

“Sehun…”

 

“Me… Perdoe.” – Falou com os olhos cheios de lágrimas.

 

“Seu idiota…” – Luhan disse e logo caminhou até o maior, dando alguns soquinhos em seu peitoral. – “Nunca mais fale como se eu fosse te trair!”

 

“Me perdoe, me perdoe, me perdoe Luhan… Eu perdi a cabeça!”

 

“Você mais do que ninguém sabe que eu não sou de trair quem está comigo e sabe que eu não sou mais aquela pessoa frágil de antes…”

 

“Eu sei! Eu só perdi a cabeça! As coisas estão tão… Exaustivas pra mim.”

 

“Para todos, Sehun.” – Suspirou e levou uma mão até a bochecha do mais novo. – “Você sempre foi tão forte.”

 

“Eu sou humano, Luhan. Eu fraquejo também…”

 

“Já fraquejou não é? Então agora volte a ser aquele garoto forte que eu conheci.”

 

“Bobo…”

 

“Um bobo que você ama e está do seu lado. Você me ajudou a recuperar minhas forças, eu vou te ajudar a recuperar as suas, por isso, não vou deixar você desistir de tudo.”

 

“Luhan…”

 

“Eu sei que está difícil! Também está pra mim e pra todos os outros. Mas vamos conseguir… Eu sei que a gente fraquejou algumas vezes, como hoje, por causa de ciúme sem sentido… Mas isso não vai se repetir. Eu estou do seu lado para ser seu apoio, se é você quem precisa de força nesse momento, eu te darei.”

 

“Você está sozinho e sofrendo por causa dessa escolha minha…”

 

“Eu não estou… Assim. Eu sinto sua falta sim, mas eu estou lidando da melhor maneira com isso, porque foi uma escolha boa. Eu não disse aquilo no carro para te cobrar nem nada… Só quis dizer que o Jongin é uma das únicas pessoas que eu conheço, e que só sai com ele por isso… E por ele insistir demais, pensei que assim ele pararia.” – Riu torto.

 

“Eu pensei o mesmo com ela.”

 

“A gente nem devia ter brigado por isso…” – Luhan suspirou. – “Mas foi mais forte a raiva que eu senti…”

 

“Eu sei… Eu acho que… Fiquei com raiva porque o Jongin pode ficar do seu lado e eu não estou podendo…”

 

“Eu acho que senti a mesma coisa…” – Riu minimamente. – “Somos idiotas.”

 

“É por isso que eu acho que não dá pra continuar…”

 

“Shiu! Dá sim! A gente fraquejou um pouco só…” – Disse acariciando as bochechas do mais novo. – “Está cansativo… Mas vai melhorar.”

 

“Queria ter essa certeza.”

 

“Tenha então a certeza que eu te amo e vou estar com você.” – Roçou seus lábios junto aos de Sehun. – “Ok?”

 

“O-Ok… Me desculpe, Luhan.”

 

“Tudo bem… Só vamos nos prometer que não deixaremos esses dois ou qualquer outro tipo de ciúme influenciar em nosso namoro. A situação já é difícil, não precisa ficar mais.”

 

“Certo… Você tem razão.”

 

“Eu sempre tenho, eu sou o mais velho.”

 

“Bobo.” – Sehun sorriu e puxou o menor para perto de si. – “Eu te amo.”

 

“Eu também te amo.” – Sorriu e acariciou o rosto do maior. – “Feliz um ano de Seul para nós!” – Riu torto e selou os lábios aos de Sehun.

 

“Feliz um ano! Um ano de Seul um ano que você entrou na minha vida…” – Puxou Luhan, unindo de vez os corpos e capturando seus lábios em um beijo apaixonado.

 

Os toques dos lábios foram se intensificando e aquela noite eles se entregaram ao amor que mesmo com crises, continuava firme e forte.

 

× × × ×

 

 

“Eu tenho um presente pra você.” – Sehun falou acariciando a pele do braço de Luhan.

 

“É? O que?” – Luhan perguntou sorrindo ao levantar a cabeça e fitar dentro dos olhos do namorado.

 

“Um cordão.”

 

“Cordão?”

 

“Lembra que quando eu te conheci… Falei que éramos Hunnie e Hannie?”

 

“Lembro.”

 

“Comprei dois cordões com a letra H, por causa disso.”

 

“Oh! Que amor! Eu quero ver!” – Falou sorridente e logo viu o namorado se levantar da cama, sorrindo de maneira pervertida ao enxergar o corpo alvo desnudo e as costas um pouco arranhadas.

 

Sehun abriu a gaveta da escrivaninha e retirou um pequeno embrulho. Caminhou novamente até Luhan e entregou o pacote.

 

“Novamente… Feliz um ano de Seul, um ano que nos conhecemos.” – Sorriu de forma boba, fazendo Luhan se esforçar para controlar as batidas de seu coração. Luhan amava aqueles sorrisos sinceros de Sehun.

 

“Eu comprei algo, mas ia te entregar mais tarde, já que nos encontraríamos somente mais tarde.” – Disse com um biquinho, que logo foi capturado pelo maior.

 

“Tudo bem.” – Sorriu e acariciou o rosto alvo de Luhan. – “Queria que ficasse aqui.”

 

“Melhor não arriscar, uh?” – Luhan sorriu e selou os lábios, para logo depois abrir o embrulho. – “É lindo, Sehun.”

 

“Nós dois iremos usar, que nem os copos.” – Disse, fazendo Luhan sorrir. – “Vem, me dá um beijo antes de se vestir e ir embora.” – Puxou o menor pelo queixo, selando os lábios mais uma vez naquela noite.

 

Quando saíram do quarto tiveram que aguentar as piadinhas de Minseok, Chanyeol e Baekhyun sobre os gemidos altos. Nem Luhan e nem Sehun ligaram pelo fato dos amigos terem ouvido, mas ficaram todas as tonalidades de roxo quando viram o Sr. Lee fazendo piadinha sobre a reconciliação deles.

 

“D-Desculpe, Sr. Lee!” – Sehun falou, seguido de Luhan. Ambos se curvaram envergonhados.

 

“Tudo bem, tudo bem. Eu fiquei foi feliz de vê-los bem.” – Sorriu. – “Mas agora eu preciso levar o Luhan de volta e vocês, já pra cama!”

 

“Nossa, me senti uma criancinha agora.” – Minseok falou com um bico.

 

“Eu vou dormir na cama de cima hoje, Sehun. Você que se vire pra limpar meus lençóis!” – Yixing reclamou, assim que saiu do quarto ao ver a situação do mesmo.

 

Sehun apenas acenou com a cabeça e segurou Luhan pela cintura, trazendo-o mais para perto de seu corpo. Os dois caminharam junto com o Sr. Lee, até a porta e quando Luhan abriu a mesma, se assustou ao ver quem estava ali.

 

“Eun Micha?” – Luhan perguntou surpreso.

 

“O que faz aqui?” – Sehun indagou.

 

“Eu tentei te ligar e mandei mensagens, como não me respondeu… Eu vim até aqui saber se estava bem.”

 

“Estou. Obrigado por se preocupar.”

 

“Por nada…” – Ficou encarando Luhan, se incomodando ao ver marcas roxas no pouco de pele exposta que a roupa permitia, bem como se incomodando com o abraço que Sehun dava nele. – “Fico surpresa de te encontrar por aqui. O clima hoje mais cedo parecia tenso entre vocês.”

 

“Estamos ótimos!” – Sehun comentou sorrindo. – “Não é amor?”

 

“Amor?” – Ela disse se fingindo surpresa sobre o relacionamento dos dois.

 

“Sehun!” – Luhan comentou um pouco apavorado.

 

“O que? Ela já desconfia por causa do que a gente fez na cafeteira hoje, e pelo modo que estamos abraços.” – Riu torto. – “Não se preocupe, a Eun Micha não vai contar para ninguém, não é? Ela sabe que eu ficaria chateado com ela.”

 

“C-Claro que não contaria. Fico feliz que tudo esteja bem entre… Vocês.”

 

“Sinto sua felicidade daqui.” – Luhan comentou sorrindo. – “Eu tenho que ir embora. Até mais Sehun, durma bem.” – Puxou o maior para perto e selou os lábios, sentindo-se feliz ao ouvir pigarros nervosos vindo de Eun Micha. – “Tchau pessoal, se cuidem.” – Disse e saiu ouvindo um “tchau Luhan” dos meninos e um “Tchau amor, te amo” de Sehun.

 

“Bem… Eu vou indo.” – A cantora disse, parecendo um pouco desolada.

 

“Boa noite, Eun Micha.” – Sehun falou sorrindo e fechando a porta. Eun Micha se virou mecanicamente até seu lado esquerdo, para ir até o elevador, andando atrás de Luhan e o manager, Lee Chul, que caminhavam lado a lado.

 

O mais velho dos três tentava conter o sorriso divertido ao se lembrar da expressão desgostosa de Eun Micha ao ver o beijo entre Luhan e Sehun. E mesmo que o clima dentro do elevador estivesse tenso por causa de Luhan e a cantora, o manager não conseguia parar sua vontade de rir da cena de minutos atrás.

 

“Isso… Não vai ficar assim. Eu não aceito e não permito!” – A cantora falou e encarou Luhan com olhos ferinos de raiva.

 

“Não aceita e não permite, o que?”

 

“Isso… Vocês.”

 

“Ah… Não quer aceitar o fato que Sehun ama a mim e não você? Que é comigo e não com você que ele divide a cama? Que é o meu nome que ele geme com deleite? Que são os meus lábios na boca dele e não os seus?”

 

Cala a boca!

 

“Você pode não aceitar… Não estamos ligando para isso. Você aceitando ou não, não vai mudar nada… Vão continuar sendo os meus lábios nos dele, o meu corpo junto ao dele, o meu nome que ele chama. Nunca o seu.” – Luhan falou com um cinismo que por muito tempo em sua vida não usou. Um sorrisinho torto se formou em seus lábios e quando viu a porta do elevador abrir, apenas acenou para a coreana que estava estática dentro da máquina.

 

Eun Micha saiu do elevador e caminhou a passos firmes até seu carro, digitando uma mensagem para Jongin e Dahee:

 

Não funcionou em nada! Então eu vou tomar medidas extremas! Tenho um último plano para o Sehun ser meu!